terça-feira, 8 de setembro de 2015

SABEDORIA PARA ESCOLARES – IV

Prof Eduardo Simões

O mundo não é algo que herdamos de nossos pais, mas algo que pegamos emprestado de nossos filhos.

         Esse dito de sabedoria nos remete a uma coisa que tem sido muito pouco praticada em nosso país: o cuidado. Cuidado genérico, com tudo e com todos.
         Historicamente muitos brasileiros parecem agir como se fossem perdulários compulsivos, consumindo os recursos do país como se a história fosse acabar na sua geração, numa dificuldade de pensar tanto no longo prazo como no outro. No passado nós tínhamos a desculpa de nosso passado colonial, mas hoje, como justificar esse comportamento predador-perdulário?
         Não há mais desculpa. O mundo e os outros não são, ou não podem ser, objetos à nossa disposição, que nós dispomos e usamos ao bel prazer, e os outros que se “arrebentem”, pois se essa mentalidade não for mudada teremos fracassado não só na nossa busca por sabedoria como na de se tornar um ser humano... pelo menos.
         Cuidar, pois, é fundamental, para quem quer alcançar a sabedoria, e com ela o máximo de felicidade possível nesse mundo.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

SABEDORIA PARA ESCOLARES – III

Prof Eduardo Simões

Torna-se sábio, menos por ler livros, do que por ler pessoas.

         Grande ilusão é crer que o conhecimento entre diretamente pelos sentidos e que a lógica nos advém pelo discurso lógico, como acontece durante uma leitura, ou uma aula expositiva, como acreditam os behavioristas e as autoridades educacionais brasileiras. De nada adianta guardar de memória textos de discursos e recomendações de vida que não são experimentadas na realidade. Como dizia o grande Piaget, o conhecimento, o desenvolvimento da inteligência, é fruto da ação, justamente porque não é um fenômeno meramente cognitivo, mas também afetivo e social, além de natural.
         Disso nos vem a segunda lição: a importância fundamental dos processos de socialização, do contato direto, afetivamente “quente”, com envolvimento emocional, com outras pessoas, seja como amigos, como namorados e até como inimigos. Só não vale a indiferença, pois é convivendo com os outros, em especial os diferentes, que se aprende a ler homens... e mulheres também.

         Dito isso há um grave alerta a ser dado, referente ao interesse compulsivo que muitos jovens e adultos estão desenvolvendo, pela manipulação diuturna de celulares e outros eletrônicos, muitas vezes com o incentivo da escola pública, como um substituto à saudável e absolutamente imprescindível convivência cara a cara com outras pessoas. Sem essa convivência não se adquire sabedoria, o conhecimento do outro e da natureza se torna superficial ou ilusório, arrastando a existência do indivíduo a uma sucessão fracassos; e até tragédias.