sábado, 19 de novembro de 2016

CULTURA DOS KURGANS

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Portugal, Brasil, EUA, França, Áustria, Taiwan, Argentina, China, Espanha, Indonésia, etc. Deus os abençoe.

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Kurgan.png
De José-Manuel Benito Álvarez —> Locutus Borg - Serf Work, Dominio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1273000 

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/20/Trakijskata_Grobnica.jpg/800px-Trakijskata_Grobnica.jpg
CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=340056

__ Os kurgans são monumentos funerários, que consistem basicamente na elevação de um pequeno monte de areia sobre uma tumba (como se pode ver na primeira ilustração),  espalhados por todo o cinturão das estepes eurasiáticas denunciando um continuum cultural muito extenso no tempo e no espaço, que vai desde as fronteiras da Rússia com a China até a Romênia e a Bulgária, atravessando toda Ásia Central – na foto cima um kurgan em Pomorje, na Bulgária.
__ O auge dessa cultura se deu durante a Idade do Bronze, lá por volta do quarto milênio antes de Cristo, embora haja indícios desse costume uns dois mil anos antes, estendendo-se até o último período da Idade Média ocidental.
__ Não se sabe muita coisa sobre a gente que levantou os monumentos dessa fase do apogeu, mas há uma hipótese levantada pela arqueóloga lituana-americana Marija Gimbutas (1921-1994), de que um núcleo instalado no encontro das estepes russas e ucranianas seria o povo falante originário das futuras línguas indo-europeias. Essa gente já conhecia a metalurgia do cobre e, principal característica até agora dos povos indo-europeus, forma pioneiros na domesticação do cavalo e do seu uso na guerra.
__ Os kurgans variam de tamanho; os mais imponentes chegam a 500 m de diâmetro e 20 m de altura, e os mais simples uns 8 m de diãmtero e dois de altura. Os mais imponentes, é claro, pertenciam aos governantes e membros de grandes famílias, o que nos induz a uma sociedade dividida em classes, senão já estratificadas pelo menos em processo de formação.
__ Junto com os cadáveres, caprichosamente vestidos, sepultavam-se oferendas, cavalos, carros, vasilhas, armas, e outros artefatos que nos dão uma ideia do nível tecnológico dessa gente e de seus costumes. Entre os povos que praticavam esse tipo de sepultamento temos os eslavos orientais (russos, ucranianos, etc.) citas, hunos, sármatas, cazares, turcos.  

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/79/Eurasian_steppe_belt.jpg/800px-Eurasian_steppe_belt.jpg
By Two-point-equidistant-asia.jpg: Mdfderivative work: Shattered Gnome (talk)earlier version: Cp6 - Two-point-equidistant-asia.jpg, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6871871

__ Na linha azul clara do mapa acima vemos destacado o cinturão de estepes que separa a Rússia do resto da Ásia e se estende da China até a Europa centro meridional.




By Ivan Aivazovsky - Galerie Koller, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=21757987


By Elena Dyatlova~ukwiki - Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=51737104

__ Nas duas ilustrações acima vemos uma paisagem típica de estepe. Acima vemos uma pintura Ivan Aivazovsky, da metade do século XIX, onde uma caravana de carroções carregados de sal, seguem pela estepe da Crimeia, na direção do interior da Rússia. Na foto um flagrante da estepe ucraniana mostrando uma vegetação mixuruca, capim ralo, gramíneas, e arbustos, mirrados e entortados pela violência dos ventos, em geral muito frios e secos, que batem essa região.

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/ab/Kerch_Tsarskiy_Kurgan_IMG_2160_1725.jpg/800px-Kerch_Tsarskiy_Kurgan_IMG_2160_1725.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kerch_Tsarskiy_Kurgan_IMG_2160_1725.jpg

http://www.ancient-origins.net/sites/default/files/styles/large/public/Interior-of-the-Tsarsky-Kurgan.jpg?itok=SKVIH4pt
http://www.ancient-origins.net/

__ Nas ruínas da antiga cidade grega de Panticapaeum, hoje envolvidas pela cidade russa-ucraniana de Kerch, no extremo oeste da Crimeia, junto ao estreito de Kerch, que liga o Mar de Azov ao Mar Negro, existe um kurgan de excepcional beleza, entre os mais de 200 situados nessa região. É o chamado Kurgan Real ou Tumba de Mitrídates, a 5 km do centro da cidade, perto da pedreira Adzhimushkay, onde houve um célebre confronto entre soviéticos e nazistas na Segunda Guerra. Esse monumento apresenta do lado de fora, um monte com uma altura de 20 m, com 250 m de diâmetro, e uma entrada curiosa em forma de uma gota, ou bulbo, muito presente em monumentos eslavos, principalmente na cúpula de igrejas. Como podemos ver nas duas fotos acima.


http://www.ancient-origins.net/sites/default/files/styles/large/public/Tomb-of-Mithridates.jpg?itok=p7Yx-cOX
http://www.ancient-origins.net/

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Crimea_Kerch_Tsar%27s_barrow-08.jpg/800px-Crimea_Kerch_Tsar%27s_barrow-08.jpg
By Investigatio - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=21721982

http://www.megalithic.co.uk/a558/a312/gallery/Eastern_Europe/opk_113390252.jpg
http://www.megalithic.co.uk/

__ Depois que se entra nele, porém, o espetáculo fica ainda mais impressionante: Há uma câmara mortuária quadrada de 4,4 m de lado, aproximadamente, sobre a qual se construiu um cone invertido, a guisa de falsa abóbada, construída em degraus circulares concêntricos, com 8,84 m de altura. Quando os arqueólogos abriram a tumba em 1833, ela já tinha sido saqueada, de tal sorte que não foi possível achar nem o corpo nem nada que pudesse servir para a identificação certa de seu ocupante. Em que pese essa dificuldade, existe hoje um rico acervo de artefatos gregos e de reinos e povos locais, mais de 22 mil peças, num museu aberto ao público chamado Lapidarium, em Kerch, à rua Luxemburgo, 24/14.
__ Acredita-se que esse seja o lugar de descanso de Leuco I do Bósforo (389-349 a.C.), um reino que unia elementos da etnia grega, ciméria e cita, além de outras, e que nesse período experimentava um fase de prosperidade. Desse rei ficou o testemunho de cronistas antigos de que era tão próximo a Atenas, que ganhou a cidadania local, algo raríssimo, após ter enviado uma grande quantidade de alimentos para a cidade, mais de 16 mil toneladas, quando esta enfrentava uma situação difícil, sem falar no fato de ter expulsado de sua guarda pessoal aqueles que estavam enrascados com dívidas.

__ Se o rei não guardar o guarda, quem guardará o rei?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

AMÉRICA ADEUS OU SAUDADES DE ROMA!

Prof Eduardo Simões

Muito obrigado aos amigos de Brasil, França, EUA, Portugal, Índia, Áustria, Espanha, Indonésia, Holanda, Rússia. Deus os abençoe

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Recado de eleitor de Trump para o mundo. Daqui a quatro anos será a vez de o mundo dar o seu recado à administração Trump...

__ Não é um problema só de ausência ou enfraquecimento de lideranças; mas de uma cultura nacional que desde o seus primórdios buscou ativamente o isolamento do mundo, por meio de falsas ideias de superioridade moral ou racial, obcecada com a primazia sobre o resto do mundo. O cidadão americano médio, de estirpe germânica, branca anglo-saxônica, se vê sempre em competição contra tudo e todos, é um isolacionista social – ouviu-se outra vez, sob os céus da América, o brado “América First” (Primeiro a América), levantado em 1940, quando grupos ligados à supremacia branca, com importantes personagens da sociedade americana, saíram às ruas para impedir que os Estados Unidos entrassem, ou sequer interferissem muito, no encaminhamento da guerra em curso na Europa.  E foi esse grupo que, se manifestando forte e desembaraçado, ganhou as últimas eleições.
__ É certo, creio eu, que não haverá nenhum desengajamento relâmpago dos Estados Unidos, como predito no discurso de Donald Trump, criando um perigoso vácuo de poder geopolítico, a ser preenchido por potências ou governantes oportunistas, como o da Coreia do Norte, mas haverá sim abandono paulatino de áreas de influência da mesma forma que os atores secundários, agora órfãos, deverão procurar novos patrocínios. É a vez da Rússia e da China, com algumas sobras para a Ìndia. O novo questionamento é: quem terá poder, apetite e competência para substituir os EUA da liderança mundial, uma vez que o povo americano dá uma clara indicação de estar cansado dela? Eu, pessoalmente aposto na China, embora não em um curto prazo... Há uma cultura chinesa propensa a isto?
__ De fato, no Ocidente apenas um povo, os romanos, mostraram ao longo da história apetite, recursos (no sentido cultural), método e persistência para criar um domínio mundial longo e estável – cerca de mil anos em Roma, e outros mil anos em Bizâncio, lutando pela sobrevivência. E hoje, nesta cidade, está a sede de uma religião universal que também se mostra estranhamente duradoura, estável e consciente de sua missão...
__ Os romanos tinham uma característica ímpar. Uma capacidade, quase natural, de projetar a sua força e a sua cultura na mesma intensidade em assimilava povos e culturas estrangeiras, adicionando-as ao seu patrimônio cultural originário. A assimilação da cultura grega foi, nesse sentido, emblemática, bem ao contrário de franceses, por exemplo, ingleses e alemães, a agora americanos, que, depois de um auge, com a criação de vastos impérios, esgotaram-se e fecharam-se sobre si mesmos, saudosos da glória passada e temerosos de mudanças na sua cultura ou conformação racial. Não foi por isso que a Inglaterra, ponto de origem cultural e racial da sociedade americana, num movimento análogo ao de sua ex-colônia, optou por separar-se de seu objetivo histórico: a Europa, excessivamente “enegrecida” e pouco “cristã” pela chegada de levas de imigrantes de seus restos coloniais?
__ Os germânicos sempre confundiram a flexibilidade e a autonomia do espírito latino com a falta de persistência, fluidez ou fraqueza de caráter, etc. Mas não é bem assim, e a persistência, a obstinação, absolutamente ímpar que os latinos mostraram na luta contra a sede de seu próprio império, para assimilar livremente a religião cristã, como antes já haviam feito com o vasto território de seu império obtido ao ritmo da marcha, mostra que estamos diante de um fato psicológico muito mais rico e complexo do que parece à primeira vista, principalmente na indústria cinematográfica americana onde os romanos são invariavelmente mostrados como cruéis, rapaces e pouco inteligentes, protótipos dos nazistas (vejam “O gladiador”), mais ou menos como aqueles que, em nome da grandeza da América, votaram em Trump.
__ Os romanos nunca viram nenhum problema em se deixar governar por um imperador vindo de uma província distante, ou de outra raça, exceto os gregos, que nunca foram permitidos no trono do Império (os gregos desprezavam ostensivamente aos romanos), mas que também nunca foram discriminados, exceto para melhor (os romanos sempre demonstraram uma grande admiração pelos gregos), enquanto os americanos não conseguem sequer esconder o desconforto que lhes deu ser governado por outro americano, mas de pele preta, como a prefeita de Clay, na Virgínia Ocidental, curtindo a vitória de Trump e o fato de a próxima primeira-dama ser “requintada, bonita, digna da Casa Branca”, arrematou: “Estou cansada de ver uma macaca de salto”...

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“Faça da América uma chacota”

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idem


“A ironia dos americanos em 2016 – Uma imigrante eslovena, com uma forte tendência a plagiar a fala de mulher negra, e é entusiasticamente aplaudida em um estádio repleto de homens brancos, que acreditam que os negros e os imigrantes estão destruindo a nação” 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

RACISMO, HIPOCRISIA, FALSIFICAÇÃO E VULGARIDADE NAS ENTRANHAS DA TRUMPAMÉRICA

Prof Eduardo simões


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__ O texto em inglês diz: “Melania Trump [futura primeira-dama] com arma, calcinha e botas. Lembram-se de quando os republicanos faziam alarde sobre os braços [desnudos] de Michele Obama?”
__ Para quem não sabe, Donald Trump casou-se em 2005 com a modelo eslovena Melania Knauss, de algum sucesso no meio, que ele conheceu num evento de modas em 1998, e que agora deverá se tornar a primeira-dama dos EUA. Nada demais contra a profissão de modelo, mesmo quando participam de ensaios fotográficos nuas, bem mais que na foto acima, e Melania Knauss-Trump já apareceu, do jeito que veio ao mundo, na capa da revista masculina britânica GQ.
__ Não se trata aqui de assumir uma posição moralista extremada, como se tudo que que dissesse respeito ao corpo, ou mesmo aquelas partes às quais a lógica social, a psicologia humana e os interesses econômicos, relegaram a um oportuno ostracismo. Não se trata disso, mas não podemos deixar de reconhecer que a profissão de modelo carrega um certo risco, na medida em que, dirigido por razões mercadológicas, o corpo humano, sede de uma beleza contagiante – em sua absoluta simplicidade e funcionalidade – torna-se a moldura de uma mercadoria, principalmente nas peças publicitárias de roupas íntimas ou de praia, onde a modelo é o excitante ou o motivador para a compra, o que exige muita personalidade e caráter por parte de quem opta por essa profissão. É essa a diferença a principal diferença entre Twiggy, Naomi Campbell, Giselle Bündchen, Carla Bruni, etc. e... Melania Knauss-Trump.
__ Existe a nudez natural, como a dos povos primitivos, tão idílica a nossos olhos como a de Adão e Eva no paraíso, como também a dos naturistas, nada demais, assim como o nu artístico e até mágico, como aparece nas várias vezes milenares “vênus” pré-históricas; portanto, nada demais com o corpo humano, embora se questione o uso desse corpo como mero adereço a um estilo de vida, que expõe a mulher considerada “bonita” como um artigo de luxo, um objeto, talvez precioso, ilustrando a paisagem desfrutada de um milionário, como Melania na capa e no ensaio interno da GQ, da qual saiu a foto acima, como degradante à condição feminina, gerando outros tipos de questionamentos.
__ A modelo, como a atriz, cede o seu corpo para viver um personagem, ou até mesmo uma idealização da espécie humana, e nesse sentido ela não é a única primeira-dama a estrear tão despojada diante das câmeras – veja-se o “affaire” Carla Bruni, do presidente François Sarkozy. Agora quando os membros de um grupo social, que em defesa da moralidade e dos bons costumes políticos e sociais, atacam uma primeira-dama negra por expor braços e ombros, mas avança pressuroso para uma primeira-dama que já expôs tudo que havia para mostrar, estamos então diante de uma caso clássico de racismo e hipocrisia moral do mais baixo nível. E no entanto a coisa não para por aí, pois não estamos falando só de roupas íntimas e nu artístico, mas de algo mais...
__ Em agosto deste ano os jornais americanos começaram a mostrar fotos de um ensaio antigo, feito pela atual senhora Trump, para uma revista masculina francesa, onde ela aparece não só ao natural, como em poses de lesbianismo explícito e simulação de sado-masoquismo, sem falar de nus onde o seu rosto assume uma expressão claramente provocativa, perto da linha que separa a arte, do erotismo, da pornografia. E é essa mulher que vai ser a primeira-dama de um país, cuja televisão cobre com tarja ou embaça a imagem de cenas de praias brasileiras, porque nossas mulheres usam biquínis mais cavados que seus congêneres americanos, como se aquelas estivessem nuas!? Logo os americanos que adoram dar lição de moral e bons costumes aos outros enquanto criticam a falta de moral e bons costumes alheios...
__ Mas tudo bem, quando jovens cometemos muitos erros. Mas o que Melania Knauss-Trump fez para repará-los ou qualificar-se minimamente para a função cerimonial que vai ocupar? Não terminou uma faculdade, não escreveu nenhum livro ou artigo, não compôs música, não estreou em cinema, não se destacou em esporte, não tem declarações ou posições pessoais que mereçam destaque, sequer não criou ou foi divulgadora de um estilo de moda que a fizesse emergir do anonimato – Carla Bruni, além de modelo é cantora e compositora, com vários álbuns gravados, solo e como participante. Ah, esperem, há algo! A agência jornalística Associated Press acusou-a de trabalhar ilegalmente nos EUA, em 1996. Fora isso a sua biografia é uma folha de papel tão branca quanto a sua pele.
__ Enfim Melania Trump cumpre perfeitamente todos os requisitos da trumpamérica para se tornar uma primeira-dama de sucesso, assim como os cenários, reais ou virtuais, de Hollywood se esmeram para apresentar uma realidade majestosa, escorando uma narrativa política ao mesmo tempo insuficiente, grotesca e ridícula. Ela é o modelo para a nova mulher americana, a partir de hoje considerada como um mero invólucro ou embalagem de um órgão reprodutor, ou um cartão de apresentação de seu marido, para anunciá-lo viril, bem-sucedido e, se possível, até maduro, enquanto mergulha de cabeça na decadência de uma sociedade, que não suporta mais a sua própria grandeza.
__ Sequer consegue discerni-la...

A luta continua nas redes sociais. Contra os fatos...  

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http://jaybookman.blog.myajc.com/

__ “Se você diz que Michele Obama não tem classe e agora quer Melania Trump como primeira-dama, então você é um hipócrita”

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twitter.com/

__ “Lógica dos republicanos: Michele Obama “não tem classe” apesar de ser uma advogada bem sucedida, com uma educação de elite e de ter criado duas virtuosas e honradas filhas; Melania Trump é uma senhora de “muita” classe, cujos méritos incluem fotos desnuda e o casamento com um ricaço ordinário”

... os argumentos racistas de sempre

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http://usherald.com/

__ Na falta de fatos serve o photoshop, para frisar uma das formas mais vulgares e grotescas de racismo.

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 /twitter.com/    
   

__ “Faça uma grande primeira-dama novamente”. A necessidade da falsificação para sustentar um fato clamorosamente inverídico. Os americanos, parece, já não conseguem discernir o significado de "grandeza", um conceito que os embalou ao longo da história, e que foi perdendo o seu significado qualitativo, espiritual, sublime, por um cada vez mais quantitativo, material e putrefato...

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A FESTA PARISIENSE DE ROBERT DOISNEAU (1945-1955)

Prof Eduardo Simões

Agradeço aos amigos de Brasil, EUA, França, Ucrânia, Portugal, Moçambique, Índia, Argentina, Reino Unido, Alemanha. Deus os abençoe. Estou com inflamação nos tendões dos dedos, minha produção neste blog deve cair muito...

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__ Adultos não sabem brincar! Ao invés de correrem um atrás do outro correm um na direção do outro para fazerem coisas anti-higiênicas, como beijar na boca, ignorando o imenso cortejo e a festa dos cidadãos ao redor, quando da libertação de Paris do domínio alemão, em 25 de agosto de 1945.

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__ Olha eles repetindo a “coisa”, diante do Hotel de Ville, em 1950! Nem havia mais a festa! Exceto para o casal. Doisneau tinha uma predileção pelas cenas de rua, pelo inesperado e espontâneo do homem e da mulher comuns.

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__ O que se pode esperar de uma infância quase toda passada na guerra? Crianças brincam camufladas pelas ruas de Paris em 1945. Isso talvez consiga enganar os alemães, mas será que enganará as mães?

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__ Dois policiais surpreendem, na rua de Rivoli, uma meninota brincando de bola completamente pelada. “Hã, hã, pega em flagrante, em atentado violento ao pudor e incentivo à pedofilia!”

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__ Nada disso! Em 1945 ainda não existiam essas doenças tão associadas aos adultos atuais. A valorização da paternidade e a estabilidade da família protegiam as crianças das investidas de adultos imaturos ou doentios, e a criança acabou recebendo do guarda apenas uma carinhosa reprimenda, com se ele estivesse falando com a sua própria filha! “Isso pode lhe causar resfriado!”. Reparem no quepe chato, famoso, mas agora desaparecido, da polícia parisiense, e no outro guarda, estendendo a capa para ocultar a menina de olhares estranhos. Desnecessário! Ou ele é um caipira ou alguém dos dias de hoje, que viajou no tempo e na maionese.

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__ “MADEEEEIRA!” As ruas de uma metrópole não são o melhor lugar para se inaugurar um par de patins. Um "mico" para a posteridade! O motorista do Peugeot 203C, de 1955, terá que esperar um pouco mais! 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

OUTROS CARNAVAIS

Prof Eduardo Simões


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__ Mil novecentos e quarenta e um, enquanto o mundo caminhava para a guerra total os brasileiros marchavam para o carnaval cantando marchinhas impagáveis, esbanjando uma alegria e bom humor cem por cento sadios, como podemos ver no instantâneo acima de Pierre Vergé. Era uma época em que o carnaval era o momento de botar mascara e a fantasia, e, de repente, até assumir algo secreto, mas sem prejudicar ninguém, fora o folião, e não para tirar a roupa e extravasar emoções e sentimentos autodestrutivos, além de cobrar ao mundo das causas de um fracasso pessoal. Um Brasil ingênuo, mas sábio; pacífico, mas poderoso e cheio de esperanças, que não existe mais. Abaixo outros flagrantes da época.

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http://www.novomilenio.inf.br/santos/lendas/h0207f47.jpg
http://www.novomilenio.inf.br/

http://www.areliquia.com.br/artigos%20anteriores/reliquia_Janeiro_2006/materiacapa/Bonde_01.JPG
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idem.

sábado, 5 de novembro de 2016

A VOCAÇÃO PARA O ÓDIO E O SUICÍDIO

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, EUA, França, Letônia, Romênia, Marrocos, Paquistão, França, Moçambique, Alemanha, Israel, Portugal. Deus os abençoe. 

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1.folha.uol.com.b
Como em 1917!

__ Será que os petistas e a esquerda brasileira, em especial o PCdoB, são os únicos que não percebem o quanto é ruim para eles a continuação da política do quanto pior melhor e de tentar por todos os meios inviabilizar o governo que a sua incompetência e corrupção desenfreada arrastaram ao poder? Não bastou o poderoso aviso das urnas? Eles são absolutamente incapazes de ligar a sua fragorosa derrota com a postura agressiva, negativa, não dialogal, própria dos desesperados, assumida logo após o impedimento da presidenta Dilma? Ela é tão maravilhosa assim, que mereça uma defesa até o extremo da destruição de um partido, cuja fundação tanto custou à classe operária e a todos aqueles que acreditavam em algo novo na política, em um mundo que naufragava na estagnação?
__ Eles não perceberam ainda que a sensibilidade dos brasileiros mudou? Que aquela história do “rouba mais faz”, do elogio caviloso dos demagogos, não é mais suficiente para apagar da memória coletiva a imagem e os áudios de fatos jurídicos-legais tão graves, que a esquerda nega sem apresentar provas ou contrafatos?  Eles ainda não perceberam que a imagem do namorado traidor contumaz, ou “galinha”, para não fugir aos termos do tempo, que conseguia arrancar suspiros da moça com um simples buquê e declarações pomposas, não tem mais vez no coração da Amélia contemporânea, que aprendeu na dura escola da vida a se respeitar e a não se deixar enganar mais de uma vez?
__ Pois bem, podemos estar convencidos que os erros continuarão, pois está no sangue, no DNA, do movimento comunista mundial, nascido da promessa milenarista de uma sociedade sem exploradores nem explorados, portanto amorosa, curiosamente engendrada por meio do ódio de classes, meticulosamente cevado, e que sempre produz novas formas exploração, inclusive para não parar o motor da história, da mesma forma que as raposas e chacais da esquerda brasileira, hoje, manipulam, às escondidas, jovens estudantes que, a guisa de escudos humanos desses chefetes, avançam em invasões de escolas e prédios públicos, contra uma medida de racionalidade administrativa (PEC 241).
__ A consequência disso, como foi no caso das eleições, é empoderar o justo oposto, em sua expressão mais radical, que, no caso da educação, valha-nos Deus!, é a “escola sem partido”. Ou, seja essas ocupações não só acelerarão e agravarão a antipatia do povo brasileiro contra a esquerda em geral, inclusive a que ainda merece algum respeito, como promoverão a extrema direita, como aconteceu diversas vezes na história do Brail e do mundo. Vamos precisar de toda racionalidade, calma e tirocínio político para escaparmos dessa armadilha. Fora os petistas e fora a escola sem partido!
__ O ódio é em si mesmo contraditório, visto que antifuncional e antievolutivo, encurta a vida do indivíduo e da espécie de indivíduos que fazem dele a sua bandeira, inclusive quando, no auge do seu ódio, transferem seu perverso sentimento para quem está quieto, tranquilo, só esperando que as instituições republicanas, como a polícia e judiciário, atuem, sem falar da próxima eleição, para dar uma resposta tão arrasadora quanto civilizada ao ódio desagregador de uma esquerda sem sentido e sem história, e que por isso vai virar história mais cedo, necessitada muito mais de Freud que de Marx.

__ Não é a toa que a antipsiquiatria se originou na esquerda, senão onde eles não estariam hoje?  

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

APRENDENDO COM OS SURICATAS

Prof Eduardo Simões

http://1.bp.blogspot.com/-0RboHPgqtzo/UtQe9FNdtNI/AAAAAAAAMzw/tiKkyaLGwhM/s1600/Captura+de+tela+inteira+6122013+005842.bmp
http://jornalistaslindas.blogspot.com.br/

__ A jornalista Carolina Cimenti, numa entrada no jornal das 18 horas da Globo News, fez recentemente uma afirmação estrambótica, após anunciar que a execrada Ku Klux Klan estaria dando apoio oficial à campanha de Trump. Indignada, e quem não se indigna ao ouvir falar da Ku Klux Klan? – quem não sabe nada da história contemporânea, a maioria, mas algo estranho para quem fez do jornalismo a sua profissão – a jornalista, dando uma inflexão emocionada à voz, acusou a Ku Klux Klan de ser uma “organização católica”!!!
__ Caros amigos, a Ku Klux Klan é uma organização terrorista, racista, muito violenta, embora legal nos EUA, que no início do século XX espalhou o terror entre as populações negras e chicanas do país, sem deixar de fazer vigorosos ataques contra imigrantes irlandeses, italianos, e outros, porque, embora brancos e louros, eram CATÓLICOS. Alguém avise a essa moça! A KKK – web navegantes não estou rindo, mas é como eles também se apresentam – é o mais radical representante da América WASP: White (branca), Anglo-Saxon (anglo-saxônica = supervalorização da cultura inglesa), Protestant (protestante). Se a KKK virou católica, e só ela está sabendo, seria um dos furos mais espetaculares do último século, embora, creio, que essa organização vá ter que prestar muitas contas ao Papa Francisco. Haja penitência!

__ Mas uma vez vemos o efeito brutal da desvalorização do conhecimento geral e da história na formação escolar de nossos jovens, repercutindo na qualidade de seus trabalhos e no altíssimo conceito que esse canal de mídia faz de suas transmissões jornalísticas. Esperamos que a jornalista se redima e acrescente ao seu belo rosto uma cultura digna dela, e que a editoria de jornalismo da Rede Globo tenha mais cuidado na seleção de jornalistas e acompanhamento de seus noticiários.  

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

E O BRASIL NÃO SE TRANSFORMOU EM REPOLHO

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, França, EUA, Moçambique, Letônia, Israel, Portugal, Alemanha, Suécia, Ucrânia. Deus os abençoes 

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__ O grande pesquisador Jean Piaget usava de uma expressão curiosa quando queria se referir a uma crença muito comum na sua época e nos dias de hoje: “não é o coelho que se transforma em repolho, mas o repolho que se transforma em coelho”. A crença citada era o aforismo da escola de psicologia behaviorista, em especial a sua vertente americana, que dizia que era o estímulo que determinava a resposta, expressa pela fórmula S -> R
__ O que essa fórmula queria dizer, na prática, é que o organismo não tem qualquer projeto ou condição prévia ao interagir com o ambiente. A pessoa é fruto do meio, como dizem alguns ou é uma folha de papel em branco onde a sociedade, o ambiente, escreve o que ela deverá ser – é dentro dessa perspectiva psicológica que se coloca a célebre frase: “repita muitas vezes uma mentira, que ela se torna uma verdade”. Ao afirmar que é o repolho quem se transforma no organismo e não o contrário, Piaget quer dizer que o organismo não está passivo diante dos estímulos, mas que reage a estes de acordo com o sua organização interna – biopsicossocial – e que é esta quem determina qual será a sua resposta afinal, e não o estímulo. São as condições prévias do organismo que determinam a resposta.
__ Nós, os mais antigos, vimos isso claramente na derrocada do mundo comunista-soviético, quando, apesar da propaganda massiva e de mão única, devido ao controle estatal das mídias, o povo em massa se alevantou para acabar em dois tempos com o regime, e em vários países diferentes, porque via a comida minguando no seu prato, a sua qualidade de vida caindo, os serviços públicos não funcionavam, etc. À ação das mídias nós chamamos “ideologia”, mas aos fatos da vida diária, nós chamamos “realidade”.
__ Ora, nesses últimos meses, nós, os brasileiros, vimo-nos assoberbados por fatos e movimentos ideológicos behavioristas, onde os fautores desses últimos, mostrando ignorar os ensinamentos da história e a evolução de sua opção ideológica, primaram por desconhecer a verdade psicológica básica descrita por Piaget. Resultado: foram transformados em sopa de repolho nas eleições.
__ De fato, de um lado estavam milhares de militantes gritando diariamente nas ruas “é golpe”, “é golpe”, “é golpe”... parecendo uma onda avassaladora, um tsunami. Do outro lado o juiz Sergio Moro, e uma dúzia de promotores e delegados da PF, de vez em quando levantando a voz para dizer: “é roubo! E os fatos são estes”. E não é que estes venceram e determinaram de forma insofismável a derrota acachapante de um grupo político e seu líder, que poucos meses antes equiparava a sua popularidade com a de Jesus Cristo e se autoproclamava o maior presidente do Brasil de todos os tempos! A derrocada avassaladora do PT nas eleições municipais lembrou-me, em muitos aspectos, a derrocada instantânea da União Soviética, sem que nada extraordinário acontecesse no país, exceto os altíssimos níveis de incompetência e corrupção da elite política local. Bastava associar o adversário ao PT ou ao Lula para garantir a vitória.
__ Àqueles que teimosamente buscam ligar a derrocada do PT no Brasil aos meios de comunicação, basta recordar-lhes as vitórias de Brizola e Crivella no Rio de Janeiro, apesar da propaganda e ações em contrário do mais poderoso grupo de comunicação do Brasil. Não há como não reputarmos isso na conta do choro típico de maus perdedores ou dos compulsivos, que se recusam a aprender e seguem repetindo os erros de sempre.  
__ Assim como o behaviorismo está errado por não considerar o papel do organismos no processo de adaptação ao meio, o PT errou por não considerar a inteligência e os valores morais do povo brasileiro, um tanto combalidos é verdade, mas presentes ainda o bastante para dar uma lição que os políticos, que não tiverem a cabeça de repolho, certamente jamais esquecerão.

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

SEM “HEIL HITLER” E SEM FAMÍLIA (1936-1944) UMA FAMÍLIA DESPEDAÇADA

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__ Em 13 de junho de 1936, durante o lançamento do navio-escola Horst Vessel – nome de um desclassificado, de um rufião, transformado em mártir pelos nazistas – no cais do estaleiro Blohm+Voss, de Hamburgo, na Alemanha, a massa de operários, frenética, saúda o eu amado Führer, com o tradicional gesto do braço direito erguido reto, o “Heil Hitler”, e imediatamente se destaca da massa um homem, um único homem, que, com os braços cruzados, recusa-se ao cumprimento, a seguir a massa encarneirada, fanatizada. Ato esse flagrado pelo fotógrafo oficial na ocasião. O seu nome provável é August Landmesser.

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__  Landmesser era um ex-nazista, que entrara para o Partido, em 1931, por oportunismo, esperando mais facilidade para conseguir um emprego, entretanto, em 1935 ele se apaixonou por uma judia alemã, Irma Eckler (acima), e por isso foi expulso, por se recusar a desfazer a relação. Em agosto de 1935 eles deram entradas nos papeis, em Hamburgo, para oficializar o casamento, mas no dia 15 de setembro os nazistas decretaram as chamadas Leis de Nuremberg, que proibiam explicitamente o casamento entre alemães e judeus, impedindo o reconhecimento oficial. Em outubro de 1935 nasceu-lhes a primeira filha, Ingrid, vista abaixo numa foto durante a guerra, de feições tipicamente “arianas”.

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idem

__ No início de 1937 eles tentam fugir para a Dinamarca, mas são presos na fronteira. Desrespeitando as leis nazistas, ela engravida de novo e em julho de 1937 é acusada de “desonrar a raça”, com base nas leis de Nuremberg, mas os dois contra-argumentam que Irma havia sido criada e batizada no protestantismo, e que por isso não viam impedimentos maiores. Foram absorvidos, mas alertados a não se aproximarem de novo, em 27 de maio de 1938. Eles entretanto não levam a sério a decisão do tribunal, e mantiveram o seu relacionamento em público, tendo inclusive posado para uma foto, em junho de 1938, a única em que a família aparece toda unida apareceram publicamente (abaixo).

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idem
__ Em 15 de julho de 1938 ele é preso e condenado a dois anos e meio no campo de concentração de Börgemoor, mas muito pior aconteceria com Irma. A Gestapo a prendeu e a levou ao campo de concetração de Fulhsbüttel, depois para o campo de Oranienburgo, em seguida Lichtenburgo, e por fim o campo de mulheres de Ravensbrück. Por fim ela foi levada para Centro de Eutanásia de Bernburg, onde caiu nas mãos da equipe do médico psicopata Irmfield Eberl, onde possivelmente encontrou a morte em abril de 1942, na câmara de gás, junto com outras 14 mil vítimas – entre as vítimas desse matadouro encontra-se a companheira de nosso Luis Carlos Prestes: Olga Benário. A foto abaixo foi mandada para August, no início de seu internamento em Börgemoor. A expressão facial de Irma diz tudo (abaixo), embora na dedicatória estivesse escrito "espero que você goste".

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__ A situação de August, menos grave, arrastou-se ao longo dos anos. Em 1943 ele esteve por um breve tempo unido a uma trabalhadora compulsória ucraniana, chamada Sonia Pastchenko, na verdade uma ex-estudante de medicina russa, com um nome falso para evitar perseguição, um relacionamento igualmente proibido pelo código nazista. August não se dava por vencido, até que em agosto de 1944 foi transferido para a Divisão Penal 999 – ou seja, unidade militar composta por prisioneiros e criminosos, com menos armas e missões mais difíceis, tipo "bucha de canhão" – em operação nos Bálcãs, no espinhoso combate à guerrilhas iugoslava. Foi dado oficialmente como desparecido em combate, em outubro deste ano. Pode ter sido morto em combate num lugar remoto, junto com todos os seus companheiros, ou ter sido executado em lugar desconhecido. Seja como for nunca mais se ouviu falar do corajoso operário que ousou desafiar a mais sangrenta e bestial ditadura do Ocidente

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__ A tragédia dessa família, entretanto não pararia aí. As duas filhas do casal foram separadas. Ingrid ficou morando com a sua avó, enquanto Irene, de aspecto mais “semítico” foi para um orfanato de crianças judaicas, sendo a custo salva de ir para um campo de extermínio. Mais tarde ela foi adotada por uma família problemática, e lá acabou no centro de uma grave crise familiar, sendo, após a guerra, levada de volta a uma casa de órfãos. Irene não foi bem aceita pela família do pai, nem pelos vizinhos que a conheciam, mesmo depois da derrocada alemã. Guardando mágoas profundas e envolvida num sem número de mal entendidos ela encerrou cedo a sua carreira de professora, mas coube a ela deixar por escrito a história incrível dessa família ao mesmo tempo tão comum e tão especial, em um livro lançado em 1998: “A Family torn apart by “Rassenschande””. Uma família dilacerada pela política racial nazista. Irene aparece acima sob a vista de seu controvertido pai adotivo.
__ Quem quiser a vitória sobre si mesmo, qualquer que seja o obstáculo a ser vencido, deve pagar o preço. Landmesser pagou o seu, e com ele toda a sua família; foi caro. Você está pronto para pagar pela sua vitória ou se renderá precocemente, como a maioria?
__ Há muita informação sobre Landmesser e sua família, em inglês, no seguinte endereço: http://www.fasena.de/courage/english/index.htm

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

“COMIGO NÃO, VIOLÃO!” (1979)

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos maiogs de Brasil, EUA, França, Portugal, Ucrânia, México, Cabo Verde, Polônia. Deus os abençoe

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__ Em setembro de 1979, o general-tirano do Brasil, João Batista Figueiredo, estava em viagem promocional por Belo Horizonte, quando o seu pai, um militar liberal, avisou à sua filha, de cinco para seis anos, que almoçaria com o presidente, eleito no colégio eleitoral de 15/10/1978,  no dia seguinte. A menina não sossegou enquanto não conseguiu da mãe a promessa de que ela a levaria para ver o presidente, pois a pequena imaginou um recado para dar ao general.
__ No dia seguinte, o presidente encomendado estava próximo a um boteco, no contorno da Praça da Liberdade, fazendo a encenação de praxe – Figueiredo gostava de posar como homem do povo, contrastando o estilo dos generais anteriores, múmias carrancudas, que sequer retocavam a maquiagem para parecerem mais simpáticos, ou menos antipáticos, mas o fazia de uma forma tão artificial e forçada que só conseguia tornar-se ridículo – sempre cercado de áulicos e bajuladores, dispostos a qualquer subserviência para agradá-lo, às vezes de forma grotesca, como aconteceu com o na época deputado federal Alcides Franciscato, de São Paulo.
__ A menina, livrando-se da mãe, caminhou até o general e chegando nele, com as mãos na cintura (acima), perguntou-lhe a queima-roupa se iria almoçar com o seu pai. O general então perguntou-lhe se seu pai comia muito. A menina responde que sim, e asseverou que não ia sobrar nada para o “presidente”. Despediu-se dizendo que iria para a sua escolinha.

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http://g1.globo.com/

__ Nesse momento os “adultos” ao redor começaram a clamar insistentes: “[faz como nós] dá a mão para o presidente”, que, fazendo o seu papel, estendeu-lhe a sua, e, para a surpresa absoluta de todos eles, que não estavam acostumados a gestos de autonomia e autorrespeito, a meninota simplesmente cruzou os braços e recusou-se a cumprimentar o general e dublê de presidente, e retirou-se. Esse fato inusitado, um ato inconsciente de coragem de uma criança, no seio de uma nação de adultos majoritariamente acovardados ou acomodados, e conscientes disso, foi como um raio de esperança na mais tenebrosa escuridão: a futura geração salvaria os brasileiros de si mesmo, fato devidamente registrado pelas lentes do fotógrafo carioca Guinaldo Nicolaevsky, da revista VEJA.
__ Guinaldo tentou em vão conhecer a garotinha da foto, morrendo em  2008, sem nunca tê-la conhecido, até que em junho de 2010 uma equipe do jornal O Globo conseguiu localizá-la, morando em Belo Horizonte, sem saber ainda o quanto era famosa. Boa parte de sua vida adulta foi passada no exterior, uma vez que se e comércio exterior, tendo feito mestrado, inclusive, no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), uma entidade militar, tendo conseguido sucesso na carreira. Seu nome também veio a público: Rachel Clemens Coelho, casada e mãe de uma filha. Clemens também revelou o motivo de seu gesto: não gostava que ninguém lhe dissesse o que fazer, e nesse sentido dava uma lição naqueles adultos tão submissos. Em 2011 ela era como aparece na foto abaixo:

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-LmaBYhUqw2HJavEpuhOO3pwLaQN_7sbSAvs7lDcYiuFyTZlMl3daioPKzfZ1fMrPL8w-bH2hqyt6N09Ptw4NLgMnzrONV-OZiRAJw-Yp3Ky8cqiLIzYpkJs-7BJ2xp51PA7rttWNC0Vm/s1600/rachel_clemens_coelho___editoria__politi_4df6beb8ad455-479061-4df6beb8b9b8a.jpg
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__ O Brasil entretanto teve pouco tempo para curtir e saber mais sobre a sua precoce e misteriosa heroína. Rachel Clemens Coelho morreu em abril de 2015, de parada cardíaca. Com apenas 41 anos de idade.