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MAR VIRA SERTÃO EM 2018?
Prof
Eduardo Simões
https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/e9/2017/05/10/10mai2017---o-ex-presidente-luiz-inacio-lula-da-silva-participa-de-caminha-em-direcao-a-sede-da-justica-federal-em-curitiba-onde-prestara-depoimento-ao-juiz-sergio-moro-1494436403914_615x470.jpg
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novo Conselheiro. Mas cadê a convicção?
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A esquerda brasileira sempre teve razão, quando dizia que a maior expressão da
odiosa opressão de classes no Brasil estava na atuação do Poder Judiciário, tão
leniente quanto generoso com os crimes de “colarinho branco”, quanto célere e
brutal na punição de crimes envolvendo populares, mesmo em delitos triviais,
como furtar comidas ou guloseimas. Pobres eram precipitadamente lançados à
cadeia, e por vezes lá esquecidos, enquanto os ricos, escorados por hábeis e
caros advogados, mantinham-se indefinidamente impunes, graças ao cipoal de
recursos admitidos pelo Código de Processo Civil, feito claramente para manter
os grupos privilegiados fora do alcance da lei.
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A minha geração, que desde o final do Regime Militar assistiu, impotente e
horrorizada à desmoralização do estado democrático brasileiro, causada pela enfiada
grotesca de escândalos, financeiros, tanto na iniciativa privados quanto na
administração pública, impunes, certamente viu com esperança e alegria a ação
rápida e firme com que o juiz Sérgio Moro lidava com os envolvidos na Operação
Lava Jato. Pela primeira vez estávamos vendo políticos de renome e grandes
empresários passando temporadas, ainda que curtas, para a nossa ânsia de
justiça, atrás das grades. Algo inédito em nossa história!
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Foi surpreendente, no mínimo, perceber essa mesma esquerda, que no passado, tanto
denunciou os vícios classistas de nosso Judiciário, e tão firmemente acusou os
crimes da “direita”, se voltar com ardor redobrado contra as ações da Lava
Jato, justo no momento em que ela atinge o seu grande cacique, e maior
esperança de vitória para as eleições de 2018, tornando-se ainda mais encarniçada
à medida em que se avolumavam provas testemunhais e documentais sobre a corrupção
que tomou conta da gestão petista no Brasil. De repente, subvertendo 170 anos
de socialismo “científico”, o inimigo da classe trabalhadora deixa de ser a
burguesia endinheirada para se tornar o Poder menos político e mais técnico da
República.
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Nós, que procuramos nos informar, sabemos que Trotsky já falara da dupla moral
que movia o movimento comunista clássico, afinal a moral e a ética não passam
de fantasias ideológicas das classes dominantes (ver http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-n%C3%A3o-Inseridos-nas-Delibera%C3%A7%C3%B5es-da-ONU/leon-trotski-a-nossa-moral-e-a-deles-1938.html).
A esse respeito há um documento formidável, bastante didático, exarado pelo
então cardeal Joseph Ratzinger, em sua querela contra o ex-frade franciscano
Leonardo Boff, um apoiador incondicional de Lula, chamado de Instrução sobre alguns aspectos da Teologias
da Libertação (ver http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19840806_theology-liberation_po.html).
Então ficou claro o que move a defesa intransigente de Lula e o abandono correspondente
a que foi relegado um de seus mais próximos e fieis aliados: o ex-governador
Sergio Cabral, do Rio, afinal ele não é oficialmente do PT. O partido, aliás,
nega ser marxista, com a mesma insistência que nega a propriedade do tríplex e do
sítio de Atibaia...
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Partidários irredutíveis, obstinados, presos a minúcias legais ou questões de
rito processual, ignorando descaradamente o grande volume de fatos e
testemunhas, todas cercadas dos melhores advogados, que certamente impediriam ou
invalidariam qualquer ação ilegal ou abusiva de Moro, para não falar da
independência e seriedade técnica do STF, que ainda não achou nada que
incapacitasse Sérgio Moro de continuar à frente da Lava Jato, se apegam a Lula
como os combatentes de Canudos, na Bahia, se apegaram ao seu “Conselheiro”, até
a última trincheira: um menino, um velho e dois adultos, contra cinco mil
soldados, afinal se Lula vencer em 2018 será plenamente possível reproduzir,
com nuances, o que acontece agora na Venezuela, pois teríamos um Executivo,
controlado por Lula, e um Legislativo, com Renan Calheiros, ambos cevados de
processos criminais, bem-dispostos e motivados para encurralar o Judiciário.
Esperamos que esse golpe nunca... amadureça.
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Cento e vinte anos depois, Canudos se multiplica nas grandes cidades do litoral,
não em favelas e subúrbios desvalidos, mas nos campis de respeitáveis universidades,
entre estrelas da intelectualidade nacional, em torno não de um ideal religioso
ou de um suposto problema que afete aos pequenos, mas a sobrevivência de uma
figura carismática, mais uma em nossa história, que, bem mais que o antigo
profeta dos sertões, também guarda ligações obscuras com os grandes da terra e uma
causa bem menor: a sua própria pele.
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Quando os frades capuchinhos João Evangelista e Caetano de São Leone estiveram
em Canudos, não conseguiram falar diretamente com o conselheiro, uma vez que
seus sequazes, jagunços e beatos, não saíam de perto dele, inclusive falando por
ele, afinal já havia muitos interesses, legítimos ou não, em jogo, e hoje nós
vemos a legião de militantes que se propõe seguir a Lula aonde quer que ele vá,
principalmente em Curitiba, para conseguir, quem sabe?, demover, pela pressão,
assim como os jagunços do Conselheiro, as autoridades de tirarem o seu “Bom
Jesus” do meio deles, de tal sorte que não dava, como hoje dá, para saber se o
líder comandava a “massa” ou era por esta conduzido.
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Até o trágico desenlace...
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