Índice
Besta - Escorial - Infantaria
Francesa 1914 - Máscaras Contra Gases - Streltsy - Terços Espanhóis - Renault Tipo AG - Panzerfaust - Evangelhos de Lindisfarne - Poilus - Pé de Trincheira -
Tomahawk - Forte James - Pilar de Déli - Gaiola Pombalina
A BESTA
Prof Eduardo Simões
http://fc05.deviantart.net/fs26/f/2008/109/9/c/German_Medieval_Crossbowman_by_SniperDreamWorX.jpg
Fonte
http://sniperdreamworx.deviantart.com/
__ O soldado acima é alemão e do
período medieval. Ele carrega na mão esquerda uma arma conhecida como besta,
que disparava setas curtas, chamadas “virotes”, com ponta de ferro piramidal,
com alto poder de penetração e muito mais precisa que o tiro com arco, embora
alguns autores afirmem que o alcance era semelhante, entre 150 e 180m, o mesmo
que o arco longo inglês, o mais famoso e utilizado nesse período.
http://www.thebeckoning.com/medieval/crossbow/xbow-diagram.gif
http://www.thebeckoning.com/
__ Partes da besta: A) ripa ou
sarrafo, bem curto, o que cria uma grande tensão quando a corda a ele atada é
puxada para o disparo da seta; B) o estribo, onde o besteiro põe um pé, quando
está preparando o disparo; C) a corda, que lança o projétil; D) o virote; E)
alavanca do gatilho, que o besteiro empurrava para cima na hora do disparo; F)
haste ou coronha, que se apoiava em um dos ombros, melhorando a precisão do
tiro, como em uma espingarda; G) guia dentada, que puxava a corda para trás,
por meio de um sistema de rodas com encaixe que se ajustava ao mecanismo de
tração, também dentado, reduzindo a quantidade de força necessária para
preparar o tiro; H) pestana, a ponta do gatilho, onde a corda era fixada antes
do disparo e que se recolhia quando o besteiro apertava o gatilho.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdyEFzGXXnNjxiqbu6MwZbWNMRh2D-gbH4QeVw1iE-nRHvnFsq1oChc0iOOlrj2voNMov1rzLQUM5nSHM-X00K1Dqc4wEOOoP2uk9dqOc7m0znxrq7BKzkD7tkUzJckZSiWyRZ0gO7ORhR/s1600/crossbow_loading.jpg
Fonte http://galleryhip.com/
__ As diversas maneiras de armar
uma besta, conforme o modelo, feita por diferentes soldados besteiros da Idade
Média. Um dos reis que mais valorizou o uso da besta foi D. João I, rei de
Portugal (1385-1433), que chegou a formar uma força com 300 anadelarias (milícias
locais de besteiros), e um efetivo total de 5 mil besteiros
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a2/Balestriere1.jpg
fonte Wikipedia
__ O disparo da besta era mais letal,
mas a arma era mais lenta de se armar, e por isso era pouco usada em batalhas
em campo aberto, embora fosse muito útil em um cerco, tanto para o ataque como
para a defesa, quando o besteiro atacante se refugiava atrás de um escudo,
feito de madeira de carvalho ou salgueiro, para preparar o próximo tiro – o rei
inglês Ricardo I Coração de Leão, durante um cerco do castelo Chalus-Chabrol,
foi acertado por um besteiro defensor, no dia 25 de março de 1199. Diz a
crônica que, mais tarde, o dito besteiro foi preso e levado diante do rei, a
quem justificou o tiro como vingança pela morte de seu pai e dois irmãos, nas
mãos dos soldados de Ricardo. Ricardo o perdoou, vindo, porém, a falecer no dia
6 de abril, em virtude do ferimento ter gangrenado.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ec/Sauterelle_1915.jpg
Fonte Wikipedia
__ Esses soldados franceses da
Primeira Guerra usam uma besta para atirar granadas de mão o mais distante
possível. Engenho rudimentar, mas barato e mais eficaz e seguro que o braço de
um soldado, que sempre podia ser atingido por uma bala, quando aparecia acima
da trincheira, jogando uma granada.
(visite o blogue construindopiaget.blogspot.com.br)
EL ESCORIAL
Prof Eduardo Simões
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e5/Vista_aerea_del_Monasterio_de_El_Escorial.jpg
Wikipedia
__ O mosteiro de São Lourenço de
Escorial – Escorial é o nome da localidade – foi construído entre os anos de
1563 e 1584 a mando do rei Filipe II de Espanha – Filipe I de Portugal e do
Brasil – para ser a sede do governo espanhol e, quiçá, da cristandade católica.
El Escorial é, na verdade, um conjunto de prédios multifuncionais, entre os
quais se encontra um mosteiro de verdade, entregue aos monges agostinhos,
residências palacianas, biblioteca, secretarias de estado, e uma imponente
basílica: a Basílica de São Lourenço.
http://pictures2.todocoleccion.net/tc/2011/01/10/23940944.jpg
Fonte: http://www.todocoleccion.net/
__ Acima vemos Filipe II e um de
seus arquitetos analisando a planta e a localização das futuras edificações –
Filipe é o homem sentado com um chapéu na cabeça; os pajens observam, acompanhados de um
cachorrão, animal de estimação do rei, no primeiro plano. Os arquitetos e engenheiros do Escorial foram Juan
Batista de Toledo, Juan de Herrera, Juan de Minjares, Giovani Battista Castello
e Francisco de Mora.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5c/EscorialBiblioteca.jpg/1024px-EscorialBiblioteca.jpg
Wikipedia
Comenta-se, com certa razão, que
a construção em si é feia e muito monótona à vista, uma vez que predominam linhas
retas, e uma infinidade de janelas, todas retangulares e relativamente
pequenas, que mais parecem as seteiras de um castelo medieval; mas por dentro a
estética do Escorial é deslumbrante. Pinturas e afrescos monumentais embelezam
as suas dependências. Acima, vemos a sala da biblioteca.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/80/Altar_Bas%C3%ADlica_de_El_Escorial.JPG/1024px-Altar_Bas%C3%ADlica_de_El_Escorial.JPG
Wikipedia
Outro elemento de grande impacto
e beleza: o altar-mor da Basílica de São Lourenço
http://www.fuenterrebollo.com/Heraldica-Piedra/Escorial/panteon-reyes.jpg
Fonte http://www.fuenterrebollo.com/
http://es.feelmadrid.com/foto249.jpg
Fonte http://es.feelmadrid.com/
Cripta dos reis, mais acima, em
dourado e vermelho, tem um aspecto solene todo especial. Na cripta estão sepultados todos os
reis de Espanha, desde Carlos V, morto em 1558, até o pai do rei Juan Carlos,
Juan de Bourbon, morto em 1993, cuja abdicação, em 1977, permitiu a ascensão do
filho ao trono. A mãe de Juan Carlos, Maria Cristina, também está aí - o rei
Juan Carlo, sentindo-se velho, abdicou, recentemente, em favor de seu filho
Filipe VI, atual rei de Espanha.
Wikipedia
Esquema geral do palácio-mosteiro
do Escorial.
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ÁLBUM – SOLDADO DA INFANTARIA
FRANCESA (1914-1918)
Prof Eduardo Simões
http://multimedia.fnac.com/multimedia/images_produits/Zoom_Planche_BD/4/3/8/9782352500834_1.jpg
http://multimedia.fnac.com/
__ Com uniforme de cores tão berrantes,
os soldados franceses faziam a alegria dos atiradores alemães. Anos antes,
segundo a historiadora americana Barbara Tuchman, quando alguns falaram em substituir aquelas cores por
algumas mais discretas, para facilitar a camuflagem, articulistas furiosos, nos
principais jornais do país, berraram: “les pantalons rouges sont la France”,
“as calças vermelhas são a França”, afinal o vermelho é uma das cores da
bandeira francesa.
http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr/uniforme/evolution/4-poilu-automne-1915.gif
Fonte: http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr
__ Em 1915, para evitar que o
exército francês desaparecesse, os generais e os estilistas impuseram
um modelo que ainda preservava, parcialmente, uma das cores da
bandeira nacional, o azul claro. Os números nos informam o seguinte: 1 –
capacete adrian 1º tipo; 2 – capote poiret 3º tipo; 3 – número da unidade na
gola em azul; 4 – suspensórios; 5 – mascara de gás modelo P2, semelhante à
máscara de médico, e saco S2, que guardava a máscara; 6 – calça tipo culote
azul, só ia um pouco abaixo do joelho, seguida de uma bandagem da mesma cor,
porém mais clara; 7 – borzeguins de marcha forçada, modelo 1915.
http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr/uniforme/evolution/6-poilu-automne-1916.gif
Fonte: http://www.lesfrancaisaverdun-1916.fr/
__ Soldado de 1918. 1 – capacete
adrian 2º tipo; 2 – capote modelo cruzado, de sargento; 3 – número da unidade
na gola; 4 – máscara contra gases, mais completa que a P2, dentro de uma
sacolinha de couro; 5 – punhal de trincheira; 6 – máscara modelo ARS, mais completa
ainda, dentro de um invólucro metálico; 7 – bandagens de 2º tipo; 8 – borzeguim
de marcha forçada modelo 1917.
(visite o blogue
construindopiaget.blogspot.com.br)
PRIMEIRAS MÁSCARAS CONTRA GAZES
(1915)
Prof Eduardo Simões
http://www.guerredesgaz.fr/Protection/Lesmasques/France/Premiers/Baillons/baillonsuretuiBH.jpg
__ O primeiro gás usado pelos
alemães contra tropas francesas, em abril de 1915, foi o cloro. Para anulá-lo
os franceses usavam umas máscaras parecidas com máscaras de médicos em sala de
cirurgia, embebidas de uma solução de hipossulfito, além de óculos especiais,
para evitar a irritação nos olhos, como vemos acima. Em Ypres, na Bélgica, um
oficial canadense, percebendo que o gás era cloro, disse aos soldados para
mijarem em uma gaze e recobrirem o nariz com ela, na esperança que o ácido
úrico cristalizasse o cloro. Acima vemos uma dessas primeiras máscaras e a bolsa
de pano que a guardava. Parece máscara usada por médicos em cirurgia, hoje.
http://www.guerredesgaz.fr/Protection/Lesmasques/France/Premiers/Cagoules/Bleu.jpg
__ Vieram depois as máscaras tipo
gorro balaclava, que faziam os soldados parecer com fantasminhas, igualmente
embebidas de hipossulfito.
http://www.guerredesgaz.fr/Protection/Lesmasques/France/Premiers/Compresses/NBVal.gif
http://www.guerredesgaz.fr/Protection/Lesmasques/France/Premiers/Divers/Piedgroupe.gif
__ Essas máscaras não eram nada
práticas, mas salvavam. No dia 22 de abril de 1915, no setor de Langemark,
o tenente Gusntzberger, francês, às cinco horas da madrugada, observa vapores
se elevando das trincheiras alemãs. “Eu vi então uma nuvem opaca de cor verde,
com cerca de uns 10 m de altura, particularmente espessa na base, onde tocava o
solo. Essa nuvem avançava para nós, trazida pelo vento, quase imediatamente nós
começamos a sufocar, como se palitos de fósforo tivessem sido acessos dentro de
nossos narizes. Nós tivemos que fugir, seguidos pela nuvem, e eu vi, nesse
momento, vários dos nossos tombar, uns se reerguiam e retomavam a marcha, para
cair de novo, e, de queda em queda, chegar, enfim, à retaguarda” (tradução
livre)
Fontes: http://geopolis.francetvinfo.fr/
http://www.guerredesgaz.fr/
STRELTSY
(1545-1710)
Prof Eduardo Simões
http://dlm11.meta.ua/pic/0/58/74/e4CYPT44iO.jpg?&&&&&&srd=dlm3.meta.ua
http://urok-kultury.ru
__ Os Streltsy eram uma unidade
de soldados de elite, criada por Ivan IV, o terrível, durante o processo de
expansão do reino de Moscou, tendo o seu batismo de fogo no cerco da cidade de
Kazan, em 1552. Essa unidade era constituída, principalmente, por mercadores
livres e, posteriormente, por pequenos proprietários. Os streltsy se dividiam
em duas unidades categorias básicas: os eletivos, “vibornie”, que eram
recrutados em Moscou e tinham, seu quartel na cidade, e os municipais, “gorodskiye”, de
outras cidades da Rússia.
__ O efetivo dos streltsy variou
com o tempo. Durante o século XVI, foi entre 20 e 25 mil homens, enquanto em
1680 seu efetivo alcançou os 55 mil, dos quais 22 mil só em Moscou. Sua
capacidade combativa também variou muito, em função seja da forma de
convocação, um tanto casual, sem critérios consistentes, seja em função da
precariedade de treinamento e seus baixos salários – era-lhes permitido
desenvolver outras atividades no comércio e na agricultura, para aumentar a
renda.
http://i.stack.imgur.com/UHo2c.jpg
http://history.stackexchange.com/
__ Tropa de choque pesada, os
streltsy usavam duas armas básicas: o arcabuz e uma estranha alabarda chamada
bardicha. Em combate formavam linhas de arcabuzeiros. A primeira linha
disparava sua arma e marchava para trás, calmamente, para recarregar a arma, a
segunda fila dava uns passos à frente e disparava sua arma, e fazia como a
primeira fila fizera; e assim as fileiras iam se revezando, mantendo um fogo
contínuo e devastador. A lâmina da bardicha dos streltsy era bem funcional:
rasgava de cima para baixo e para os lados, mais ou menos como um machado, além
de ser poder ser projetado para frente, como uma lança. Também servia para
apoiar o arcabuz, que era pesado e com um coice tremendo.
http://i779.photobucket.com/albums/yy79/Kadrinazi/Russian_streltsy.jpg
http://artist.maestro.fm/
http://i23.photobucket.com/albums/b356/cegorach/russian%20roster/streltsy.jpg
http://mobile.ztopics.com/
__ Além de soldados, os streltsy
faziam o papel de polícia e bombeiros, em Moscou. Como se pode ver pelos
uniformes acima, do século XVI e XVII, era uma tropa vistosa e muito
respeitada, senão temida, cujos cargos, depois de um tempo, passaram a ser
hereditários e o serviço militar, de provisório, passou a ser por toda vida,
tornando os strelysy a primeira tropa profissional da Rússia. Seu uniforme
básico constituía-se de um kaftan vermelho, verde ou azul, e botas amarelas,
além de um gorro semelhante ao do Papai Noel,
http://russiapedia.rt.com/files/galleries/kolomenskoye-battle/kolomenskoye-battle_20.jpg
http://russiapedia.rt.com/
__ Um jovem russo, revivendo os
streltsy, limpa a câmara de combustão do seu arcabuz, ou tenta prender o pavio
no percussor da arma – o excesso de sujeira na câmara podia causar grandes
problemas para o atirador, desde cegá-lo e até matá-lo, quando a arma explodia
na hora do tiro. Vê-se claramente a corda de pavio externa, que ficava acesa e
presa ao cão ou percussor da arma, o que tornava impossível o seu uso em dia de
chuva .
TERÇOS ESPANHÓIS
Prof Eduardo Simões
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2d/Elgrancapitantrasbatalladeceri%C3%B1ola.jpg/800px-Elgrancapitantrasbatalladeceri%C3%B1ola.jpg
Fonte Wkipedia
__ O terço, ou ‘tercio’, em
espanhol, era uma unidade militar que combinava a atuação de diversas armas:
lanceiros ou piqueiros, em maior número, arcabuzeiros, substituindo os antigos
besteiros, formando quadrados compactos – a infantaria ganha mais relevância
–escorados, nos flancos, por pequenas unidades de cavalaria pesada, a
artilharia foi fortalecida.
__ Os terços surgiram da
experiência militar de Gonzalo Fernandez de Córdoba, conhecido como “el Gran
Capitan”, após a sua derrota para franceses na batalha de Seminara, na
Itália, em junho de 1495. O resultado das mudanças foi vitória esmagadora, em
Ceriñola, também na Itália, em abril de 1503, com a morte do comandante
francês, Luis de Armagnac, cujo cadáver, no quadro acima, é mostrado ao Gran
Capitan, o homem de longa cabeleira sobre um cavalo branco, dando início ao
domínio da infantaria espanhola nos campos de batalha europeus. Os tercios
foram oficialmente criados pelo rei Carlos I, em outubro de 1534, substituindo
as antigas unidades chamadas “coronelias”.
__ O exército português também
usou o sistema de terços, na Europa no Brasil. O efetivo do terço português
oscilava em torno de dois mil homens, com uma característica especial: a ação
combinada de arcabuzeiros e piqueiros. No Brasil esses terços não tinham a mesma força de choque e a mesma
disciplina tática dos os congêneres europeus.
__ Os tercios eram inicialmente
divididos em dez “capitanias” (8 de piqueiros e 2 de arcabuzeiros) de 300
homens cada, evoluindo, posteriormente, para 12 companhias (10 de piqueiros e 2
de arcabuzeiros), com 250 homens cada.
http://mm.queaprendemoshoy.com/wp-content/uploads/2014/01/oficial-tercios-augusto-ferrer-dalmau-373x450.jpg
Fonte http://queaprendemoshoy.com/
__ Quando marchavam os piqueiros
seguiam com suas enormes lanças ou piques erguidas. Essas lanças tinham de três
a seis metros de comprimento, e pareciam com as antigas falanges macedônias de
Alexandre o Grande, e guardadas as devidas proporções o método de combate era
semelhante – inclusive a “sintagma”, unidade básica da falange macedônia, tinha
um efetivo parecido com o das companhias de tercios, 256 homens. Outra unidade
militar que serviu de modelo para os tercios foi a legião romana.
__ Em posição de batalha, os soldados, formando quadrados, apontavam suas lanças para frente, parecendo um enorme porco espinho. Os outros
exércitos europeus, também usavam a mesma tática. Os soldados da frente, em posição
de espera, ajoelham uma perna e apoiam parte do peso da lança na coxa da outra perna, enquanto
mantém a mão direita próxima a espada. Quando duas unidades dessas se
defrontavam, alguns soldados engatinhavam por baixo das lanças para, com um
punhal, seccionar a panturrilha do soldado da frente, aleijando-o.
https://guerrayhistoria.files.wordpress.com/2014/12/rocroi-a.jpg
https://guerrayhistoria.wordpress.com
__ Uma tática, desenvolvida pelo
rei da Suécia, Gustavo de Vasa, ao longo da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648),
mostrou-se bem sucedida no combate às companhias dos tercios, que tratava de
envolver a estas com movimentos rápidos de cavalaria pesada. A mobilidade desta
acabava por enfraquecer a principal virtude dos tercios: a compactação.
__ Na gravura acima, vemos a
cavalaria francesa fazendo um bom uso dessa tática na batalha de Rocroi, em
1643, que marcou o fim do predomínio espanhol nos campos de batalha. Suprema
ironia, fora contra os franceses, em 1503, que os espanhóis deram início à sua
ascensão bélica.
http://www.larramendi.es/testimonios.requetes/img/zubizarreta_2.jpg
http://www.larramendi.es/
__ Os tercios foram oficialmente
desfeitos em 1704, por Filipe V, depois de sofrerem várias mudanças, e ganharem as características dos modernos regimentos de infantaria, mais uma ironia, criados e
desenvolvidos pelo exército francês. O termo “tercio”, entretanto, continuou
sendo usado por algumas unidades do exército espanhol, embora organizadas como
regimento, de uma forma simbólica, para rememorar o patrimônio
histórico-militar triunfante dos antigos tercios. Durante a Guerra Civil
Espanhol, de 1936 a 1939, apareceram alguns tercios no lado das
forças nacionalistas. Na foto vemos alguns requetés, voluntários anticomunistas do país basco, integrantes do Tercio Ortiz de Zarate, da cidade de Galdácano.
__ Nem tudo foi glória e triunfo
na história dos tercios espanhóis, como aconteceu com o Terço Velho da
Sardenha, que após a batalha de Jemmingen, na Holanda, em 1568, que já havia
feito um “papelão” numa batalha anterior, massacrou a população de uma vila que
anos antes havia trucidado soldados fugitivos desse terço. O massacre dessa
população foi tão grande e generalizado que o comandante espanhol, o Duque de
Alba, não teve outra opção que dissolver a unidade. Outro episódio lamentável
foi o saque horroroso da cidade belga de Amberes de 4 a 7 de setembro de 1576,
quando os soldados, amotinados com o atraso do pagamento, saquearam
indiscriminadamente a cidade. Foi fácil colar nos tercios a fama de soldados
brutais e descontrolados, a “fúria espanhola”, que hoje se apega à sua seleção
de futebol, em outro contexto.
RENAULT TIPO AG (1905-1921)
Prof Eduardo Simões
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/55/Renault_Type_AG_9_CV_1910.jpg
Fonte Wikipedia
__ A empresa Sociedade Renault
Irmãos (Société Renault Frères), lançou, em 1905, uma veículo auto móvel
chamada Tipo AG ou Tipo AG-1, que rapidamente fez sucesso nas ruas de Paris.
Como se vê, os primeiros automóveis tinham uma aparência e estrutura de
carruagem ou veículo hipomóvel.
__ As especificações técnicas do
modelo AG eram as seguintes: motor de 2 cilindros de 1,250 cm³, desenvolvendo 8
CV (Cavalo a Vapor ou Cavalo de Força, HP), tendo em vista a limitação de
velocidade máxima na época de 40 km/h; altura de 2, 2 m; largura de 1,6 m (alto
e estreito como uma carroça); 3,7 m de comprimento; 1.100 kg (era pesado);
http://k32.kn3.net/taringa/2/2/2/3/2/3/96/archivodeautos/93E.jpg?4475
http://www.taringa.net/
__ Em Paris esse veículo foi
muito usado na frota de taxis, e foi justamente daí que viria a sua maior fama.
Como se pode ver nesse modelo, esses carros possuíam uma manivela na frente,
que precisava ser girada com cuidado para acionar o motor do carro.
__ O que fez a fama desse carro
foi o fato de centenas dele terem participado de um episódio histórico famoso,
chamado de os ‘Táxis do Marne’, em setembro de 1914, quando o exército francês
requisitou os táxis de Paris para o transporte urgente de tropas para a frente
de combate, às margens do rio Marne, o que foi feito com sucesso, mas sem
influência no resultado final da batalha (os alemães foram detidos e obrigados
a recuar). Na ilustração o Renault AG Fiacre, 1910.
PANZERFAUST (1943-1945)
Prof Eduardo Simões
http://ww2db.com/images/weapon_panzerfaust21.jpg
http://ww2db.com/
__ O panzerfaust (punho de
blindado) foi uma arma antitanque desenvolvida pelos alemães no final da
Segunda Guerra, para fazer frente à enorme diferença entre os tanques e
veículos blindados que eles dispunham, e a avalanche dos congêneres aliados,
principalmente os dos soviéticos e americanos. Era dispositivo semelhante à
bazuca americana, mas com algumas diferenças notáveis, como, por exemplo, a
forma como era empunhada, mostrada pelo soldado na foto.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/Bundesarchiv_Bild_183-J31391%2C_Berlin%2C_Volkssturm%2C_Ausbildung.jpg
Wikipedia
__ Era uma arma leve, um tubo
de 1 m, com 3,3 a 5 cm de diâmetro, pesando uns 6,25 kg, com um recuo tão
pequeno, que podia ser disparado por adolescentes de até 12 anos, como os
garotos da Juventude Hitlerista convocados no final da guerra, assim como os
velhos membros da milícia popular Wolkssturm, como os que aparecem na foto
acima, em treinamento, alguns com mais de 70 anos! Era a hora do desespero e valia tudo para salvar a pele do ditador.
__ Eficiente e de fabricação
muito barata, os alemães fizeram 6 milhões de panzerfaustes, de vários calibres
diferentes, capaz de perfurar blindagens de até 22 cm de espessura, a uma
distância que variava de 30 a 150 m, de acordo com o tipo – os Alemães
fabricaram 6 tipos diferentes. Outro detalhe curioso é que essa arma só dava um
tiro, e depois era descartada, pois ao ser lançado o projétil danificava a base
de lançamento.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9f/Turret_of_a_destroyed_T-34_tank.jpg/1024px-Turret_of_a_destroyed_T-34_tank.jpg
Wikipedia
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/dc/Panzerfaust6.jpg/1024px-Panzerfaust6.jpg
Wikipedia
__ Acima, soldados finlandeses
curtem o resultado do uso bem sucedido do panzerfaust, no que sobrou da torreta
de um tanque russo T-34, na batalha Tali-Ihantala, junho julho de 1944.
Observe-se que eles usam uniformes alemães e que um deles porta um panzerfaust.
Embaixo, um soldado finlandês mostra outra forma de manejar a arma.
OS EVANGELHOS DE LINDISFARNE
(715)
Prof Eduardo Simões
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/79/Meister_des_Book_of_Lindisfarne_001.jpg/800px-Meister_des_Book_of_Lindisfarne_001.jpg
Wikipedia
__ São um livro, escrito em
715, provavelmente em homenagem ao santo padroeiro do priorado de Lindisfarne,
Cutberto, pelo monge Edfrido, posteriormente santo e bispo do lugar. A obra
consta dos quatro evangelhos, a saber: Mateus, Marcos, Lucas e João, e outros
escritos antigos. Na foto vemos a abertura do Evangelho de São Mateus, com um
desenho de um colorido primoroso, todo feito à mão, como as demais pranchas
coloridas que se encontram dentro do livro. Uma obra de arte no papel.
https://citydesert.files.wordpress.com/2014/03/lindisfarne-gospels.jpg
https://citydesert.wordpress.com
__ Essa é a capa atual dos
Evangelhos, feita em 1852. A capa original também era primorosa e
caprichosamente constituída de um couro fino, com partes de metal, e pedras
preciosas, feita por um joalheiro, que largou tudo para ser um anacoreta em
Lindisfarne, São Bilfrido. Essa capa original se perdeu durante os ataques
vikings, houve outros, além do mais famoso, em 793. O livro estava guardado na
catedral de Durham, e acabou sendo perdido durante a dissolução da Igreja
Católica na Inglaterra, por Henrique VIII, entre 1536 e 1541. No século XVII o
livro foi comprado por sir Robert Cotton, 1º baronete de Connington, a Robert
Boywer, clérigo da Casa dos Lordes (o “senado” da Inglaterra), e,
posteriormente, cedido, com toda a biblioteca de Cotton, à Biblioteca
Britânica, indo os evangelhos para o Museu Britânico, onde está atualmente.
https://classconnection.s3.amazonaws.com/321/flashcards/794321/jpg/lindesfarne1319847551119.jpg
https://www.studyblue.com
https://41.media.tumblr.com/0c6e5e84998dfc03f2fb087fed2abc4d/tumblr_ndu3gbJTD61t51cv6o6_500.jpg
https://www.tumblr.com
__ Uma das principais características
dos evangelhos é a chamada página tapete, que antecede o início de cada
evangelho, numa clara evocação a elementos orientais – os cristãos coptas
egípcios foram os primeiros a usar esse recurso – presentes no monaquismo
irlandês, muito atuante na Inglaterra e caudatário das tradições orientais –
eles seguiam as regras de monges egípcios como Santo Antônio e São Pacômio.
Mais acima uma página tapete, e, abaixo, o detalhe de uma delas. Note-se o
primor e a incrível complexidade dos desenhos, todos feitos à mão!
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d2/LindisfarneFol27rIncipitMatt.jpg/800px-LindisfarneFol27rIncipitMatt.jpg
Wikipedia
__ Outro exemplo da incrível
beleza e arte constante nesses evangelhos. Vê-se, acima, a página de abertura
do Evangelho de São Mateus, o texto diz o seguinte: “Liber generationis Iesus
Christi filii David filii Abraham”, em letras muito estilizadas. Como se vê o
texto está em latim e foi escrito e ilustrado todo à mão, numa obra
absolutamente única e pessoal, como eram todos os livros dessa época, e dos
séculos seguintes, onde o leitor, além do texto, recebia toda uma galeria de
arte, de um autor, em um trabalho que, às vezes, demandava décadas. Daí se
entende porque esses livros são tão raros e eram tão caros na época em que
foram escritos.
Os detalhes técnicos
__ “É um livro de grande
formato (34 x 27 cm), contendo 259 folhas, unidas em cadernos de oito folhas,
escrito em letras maiúsculas insulares. O texto é o da Vulgata [tradução latina
oficial da Bíblia, escrita por São Jerônimo], na versão chamada
ítalo-nortumbriana, inspirada no Códex de Amiantinus [o mais antigo manuscrito
que se conhece da Vulgata]. O texto, além dos evangelhos, contém uma obra de
São Jerônimo no preâmbulo, Novum opus; a
carta de Eusébio de Cesareia a Carpiano onde explica a ordem do Cânon
[conjunto de livros que formam a Bíblia Sagrada], assim como o prólogo de São
Jerônimo ao Evangelho de Mateus. Acha-se, noutra parte, um calendário de festas
litúrgicas celebradas em Nápoles. Quinze
páginas do manuscrito são iluminadas [isto é, só contém gravuras, como as
vistas nas fotos acima]. Cada Evangelho é precedido de uma imagem do evangelista
que o escreveu, acompanhado de seu símbolo, seguida de uma página tapete, com a
forma destacada de uma cruz, que faz face a outra com enormes letras iniciais
[da abertura do texto]...” (tradução livre da Wikipédia em francês).
__ “As páginas dos Evangelhos
de Lindisfarne são de velino, um suporte feito de pele de ovelhas ou bezerros:
presume-se que aqueles foram feitos com pele de bezerros. No texto do
manuscrito se usou “uma tinta densa e escura, quase preta, que contém
partículas de carbono de fuligem preta de lamparinas”[citação no verbete]. A
caneta usada no manuscrito pode ser tanto uma pena de ave como um estilete de
junco... Há uma enorme quantidade de pigmentos usados no manuscrito, derivados
de fontes minerais, animais e vegetais. Enquanto algumas cores foram obtidas de
fontes locais, outras foram importadas da zona do Mediterrâneo, e as mais
raras, como o lápis-lazúli, podem ter sido importadas do Himalaia [o que mostra
a importância e a riqueza do lugar, apesar de seu isolamento e sua aparência pobre].
O ouro é apenas usado em alguns detalhes. O elemento que faz a liga das cores é
o ovo branco, mas em alguns lugares pode ter sido usada cola de peixe... Como o
velino é um suporte de escrita muito caro, é possível que tenha havido um
rascunho para os desenhos, feito em tabuletas recobertas de cera. (trad. Livre
da Wikipedia em inglês).
PÉ DE
TRINCHEIRA
Prof
Eduardo Simões
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHVVhQTcHx3U6cZrO-xfcy5Y7KSWO0Y_sFZMeS7f3ZivQgndYYlKUcbmBjlMLYj6gUUyXbN7fNGzggNH8_-YKxHJfXc6qrI0L5yBvdnURW8fKyjsBqCulPg7w8RbmUqCtRZCELSuvm-wSg/s1600/rusmea.com-segunda+parte+da+frente+ocidental+-primeira+guerra+mundial+em+fotos+-+100+anos+atr%C3%A1s+(10).jpg
http://www.rusmea.com/
__ Além
de todo estresse dos bombardeios, das balas, do cortejo cotidiano de mortos,
feridos e enlouquecidos, os soldados que lutavam no centro e norte da França,
ainda tinham de amargar condições sanitárias absolutamente desumanas, quando,
no auge do outono e início do inverno, as chuvas desabavam abundantes,
inundando as trincheiras que, se por um lado, protegiam os soldados de balas,
obuses, gases venenosos, etc., por outro lados os entorpeciam e maltratavam
pelo acúmulo de água da estação chuvosa, que podia chegar a centenas de
milímetros de precipitação, agravadas pelo fato de as trincheiras, serem
verdadeiras calhas receptoras de chuva.
__ Apesar
do rosto alegre do soldado britânico na foto, querendo parecer “durão”, para
efeito de propaganda, o chafurdo diuturno nesse lamaçal era muito
desconfortável, não só pela sensação de umidade como pelo fato de ocorrer numa
estação de grandes quedas de temperatura, o que aumentava o sofrimento. E não é
só! Longe de ser apenas lama de chuva, essas águas eram, na verdade, uma sopa
fétida repleta de bactérias e elementos patogênicos, derivados da presença
maciça de ratos e insetos necrófagos, atraídos por toneladas de carne humana e
de animais de tiro, em decomposição no campo de batalha, que de alguma forma
escorriam dos campos ao redor para dentro das trincheiras.
http://i.skyrock.net/3645/77463645/pics/3213048327_1_2_dg2d7Een.jpg
http://artois1418.skyrock.com/
__ Eis
o resultado de uma rápida batida do corpo sanitário francês numa trincheira de
seus camaradas. As ratazanas foram as principais responsáveis por outra
moléstia muito comum: a febre de trincheiras. Após um prolongado período com os
pés dentro da água fria, em torno de dez, doze horas, a pele dos pés começava a
começar frágil e se desprender, causando feridas e infecção, que se não tratada
a tempo podia evoluir para uma gangrena.
__ Os
primeiros sintomas comichão, pele fria, dor, intumescimento e formigamento. Em
seguida o pé incha e a pele se torna avermelhada (eritrose = vermelhidão
difusa, resultado de uma agressão à pele) ou azul-arroxeada (cianose = má
circulação do sangue, causada por insuficiência circulatória) com supuração ou
sangramento. Com o passar do tempo evolui-se para gangrena, causada pela má
irrigação sanguínea na área do membro atingido, onde os sintomas mais comuns
são o aumento da dor, seguida de dormência e mau cheiro. Como a gangrena se
caracteriza pela morte dos tecidos, nesse estágio a alternativa é amputar o
membro para impedir que ela (a putrefação) se espalhe para outros membros ou
órgãos e leve à morte.
http://images.mesdiscussions.net/pages14-18/mesimages/14966/Capturedecran20140810a18.02.10.png
http://pages14-18.mesdiscussions.net/
__ Eis
outros aspectos dos “pés de trincheira”. O texto abaixo, em francês diz:
“Frieiras, deformações, contraturas e lesões tópicas sobre os “pés de
trincheira””. Fonte da imagem: Exibidas na conferência cirúrgica interaliada
para o estudo das pragas de guerra 4ª sessão, 11-15 de março de 1918
http://images.mesdiscussions.net/pages14-18/mesimages/14966/Capturedecran20140810a18.02.31.png
idem
__ “Lesões
tópicas, bolhas e escaras” (uma fenda na pele causada por necrose dos tecidos,
normalmente por pressão contínua numa mesma área)
http://images.mesdiscussions.net/pages14-18/mesimages/14966/Capturedecran20140810a18.02.40.png
idem
__ “Forma
severa do “pé de trincheira”. Gangrena e amputação espontânea do pé” (note-se
que o pé se desprende da perna com uma leve pressão do médico ou enfermeiro
sobre a planta do pé). Um pé úmido, pelo suor ou a lama, dentro de uma bota por
dias seguidos, era também uma fonte segura de pé de trincheira, por isso, para
evitá-la, os soldados são ensinados a manter, sempre que possível, os pés
limpos e secos, sempre trocando as meias ou os coturnos.
__ Nos dias de hoje, com o
avanço da medicina, da noção de higiene e das normas sanitárias, além de
remédios mais potentes, em especial a penicilina descoberta na 2ª Guerra
Mundial, é muito difícil uma epidemia de pé de trincheira, na extensão e
gravidade como aconteceu na Primeira Guerra, mas os povos da selva, que vivem
ou atuam muito em áreas pantanosas, isso ainda pode acontecer.
TOMAHAWK
PROF Eduardo Simões
PROF Eduardo Simões
http://www.saddleblanket.com/store/media/zooms/Artifacts15/tomahawk_A6416_bone_native_american_decor_zoom.jpg
http://www.saddleblanket.com/
http://www.aztradingpost.com/images/AT-0222-NC.jpg
http://www.aztradingpost.com/
__ O tomahawk, ou machadinha de mão, era um instrumento multiuso doa índios da América do Norte – era usada inicialmente pelos povos algonquinos, da costa leste e do interior do Canadá, mas depois se generalizou. Servia como instrumento de corte para esfolar um animal, por exemplo, cortar árvores, e, evidentemente como uma arma de caça, de combate corpo a corpo e de arremesso, muito temida por colonos ingleses e americanos. Originalmente a sua lâmina era de osso, como a mandíbula vista acima, nesse moderno tomahawk comercial, enfeitado à moda dos índios do sudoeste, ou de pedra, como o exemplar debaixo, feito pelos índios navajos, e também por chifres.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fe/NezPerce_Tomahawk.jpg
Wikipedia
__ Com a chegada dos colonos europeus e o incremento do comércio entre os colonos e as tribos, os tomahawks ganharam uma lâmina de metal que os tornaram muito mais eficientes como ferramentas e mortíferos como armas. A versatilidade do metal também permitiu novos usos para as armas, do lado oposto da lâmina, onde colonos e índios adaptaram a cabeça de um martelo, um pontão e até um cachimbo. Era justo na cabeça do tomahawk que algumas tribos davam umas baforadas no famoso cachimbo da paz, após firmar um acordo com um adversário. Na foto vemos um caprichoso tomahawk dos índios Nez Percé ou Niimíipu.
__ O tomahawk padrão do século XIX tinha um cabo com uns 60 cm, feito de nogueira freixo ou bordo, com uma lâmina pesando de 260 a 570 g, com uma borda de corte em torno de 10 cm.
Wikipedia
__ Com a chegada dos colonos europeus e o incremento do comércio entre os colonos e as tribos, os tomahawks ganharam uma lâmina de metal que os tornaram muito mais eficientes como ferramentas e mortíferos como armas. A versatilidade do metal também permitiu novos usos para as armas, do lado oposto da lâmina, onde colonos e índios adaptaram a cabeça de um martelo, um pontão e até um cachimbo. Era justo na cabeça do tomahawk que algumas tribos davam umas baforadas no famoso cachimbo da paz, após firmar um acordo com um adversário. Na foto vemos um caprichoso tomahawk dos índios Nez Percé ou Niimíipu.
__ O tomahawk padrão do século XIX tinha um cabo com uns 60 cm, feito de nogueira freixo ou bordo, com uma lâmina pesando de 260 a 570 g, com uma borda de corte em torno de 10 cm.
http://www.trueswords.com/images/prod/advanced_combat_tactical_tomahawk2.jpg
http://www.trueswords.com/
http://www.trueswords.com/
http://www.americantomahawk.com/images/atcaf/SFVT.jpg
http://www.americantomahawk.com/
__ O tomahawk é uma arma tão eficaz que foi incorporada a alguma unidades do exército americano como arma tática, de combate corpo a corpo, ligeiramente aperfeiçoada pela moderna tecnologia, sendo utilizada também nas unidades táticas de polícia, tipo SWAT. Acima vemos uma foto de temíveis tomahawks táticos, debaixo, alguns membros de uma unidade de elite do exército americano especializada no combate corpo a corpo com o tamahawk - essas unidades são chamadas de Companhia Tomahawk, e várias divisões do exército têm uma. Essa gente já teve oportunidade de mostrar sua perícia nesse tipo de armas em combates no Afeganistão e no Iraque.
http://www.americantomahawk.com/
__ O tomahawk é uma arma tão eficaz que foi incorporada a alguma unidades do exército americano como arma tática, de combate corpo a corpo, ligeiramente aperfeiçoada pela moderna tecnologia, sendo utilizada também nas unidades táticas de polícia, tipo SWAT. Acima vemos uma foto de temíveis tomahawks táticos, debaixo, alguns membros de uma unidade de elite do exército americano especializada no combate corpo a corpo com o tamahawk - essas unidades são chamadas de Companhia Tomahawk, e várias divisões do exército têm uma. Essa gente já teve oportunidade de mostrar sua perícia nesse tipo de armas em combates no Afeganistão e no Iraque.
http://www.old-picture.com/indians/pictures/Indian-Tomahawk.jpg
http://www.old-picture.com/
__ O original. Um orgulhoso e imponente índio crow, numa foto de 1908, mostrando seu curioso tomahawk.
__ As autoridades locais, estaduais e a iniciativa
privada da Virgínia, investiram para recriar o ambiente do antigo Forte James
nas imediações do local original, com várias pessoas da comunidade reencenando o
estilo de vida dos colonos do século XVII, permitindo ao visitantes um mergulho
na história do seu país. Destinam-se espaços e oficinas especiais dedicadas a
crianças e estudantes. Existe uma maneira desenvolvida, e outra
subdesenvolvida, de lidar com a sua própria história e a educação.
O
PILAR DE DÉLI
http://www.old-picture.com/
__ O original. Um orgulhoso e imponente índio crow, numa foto de 1908, mostrando seu curioso tomahawk.
FORTE JAMES
Prof Eduardo Simões
http://www.latinamericanstudies.org/united-states/Jamestown-fort.jpg
http://www.latinamericanstudies.org/
http://www.latinamericanstudies.org/united-states/Jamestown-fort.jpg
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https://exploringthechesapeake.files.wordpress.com/2010/09/james-fort.jpg
https://br.pinterest.com/
__ O forte James, na foz do rio James, na Virgínia,
foi o primeiro assentamento permanente de colonos ingleses na América – em
termos de antiguidade foi antecedido pela colônia fracassada de Hoanocke –
erguido em maio de 1607.
__ O forte deu início a um padrão de construção de
defesa que vigiu até final do século XIX, nas áreas de fronteira dos Estados
Unidos, onde eram frequentes os conflitos com povos indígenas, com uso
intensivo de materiais regionais mais abundantes, como a madeira – no Brasil
colonial português sempre se procurou usar pedra nas fortificações, conforme o
padrão europeu.
__ A parte mais externa do forte era provida de uma
paliçada de troncos, à semelhança da paliçada que envolvia as aldeias dos
índios, só que no caso do forte James, ela tinha um engenhoso formato
triangular, reproduzido num esboço de 1608, encontrado nos papeis do embaixador
espanhol Pedro de Zuñiga. A propósito: a linha vermelha é apenas um recurso
gráfico para ressaltar a geometria da construção.
__ A gravura mostra o aspecto geral do forte entre
1607 e 1611.
__ Nos vértices do triangulo ficavam baluartes
(bulwark) na forma de plataformas de artilharia, com um amplo ângulo de
cobertura.
__ Seguindo as etiquetas da gravura no sentido
horário, começando pelo vértice esquerdo, vemos que 40% do forte já foram
escavados e etiquetados pelos arqueólogos; a seguir vem a Casa dos Conselheiros
(Councillor’s Row) seguida da provável Casa do Governador (Governor’s
Residence); no vértice superior vem a informação que os colonos moravam dentro
do forte; no vértice lateral vemos um acréscimo feito em 1608, obrigatoriamente
do lado direito da figura, porque do lado esquerdo ficava o rio James, onde
aparentemente havia uma horta; pelo lado de fora aparece a informação que a
paliçada era feita de troncos e que seus alicerces estão marcados no solo; a
construção mais externa era uma oficina ou fábrica (Factory), onde se vendiam
mercadorias, se fabricava cerveja, consertos de equipamentos, etc.; dentro da
paliçada havia um grande armazém público (Storehouse); celeiro (Barrack); caserna
(Quarter); igreja (Church), acrescentando que entre 1607 e 1676 foram
construídas cinco igrejas; debaixo do portão principal tem a informação que os
primeiros abrigos dos colonos em Jamestown foram buracos feitos no chão, que as
primeiras casas era feitas de argila montada em suportes (taipa), madeira, com
paredes de terra e telhado de palha ou sapé, e que nessas casas moravam em
torno cinco homens (não havia mulher entre os primeiros 104 colonos que
fundaram o forte) imaginem!; a linha tracejada bem fraquinha mostra o limite
das águas atuais do rio James. Por fim, 22 corpos foram encontrados sepultados
dentro do forte (Burial Ground), esse procedimento estranho, os cemitérios
ficavam sempre fora das fortificações, deve ter acontecido para não revelar a
fragilidade da guarnição aos Powathans.
http://farm4.static.flickr.com/3213/2754351192_4b422018c2.jpg
http://bearchele.com/
http://www.historyisfun.org/wp-content/uploads/2015/05/A-Stitch-in-Time.jpg
http://www.historyisfun.org/
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3f/QtubIronPillar.JPG
Wikipedia
__
No pátio interno de uma antiga mesquita, a de Quwwat-ul-islam, em meio a um complexo
de monumentos muçulmanos em Delhi, na Ìndia,
chamado de “complexo de Qutb”, construído a expensas templos hindus destruídos,
pelo sultão Qutb-ud-din-Aibak, o primeiro governante islâmico de Déli
(1206-1210), e continuado por seus sucessores, existe um monumento ímpar: uma
coluna de ferro maciço que, apesar de ter mais de mil anos e estar exposta ao
ar livre, não enferruja. É a chamada Coluna de Déli, que vemos na foto acima,
circundada por um pequeno gradeado, para evitar que as pessoas, moradores e
turistas, abracem a coluna, para dar sorte (!), acelerando a sua degradação.
__
O pilar de ferro de Déli tem as seguintes características:
a)
Uma altura de 7,21 m de altura, dos quais 93 cm se encontram abaixo do solo
sobre os alicerces onde foi montado.
b)
Seu peso é calculado em umas 6 toneladas.
c)
O diâmetro da base é de uns 43 cm, se estreitando gradualmente à medida que se
aproxima do topo, quando o diâmetro se reduz para 30,6 cm, caprichosamente trabalhado.
d)
Havia um disco de ouro no topo, que foi retirado.
e)
Acredita-se que ele foi dedicado ao deus Vishnu
f)
O clima de Delhi é muito rigoroso e muito úmido
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bd/Details_of_the_top_of_iron_pillar%2C_Qutub_Minar%2C_Delhi.jpg
Wikipedia
__
Sobre essa estrutura quedam muitos mistérios, a saber:
a)
O ano ou período foi forjado: existe uma inscrição em caracteres que só foram
usados durante a dinastia Gupta, que governou aquela região entre o século IV
a.C. e o V d.C. É mencionado, nessa inscrição, o nome de um governante chamado
Candra, que alguns associam a Shandragupta II (rei entre 380 e 413) – outras
alternativas mais antigas, como Shandragupta Maurya, não são mais aceitas.
b)
O local onde esteve pela primeira vez: é cada vez mais aceito que essa coluna,
originalmente, estava em outro lugar, tendo sido trazida para Déli bem depois,
por volta do século XIII, quando o seu sítio original foi saqueado pelos
governantes de Déli, talvez o próprio Aibak ou um dos seus sucessores, segundo
a Wikipedia em inglês – há indícios de que o pilar tenha sido forjado num ambiente
protegido das cavernas de Udayagiri, mas resistiu bem a exposição ao clima
rigoroso e às monções de Delhi, que tornam a atmosfera muito úmida, e que favorece
à corrosão do ferro..
c)
A coluna é feita de ferro puro, num percentual de 99,27%, segundo a Wikipedia
em francês, ou de 99,72 segundo Epoch Times online (https://www.epochtimes.com.br/misteriosa-estrutura-antiga-metal-ultrapassa-tecnologia-moderna/#.VqZ9avkrLIV).
Ora, a tecnologia para alcançar tal grau de pureza só foi alcançada no século
XIX, servindo-se de outros elementos químicos, como o manganês e o enxofre, que
não existem no pilar de Déli (Epoch Times)! O fato de os indianos terem
conseguido isso numa época tão remota não tem explicação.
Explicação Técnica
Básica (conforme a
Wikipedia em francês)
__
A explicação para o fenômeno foi encontrada, em 2002, pela equipe do professor
Balasubramanian, do Instituto Indiano de Tecnologia, núcleo de Kanpun, uma das
instituições de pesquisa e ensino de tecnologia mais respeitadas no mundo,
segundo eles o que protege o pilar é uma pequena película uniforme de “hidrogenofosfato
de ferro cristalino”, que envolve toda a estrutura. Eis o texto:
__
“Os pesquisadores descobriram uma fina película de um composto de ferro,
oxigênio e nitrogênio (δ-FeOOH), chamado no texto inglês de misawite, protegia o pilar da corrosão.
Essa camada começou a tomar forma três anos após a forja do pilar, e desde
então só vem crescendo [ao reagir com as condições ambiente], de tal sorte que
sua espessura atual é de 0,20 mm. Num artigo publicado no Science Current,
Balasubramanian afirmou que a camada protetora é formada de maneira catalítica
(1), em virtude do alto tero de
fósforo misturado ao ferro, em torno de 1%, comparado aos 0,05% no ferro de
hoje. Esse teor é fruto do trabalho dos artesão indianos desse período, que, na
fabricação de seu aço, transformavam o mineral de ferro em aço em uma única
etapa, ao misturá-lo ao carvão de madeira, enquanto o alto-forno moderno o coke
(2) , em lugar do carvão, e do
calcário para retirar as impurezas, entre as quais a maior parte do fósforo...
Balasubramanian que o trabalho de sua equipe sobre a formação do filtro que
protege o pilar, poderia conduzir a um melhoramento da proteção anticorrosiva
de longo prazo dos contêineres que guardam rejeitos nucleares »
__
Quem desejar uma exposição mais detalhada, só encontrei em inglês, procure nos
seguintes endereços (o último é do próprio professor Balasubramanian, onde ele
faz um estudo detalhado sobre o tiro de canhão que Nadir Xá mandou dar no
pilar):
http://www.iupac.org/publications/ci/2005/2706/3_veazey.html
http://www.iitk.ac.in/infocell/Archive/dirnov1/iron_pillar.html
http://www.insa.nic.in/writereaddata/UpLoadedFiles/IJHS/Vol44_1_3_RBalasubramaniam.pdf
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Iron_Pillar_of_Delhi%2C_upper_half%2C_cropped.jpg
Wikipedia
Em
março de 1739, o imperador da Pérsia, Nadir Xá, após derrotar as tropas do Império
Mogol [ATENÇÃO, é MOGOL, e não mongol!], entrou em Déli, a capital mogol. Nadir
Xá achou esquisito que dentro de uma mesquita muçulmana houvesse um monumento
dedicado a outra religião, ainda mais politeísta, que não fazia parte daquelas
que o “Profeta” chamava de “povos do livro” (cristãos, judeus, samaritanos), e
por isso resolveu por aquilo abaixo. Nadir era um homem de guerra, um dos
melhores generais da história, que pusera abaixo reinos poderosos, e, portanto,
não teria dificuldade em derrubar aquela estranha coluna. Para tanto ele mandou
assentar um canhão, apontando para um ponto um pouco acima da metade da coluna.
Seria um tiro fatal, a queima roupa! Quando o disparo foi dado a bala
ricocheteou no pilar, e foi pipocar numa parede da ala sudoeste da mesquita – os
vestígios desse incidente foram encontrados nas ruínas da mesquita. Nadir Xá,
não acreditava em “bruxas” e estrava acostumado a conseguir o que queria, mas
diante daquele resultado preferiu deixar “aquilo” em paz. A memória desse tiro
está presente num leve afundamento na superfície da coluna e numa certa
inclinação para o lado, da parte superior, perceptível à observação em alguns
ângulos. A foto mostra uma fenda superficial, no lado oposto ao do tiro, de
onde se desprendeu um fragmento. O local do impacto do tiro, bem perceptível, eu
não consegui pegar livre na Internet, mas o interessado pode ver no terceiro endereço
indicado a cima da foto, se ainda estiver disponível.
Notas
(1)
Ou seja, a própria umidade externa induz a reação que provoca o aparecimento da
película protetora. Não há como a ferrugem alcançar o interior do pilar. Se
isso foi feito de maneira consciente...
(2)
“Combustível sólido produzido pela destilação de carvão betuminoso aquecido a
temperaturas de 500 a 1000 ºC, sem contato com o ar” (Wikipedia em espanhol).
GAIOLA POMBALINA
Prof Eduardo
Simões
http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/images/gaiol_const_sism_2.jpg
http://www-ext.lnec.pt/
__ Uma das
consequências do grande terremoto de 1755 em Lisboa foi o desenvolvimento de um
dispositivo antissismo chamado gaiola pombalina, em homenagem a Pombal o
suposto incentivador dessa descoberta, senão o seu idealizador.
__ A concepção
da gaiola pombalina é muito simples e interessante: amalgama dois materiais de
natureza bem diferentes, mas com qualidades que se somam para àquilo que se
propõe: dar estabilidade e evitar propagação de incêndios em caso de terremoto.
A madeira, por sua estrutura longa e fibrosa, tem uma maior capacidade de
absorção de impactos e vibrações, ajudando a manter o conjunto em pé, durante
um terremoto, enquanto a alvenaria, associada à armação de madeira, dificulta a
generalização dos ncêndios.
__ Embora essas
estruturas possam ser vistas em antigos casarões da Baixa Pombalina, não se
conhece, hoje, quem foram seus criadores, os detalhes técnicos do projeto, nem
se houve alguma legislação impondo o seu uso nas construções lisboetas, o que
seria a demonstração de um pioneirismo incrível, sem falar de outras iniciativas
também observadas nessa região como a abertura de poços em todos os quarteirões,
para fornecer água no combate aos incêndios; as paredes entre as edificações
eram mais altas que o telhado, justamente para cortar o avanço dos incêndios
(paredes corta-fogo), além de outras medidas aí tomadas por Pombal, como uma
rede subterrânea de esgoto doméstico. Um grande testemunho da engenhosidade dos antigos portugueses.
__ Copio, a
seguir, um texto explicativo online do Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica
de Estruturas, de Lisboa,, disponível em http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/divulgacao/gaiol_const_sism.html
http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/images/gaiol_const_sism_3.jpg
http://www-ext.lnec.pt/
A gaiola como génese da
construção anti-sísmica
__ "A ideia da construção anti-sísmica baseada numa estrutura de
madeira revestida exteriormente por alvenaria de pedra está intimamente
relacionada com a experiência existente na construção naval, na época
exclusivamente de madeira.
__ Com efeito e tendo por base o excelente desempenho dos navios face
Às acções dinâmicas transmitidas pelo mar, os engenheiros militares
intervenientes no processo de reconstrução da baixa estabeleceram uma analogia
entre o comportamento das embarcações e o comportamento de um edifícios durante
a ocorrência de um sismo. Esta analogia traduzia-se no facto de ambas as
estruturas estarem sujeitas a acções actuantes em meios agitados, absorvendo
parte das acções e dos deslocamentos a que estão sujeitas.
__ Em relação ao excelente comportamento dos barcos, não havia dúvida
que tal resultava da existência de uma estrutura tridimensional de madeira
formada por peças deformáveis e resistentes à tracção e à compressão, e à forma
como eram executadas as ligações entre os vários elementos, permitindo que
funcionassem como um todo articulado entre si.
__ Por outro lado e devido à sua fragilidade, as alvenarias simples
tinham apresentado grande dificuldade em dissipar a energia transmitida pelo
terremoto de 1755, apresentando em simultâneo reduzidas capacidades de
resistência à tracção e á compressão, para além do facto de as ligações entre
as várias paredes interiores e exteriores ser deficiente e prejudicada pelas
diferentes espessuras envolvidas. No entanto as alvenarias simples tinham tido
um bom desempenho face à acção do fogo.
__ Assim, e sendo estes dois materiais de construção, a madeira e a
pedra, os mais representativos da época e de certa forma complementares, a sua
associação foi inevitável concebendo-se então paredes resistentes mistas,
formadas por alvenaria armada com bielas de madeira, retirando-se do efeito
conjunto os proveitos que os materiais individualmente não tinham conseguido
apresentar (boa capacidade de resistência a esforços de tracção e flexão
auxiliada por adequadas ligações entre peças de madeira, boa capacidade de
resistência á compressão e boa capacidade de resistência ao fogo).
__ A gaiola é assim considerada uma invenção do
urbanismo pombalino, embora não se conheça nenhum documento da época que
especifique a sua constituição ou estabeleça a sua obrigatoriedade.
__ Os edifícios
Pombalinos representam um marco importante na engenharia sísmica porque apesar
de aparentarem ser de alvenaria, são constituídos por uma estrutura
tridimensional de madeira no seu interior (Gaiola Pombalina), que não é visível
por se encontrar embebida nas paredes de alvenaria, mas que permite a absorção
de parte das acções e deslocamentos quando da ocorrência de um sismo A
concepção original da estrutura da gaiola é salvaguardar
pessoas e bens no interior do edifício, sendo suposta a manutenção dos seu
equilíbrio, mesmo na eventualidade de ocorrência de destacamento e queda da
alvenaria das fachadas.
Construção da gaiola
Pombalina
__ A armação de madeira utilizada nas paredes mistas dos edifícios da
Baixa pombalina, a gaiola ou esqueleto, é constituída por um elevado número de
peças verticais, horizontais e inclinadas, devidamente ligadas entre si,
formando as cruzes de Santo André que constituem um sistema sólido e com grande
estabilidade. Nas paredes interiores que fazem as grandes divisões dos
edifícios, aquela amarração designa-se por frontal, termo que pode também ser
aplicado à própria parede.
Seguidamente apresenta-se a disposição mais comum dos elementos
constituintes de uma gaiola, cuja construção se iniciava a partir do momento
que os alicerces das paredes atingiam o nível do terreno exterior ou, na
maioria dos casos, a partir da estrutura de cantaria do rés-do-chão.
http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/images/gaiol_const_sism_1.jpg
http://www-ext.lnec.pt/
__ Ao longo das paredes perpendiculares aos vigamentos dos sobrados
assentavam-se as vigas A, denominadas frechais, com secção aproximada de 0,10 x
0,14 m, ficando recolhidas cerca de 0,05 m em relação ao paramento interior da
parede de alvenaria a construir. Esta dimensão correspondia à espessura dos
prumos B, que eram pregados na face externa dos frechais, como se mostra em A'.
Estes prumos definiam os vãos das paredes e, quando a distância entre eles era
superior a 0,90 m, colocavam-se outros prumos intermédios, ligados como os
anteriores aos frechais de dois andares consecutivos. A altura dos prumos
atingia por vezes o pé-direito de mais de um piso do edifício. Os prumos eram
contraventados por trevassanhos, C, na parte de armação correspondente aos
nembos. Por sua vez os trevassanhos fixavam-se nos cantos, ou faces mais estreitas,
dos prumos virados para o exterior, através de um entalhe a meia madeira e
pregos-de-telhado pregos quadrados com 4,5mm de lado e comprimento de 4''
(1''=2,54cm).
__ As vergas, D, e os peitoris formavam o contraventamento horizontal
na parte referente aos vãos. Contudo, os peitoris apenas eram empregues nas
paredes de tardoz e nas empenas, quando feitas em forma de frontal. Os
pendurais, p, ligavam as vergas ao frechal imediatamente superior, conforme se
representa nos pormenores B' e C'. As vergas, v, representadas no pormenor B',
fixavam-se aos prumos por meio de orelhas derrabadas com malhete, virados para
o interior do edifício, nos cantos dos prumos, cuja oscilação era impedida por
travadouras, t, feitas de costaneiras ordinárias pregadas ao lado de dentro da
gaiola, e t', fixas ao vigamento do sobrado. Estes elementos eram construídos
em conjunto com a parede.
__ Previamente à sua colocação, faziam-se nos prumos os necessários
entalhes para a ligação dos frechais e consolidação das ligações de todos os
elementos referidos.
Quando ocorria a diminuição de espessura das paredes de uns andares
para outros, por meio de ressaltos, encastravam-se entre duas vigas, v, os
troços de vigas, C, designadas por chincharéis, sobre as quais assentavam os
prumos do novo pavimento que, na parte superior, se ligavam ao frechal, r, do
pavimento imediato.
__ Sobre o vigamento do sobrado do último pavimento assentava-se o
contrafrechal, EE, no qual apoiavam as varas da etsrutura (madeiramento) do telhado.
__ Para dar solidez adequada à gaiola empregavam-se habitualmente
prumos com secções de 0,14 ou 0,15 m por 0,08 a 0,10 m. No caso de serem feitas
com tábuas de casquinha, de um fio ao baixo, os prumos tinham secção de 0,11 x
0,075 m2. Estas meias tábuas também se utilizavam como travadouras, embora se
recorresse com maior frequência a barrotes com 0,14 x 0,08m2, ou tábuas de
pinho da terra, para esse efeito.
__ Os trevassanhos e as vergas tinham em geral uma secção de 0,14 x
0,08m2 e os pendurais de 0,10 x 0,07m2.
__ Nos pontos de maior concentração de esforços era habitual
reforçarem-se as ligações entre as peças de madeira com cintas de ferro. A
ligação entre a gaiola e a alvenaria era conseguida por meio de peças de
madeira, m, designadas por mãos, solidamente emalhetadas em diferentes alturas
dos prumos e nos travessanhos.
__ Quando o frechal atravessava um vão muito grande, recorria-se a um
sistema de degradação de cargas. Com efeito para evitar a deformação por flexão
do frechal devido à carga sobre ele aplicada, esta era degradada através de um
sistema constituído por um reforço designado por boneca, e por escoras
transmitindo assim os esforços para os respectivos prumos.
__ Nos casos raros em que não se utilizava a gaiola na construção das
paredes, eram introduzidos na alvenaria elementos de madeira, designados por
tacos, que ficavam à face do paramento interior sobre os quais se pregavam
diversos elementos, como os alizares, rodapés, etc., que deviam estar fixos às
paredes".
http://www.conservationtech.com/MAIN-TOPICS/ROMEprojects/Pombalwalls/Baixa-INT-5-9PANO.jpg
http://www.conservationtech.com/
Casarão antigo, mostrando a sua gaiola.
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http://www.decoracaoeinteriores.com/Modelo de construção de uma gaiola
Há um bom texto disponível sobre o assunto em http://www.civil.ist.utl.pt/~rbento/css/CursoIHC_2005.PDF
https://5cidade.files.wordpress.com/2008/05/construcao-pombalina.pdf
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