terça-feira, 15 de novembro de 2016

RACISMO, HIPOCRISIA, FALSIFICAÇÃO E VULGARIDADE NAS ENTRANHAS DA TRUMPAMÉRICA

Prof Eduardo simões


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__ O texto em inglês diz: “Melania Trump [futura primeira-dama] com arma, calcinha e botas. Lembram-se de quando os republicanos faziam alarde sobre os braços [desnudos] de Michele Obama?”
__ Para quem não sabe, Donald Trump casou-se em 2005 com a modelo eslovena Melania Knauss, de algum sucesso no meio, que ele conheceu num evento de modas em 1998, e que agora deverá se tornar a primeira-dama dos EUA. Nada demais contra a profissão de modelo, mesmo quando participam de ensaios fotográficos nuas, bem mais que na foto acima, e Melania Knauss-Trump já apareceu, do jeito que veio ao mundo, na capa da revista masculina britânica GQ.
__ Não se trata aqui de assumir uma posição moralista extremada, como se tudo que que dissesse respeito ao corpo, ou mesmo aquelas partes às quais a lógica social, a psicologia humana e os interesses econômicos, relegaram a um oportuno ostracismo. Não se trata disso, mas não podemos deixar de reconhecer que a profissão de modelo carrega um certo risco, na medida em que, dirigido por razões mercadológicas, o corpo humano, sede de uma beleza contagiante – em sua absoluta simplicidade e funcionalidade – torna-se a moldura de uma mercadoria, principalmente nas peças publicitárias de roupas íntimas ou de praia, onde a modelo é o excitante ou o motivador para a compra, o que exige muita personalidade e caráter por parte de quem opta por essa profissão. É essa a diferença a principal diferença entre Twiggy, Naomi Campbell, Giselle Bündchen, Carla Bruni, etc. e... Melania Knauss-Trump.
__ Existe a nudez natural, como a dos povos primitivos, tão idílica a nossos olhos como a de Adão e Eva no paraíso, como também a dos naturistas, nada demais, assim como o nu artístico e até mágico, como aparece nas várias vezes milenares “vênus” pré-históricas; portanto, nada demais com o corpo humano, embora se questione o uso desse corpo como mero adereço a um estilo de vida, que expõe a mulher considerada “bonita” como um artigo de luxo, um objeto, talvez precioso, ilustrando a paisagem desfrutada de um milionário, como Melania na capa e no ensaio interno da GQ, da qual saiu a foto acima, como degradante à condição feminina, gerando outros tipos de questionamentos.
__ A modelo, como a atriz, cede o seu corpo para viver um personagem, ou até mesmo uma idealização da espécie humana, e nesse sentido ela não é a única primeira-dama a estrear tão despojada diante das câmeras – veja-se o “affaire” Carla Bruni, do presidente François Sarkozy. Agora quando os membros de um grupo social, que em defesa da moralidade e dos bons costumes políticos e sociais, atacam uma primeira-dama negra por expor braços e ombros, mas avança pressuroso para uma primeira-dama que já expôs tudo que havia para mostrar, estamos então diante de uma caso clássico de racismo e hipocrisia moral do mais baixo nível. E no entanto a coisa não para por aí, pois não estamos falando só de roupas íntimas e nu artístico, mas de algo mais...
__ Em agosto deste ano os jornais americanos começaram a mostrar fotos de um ensaio antigo, feito pela atual senhora Trump, para uma revista masculina francesa, onde ela aparece não só ao natural, como em poses de lesbianismo explícito e simulação de sado-masoquismo, sem falar de nus onde o seu rosto assume uma expressão claramente provocativa, perto da linha que separa a arte, do erotismo, da pornografia. E é essa mulher que vai ser a primeira-dama de um país, cuja televisão cobre com tarja ou embaça a imagem de cenas de praias brasileiras, porque nossas mulheres usam biquínis mais cavados que seus congêneres americanos, como se aquelas estivessem nuas!? Logo os americanos que adoram dar lição de moral e bons costumes aos outros enquanto criticam a falta de moral e bons costumes alheios...
__ Mas tudo bem, quando jovens cometemos muitos erros. Mas o que Melania Knauss-Trump fez para repará-los ou qualificar-se minimamente para a função cerimonial que vai ocupar? Não terminou uma faculdade, não escreveu nenhum livro ou artigo, não compôs música, não estreou em cinema, não se destacou em esporte, não tem declarações ou posições pessoais que mereçam destaque, sequer não criou ou foi divulgadora de um estilo de moda que a fizesse emergir do anonimato – Carla Bruni, além de modelo é cantora e compositora, com vários álbuns gravados, solo e como participante. Ah, esperem, há algo! A agência jornalística Associated Press acusou-a de trabalhar ilegalmente nos EUA, em 1996. Fora isso a sua biografia é uma folha de papel tão branca quanto a sua pele.
__ Enfim Melania Trump cumpre perfeitamente todos os requisitos da trumpamérica para se tornar uma primeira-dama de sucesso, assim como os cenários, reais ou virtuais, de Hollywood se esmeram para apresentar uma realidade majestosa, escorando uma narrativa política ao mesmo tempo insuficiente, grotesca e ridícula. Ela é o modelo para a nova mulher americana, a partir de hoje considerada como um mero invólucro ou embalagem de um órgão reprodutor, ou um cartão de apresentação de seu marido, para anunciá-lo viril, bem-sucedido e, se possível, até maduro, enquanto mergulha de cabeça na decadência de uma sociedade, que não suporta mais a sua própria grandeza.
__ Sequer consegue discerni-la...

A luta continua nas redes sociais. Contra os fatos...  

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__ “Se você diz que Michele Obama não tem classe e agora quer Melania Trump como primeira-dama, então você é um hipócrita”

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__ “Lógica dos republicanos: Michele Obama “não tem classe” apesar de ser uma advogada bem sucedida, com uma educação de elite e de ter criado duas virtuosas e honradas filhas; Melania Trump é uma senhora de “muita” classe, cujos méritos incluem fotos desnuda e o casamento com um ricaço ordinário”

... os argumentos racistas de sempre

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__ Na falta de fatos serve o photoshop, para frisar uma das formas mais vulgares e grotescas de racismo.

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__ “Faça uma grande primeira-dama novamente”. A necessidade da falsificação para sustentar um fato clamorosamente inverídico. Os americanos, parece, já não conseguem discernir o significado de "grandeza", um conceito que os embalou ao longo da história, e que foi perdendo o seu significado qualitativo, espiritual, sublime, por um cada vez mais quantitativo, material e putrefato...

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