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Índice 
Besta - Escorial - Infantaria Francesa 1914 - Máscaras Contra Gases - Streltsy - Terços Espanhóis - Renault Tipo AG - Panzerfaust - Evangelhos de Lindisfarne - Poilus - Pé de Trincheira - Tomahawk - Forte James - Pilar de Déli - Gaiola Pombalina

A BESTA

Prof Eduardo Simões

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Fonte http://sniperdreamworx.deviantart.com/

__ O soldado acima é alemão e do período medieval. Ele carrega na mão esquerda uma arma conhecida como besta, que disparava setas curtas, chamadas “virotes”, com ponta de ferro piramidal, com alto poder de penetração e muito mais precisa que o tiro com arco, embora alguns autores afirmem que o alcance era semelhante, entre 150 e 180m, o mesmo que o arco longo inglês, o mais famoso e utilizado nesse período.

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http://www.thebeckoning.com/

__ Partes da besta: A) ripa ou sarrafo, bem curto, o que cria uma grande tensão quando a corda a ele atada é puxada para o disparo da seta; B) o estribo, onde o besteiro põe um pé, quando está preparando o disparo; C) a corda, que lança o projétil; D) o virote; E) alavanca do gatilho, que o besteiro empurrava para cima na hora do disparo; F) haste ou coronha, que se apoiava em um dos ombros, melhorando a precisão do tiro, como em uma espingarda; G) guia dentada, que puxava a corda para trás, por meio de um sistema de rodas com encaixe que se ajustava ao mecanismo de tração, também dentado, reduzindo a quantidade de força necessária para preparar o tiro; H) pestana, a ponta do gatilho, onde a corda era fixada antes do disparo e que se recolhia quando o besteiro apertava o gatilho.



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Fonte http://galleryhip.com/
__ As diversas maneiras de armar uma besta, conforme o modelo, feita por diferentes soldados besteiros da Idade Média. Um dos reis que mais valorizou o uso da besta foi D. João I, rei de Portugal (1385-1433), que chegou a formar uma força com 300 anadelarias (milícias locais de besteiros), e um efetivo total de 5 mil besteiros

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a2/Balestriere1.jpg
fonte Wikipedia
__ O disparo da besta era mais letal, mas a arma era mais lenta de se armar, e por isso era pouco usada em batalhas em campo aberto, embora fosse muito útil em um cerco, tanto para o ataque como para a defesa, quando o besteiro atacante se refugiava atrás de um escudo, feito de madeira de carvalho ou salgueiro, para preparar o próximo tiro – o rei inglês Ricardo I Coração de Leão, durante um cerco do castelo Chalus-Chabrol, foi acertado por um besteiro defensor, no dia 25 de março de 1199. Diz a crônica que, mais tarde, o dito besteiro foi preso e levado diante do rei, a quem justificou o tiro como vingança pela morte de seu pai e dois irmãos, nas mãos dos soldados de Ricardo. Ricardo o perdoou, vindo, porém, a falecer no dia 6 de abril, em virtude do ferimento ter gangrenado.

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Fonte Wikipedia

__ Esses soldados franceses da Primeira Guerra usam uma besta para atirar granadas de mão o mais distante possível. Engenho rudimentar, mas barato e mais eficaz e seguro que o braço de um soldado, que sempre podia ser atingido por uma bala, quando aparecia acima da trincheira, jogando uma granada.

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EL ESCORIAL

Prof Eduardo Simões


       

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e5/Vista_aerea_del_Monasterio_de_El_Escorial.jpg
Wikipedia

__ O mosteiro de São Lourenço de Escorial – Escorial é o nome da localidade – foi construído entre os anos de 1563 e 1584 a mando do rei Filipe II de Espanha – Filipe I de Portugal e do Brasil – para ser a sede do governo espanhol e, quiçá, da cristandade católica. El Escorial é, na verdade, um conjunto de prédios multifuncionais, entre os quais se encontra um mosteiro de verdade, entregue aos monges agostinhos, residências palacianas, biblioteca, secretarias de estado, e uma imponente basílica: a Basílica de São Lourenço.


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Fonte: http://www.todocoleccion.net/

__ Acima vemos Filipe II e um de seus arquitetos analisando a planta e a localização das futuras edificações – Filipe é o homem sentado com um chapéu na cabeça; os pajens observam, acompanhados de um cachorrão, animal de estimação do rei, no primeiro plano. Os arquitetos e engenheiros do Escorial foram Juan Batista de Toledo, Juan de Herrera, Juan de Minjares, Giovani Battista Castello e Francisco de Mora.





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Wikipedia

Comenta-se, com certa razão, que a construção em si é feia e muito monótona à vista, uma vez que predominam linhas retas, e uma infinidade de janelas, todas retangulares e relativamente pequenas, que mais parecem as seteiras de um castelo medieval; mas por dentro a estética do Escorial é deslumbrante. Pinturas e afrescos monumentais embelezam as suas dependências. Acima, vemos a sala da biblioteca.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/80/Altar_Bas%C3%ADlica_de_El_Escorial.JPG/1024px-Altar_Bas%C3%ADlica_de_El_Escorial.JPG
Wikipedia

Outro elemento de grande impacto e beleza: o altar-mor da Basílica de São Lourenço




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Fonte http://www.fuenterrebollo.com/

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Fonte http://es.feelmadrid.com/
Cripta dos reis, mais acima, em dourado e vermelho, tem um aspecto solene todo especial. Na cripta estão sepultados todos os reis de Espanha, desde Carlos V, morto em 1558, até o pai do rei Juan Carlos, Juan de Bourbon, morto em 1993, cuja abdicação, em 1977, permitiu a ascensão do filho ao trono. A mãe de Juan Carlos, Maria Cristina, também está aí - o rei Juan Carlo, sentindo-se velho, abdicou, recentemente, em favor de seu filho Filipe VI, atual rei de Espanha.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bd/Escorial-monasterio-01.png/800px-Escorial-monasterio-01.png
Wikipedia

Esquema geral do palácio-mosteiro do Escorial.

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ÁLBUM – SOLDADO DA INFANTARIA FRANCESA (1914-1918)

Prof Eduardo Simões

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http://multimedia.fnac.com/

__ Com uniforme de cores tão berrantes, os soldados franceses faziam a alegria dos atiradores alemães. Anos antes, segundo a historiadora americana Barbara Tuchman, quando alguns falaram em substituir aquelas cores por algumas mais discretas, para facilitar a camuflagem, articulistas furiosos, nos principais jornais do país, berraram: “les pantalons rouges sont la France”, “as calças vermelhas são a França”, afinal o vermelho é uma das cores da bandeira francesa.


http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr/uniforme/evolution/4-poilu-automne-1915.gif
Fonte: http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr

__ Em 1915, para evitar que o exército francês desaparecesse, os generais e os estilistas impuseram um  modelo que ainda preservava, parcialmente, uma das cores da bandeira nacional, o azul claro. Os números nos informam o seguinte: 1 – capacete adrian 1º tipo; 2 – capote poiret 3º tipo; 3 – número da unidade na gola em azul; 4 – suspensórios; 5 – mascara de gás modelo P2, semelhante à máscara de médico, e saco S2, que guardava a máscara; 6 – calça tipo culote azul, só ia um pouco abaixo do joelho, seguida de uma bandagem da mesma cor, porém mais clara; 7 – borzeguins de marcha forçada, modelo 1915.


http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr/uniforme/evolution/6-poilu-automne-1916.gif
Fonte: http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr/


__ Soldado de 1918. 1 – capacete adrian 2º tipo; 2 – capote modelo cruzado, de sargento; 3 – número da unidade na gola; 4 – máscara contra gases, mais completa que a P2, dentro de uma sacolinha de couro; 5 – punhal de trincheira; 6 – máscara modelo ARS, mais completa ainda, dentro de um invólucro metálico; 7 – bandagens de 2º tipo; 8 – borzeguim de marcha forçada modelo 1917.

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PRIMEIRAS MÁSCARAS CONTRA GAZES (1915)

Prof Eduardo Simões


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__ O primeiro gás usado pelos alemães contra tropas francesas, em abril de 1915, foi o cloro. Para anulá-lo os franceses usavam umas máscaras parecidas com máscaras de médicos em sala de cirurgia, embebidas de uma solução de hipossulfito, além de óculos especiais, para evitar a irritação nos olhos, como vemos acima. Em Ypres, na Bélgica, um oficial canadense, percebendo que o gás era cloro, disse aos soldados para mijarem em uma gaze e recobrirem o nariz com ela, na esperança que o ácido úrico cristalizasse o cloro. Acima vemos uma dessas primeiras máscaras e a bolsa de pano que a guardava. Parece máscara usada por médicos em cirurgia, hoje.

http://geopolis.francetvinfo.fr/sites/default/files/styles/asset_image_full/public/assets/images/2013/08/Guerre-mondiale-1re.jpg?itok=lFR3nc_n




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__ Vieram depois as máscaras tipo gorro balaclava, que faziam os soldados parecer com fantasminhas, igualmente embebidas de hipossulfito.

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http://www.guerredesgaz.fr/Protection/Lesmasques/France/Premiers/Divers/Piedgroupe.gif

__ Essas máscaras não eram nada práticas, mas salvavam. No dia 22 de abril de 1915, no setor de Langemark, o tenente Gusntzberger, francês, às cinco horas da madrugada, observa vapores se elevando das trincheiras alemãs. “Eu vi então uma nuvem opaca de cor verde, com cerca de uns 10 m de altura, particularmente espessa na base, onde tocava o solo. Essa nuvem avançava para nós, trazida pelo vento, quase imediatamente nós começamos a sufocar, como se palitos de fósforo tivessem sido acessos dentro de nossos narizes. Nós tivemos que fugir, seguidos pela nuvem, e eu vi, nesse momento, vários dos nossos tombar, uns se reerguiam e retomavam a marcha, para cair de novo, e, de queda em queda, chegar, enfim, à retaguarda” (tradução livre)
Fontes: http://geopolis.francetvinfo.fr/
                    http://www.guerredesgaz.fr/ 


STRELTSY (1545-1710)

Prof Eduardo Simões


http://dlm11.meta.ua/pic/0/58/74/e4CYPT44iO.jpg?&&&&&&srd=dlm3.meta.ua
http://urok-kultury.ru

__ Os Streltsy eram uma unidade de soldados de elite, criada por Ivan IV, o terrível, durante o processo de expansão do reino de Moscou, tendo o seu batismo de fogo no cerco da cidade de Kazan, em 1552. Essa unidade era constituída, principalmente, por mercadores livres e, posteriormente, por pequenos proprietários. Os streltsy se dividiam em duas unidades categorias básicas: os eletivos, “vibornie”, que eram recrutados em Moscou e tinham, seu quartel na cidade, e os municipais, “gorodskiye”, de outras cidades da Rússia.
__ O efetivo dos streltsy variou com o tempo. Durante o século XVI, foi entre 20 e 25 mil homens, enquanto em 1680 seu efetivo alcançou os 55 mil, dos quais 22 mil só em Moscou. Sua capacidade combativa também variou muito, em função seja da forma de convocação, um tanto casual, sem critérios consistentes, seja em função da precariedade de treinamento e seus baixos salários – era-lhes permitido desenvolver outras atividades no comércio e na agricultura, para aumentar a renda.


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http://history.stackexchange.com/

__ Tropa de choque pesada, os streltsy usavam duas armas básicas: o arcabuz e uma estranha alabarda chamada bardicha. Em combate formavam linhas de arcabuzeiros. A primeira linha disparava sua arma e marchava para trás, calmamente, para recarregar a arma, a segunda fila dava uns passos à frente e disparava sua arma, e fazia como a primeira fila fizera; e assim as fileiras iam se revezando, mantendo um fogo contínuo e devastador. A lâmina da bardicha dos streltsy era bem funcional: rasgava de cima para baixo e para os lados, mais ou menos como um machado, além de ser poder ser projetado para frente, como uma lança. Também servia para apoiar o arcabuz, que era pesado e com um coice tremendo.

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http://artist.maestro.fm/

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http://mobile.ztopics.com/

__ Além de soldados, os streltsy faziam o papel de polícia e bombeiros, em Moscou. Como se pode ver pelos uniformes acima, do século XVI e XVII, era uma tropa vistosa e muito respeitada, senão temida, cujos cargos, depois de um tempo, passaram a ser hereditários e o serviço militar, de provisório, passou a ser por toda vida, tornando os strelysy a primeira tropa profissional da Rússia. Seu uniforme básico constituía-se de um kaftan vermelho, verde ou azul, e botas amarelas, além de um gorro semelhante ao do Papai Noel,

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http://russiapedia.rt.com/
__ Um jovem russo, revivendo os streltsy, limpa a câmara de combustão do seu arcabuz, ou tenta prender o pavio no percussor da arma – o excesso de sujeira na câmara podia causar grandes problemas para o atirador, desde cegá-lo e até matá-lo, quando a arma explodia na hora do tiro. Vê-se claramente a corda de pavio externa, que ficava acesa e presa ao cão ou percussor da arma, o que tornava impossível o seu uso em dia de chuva.


TERÇOS ESPANHÓIS

Prof Eduardo Simões

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Fonte Wkipedia

__ O terço, ou ‘tercio’, em espanhol, era uma unidade militar que combinava a atuação de diversas armas: lanceiros ou piqueiros, em maior número, arcabuzeiros, substituindo os antigos besteiros, formando quadrados compactos – a infantaria ganha mais relevância –escorados, nos flancos, por pequenas unidades de cavalaria pesada, a artilharia foi fortalecida.
__ Os terços surgiram da experiência militar de Gonzalo Fernandez de Córdoba, conhecido como “el Gran Capitan”, após a sua derrota para  franceses na batalha de Seminara, na Itália, em junho de 1495. O resultado das mudanças foi vitória esmagadora, em Ceriñola, também na Itália, em abril de 1503, com a morte do comandante francês, Luis de Armagnac, cujo cadáver, no quadro acima, é mostrado ao Gran Capitan, o homem de longa cabeleira sobre um cavalo branco, dando início ao domínio da infantaria espanhola nos campos de batalha europeus. Os tercios foram oficialmente criados pelo rei Carlos I, em outubro de 1534, substituindo as antigas unidades chamadas “coronelias”. 
__ O exército português também usou o sistema de terços, na Europa no Brasil. O efetivo do terço português oscilava em torno de dois mil homens, com uma característica especial: a ação combinada de arcabuzeiros e piqueiros. No Brasil esses terços não tinham a mesma força de choque e a mesma disciplina tática dos os congêneres europeus.
__ Os tercios eram inicialmente divididos em dez “capitanias” (8 de piqueiros e 2 de arcabuzeiros) de 300 homens cada, evoluindo, posteriormente, para 12 companhias (10 de piqueiros e 2 de arcabuzeiros), com 250 homens cada.

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Fonte http://queaprendemoshoy.com/

__ Quando marchavam os piqueiros seguiam com suas enormes lanças ou piques erguidas. Essas lanças tinham de três a seis metros de comprimento, e pareciam com as antigas falanges macedônias de Alexandre o Grande, e guardadas as devidas proporções o método de combate era semelhante – inclusive a “sintagma”, unidade básica da falange macedônia, tinha um efetivo parecido com o das companhias de tercios, 256 homens. Outra unidade militar que serviu de modelo para os tercios foi a legião romana.
__ Em posição de batalha, os soldados, formando quadrados, apontavam suas lanças para frente, parecendo um enorme porco espinho. Os outros exércitos europeus, também usavam a mesma tática. Os soldados da frente, em posição de espera, ajoelham uma perna e apoiam parte do peso da lança na coxa da outra perna, enquanto mantém a mão direita próxima a espada. Quando duas unidades dessas se defrontavam, alguns soldados engatinhavam por baixo das lanças para, com um punhal, seccionar a panturrilha do soldado da frente, aleijando-o. 

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https://guerrayhistoria.wordpress.com

__ Uma tática, desenvolvida pelo rei da Suécia, Gustavo de Vasa, ao longo da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), mostrou-se bem sucedida no combate às companhias dos tercios, que tratava de envolver a estas com movimentos rápidos de cavalaria pesada. A mobilidade desta acabava por enfraquecer a principal virtude dos tercios: a compactação.
__ Na gravura acima, vemos a cavalaria francesa fazendo um bom uso dessa tática na batalha de Rocroi, em 1643, que marcou o fim do predomínio espanhol nos campos de batalha. Suprema ironia, fora contra os franceses, em 1503, que os espanhóis deram início à sua ascensão bélica.

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http://www.larramendi.es/


__ Os tercios foram oficialmente desfeitos em 1704, por Filipe V, depois de sofrerem várias mudanças, e ganharem as características dos modernos regimentos de infantaria, mais uma ironia, criados e desenvolvidos pelo exército francês. O termo “tercio”, entretanto, continuou sendo usado por algumas unidades do exército espanhol, embora organizadas como regimento, de uma forma simbólica, para rememorar o patrimônio histórico-militar triunfante dos antigos tercios. Durante a Guerra Civil Espanhol, de 1936 a 1939, apareceram alguns tercios no lado das forças nacionalistas. Na foto vemos alguns requetés, voluntários anticomunistas do país basco, integrantes do Tercio Ortiz de Zarate, da cidade de Galdácano.
__ Nem tudo foi glória e triunfo na história dos tercios espanhóis, como aconteceu com o Terço Velho da Sardenha, que após a batalha de Jemmingen, na Holanda, em 1568, que já havia feito um “papelão” numa batalha anterior, massacrou a população de uma vila que anos antes havia trucidado soldados fugitivos desse terço. O massacre dessa população foi tão grande e generalizado que o comandante espanhol, o Duque de Alba, não teve outra opção que dissolver a unidade. Outro episódio lamentável foi o saque horroroso da cidade belga de Amberes de 4 a 7 de setembro de 1576, quando os soldados, amotinados com o atraso do pagamento, saquearam indiscriminadamente a cidade. Foi fácil colar nos tercios a fama de soldados brutais e descontrolados, a “fúria espanhola”, que hoje se apega à sua seleção de futebol, em outro contexto.

RENAULT TIPO AG (1905-1921)

Prof Eduardo Simões

          
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/55/Renault_Type_AG_9_CV_1910.jpg
Fonte Wikipedia

__ A empresa Sociedade Renault Irmãos (Société Renault Frères), lançou, em 1905, uma veículo auto móvel chamada Tipo AG ou Tipo AG-1, que rapidamente fez sucesso nas ruas de Paris. Como se vê, os primeiros automóveis tinham uma aparência e estrutura de carruagem ou veículo hipomóvel.
__ As especificações técnicas do modelo AG eram as seguintes: motor de 2 cilindros de 1,250 cm³, desenvolvendo 8 CV (Cavalo a Vapor ou Cavalo de Força, HP), tendo em vista a limitação de velocidade máxima na época de 40 km/h; altura de 2, 2 m; largura de 1,6 m (alto e estreito como uma carroça); 3,7 m de comprimento; 1.100 kg (era pesado); 

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http://www.taringa.net/
__ Em Paris esse veículo foi muito usado na frota de taxis, e foi justamente daí que viria a sua maior fama. Como se pode ver nesse modelo, esses carros possuíam uma manivela na frente, que precisava ser girada com cuidado para acionar o motor do carro. 
__ O que fez a fama desse carro foi o fato de centenas dele terem participado de um episódio histórico famoso, chamado de os ‘Táxis do Marne’, em setembro de 1914, quando o exército francês requisitou os táxis de Paris para o transporte urgente de tropas para a frente de combate, às margens do rio Marne, o que foi feito com sucesso, mas sem influência no resultado final da batalha (os alemães foram detidos e obrigados a recuar). Na ilustração o Renault AG Fiacre, 1910.

PANZERFAUST (1943-1945)

Prof Eduardo Simões

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http://ww2db.com/

__ O panzerfaust (punho de blindado) foi uma arma antitanque desenvolvida pelos alemães no final da Segunda Guerra, para fazer frente à enorme diferença entre os tanques e veículos blindados que eles dispunham, e a avalanche dos congêneres aliados, principalmente os dos soviéticos e americanos. Era dispositivo semelhante à bazuca americana, mas com algumas diferenças notáveis, como, por exemplo, a forma como era empunhada, mostrada pelo soldado na foto.

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Wikipedia

__ Era uma arma leve, um tubo de 1 m, com 3,3 a 5 cm de diâmetro, pesando uns 6,25 kg, com um recuo tão pequeno, que podia ser disparado por adolescentes de até 12 anos, como os garotos da Juventude Hitlerista convocados no final da guerra, assim como os velhos membros da milícia popular Wolkssturm, como os que aparecem na foto acima, em treinamento, alguns com mais de 70 anos! Era a hora do desespero e valia tudo para salvar a pele do ditador. 
__ Eficiente e de fabricação muito barata, os alemães fizeram 6 milhões de panzerfaustes, de vários calibres diferentes, capaz de perfurar blindagens de até 22 cm de espessura, a uma distância que variava de 30 a 150 m, de acordo com o tipo – os Alemães fabricaram 6 tipos diferentes. Outro detalhe curioso é que essa arma só dava um tiro, e depois era descartada, pois ao ser lançado o projétil danificava a base de lançamento.


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Wikipedia

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/dc/Panzerfaust6.jpg/1024px-Panzerfaust6.jpg
Wikipedia

__ Acima, soldados finlandeses curtem o resultado do uso bem sucedido do panzerfaust, no que sobrou da torreta de um tanque russo T-34, na batalha Tali-Ihantala, junho julho de 1944. Observe-se que eles usam uniformes alemães e que um deles porta um panzerfaust. Embaixo, um soldado finlandês mostra outra forma de manejar a arma.

OS EVANGELHOS DE LINDISFARNE (715)

Prof Eduardo Simões

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Wikipedia

__ São um livro, escrito em 715, provavelmente em homenagem ao santo padroeiro do priorado de Lindisfarne, Cutberto, pelo monge Edfrido, posteriormente santo e bispo do lugar. A obra consta dos quatro evangelhos, a saber: Mateus, Marcos, Lucas e João, e outros escritos antigos. Na foto vemos a abertura do Evangelho de São Mateus, com um desenho de um colorido primoroso, todo feito à mão, como as demais pranchas coloridas que se encontram dentro do livro. Uma obra de arte no papel.

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__ Essa é a capa atual dos Evangelhos, feita em 1852. A capa original também era primorosa e caprichosamente constituída de um couro fino, com partes de metal, e pedras preciosas, feita por um joalheiro, que largou tudo para ser um anacoreta em Lindisfarne, São Bilfrido. Essa capa original se perdeu durante os ataques vikings, houve outros, além do mais famoso, em 793. O livro estava guardado na catedral de Durham, e acabou sendo perdido durante a dissolução da Igreja Católica na Inglaterra, por Henrique VIII, entre 1536 e 1541. No século XVII o livro foi comprado por sir Robert Cotton, 1º baronete de Connington, a Robert Boywer, clérigo da Casa dos Lordes (o “senado” da Inglaterra), e, posteriormente, cedido, com toda a biblioteca de Cotton, à Biblioteca Britânica, indo os evangelhos para o Museu Britânico, onde está atualmente.


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__ Uma das principais características dos evangelhos é a chamada página tapete, que antecede o início de cada evangelho, numa clara evocação a elementos orientais – os cristãos coptas egípcios foram os primeiros a usar esse recurso – presentes no monaquismo irlandês, muito atuante na Inglaterra e caudatário das tradições orientais – eles seguiam as regras de monges egípcios como Santo Antônio e São Pacômio. Mais acima uma página tapete, e, abaixo, o detalhe de uma delas. Note-se o primor e a incrível complexidade dos desenhos, todos feitos à mão!

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Wikipedia

__ Outro exemplo da incrível beleza e arte constante nesses evangelhos. Vê-se, acima, a página de abertura do Evangelho de São Mateus, o texto diz o seguinte: “Liber generationis Iesus Christi filii David filii Abraham”, em letras muito estilizadas. Como se vê o texto está em latim e foi escrito e ilustrado todo à mão, numa obra absolutamente única e pessoal, como eram todos os livros dessa época, e dos séculos seguintes, onde o leitor, além do texto, recebia toda uma galeria de arte, de um autor, em um trabalho que, às vezes, demandava décadas. Daí se entende porque esses livros são tão raros e eram tão caros na época em que foram escritos.

Os detalhes técnicos
__ “É um livro de grande formato (34 x 27 cm), contendo 259 folhas, unidas em cadernos de oito folhas, escrito em letras maiúsculas insulares. O texto é o da Vulgata [tradução latina oficial da Bíblia, escrita por São Jerônimo], na versão chamada ítalo-nortumbriana, inspirada no Códex de Amiantinus [o mais antigo manuscrito que se conhece da Vulgata]. O texto, além dos evangelhos, contém uma obra de São Jerônimo no preâmbulo, Novum opus; a carta de Eusébio de Cesareia a Carpiano onde explica a ordem do Cânon [conjunto de livros que formam a Bíblia Sagrada], assim como o prólogo de São Jerônimo ao Evangelho de Mateus. Acha-se, noutra parte, um calendário de festas litúrgicas celebradas em Nápoles. Quinze páginas do manuscrito são iluminadas [isto é, só contém gravuras, como as vistas nas fotos acima]. Cada Evangelho é precedido de uma imagem do evangelista que o escreveu, acompanhado de seu símbolo, seguida de uma página tapete, com a forma destacada de uma cruz, que faz face a outra com enormes letras iniciais [da abertura do texto]...” (tradução livre da Wikipédia em francês).


__ “As páginas dos Evangelhos de Lindisfarne são de velino, um suporte feito de pele de ovelhas ou bezerros: presume-se que aqueles foram feitos com pele de bezerros. No texto do manuscrito se usou “uma tinta densa e escura, quase preta, que contém partículas de carbono de fuligem preta de lamparinas”[citação no verbete]. A caneta usada no manuscrito pode ser tanto uma pena de ave como um estilete de junco... Há uma enorme quantidade de pigmentos usados no manuscrito, derivados de fontes minerais, animais e vegetais. Enquanto algumas cores foram obtidas de fontes locais, outras foram importadas da zona do Mediterrâneo, e as mais raras, como o lápis-lazúli, podem ter sido importadas do Himalaia [o que mostra a importância e a riqueza do lugar, apesar de seu isolamento e sua aparência pobre]. O ouro é apenas usado em alguns detalhes. O elemento que faz a liga das cores é o ovo branco, mas em alguns lugares pode ter sido usada cola de peixe... Como o velino é um suporte de escrita muito caro, é possível que tenha havido um rascunho para os desenhos, feito em tabuletas recobertas de cera. (trad. Livre da Wikipedia em inglês).

PÉ DE TRINCHEIRA

Prof Eduardo Simões


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__ Além de todo estresse dos bombardeios, das balas, do cortejo cotidiano de mortos, feridos e enlouquecidos, os soldados que lutavam no centro e norte da França, ainda tinham de amargar condições sanitárias absolutamente desumanas, quando, no auge do outono e início do inverno, as chuvas desabavam abundantes, inundando as trincheiras que, se por um lado, protegiam os soldados de balas, obuses, gases venenosos, etc., por outro lados os entorpeciam e maltratavam pelo acúmulo de água da estação chuvosa, que podia chegar a centenas de milímetros de precipitação, agravadas pelo fato de as trincheiras, serem verdadeiras calhas receptoras de chuva.
__ Apesar do rosto alegre do soldado britânico na foto, querendo parecer “durão”, para efeito de propaganda, o chafurdo diuturno nesse lamaçal era muito desconfortável, não só pela sensação de umidade como pelo fato de ocorrer numa estação de grandes quedas de temperatura, o que aumentava o sofrimento. E não é só! Longe de ser apenas lama de chuva, essas águas eram, na verdade, uma sopa fétida repleta de bactérias e elementos patogênicos, derivados da presença maciça de ratos e insetos necrófagos, atraídos por toneladas de carne humana e de animais de tiro, em decomposição no campo de batalha, que de alguma forma escorriam dos campos ao redor para dentro das trincheiras.

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__ Eis o resultado de uma rápida batida do corpo sanitário francês numa trincheira de seus camaradas. As ratazanas foram as principais responsáveis por outra moléstia muito comum: a febre de trincheiras. Após um prolongado período com os pés dentro da água fria, em torno de dez, doze horas, a pele dos pés começava a começar frágil e se desprender, causando feridas e infecção, que se não tratada a tempo podia evoluir para uma gangrena.
__ Os primeiros sintomas comichão, pele fria, dor, intumescimento e formigamento. Em seguida o pé incha e a pele se torna avermelhada (eritrose = vermelhidão difusa, resultado de uma agressão à pele) ou azul-arroxeada (cianose = má circulação do sangue, causada por insuficiência circulatória) com supuração ou sangramento. Com o passar do tempo evolui-se para gangrena, causada pela má irrigação sanguínea na área do membro atingido, onde os sintomas mais comuns são o aumento da dor, seguida de dormência e mau cheiro. Como a gangrena se caracteriza pela morte dos tecidos, nesse estágio a alternativa é amputar o membro para impedir que ela (a putrefação) se espalhe para outros membros ou órgãos e leve à morte.

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http://pages14-18.mesdiscussions.net/

__ Eis outros aspectos dos “pés de trincheira”. O texto abaixo, em francês diz: “Frieiras, deformações, contraturas e lesões tópicas sobre os “pés de trincheira””. Fonte da imagem: Exibidas na conferência cirúrgica interaliada para o estudo das pragas de guerra 4ª sessão, 11-15 de março de 1918

http://images.mesdiscussions.net/pages14-18/mesimages/14966/Capturedecran20140810a18.02.31.png
idem 
__ “Lesões tópicas, bolhas e escaras” (uma fenda na pele causada por necrose dos tecidos, normalmente por pressão contínua numa mesma área)

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idem
__ “Forma severa do “pé de trincheira”. Gangrena e amputação espontânea do pé” (note-se que o pé se desprende da perna com uma leve pressão do médico ou enfermeiro sobre a planta do pé). Um pé úmido, pelo suor ou a lama, dentro de uma bota por dias seguidos, era também uma fonte segura de pé de trincheira, por isso, para evitá-la, os soldados são ensinados a manter, sempre que possível, os pés limpos e secos, sempre trocando as meias ou os coturnos.
__ Nos dias de hoje, com o avanço da medicina, da noção de higiene e das normas sanitárias, além de remédios mais potentes, em especial a penicilina descoberta na 2ª Guerra Mundial, é muito difícil uma epidemia de pé de trincheira, na extensão e gravidade como aconteceu na Primeira Guerra, mas os povos da selva, que vivem ou atuam muito em áreas pantanosas, isso ainda pode acontecer. 

TOMAHAWK 

PROF Eduardo Simões

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http://www.aztradingpost.com/images/AT-0222-NC.jpg
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__ O tomahawk, ou machadinha de mão, era um instrumento multiuso doa índios da América do Norte – era usada inicialmente pelos povos algonquinos, da costa leste e do interior do Canadá, mas depois se generalizou. Servia como instrumento de corte para esfolar um animal, por exemplo, cortar árvores, e, evidentemente como uma arma de caça, de combate corpo a corpo e de arremesso, muito temida por colonos ingleses e americanos. Originalmente a sua lâmina era de osso, como a mandíbula vista acima, nesse moderno tomahawk comercial, enfeitado à moda dos índios do sudoeste, ou de pedra, como o exemplar debaixo, feito pelos índios navajos, e também por chifres. 

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fe/NezPerce_Tomahawk.jpg 
Wikipedia 

__ Com a chegada dos colonos europeus e o incremento do comércio entre os colonos e as tribos, os tomahawks ganharam uma lâmina de metal que os tornaram muito mais eficientes como ferramentas e mortíferos como armas. A versatilidade do metal também permitiu novos usos para as armas, do lado oposto da lâmina, onde colonos e índios adaptaram a cabeça de um martelo, um pontão e até um cachimbo. Era justo na cabeça do tomahawk que algumas tribos davam umas baforadas no famoso cachimbo da paz, após firmar um acordo com um adversário. Na foto vemos um caprichoso tomahawk dos índios Nez Percé ou Niimíipu. 

__ O tomahawk padrão do século XIX tinha um cabo com uns 60 cm, feito de nogueira freixo ou bordo, com uma lâmina pesando de 260 a 570 g, com uma borda de corte em torno de 10 cm. 

http://www.trueswords.com/images/prod/advanced_combat_tactical_tomahawk2.jpg 
http://www.trueswords.com/ 

http://www.americantomahawk.com/images/atcaf/SFVT.jpg 
http://www.americantomahawk.com/ 

__ O tomahawk é uma arma tão eficaz que foi incorporada a alguma unidades do exército americano como arma tática, de combate corpo a corpo, ligeiramente aperfeiçoada pela moderna tecnologia, sendo utilizada também nas unidades táticas de polícia, tipo SWAT. Acima vemos uma foto de temíveis tomahawks táticos, debaixo, alguns membros de uma unidade de elite do exército americano especializada no combate corpo a corpo com o tamahawk - essas unidades são chamadas de Companhia Tomahawk, e várias divisões do exército têm uma. Essa gente já teve oportunidade de mostrar sua perícia nesse tipo de armas em combates no Afeganistão e no Iraque. 

http://www.old-picture.com/indians/pictures/Indian-Tomahawk.jpg 
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__ O original. Um orgulhoso e imponente índio crow, numa foto de 1908, mostrando seu curioso tomahawk.


FORTE JAMES

Prof Eduardo Simões



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__ O forte James, na foz do rio James, na Virgínia, foi o primeiro assentamento permanente de colonos ingleses na América – em termos de antiguidade foi antecedido pela colônia fracassada de Hoanocke – erguido em maio de 1607.
__ O forte deu início a um padrão de construção de defesa que vigiu até final do século XIX, nas áreas de fronteira dos Estados Unidos, onde eram frequentes os conflitos com povos indígenas, com uso intensivo de materiais regionais mais abundantes, como a madeira – no Brasil colonial português sempre se procurou usar pedra nas fortificações, conforme o padrão europeu.
__ A parte mais externa do forte era provida de uma paliçada de troncos, à semelhança da paliçada que envolvia as aldeias dos índios, só que no caso do forte James, ela tinha um engenhoso formato triangular, reproduzido num esboço de 1608, encontrado nos papeis do embaixador espanhol Pedro de Zuñiga. A propósito: a linha vermelha é apenas um recurso gráfico para ressaltar a geometria da construção.
__ A gravura mostra o aspecto geral do forte entre 1607 e 1611.
__ Nos vértices do triangulo ficavam baluartes (bulwark) na forma de plataformas de artilharia, com um amplo ângulo de cobertura.
__ Seguindo as etiquetas da gravura no sentido horário, começando pelo vértice esquerdo, vemos que 40% do forte já foram escavados e etiquetados pelos arqueólogos; a seguir vem a Casa dos Conselheiros (Councillor’s Row) seguida da provável Casa do Governador (Governor’s Residence); no vértice superior vem a informação que os colonos moravam dentro do forte; no vértice lateral vemos um acréscimo feito em 1608, obrigatoriamente do lado direito da figura, porque do lado esquerdo ficava o rio James, onde aparentemente havia uma horta; pelo lado de fora aparece a informação que a paliçada era feita de troncos e que seus alicerces estão marcados no solo; a construção mais externa era uma oficina ou fábrica (Factory), onde se vendiam mercadorias, se fabricava cerveja, consertos de equipamentos, etc.; dentro da paliçada havia um grande armazém público (Storehouse); celeiro (Barrack); caserna (Quarter); igreja (Church), acrescentando que entre 1607 e 1676 foram construídas cinco igrejas; debaixo do portão principal tem a informação que os primeiros abrigos dos colonos em Jamestown foram buracos feitos no chão, que as primeiras casas era feitas de argila montada em suportes (taipa), madeira, com paredes de terra e telhado de palha ou sapé, e que nessas casas moravam em torno cinco homens (não havia mulher entre os primeiros 104 colonos que fundaram o forte) imaginem!; a linha tracejada bem fraquinha mostra o limite das águas atuais do rio James. Por fim, 22 corpos foram encontrados sepultados dentro do forte (Burial Ground), esse procedimento estranho, os cemitérios ficavam sempre fora das fortificações, deve ter acontecido para não revelar a fragilidade da guarnição aos Powathans.


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__ As autoridades locais, estaduais e a iniciativa privada da Virgínia, investiram para recriar o ambiente do antigo Forte James nas imediações do local original, com várias pessoas da comunidade reencenando o estilo de vida dos colonos do século XVII, permitindo ao visitantes um mergulho na história do seu país. Destinam-se espaços e oficinas especiais dedicadas a crianças e estudantes. Existe uma maneira desenvolvida, e outra subdesenvolvida, de lidar com a sua própria história e a educação.

 O PILAR DE DÉLI

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3f/QtubIronPillar.JPG
Wikipedia

__ No pátio interno de uma antiga mesquita, a de Quwwat-ul-islam, em meio a um complexo de monumentos muçulmanos em Delhi,  na Ìndia, chamado de “complexo de Qutb”, construído a expensas templos hindus destruídos, pelo sultão Qutb-ud-din-Aibak, o primeiro governante islâmico de Déli (1206-1210), e continuado por seus sucessores, existe um monumento ímpar: uma coluna de ferro maciço que, apesar de ter mais de mil anos e estar exposta ao ar livre, não enferruja. É a chamada Coluna de Déli, que vemos na foto acima, circundada por um pequeno gradeado, para evitar que as pessoas, moradores e turistas, abracem a coluna, para dar sorte (!), acelerando a sua degradação.
__ O pilar de ferro de Déli tem as seguintes características:
a) Uma altura de 7,21 m de altura, dos quais 93 cm se encontram abaixo do solo sobre os alicerces onde foi montado.
b) Seu peso é calculado em umas 6 toneladas.
c) O diâmetro da base é de uns 43 cm, se estreitando gradualmente à medida que se aproxima do topo, quando o diâmetro se reduz para 30,6 cm, caprichosamente trabalhado.
d) Havia um disco de ouro no topo, que foi retirado.
e) Acredita-se que ele foi dedicado ao deus Vishnu
f) O clima de Delhi é muito rigoroso e muito úmido

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Wikipedia

__ Sobre essa estrutura quedam muitos mistérios, a saber:
a) O ano ou período foi forjado: existe uma inscrição em caracteres que só foram usados durante a dinastia Gupta, que governou aquela região entre o século IV a.C. e o V d.C. É mencionado, nessa inscrição, o nome de um governante chamado Candra, que alguns associam a Shandragupta II (rei entre 380 e 413) – outras alternativas mais antigas, como Shandragupta Maurya, não são mais aceitas.
b) O local onde esteve pela primeira vez: é cada vez mais aceito que essa coluna, originalmente, estava em outro lugar, tendo sido trazida para Déli bem depois, por volta do século XIII, quando o seu sítio original foi saqueado pelos governantes de Déli, talvez o próprio Aibak ou um dos seus sucessores, segundo a Wikipedia em inglês – há indícios de que o pilar tenha sido forjado num ambiente protegido das cavernas de Udayagiri, mas resistiu bem a exposição ao clima rigoroso e às monções de Delhi, que tornam a atmosfera muito úmida, e que favorece à corrosão do ferro..
c) A coluna é feita de ferro puro, num percentual de 99,27%, segundo a Wikipedia em francês, ou de 99,72 segundo Epoch Times online (https://www.epochtimes.com.br/misteriosa-estrutura-antiga-metal-ultrapassa-tecnologia-moderna/#.VqZ9avkrLIV). Ora, a tecnologia para alcançar tal grau de pureza só foi alcançada no século XIX, servindo-se de outros elementos químicos, como o manganês e o enxofre, que não existem no pilar de Déli (Epoch Times)! O fato de os indianos terem conseguido isso numa época tão remota não tem explicação.

Explicação Técnica Básica (conforme a Wikipedia em francês)

__ A explicação para o fenômeno foi encontrada, em 2002, pela equipe do professor Balasubramanian, do Instituto Indiano de Tecnologia, núcleo de Kanpun, uma das instituições de pesquisa e ensino de tecnologia mais respeitadas no mundo, segundo eles o que protege o pilar é uma pequena película uniforme de “hidrogenofosfato de ferro cristalino”, que envolve toda a estrutura. Eis o texto:
__ “Os pesquisadores descobriram uma fina película de um composto de ferro, oxigênio e nitrogênio (δ-FeOOH), chamado no texto inglês de misawite, protegia o pilar da corrosão. Essa camada começou a tomar forma três anos após a forja do pilar, e desde então só vem crescendo [ao reagir com as condições ambiente], de tal sorte que sua espessura atual é de 0,20 mm. Num artigo publicado no Science Current, Balasubramanian afirmou que a camada protetora é formada de maneira catalítica (1), em virtude do alto tero de fósforo misturado ao ferro, em torno de 1%, comparado aos 0,05% no ferro de hoje. Esse teor é fruto do trabalho dos artesão indianos desse período, que, na fabricação de seu aço, transformavam o mineral de ferro em aço em uma única etapa, ao misturá-lo ao carvão de madeira, enquanto o alto-forno moderno o coke (2) , em lugar do carvão, e do calcário para retirar as impurezas, entre as quais a maior parte do fósforo... Balasubramanian que o trabalho de sua equipe sobre a formação do filtro que protege o pilar, poderia conduzir a um melhoramento da proteção anticorrosiva de longo prazo dos contêineres que guardam rejeitos nucleares »  
__ Quem desejar uma exposição mais detalhada, só encontrei em inglês, procure nos seguintes endereços (o último é do próprio professor Balasubramanian, onde ele faz um estudo detalhado sobre o tiro de canhão que Nadir Xá mandou dar no pilar):
http://www.iupac.org/publications/ci/2005/2706/3_veazey.html
http://www.iitk.ac.in/infocell/Archive/dirnov1/iron_pillar.html
http://www.insa.nic.in/writereaddata/UpLoadedFiles/IJHS/Vol44_1_3_RBalasubramaniam.pdf

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Iron_Pillar_of_Delhi%2C_upper_half%2C_cropped.jpg
Wikipedia

Em março de 1739, o imperador da Pérsia, Nadir Xá, após derrotar as tropas do Império Mogol [ATENÇÃO, é MOGOL, e não mongol!], entrou em Déli, a capital mogol. Nadir Xá achou esquisito que dentro de uma mesquita muçulmana houvesse um monumento dedicado a outra religião, ainda mais politeísta, que não fazia parte daquelas que o “Profeta” chamava de “povos do livro” (cristãos, judeus, samaritanos), e por isso resolveu por aquilo abaixo. Nadir era um homem de guerra, um dos melhores generais da história, que pusera abaixo reinos poderosos, e, portanto, não teria dificuldade em derrubar aquela estranha coluna. Para tanto ele mandou assentar um canhão, apontando para um ponto um pouco acima da metade da coluna. Seria um tiro fatal, a queima roupa! Quando o disparo foi dado a bala ricocheteou no pilar, e foi pipocar numa parede da ala sudoeste da mesquita – os vestígios desse incidente foram encontrados nas ruínas da mesquita. Nadir Xá, não acreditava em “bruxas” e estrava acostumado a conseguir o que queria, mas diante daquele resultado preferiu deixar “aquilo” em paz. A memória desse tiro está presente num leve afundamento na superfície da coluna e numa certa inclinação para o lado, da parte superior, perceptível à observação em alguns ângulos. A foto mostra uma fenda superficial, no lado oposto ao do tiro, de onde se desprendeu um fragmento. O local do impacto do tiro, bem perceptível, eu não consegui pegar livre na Internet, mas o interessado pode ver no terceiro endereço indicado a cima da foto, se ainda estiver disponível.

Notas
(1) Ou seja, a própria umidade externa induz a reação que provoca o aparecimento da película protetora. Não há como a ferrugem alcançar o interior do pilar. Se isso foi feito de maneira consciente...
(2) “Combustível sólido produzido pela destilação de carvão betuminoso aquecido a temperaturas de 500 a 1000 ºC, sem contato com o ar” (Wikipedia em espanhol).


GAIOLA POMBALINA

Prof Eduardo Simões

http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/images/gaiol_const_sism_2.jpg
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__ Uma das consequências do grande terremoto de 1755 em Lisboa foi o desenvolvimento de um dispositivo antissismo chamado gaiola pombalina, em homenagem a Pombal o suposto incentivador dessa descoberta, senão o seu idealizador.
__ A concepção da gaiola pombalina é muito simples e interessante: amalgama dois materiais de natureza bem diferentes, mas com qualidades que se somam para àquilo que se propõe: dar estabilidade e evitar propagação de incêndios em caso de terremoto. A madeira, por sua estrutura longa e fibrosa, tem uma maior capacidade de absorção de impactos e vibrações, ajudando a manter o conjunto em pé, durante um terremoto, enquanto a alvenaria, associada à armação de madeira, dificulta a generalização dos ncêndios.
__ Embora essas estruturas possam ser vistas em antigos casarões da Baixa Pombalina, não se conhece, hoje, quem foram seus criadores, os detalhes técnicos do projeto, nem se houve alguma legislação impondo o seu uso nas construções lisboetas, o que seria a demonstração de um pioneirismo incrível, sem falar de outras iniciativas também observadas nessa região como a abertura de poços em todos os quarteirões, para fornecer água no combate aos incêndios; as paredes entre as edificações eram mais altas que o telhado, justamente para cortar o avanço dos incêndios (paredes corta-fogo), além de outras medidas aí tomadas por Pombal, como uma rede subterrânea de esgoto doméstico. Um grande testemunho da engenhosidade dos antigos portugueses.  
__ Copio, a seguir, um texto explicativo online do Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas, de Lisboa,, disponível em http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/divulgacao/gaiol_const_sism.html

http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/images/gaiol_const_sism_3.jpg
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A gaiola como génese da construção anti-sísmica
__ "A ideia da construção anti-sísmica baseada numa estrutura de madeira revestida exteriormente por alvenaria de pedra está intimamente relacionada com a experiência existente na construção naval, na época exclusivamente de madeira.
__ Com efeito e tendo por base o excelente desempenho dos navios face Às acções dinâmicas transmitidas pelo mar, os engenheiros militares intervenientes no processo de reconstrução da baixa estabeleceram uma analogia entre o comportamento das embarcações e o comportamento de um edifícios durante a ocorrência de um sismo. Esta analogia traduzia-se no facto de ambas as estruturas estarem sujeitas a acções actuantes em meios agitados, absorvendo parte das acções e dos deslocamentos a que estão sujeitas.
__ Em relação ao excelente comportamento dos barcos, não havia dúvida que tal resultava da existência de uma estrutura tridimensional de madeira formada por peças deformáveis e resistentes à tracção e à compressão, e à forma como eram executadas as ligações entre os vários elementos, permitindo que funcionassem como um todo articulado entre si.
__ Por outro lado e devido à sua fragilidade, as alvenarias simples tinham apresentado grande dificuldade em dissipar a energia transmitida pelo terremoto de 1755, apresentando em simultâneo reduzidas capacidades de resistência à tracção e á compressão, para além do facto de as ligações entre as várias paredes interiores e exteriores ser deficiente e prejudicada pelas diferentes espessuras envolvidas. No entanto as alvenarias simples tinham tido um bom desempenho face à acção do fogo.
__ Assim, e sendo estes dois materiais de construção, a madeira e a pedra, os mais representativos da época e de certa forma complementares, a sua associação foi inevitável concebendo-se então paredes resistentes mistas, formadas por alvenaria armada com bielas de madeira, retirando-se do efeito conjunto os proveitos que os materiais individualmente não tinham conseguido apresentar (boa capacidade de resistência a esforços de tracção e flexão auxiliada por adequadas ligações entre peças de madeira, boa capacidade de resistência á compressão e boa capacidade de resistência ao fogo).
__ A gaiola é assim considerada uma invenção do urbanismo pombalino, embora não se conheça nenhum documento da época que especifique a sua constituição ou estabeleça a sua obrigatoriedade.
__ Os edifícios Pombalinos representam um marco importante na engenharia sísmica porque apesar de aparentarem ser de alvenaria, são constituídos por uma estrutura tridimensional de madeira no seu interior (Gaiola Pombalina), que não é visível por se encontrar embebida nas paredes de alvenaria, mas que permite a absorção de parte das acções e deslocamentos quando da ocorrência de um sismo A concepção original da estrutura da gaiola é salvaguardar pessoas e bens no interior do edifício, sendo suposta a manutenção dos seu equilíbrio, mesmo na eventualidade de ocorrência de destacamento e queda da alvenaria das fachadas.
Construção da gaiola Pombalina
__ A armação de madeira utilizada nas paredes mistas dos edifícios da Baixa pombalina, a gaiola ou esqueleto, é constituída por um elevado número de peças verticais, horizontais e inclinadas, devidamente ligadas entre si, formando as cruzes de Santo André que constituem um sistema sólido e com grande estabilidade. Nas paredes interiores que fazem as grandes divisões dos edifícios, aquela amarração designa-se por frontal, termo que pode também ser aplicado à própria parede.
Seguidamente apresenta-se a disposição mais comum dos elementos constituintes de uma gaiola, cuja construção se iniciava a partir do momento que os alicerces das paredes atingiam o nível do terreno exterior ou, na maioria dos casos, a partir da estrutura de cantaria do rés-do-chão.

http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/images/gaiol_const_sism_1.jpg
http://www-ext.lnec.pt/

__ Ao longo das paredes perpendiculares aos vigamentos dos sobrados assentavam-se as vigas A, denominadas frechais, com secção aproximada de 0,10 x 0,14 m, ficando recolhidas cerca de 0,05 m em relação ao paramento interior da parede de alvenaria a construir. Esta dimensão correspondia à espessura dos prumos B, que eram pregados na face externa dos frechais, como se mostra em A'. Estes prumos definiam os vãos das paredes e, quando a distância entre eles era superior a 0,90 m, colocavam-se outros prumos intermédios, ligados como os anteriores aos frechais de dois andares consecutivos. A altura dos prumos atingia por vezes o pé-direito de mais de um piso do edifício. Os prumos eram contraventados por trevassanhos, C, na parte de armação correspondente aos nembos. Por sua vez os trevassanhos fixavam-se nos cantos, ou faces mais estreitas, dos prumos virados para o exterior, através de um entalhe a meia madeira e pregos-de-telhado pregos quadrados com 4,5mm de lado e comprimento de 4'' (1''=2,54cm).
__ As vergas, D, e os peitoris formavam o contraventamento horizontal na parte referente aos vãos. Contudo, os peitoris apenas eram empregues nas paredes de tardoz e nas empenas, quando feitas em forma de frontal. Os pendurais, p, ligavam as vergas ao frechal imediatamente superior, conforme se representa nos pormenores B' e C'. As vergas, v, representadas no pormenor B', fixavam-se aos prumos por meio de orelhas derrabadas com malhete, virados para o interior do edifício, nos cantos dos prumos, cuja oscilação era impedida por travadouras, t, feitas de costaneiras ordinárias pregadas ao lado de dentro da gaiola, e t', fixas ao vigamento do sobrado. Estes elementos eram construídos em conjunto com a parede.
__ Previamente à sua colocação, faziam-se nos prumos os necessários entalhes para a ligação dos frechais e consolidação das ligações de todos os elementos referidos.
Quando ocorria a diminuição de espessura das paredes de uns andares para outros, por meio de ressaltos, encastravam-se entre duas vigas, v, os troços de vigas, C, designadas por chincharéis, sobre as quais assentavam os prumos do novo pavimento que, na parte superior, se ligavam ao frechal, r, do pavimento imediato.
__ Sobre o vigamento do sobrado do último pavimento assentava-se o contrafrechal, EE, no qual apoiavam as varas da etsrutura (madeiramento) do telhado.
__ Para dar solidez adequada à gaiola empregavam-se habitualmente prumos com secções de 0,14 ou 0,15 m por 0,08 a 0,10 m. No caso de serem feitas com tábuas de casquinha, de um fio ao baixo, os prumos tinham secção de 0,11 x 0,075 m2. Estas meias tábuas também se utilizavam como travadouras, embora se recorresse com maior frequência a barrotes com 0,14 x 0,08m2, ou tábuas de pinho da terra, para esse efeito.
__ Os trevassanhos e as vergas tinham em geral uma secção de 0,14 x 0,08m2 e os pendurais de 0,10 x 0,07m2.
__ Nos pontos de maior concentração de esforços era habitual reforçarem-se as ligações entre as peças de madeira com cintas de ferro. A ligação entre a gaiola e a alvenaria era conseguida por meio de peças de madeira, m, designadas por mãos, solidamente emalhetadas em diferentes alturas dos prumos e nos travessanhos.
__ Quando o frechal atravessava um vão muito grande, recorria-se a um sistema de degradação de cargas. Com efeito para evitar a deformação por flexão do frechal devido à carga sobre ele aplicada, esta era degradada através de um sistema constituído por um reforço designado por boneca, e por escoras transmitindo assim os esforços para os respectivos prumos.
__ Nos casos raros em que não se utilizava a gaiola na construção das paredes, eram introduzidos na alvenaria elementos de madeira, designados por tacos, que ficavam à face do paramento interior sobre os quais se pregavam diversos elementos, como os alizares, rodapés, etc., que deviam estar fixos às paredes".

http://www.conservationtech.com/MAIN-TOPICS/ROMEprojects/Pombalwalls/Baixa-INT-5-9PANO.jpg
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Casarão antigo, mostrando a sua gaiola.

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Modelo de construção de uma gaiola

Há um bom texto disponível sobre o assunto em http://www.civil.ist.utl.pt/~rbento/css/CursoIHC_2005.PDF 
https://5cidade.files.wordpress.com/2008/05/construcao-pombalina.pdf

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