O ETERNO CALVÁRIO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Prof Eduardo Simões
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El pais
__ Professores, não desfaleçam, mas três entre os
mais cotados candidatos à presidência se manifestaram a respeito de suas metas
de educação, que, com pouca variação, representam também a opinião dos outros
candidatos.
__ A começar pela declaração de Geraldo Alckmin, o
menos cotado, mas com a proposta mais medíocre, que disse recentemente, num
telejornal, que a sua meta educacional, anunciada com uma entonação solene de
voz, era elevar em 50 pontos a nota do Brasil em exames do PISA. Só quem não é
Alckmin não consegue ver o quanto essa meta é funcional! O quanto as empresas e
a própria economia do pais, sem falar da sociedade como um todo, estão a clamar
por esse tipo de habilidade! Será que é por isso que milhões de jovens não
estarão abandonando as escolas em São Paulo e no Brasil, ao chegarem ao Ensino
Médio, afinal são poucas as perspectivas de elas tirarem notas altas no PISA, e,
consequentemente, deixarem de ser os seres humanos abandonados e esquecidos que
sempre foram?
__ Bolsonaro, o do disco arranhado, só consegue
recitar um verso: “vou implantar a escola-sem-partido, para não haver mais
doutrinação nas escolas”. Ou seja, o melhor caminho para acabar com a crise da
educação brasileira é agravá-la, cobrindo de ameaças aquele que é a coluna
vertebral do sistema: o corpo de professores. De nada adianta, ou nada lhe
dizem, as pesquisas insistentes que apontam para o esvaziamento e a degradação
acelerada da profissão, embora não possamos negar que existe uma certa lógica
nessa política: já que os salários são um lixo, por que então tratar o profissional
de forma diferente? Que o professor, portanto, perca uma parte de sua
cidadania, o direito de emitir opinião no local de seu trabalho, como
consequência de sua escolha infeliz: ser professor nesse país. Bolsonaro e sua
trupe não esclarecem, se é que há, para eles, a diferença entre doutrinação,
opinião, teoria, hipótese, etc.
__ O senhor Luis XIV Inácio Lula da Silva, “a ideia,
sou eu”, anuncia que seu projeto é diferente, e ao invés do
“escola-sem-partido” implantará o “escola-do-meu-partido”, pelo menos é isso
que se depreende do texto de seu programa de governo: “fortalecimento da gestão democrática, retomando o diálogo com a
sociedade na gestão das políticas, bem como na gestão das instituições
escolares de todos os níveis”.
__ Em primeiro lugar observe-se a repetição do
termo “gestão”, emocional e pedagogicamente neutro, exatamente como faz a
administração ultracapitalista de Alckmin e do PSDB em São Paulo. O problema
educacional brasileiro é apenas um problema de administração, um problema
político, strito sensu, nada tendo que reparar no ponto de vista pedagógico,
emocional e de socialização: quem não vê o oásis de paz, produção acadêmica e
relações humanas que existe nas escolas brasileiras?
__ Em segundo, que ninguém se iluda: essa “gestão
democrática” consiste na interferência direta e abusiva de grupos de pressão,
legítimos ou não, fanaticamente fechados com a linha de pensamento do Partido
Desse Senhor, sigla mais adequada que PT, a induzir alunos e pressionar
professores a só ensinarem o que eles acharem ser relevante, e da forma como
eles querem. A educação perderá definitivamente o seu caráter técnico, de
especialização, para se tornar uma arena onde os “bons de bico”, os desprovidos
de sentimento de responsabilidade e de culpa florescerão e se espalharão como as
braquiárias no Vale do Paraíba...
__ Quando estive em Cuba, no início dos anos 90,
conheci um professor de química que servia como garçom, no hotel onde me
hospedei, e lhe perguntei como era a educação no país, superbadalada pela nossa
esquerda. O desalento tomou conta do seu rosto e ele então me falou o seguinte “de
que adianta a gente estudar, investir tempo e recursos para fazer um curso
superior, prestar concurso, para se tornar um professor, se no final quem vai
decidir tudo na escola é uma
assembleia de estudantes; os estudantes [controlados pelos órgãos da juventude
do Partido Comunista] fazem o que querem, resolvi então fazer curso para garçom
e hoje ganho muito melhor servindo às mesas”. Queria eu saber mais detalhes
sobre a educação do país, mas ele, já tentando controlar evidentes sinais de
excitação e de revolta, cortou a conversa dizendo: “é melhor não falar mais sobre
esse assunto, é proibido!”, enquanto passava os olhos ao redor.
__ Eis o que nos aguarda...
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