RACISMO, HIPOCRISIA, FALSIFICAÇÃO E
VULGARIDADE NAS ENTRANHAS DA TRUMPAMÉRICA
Prof Eduardo simões
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__ O texto em inglês diz: “Melania Trump
[futura primeira-dama] com arma, calcinha e botas. Lembram-se de quando os
republicanos faziam alarde sobre os braços [desnudos] de Michele Obama?”
__ Para quem não sabe, Donald Trump
casou-se em 2005 com a modelo eslovena Melania Knauss, de algum sucesso no
meio, que ele conheceu num evento de modas em 1998, e que agora deverá se
tornar a primeira-dama dos EUA. Nada demais contra a profissão de modelo, mesmo
quando participam de ensaios fotográficos nuas, bem mais que na foto acima, e
Melania Knauss-Trump já apareceu, do jeito que veio ao mundo, na capa da
revista masculina britânica GQ.
__ Não se trata aqui de assumir uma posição
moralista extremada, como se tudo que que dissesse respeito ao corpo, ou mesmo
aquelas partes às quais a lógica social, a psicologia humana e os interesses
econômicos, relegaram a um oportuno ostracismo. Não se trata disso, mas não
podemos deixar de reconhecer que a profissão de modelo carrega um certo risco,
na medida em que, dirigido por razões mercadológicas, o corpo humano, sede de uma
beleza contagiante – em sua absoluta simplicidade e funcionalidade – torna-se a
moldura de uma mercadoria, principalmente nas peças publicitárias de roupas
íntimas ou de praia, onde a modelo é o excitante ou o motivador para a compra,
o que exige muita personalidade e caráter por parte de quem opta por essa
profissão. É essa a diferença a principal diferença entre Twiggy, Naomi
Campbell, Giselle Bündchen, Carla Bruni, etc. e... Melania Knauss-Trump.
__ Existe a nudez natural, como a dos povos
primitivos, tão idílica a nossos olhos como a de Adão e Eva no paraíso, como
também a dos naturistas, nada demais, assim como o nu artístico e até mágico,
como aparece nas várias vezes milenares “vênus” pré-históricas; portanto, nada
demais com o corpo humano, embora se questione o uso desse corpo como mero
adereço a um estilo de vida, que expõe a mulher considerada “bonita” como um
artigo de luxo, um objeto, talvez precioso, ilustrando a paisagem desfrutada de
um milionário, como Melania na capa e no ensaio interno da GQ, da qual saiu a
foto acima, como degradante à condição feminina, gerando outros tipos de
questionamentos.
__ A modelo, como a atriz, cede o seu corpo
para viver um personagem, ou até mesmo uma idealização da espécie humana, e
nesse sentido ela não é a única primeira-dama a estrear tão despojada diante
das câmeras – veja-se o “affaire” Carla Bruni, do presidente François Sarkozy. Agora
quando os membros de um grupo social, que em defesa da moralidade e dos bons
costumes políticos e sociais, atacam uma primeira-dama negra por expor braços e
ombros, mas avança pressuroso para uma primeira-dama que já expôs tudo que
havia para mostrar, estamos então diante de uma caso clássico de racismo e
hipocrisia moral do mais baixo nível. E no entanto a coisa não para por aí,
pois não estamos falando só de roupas íntimas e nu artístico, mas de algo mais...
__ Em agosto deste ano os jornais
americanos começaram a mostrar fotos de um ensaio antigo, feito pela atual
senhora Trump, para uma revista masculina francesa, onde ela aparece não
só ao natural, como em poses de lesbianismo explícito e simulação de
sado-masoquismo, sem falar de nus onde o seu rosto assume uma expressão claramente provocativa, perto da linha que separa a arte, do erotismo,
da pornografia. E é essa mulher que vai ser a
primeira-dama de um país, cuja televisão cobre com tarja ou embaça a imagem de
cenas de praias brasileiras, porque nossas mulheres usam biquínis mais cavados
que seus congêneres americanos, como se aquelas estivessem nuas!? Logo os
americanos que adoram dar lição de moral e bons costumes aos outros enquanto
criticam a falta de moral e bons costumes alheios...
__ Mas tudo bem, quando jovens cometemos
muitos erros. Mas o que Melania Knauss-Trump fez para repará-los ou qualificar-se
minimamente para a função cerimonial que vai ocupar? Não terminou uma
faculdade, não escreveu nenhum livro ou artigo, não compôs música, não estreou
em cinema, não se destacou em esporte, não tem declarações ou posições pessoais
que mereçam destaque, sequer não criou ou foi divulgadora de um estilo de moda
que a fizesse emergir do anonimato – Carla Bruni, além de modelo é cantora e
compositora, com vários álbuns gravados, solo e como participante. Ah, esperem,
há algo! A agência jornalística Associated Press acusou-a de trabalhar
ilegalmente nos EUA, em 1996. Fora isso a sua biografia é uma folha de papel
tão branca quanto a sua pele.
__ Enfim Melania Trump cumpre
perfeitamente todos os requisitos da trumpamérica para se tornar uma
primeira-dama de sucesso, assim como os cenários, reais ou virtuais, de Hollywood se esmeram para apresentar uma realidade majestosa, escorando uma
narrativa política ao mesmo tempo insuficiente, grotesca e ridícula. Ela é o
modelo para a nova mulher americana, a partir de hoje considerada como um mero
invólucro ou embalagem de um órgão reprodutor, ou um cartão de
apresentação de seu marido, para anunciá-lo viril, bem-sucedido e, se possível,
até maduro, enquanto mergulha de cabeça na decadência de uma sociedade, que não
suporta mais a sua própria grandeza.
__ Sequer consegue discerni-la...
A luta continua nas redes sociais. Contra
os fatos...
https://pbs.twimg.com/media/CNIZu2zU8AAfi2X.jpg
http://jaybookman.blog.myajc.com/
__ “Se você diz que
Michele Obama não tem classe e agora quer Melania Trump como
primeira-dama, então você é um hipócrita”
https://pbs.twimg.com/media/CilgSC9UYAAjqDR.jpg
twitter.com/
__ “Lógica dos republicanos: Michele Obama “não
tem classe” apesar de ser uma advogada bem sucedida, com uma educação de elite
e de ter criado duas virtuosas e honradas filhas; Melania Trump é uma
senhora de “muita” classe, cujos méritos incluem fotos desnuda e o
casamento com um ricaço ordinário”
... os argumentos racistas de
sempre
http://usherald.com/wp-content/uploads/2015/08/trump_obama.png
http://usherald.com/
__ Na falta de fatos serve o photoshop,
para frisar uma das formas mais vulgares e grotescas de racismo.
https://pbs.twimg.com/media/CiWBk-OUkAAUBuX.jpg:large
/twitter.com/
__ “Faça uma grande primeira-dama novamente”.
A necessidade da falsificação para sustentar um fato clamorosamente inverídico. Os americanos, parece, já não
conseguem discernir o significado de "grandeza", um conceito que os embalou ao longo da
história, e que foi perdendo o seu significado qualitativo, espiritual, sublime,
por um cada vez mais quantitativo, material e putrefato...
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