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Golpe da Maioridade - Eleições do Cacete - Retirada da Laguna

GOLPE DA MAIORIDADE (1840)

Prof Eduardo Simões

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Fonte http://culturanocariri.blogspot.com.br/

Alijados do poder em 1837, pelos liberais regressistas, os liberais progressistas mais ‘autênticos’ sonhavam em voltar ao poder por meio de um movimento popular, um golpe das massas, sobre os seus rivais, que estavam desmantelando todo o edifício jurídico-legal que eles, os progressistas, haviam montado desde a Regência Trina Permanente, de 1831.
À frente desse grupo estava o senador cearense José Martiniano Pereira de Alencar (ilustração acima), que, apesar de padre, constituiu uma família fora do casamento, tendo sete filhos com sua prima Ana Josefina de Alencar, entre eles o famoso romancista José de Alencar, enquanto mantinha os privilégios e vantagens da carreira eclesiástica. Alencar, pai, atribuía a constituição dessa família ‘irregular’ à fraqueza humana! Ele reconheceu e educou todos os filhos.

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Fonte Wikipedia

O centro e o alvo da ação dos progressistas era a pessoa do jovem príncipe Pedro, ainda menor de idade – por determinação do Ato Adicional de 1834, a idade mínima para alguém assumir a função de Imperador com plenos poderes era de 18 anos. Em 1840 Pedro tinha 15 anos.
A tática de Alencar, no entanto, foi atropelada pela do grupo de Antônio Carlos de Andrada, irmão mais novo de José Bonifácio, que preferia as manobras palacianas o cercamento da pessoa do imperador, com muita bajulação, elogios e promessas, que a sempre incerta e perigosa, para os políticos daquela época (!), opinião do povo, e pouco a pouco esse grupo começa a dominar as manobras, para ganhar o príncipe para a sua causa.


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Fonte http://bscottholmes.com/

Os regressistas, percebendo a manobra, também buscaram ampliar presença junto ao imperador, instituindo uma rígida etiqueta em torno do Príncipe, para isolá-lo, mais ainda (!), do povo e dos progressistas, sem falar do beija-mão, uma cerimônia arcaica e apenas tolerada por João VI, de Portugal, e Pedro I do Brasil, que a consideravam ultrapassada. Valia tudo para ganhar a simpatia do futuro imperador, que, por sua vez, estimulava esses movimentos, como se os orientasse de dentro do palácio, por isso alguns autores afirmam que o Golpe da Maioridade não foi um golpe parlamentar, nascido na Câmara da disputa entre progressistas e regressistas, mas um golpe palaciano, decidido por quem fosse mais hábil em manipular a vontade do imperador adolescente. A mobilização popular, como aconteceu com a independência e a república, foi apenas circunstancial.

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Fonte http://imperiobrazil.blogspot.com.br


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Fonte http://estudantescarvalho.blogspot.com.br/


Os regressistas, é claro, fizeram o possível para segurar o movimento, mas quando viram que a coisa estava saindo de seu controle, imediatamente se tornaram maioristas incondicionais, apoiando a antecipação da maioridade e coroação de Pedro II. No dia 23 de julho de 1840 a Assembleia Geral (a Câmara e o Senado), declarou D Pedro apto para assumir a sua função imperial, e em 18 de julho de 1841, foi sagrado e coroado Imperador do Brasil, como vemos nos quadros acima. Os progressistas conseguiram o que queriam: estavam de novo no poder.

(visite o blogue construindopiaget.blogspot.com.br)


AS ELEIÇÕES DO CACETE (1840)

Prof Eduardo Simões

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Fonte www.pinterest.com

A causa da briga, acima, está escrita na cerca: “o pai de Jimmy tem halitose (= mau hálito)”, ou seja: ou o pai de Jimmy ou é um pinguço ou é um ‘porco. Por razões diferentes, embora nem tanto, afinal lutava-se por interesses privados, e com um método igualmente pueril, os liberais palacianos tentaram conquistar a maioria no Parlamento, após o golpe da Maioridade, em 1840.
O Golpe da Maioridade, desfechado pelo grupo mais palaciano e sem projeto, além de seus interesses imediatos, entre os liberais progressistas, deixara-os em condições de indicar o próximo ministério, embora estivessem em minoria na Câmara. A política tratada como troca de favores. Foi então convocada uma eleição de última hora, como é habitual no sistema parlamentar, para tentar fabricar uma maioria no Parlamento.
Para garantir a vitória nas eleições, o grupo palaciano tomou as seguintes medidas:
a) Vez valer a tese de Antônio Carlos, irmão de José Bonifácio, que o partido no governo tinha o direito de organizar as eleições.
b) Nomeou novos governadores para as províncias.
c) Removeu juízes e chefes de polícia.
d) Suspendeu oficiais superiores da Guarda Nacional.
e) Suspendeu os juízes de paz que organizavam o pleito, que foi entregue ao controle dos apaniguados.
f) Aceitaram-se meninos, pessoas imaginárias e trocas de identidade na hora de qualificar os eleitores.
g) Algumas urnas chegaram cheias de votos já preenchidos, enquanto outras tiveram o seu conteúdo trocado. Etc.
Por fim, grupos de valentões, assinalados com um lenço amarelo no pescoço, e por isso chamados de ‘papos amarelos’, alguns com a conivência e a participação direta de policiais, delegados e até padres, passaram a cercar as urnas eleitorais, colocadas no recinto das igrejas, onde espancavam, e até matavam, os eleitores ligados ao grupo oposto.
O processo foi tão escandaloso, mesmo para os padrões brasileiros da época, que o grupo por elas beneficiado teve que abandonar o poder, depois que essas eleições foram anuladas, dando lugar ao grupo regressista (conservador). Essas eleições abriram o precedente, que valeu ao longo de todo século XIX e início do XX, que o partido situacionista sempre ganhava as eleições.

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http://jogodopau.tumblr.com/

Tal papai, tal filhinho. O sistema eleitoral português, definido para a constituinte de 1838 também foi marcado pela violência e a fraude, que campearam por lá ao longo das eleições dessa época. Na gravura vemos um grupo de valentões armados de cacetes, os ‘caceteiros’, espancando ou amedrontando eleitores que saiam ou tentavam entrar nas seções eleitorais. Lá o indivíduo votava em cédulas de cor diferente que eram vistas por quem observava o pleito. A chamada embaixo fala de “terror miguelista” (conservador), mas segundo a pesquisadora portuguesa Maria Bonifácio, o terror era também praticado pelos outros os grupos envolvidos na disputa eleitoral: setembristas (liberais radicais) e cartistas (liberais moderados).
“Não se tratava (nas eleições dos anos 30 e 40 do século XIX) de formas vulgares e amenas de fraude eleitoral, como chapeladas (listas de eleitores falsos) suborno ou falsificações. Tratava-se do recurso aberto à violência física mais brutal, que incluía acções tão variadas como autênticos raids (em inglês = ataques) de caceteiros, “descargas cerradas” sobre cidadãos indefesos, “cutiladas” desferidas sobre mesários inocentes, assaltos à mão armada contra portadores de actas (eleitorais) isolados, violação, roubo, incêndio de urnas eleitorais... “bandos de facciosos” e “caceteiros” com “varapaus e chapéus desabados” tomavam conta das ruas e lugares públicos, transformados em autênticos campos de batalha. Frequentemente soldados à paisana concorriam para os tumultos...” (M. Fátima Bonifácio; “Guerra de todos contra todos” – ensaio sobre a instabilidade política antes da Regeneração; PDF online).

Os termos entre aspas, no meio do parágrafo acima, foram pinçados de matérias de jornais da época.


RETIRADA DA LAGUNA (1867)

Prof Eduardo Simões

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Fonte http://fhjardimms.blogspot.com.br/

Quando os paraguaios, após o apresamento absurdo do paquete Marquês de Olinda, e da tentativa de prender o embaixador brasileiro em Assunção, impedida pelo embaixador dos Estados Unidos, invadiram a Província do Mato Grosso, em 26 de dezembro de 1864, criaram um problema estratégico para o Brasil: defender a integridade territorial, fazendo frente a duas ondas de invasão, porque a essa altura o Rio Grande também era invadido.
O alto comando do Exército Imperial decidiu, sob a orientação de Caxias, desferir um contra-ataque à invasão do Mato Grosso, com a invasão do Paraguai pelo norte, com o intuito de retomar nosso território e dispersar o exército paraguaio, enfraquecendo a forte resistência que ele opunha, no sul, à invasão da Tríplice Aliança. A coluna vertebral dessa invasão deveria ser uma força de uns 9 mil homens, dos quais uns 6 mil seriam recrutados em Minas Gerais, mas, em que pese os esforços, somente entre 2, 5 e 3 mil “voluntários” e soldados de polícia de Minas foram recrutados e mandados para a frente, sem víveres, uniformes, armamentos e munições suficientes, medicamentos, etc. O principal grupo ganhou o nome de 17º Batalhão de Voluntários da Pátria.
A foto mostra a formação desses soldados, numa cerimônia na Praça da Independência, posterior Tiradentes, em frente à Escola de Minas, atual Universidade Federal de Ouro Preto, em Ouro Preto. De Ouro Preto ela seguirá para o seu ponto de concentração, em Uberaba, de onde partiu, em junho de 1865, para o Mato Grosso. Além dos soldados, seguia uma multidão de centenas de pessoas, civis, comerciantes, aventureiros, prostitutas, querendo faturar algum dinheiro com os soldados e, quem sabe, com os saques que haveria no Paraguai e no Brasil.

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Fone http://retiradalaguna.blogspot.com.br/

O deslocamento de Minas para o Mato Grosso não foi uma epopeia... foi um ‘inferno’. Epidemias, doenças graves, tratadas com chás e ervas, falta de recursos básicos, de higiene, terreno desconhecido, terras alagadas, como o pântano da Madre de Deus, que cobraram umas mil vidas, entre militares e civis, para serem vencidas. As deserções se multiplicavam.
E se a vida do soldado já não era fácil, o comando ajudava a piorá-la mai. O primeiro comandante, segundo o Visconde de Taunay, em suas “Memórias”, era muito bom de lábia com as mulheres, mas como ficava retardando o avanço da tropa, foi chamado às pressas ao Rio de Janeiro, o segundo até parecia competente, mas uma doença logo o levou embora; o terceiro era um completo incapaz, que não conseguia nem ler um mapa; o quarto vivia em sua barraca cercado de prostitutas e comerciantes. Por fim chegou o quinto comandante da coluna, o Coronel Carlos de Morais Camisão (foto acima), vivendo um profundo drama pessoal. Era estigmatizado pelos outros oficiais por haver concordado com o abandono da cidade de Corumbá ao saque paraguaio, apesar das razoáveis condições de defesa, em janeiro de 1865. Seu drama pessoal era tremendo, e o tornava inapto para o empreendimento, mas não havia outro.

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Fonte http://polemologia.blogspot.com.br

Em 11 de janeiro de 1867, quase dois anos depois da sua partida, a coluna, precariamente equipada e abastecida, se põe em marcha, com uma grave deficiência, não havia cavalos. Havia sim uma unidade de cavalaria... desmontada. Ora, no século XIX, fazer uma ofensiva com a infantaria sem o apoio da cavalaria era um suicídio. Mas Camisão estava obcecado por recuperar a honra perdida em Corumbá, talvez se sentindo em uma armadilha: entregaram-lhe um comando, mas não deram todas as condições.
Na segunda metade de abril de 1867, os soldados brasileiros atravessaram o rio Apa, dando início à invasão do território paraguaio. Nesse momento a força passa a se chamar Exército em Operações no Norte do Paraguai. Próximo à fazenda de Laguna, que pertencia a Solano Lopez, eles atacam de surpresa uma força paraguaia e destroçam. Sem mantimentos a coluna é obrigada a recuar, após ter adentrado uns 20 km no Paraguai. É 8 de maio de 1867.

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Fonte http://4.bp.blogspot.com/

Os paraguaios, recompostos do susto inicial, contra-atacam com a sua cavalaria, tentando envolver e esmagar a coluna. Nesse momento os soldados brasileiros se comportam com uma disciplina, uma coragem e uma calma invulgar, repelem os ataques da cavalaria guarani, com poucas baixas, sem desfazer os quadrados de infantaria, o que teria ocasionado o colapso da tropa. A gravura mostra a cavalaria paraguaia fustigando impunemente a infantaria brasileira, que tenta defender o miolo da coluna, que se retirava. No dia 11 de maio fere-se a maior batalha desse evento, em Nhandipá, quando fracassa uma tentativa dos paraguaios de envolver-nos com a sua cavalaria. Oitenta e dois paraguaios morrem, contra pouco mais de vinte brasileiros.  
Logo em seguida os paraguaios intentam um novo meio de castigar os expedicionários: colocam fogo nas matas próximas, tentando sufocar os brasileiros. Vários morrem atingidos pelas chamas.

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Fonte http://www.correiodoestado.com.br

A situação a Força Expedicionária do Sul do Mato Grosso, piora muito quando a coluna se torna vítima de uma epidemia de cólera-morbos, uma doença endêmica na região. Em pouco tempo a tropa fica sobrecarregada de doentes, que precisam ser carregados em macas pelos companheiros, uma vez que os animais de carga tinham sido quase todos abatidos, por causa falta de alimento, sem falar dos problemas de indisciplina, cada vez mais graves, e as deserções, cada vez mais numerosas.
O transporte dos doentes atrasava a coluna, deixando-a mais exposta aos ataques paraguaios, à morte por inanição e por doença. Foi nesse transe que Coronel Camisão, abandonado por seus oficiais, optou pelo deixar dos coléricos em uma clareira, próximo a um riacho, chamado hoje Cambaracê, “negro que chora”, em guarani, na noite e 26 de maio. Eram 76 doentes, juntos ao quais se deixou um bilhete, dizendo a razão do seu abandono, enquanto pedia clemência e cuidado para com eles. Mas os estampidos escutados pela manhã, denunciaram o seu fuzilamento pelos paraguaios.
O abandono desses soldados é controvertido. É como se alguém abandonasse seu amigo, uma pessoa querida, para poder escapar. Um ato de covardia vil. Por outro lado pode-se argumentar: seria melhor perder todo o efetivo da coluna para salvar esses homens, e ao invés de 72 perder os setecentos que sobreviveram? Então foi um ato lógico, e até certo ponto inteligente.
A execução deles também divide os estudiosos. Seria uma demonstração de crueldade gratuita dos paraguaios ou uma vingança contra a mutilação dos corpos de seus camaradas feita por membros da coluna após a batalha de Nhandipá, reprimida por Camisão? Mas pode-se argumentar também que o cólera era uma doença mortal na época, e os paraguaios, em campanha, podiam não ter meios de abrigar esses doentes. Nesse caso a alternativa seria deixá-los lá, para morrerem aos poucos e/ou serem devorados pelos bichos. Fuzilá-los, nesse caso, poderia ser um ato de compaixão – na foto um soldado brasileiro, vestido com uniforme da época, guarda um monumento levantado no local onde esses homens foram abandonados e mortos. Mas há um detalhe sórdido nesse episódio: nenhum dos que foram deixados para trás era oficial.
A foto mostra o aspeto atual desse local tendo à frente um tronco queimado, talvez da época, fazendo menção a um fato conhecido: depois de matar os coléricos os paraguaios queimaram os seus cadáveres.

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Font http://redeglobo.globo.com/tvmorena

Logo depois desse episódio o Comandante e o Vice, o Tenente-Coronel Juvêncio Manoel Cabral, contraíram o cólera e morreram, gerando uma enorme crise na Coluna, superada graças ao discernimento do comandante o 17 de Voluntários da Pátria, e a coluna pode seguir em frente até o fim das operações , em 11 de junho de 1867,após percorrer 92 léguas (uns 560 km), em 58 dias de operação, em território inimigo.
A foto acima mostra uma reconstituição, um tanto pobrezinha, mas pelo menos já é um começo, de um episódio famoso: a explosão da igreja de Nioaque, quando os paraguaios fizeram uma armadilha com a munição apreendida dos brasileiros, deixada dentro da igreja, acrescentando um belo isqueiro, junto um monte de pólvora, que um soldado, totalmente irresponsável, resolveu experimentar ali mesmo, levando tudo pelos ares, matando a nove e ferindo gravemente outros.
A contagem final do efetivo foi a seguinte: dos 1.680 soldados que iniciaram a campanha, fora os civis, uns 700 a concluíram, deixando quase mil para trás, dos quais uns 908 pereceram pela cólera, pelo fogo ou as más condições da tropa, sem terem conseguido retomar um único milímetro do território brasileiro ocupado ou alterar um mínimo a guerra no sul. Menos de cem dentre eles pereceram em combate, mostrando a irresponsabilidade criminosa do comando, local e imperial, no Rio de Janeiro. Esses homens foram mandados para um abatedouro sem nenhuma chance, embora tenham demonstrado durante a campanha uma obstinação e uma capacidade de suportar sofrimentos incomuns. Nesses números não se incluem as baixas entre os civis que acompanharam a coluna, e que também pereceram em grande número.

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Fonte Wikipedia

Não fosse o discernimento e a maturidade emocional do Tenente-Coronel sergipano Antônio Eneias Gustavo Galvão, e a tropa teria sido completamente destruída. Ele foi o maior herói, o grande injustiçado dessa incrível epopeia. Aconteceu o seguinte: a sua patente de Tenente-Coronel fora adquirida pela Guarda Nacional, onde predominavam critérios políticos e sociais, e embora fosse um comandante de mérito, o desempenho do 17º foi vital para vitória de Nhandipá, o seu tempo de serviço e o seu conhecimento técnico, para os padrões do exército profissional equivaleria ao de um Tenente, e havia na coluna vários oficiais de patente superior que se recusavam terminantemente a ficar sob as ordens de um Tenente, após a morte de Camisão e Juvêncio. Todos oficiais se reuniram, sem Galvão e após deliberação enviaram-lhe dois tenentes com a seguinte proposta: ele abriria mão de sua patente de Tenente-Coronel, e, consequentemente, do comando do 17º, assumindo partir daí a patente de Tenente, ficando sujeito ao novo comandante do 17º, que até à véspera era seu subordinado. Seria isso, ou seja, a desmoralização, ou nada, e nesse caso coluna se cindiria em dois comandos rivais, antagônicos, com o 17º isolado, e a derrocada seria completa. Pensado nos companheiros, Eneias Galvão cedeu, e salvaram-se 700 militares mais os civis, e nenhum canhão, a honra da tropa, foi perdido. O futuro se encarregou da reviravolta. Aqueles que assumiram a chefia depois de Galvão tornaram-se personagens menores, enquanto ele recebeu um título de nobreza: Barão do rio Apa, tornou-se ministro da guerra e do Supremo Tribunal Militar, no governo de Floriano, alcançando o posto de Marechal. Na foto, acima, ele aparece bem depois dos fatos o Mato Grosso.

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Fonte http://retiradalaguna.blogspot.com.br

Francisco José Lopes, ou Guia Lopes, velho mateiro era proprietário de terras na cidade de Jardim, na rota da coluna. Quando soube da chegada da tropa, sob comando de Camisão, prontificou-se logo a ajudar o Comandante com o seu vasto e valioso conhecimento da região, com uma motivação a mais: quando da invasão paraguaia, dois anos antes, sua esposa e seus filhos haviam sido aprisionados pelos invasores e levados para o Paraguai. Os paraguaios costumavam usar os brasileiros aprisionados para trabalhos forçados e as mulheres como escravas sexuais de soldados, ou para serviços domésticos, independente de sua posição social. Pensando em recuperar a sua família ele pôs toda “pilha” em Camisão, para desse início à invasão o Paraguai, ajudado por um fato espetacular: o encontro casual com seu filho mais novo, que fugira daquele país. Os dois homens, Lopes e Camisão, torturados pelas suas perdas pessoais, um a honra o outro a família, vagavam pelo cerrado em busca de um sentido para seu sofrimento, arrastando após si quase dois mil órfãos da pátria. O guia Lopes não conseguirá recuperar sua família ou a sua propriedade, morrendo de cólera à vista e sua antiga residência, não ante de ver o filho mais moço morrer do mesmo mal. Seu nome hoje é um dos mais caros dessa epopeia e de uma cidade de Mato Grosso do Sul: Guia Lopes da Laguna.



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Fonte http://www.aquidauananews.com

A trineta do Guia Lopes, professora aposentada Deolinda Corbelino Melges, recebe uma medalha em um evento anual comemorativo da Retirada da Laguna no Mato Gross do Sul.


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