sábado, 6 de dezembro de 2014

OS SUJOS, OS MAL LAVADOS E A SECA

Prof Eduardo Simões


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Fonte http://querido-deus.blogspot.com.br/

            Foi notável o clamor que se levantou da oposição, a respeito da possibilidade instituição dos chamados conselhos populares, por meio de votação no Congresso, ante a expectativa de estes se tornarem massa de manobra do Executivo, atropelando o Legislativo e outras instâncias e/ou instituições políticas nacionais, tal como acontece em algumas “democracias populares”, em particular na Venezuela, onde a ação desses grupos, associadas ao estado populista, arrastaram o país ao caos. Mas há várias pedras no meio do caminho...
            Em primeiro lugar, como diz uma matéria da Folha de São Paulo online, de 15/06/2014, essa iniciativa não é novidade, porque conselhos populares já existem no Brasil, desde 1931, como o Conselho Nacional de Educação, sem falar de outros como o Conselho nacional de Saúde, de 1937, além de diversos outros nas mais variadas áreas, alguns, inclusive, de caráter normativo, como o CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, além de outros de caráter consultivo, como o Conselho de Desenvolvimento Econômico, constituído por empresários, etc. Sem falar que eles não só não são controlados pelo governo como não obrigam este a nada.
            Em segundo lugar, o decreto do governo apenas serviria para regulamentar a criação de novos conselhos e instâncias, sem mexer nos antigos, a meu ver desnecessário, uma vez que o grande problema da presença popular no processo de tomadas de decisões, tanto políticas como administrativas, passa muito mais pela falta de uma cultura de participação, e por uma tradição de clientelismo, que por impedimentos legais ou institucionais a essa participação. O que está faltando claramente é uma educação para a participação cidadã, que demanda muito mais que atrelar o nosso sistema educacional aos resultados do PISA, ou a formar uma força de trabalho acéfala, e o funcionamento mais ágil das instâncias já criadas, além do combate aos vícios existentes e decorrentes, por exemplo, da unicidade sindical, que transforma os sindicatos em plataformas de lutas de poder de grupos de pressão alheios aos interesses das classes trabalhadoras.
            Fora isso há muitos outros órgãos de expressão da vontade popular como as igrejas, a família, os clubes, etc. A questão é fazer os seus gestores darem um mínimo de pelota aos seus liderados e encaminhar aquilo porque clamam as “bases”. Faltam raízes à nossa democracia, e por isso a nossa cidadania é antes uma lei no papel do que uma realidade palpável e percebida no dia a dia, de onde essa enxurrada de leis e decretos repetitivos, criando e recriando o que já existe, ao invés de dar efetividade a estes. Seja como for isso são águas passadas, e a proposta do governo foi derrotada devido a ação de deputados do PMDB, que, segundo analistas, mandaram um recado para o governo, a dizer que precisam de mais proteção no caso do Petrolão, ou seja, o PT precisa segurar mais a Polícia Federal, senão... Isso não tem moral, mas tem muita lógica para nós.
            Por falar em campanhas difamatórias, mentiras, etc., essa mesma oposição, que criticou tanto as mentiras do governo na última eleição e alardeou tanto o perigo do bolivarismo nos conselhos populares do Governo Federal, fez aprovar no Estado onde tem mais poder e prestígio, São Paulo, uma lei para criar os tais mesmos conselhos, com a anuência de todos os partidos da Assembleia (Estadão online, 04/12/2014). Faça o que eu faço, mas não faça o que eu digo.
            E o que dizer das duas dúzias de gatos pingados, vários partidários do deputado Izalci Cunha (PSDB-DF), segundo o Estadão online (02/12/2014), que a nossa popularíssima oposição arranjou para bloquear, no grito, a votação laxista do governo no Congresso? Não era justamente isso que eles diziam mais temer na criação dos conselhos populares do PT? E como os seus deputados vãos às galerias para impedir, no braço, que o Congresso voltasse a funcionar normalmente, com a retirada da claque de baderneiros? Hipócritas, hipócritas, hipócritas.
            Juntando tudo isso mais as estranhas mudanças climáticas em curso, só podemos recomendar que se ponha as barbas de molho, quem as tem, senão pegue uma emprestada, enquanto se formam as condições perfeitas para a tempestade perfeita, nem que seja em molho de tomate, visto que a água, assim como a vergonha e o juízo, está muito escassa na nação.

(visite o blogue construindopiaget.blogspot.com.br)


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