domingo, 17 de setembro de 2017

PADRES DO DESERTO

Eduardo Simões

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O abade Pastor viajava, com o abade Anub, quando aproximando-se de um túmulo, e viram uma mulher que com crueza se batia e chorava amargamente. Eles pararam para observá-la e mais adiante perguntaram a um homem sobre ela, tanto os impressionara. Interrogou-o o abade Pastor: “Que se dá com essa mulher para chorar assim?”. “Ela perdeu, de uma só vez, o marido, o filho e o irmão”, respondeu ele. O abade Pastor então disse ao abade Anub: “Afirmo-te que quem não mortifica todos os desejos da carne e não possui uma compunção por seus pecados semelhante, não pode ser monge. Naquela mulher, a alma e a vida inteira estão no na dor [a dor que deve nos causar a lembrança de nossos pecados]”.


Disse ainda o abade Pastor: “A compunção pelos pecados tem dupla função: cultivar as boas obras e guarnecer contra as tentações, da mesma forma que Adão foi colocado como cultivador e guardião do jardim do Éden”  (Gn. 2, 15)”. 

Um irmão interrogou ao abade Pastor: “Que devo fazer?”. Respondeu ele: “ Abraão, ao chegar na terra prometida, comprou para si um sepulcro e, graças ao sepulcro, recebeu a terra em herança (cf. Gn. 23)”. “O que é esse sepulcro?”, retorquiu-lhe o irmão. “É o lugar das lágrimas, respondeu o ancião, e do pentos (a compunção por seus próprios pecados e dos outros)”


domingo, 10 de setembro de 2017

PADRES DO DESERTO

Eduardo Simões

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Par Inconnu — http://days.pravoslavie.ru/Images/ii1401&923.htm, Domaine public, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4011565


Dizia o abade Tiago: “Como o candeeiro alumia o quarto escuro, assim o temor de Deus, quando pousa no coração do homem, alumia e lhe ensina todas as virtudes e todos os mandamentos divinos”. (Tiago, 3).

Alguns Padres interrogaram o abade Macário o Egípcio [morto em 391]: “Por que teu corpo é sempre mirrado, quer comas quer jejues?”. Respondera o ancião: “O pau com que se atiça e reatiça as brasas no fogo está sempre consumido; assim o homem que o temor de Deus purificou e consumiu até mesmo os ossos”. (Macário, 12).

Os anciãos do monte de Nítria enviaram um irmão à Cítia, à morada do abade Macário, pois desejavam vê-lo antes que partisse para o Senhor. Quando chegou à montanha, uma multidão dos irmãos se juntou perto dele, e os anciãos lhe pediram uma palavra. Disse-lhes pois Macário com muitas lágrimas: “Choremos, irmãos, deixemos as lágrimas fugirem dos olhos antes de ir onde elas nos queimarão os corpos”. Todos se puseram a chorar e se prostraram com o rosto em terra dizendo: “Pai, ora por nós!”.