sábado, 19 de março de 2016

INCÊNDIOS, QUADRILHA E CARISMA.

Prof Eduardo Simões

http://jgdprod-blogs-us.s3.amazonaws.com/blogs/wp-content/uploads/wanderley-filho/files/2015/03/09154428/Fora-Collor.jpg
http://tribunadoceara.uol.com.br/

Tempo em que “impeachment” não era golpe e se apresentar como representante dos mais pobres não gerava contradição. Só ficou a mania de “circo”, com o povo no seu papel tradicional.

__ Após ouvir uma gravação de Lula que, numa ameaça explícita, diz ser “único homem capaz de incendiar o Brasil”, após haver dito, dias antes, que foi “o melhor governante do mundo no início do século XXI”, desconfio se estamos diante de uma personalidade esquizoide-paranoide, com acentuada tendência à megalomania ou se tudo não passa de uma consequência natural, embora não menos perigosa, de nossa histórica tendência a buscar líderes carismáticos que nos salvem de nós mesmos, evitando comprometimento com alguma causa real, fora de nossos medos, e nesse sentido eu entendo a manifestação de diversas pessoas, que participavam de atos pró-governo, relatadas no site da BBC-Brasil, dizendo que sabem que há corrupção no governo, mas que, em função das alternativas, “não há alternativa”. Então é melhor deixar tudo como está e assistir, indiferente, do “trono de um apartamento, com a boca escancarada cheia de dentes” (Raul Seixas), a maré de corrupção e a quadrilha que se forma para destruir ou constranger a única instituição republicana que ainda merece respeito no país: o Poder Judiciário?
__ Também entendo as manifestações antigoverno e de apoio ao juiz Moro, como um sinal de que muitas mais pessoas estão se mobilizando no sentido de buscar a nação, despidas de qualquer coloração política ou interesses nascidos de iniciativas paternalistas, que criam elos de dependência, do tipo bolsa família, sistema de cotas, etc., que acomodam os cidadãos e permitem ao político corrupto e autocrata jogar na cara do povo mais pobre: “você me deve essa”. De fato, convocadas por meios modernos, as redes sociais, e absolutamente infensas a partidarismo político, essas pessoas antes escorraçam publicamente os eternos oportunistas de nossa política, as manifestações antigoverno são o sinal do novo, do futuro, em nossa sociedade. Será que o Brasil aguenta?
__ O lado oposto continua apegado a velhas formas de poder carismático, absolutamente indiferentes aos exemplos históricos de que o fim dos governos carismáticos é sempre o desastre, assim foi com Hitler, Mussolini, Castro, Hugo Chaves, Peron, Getúlio, que nos arrastou a 64, etc. porque o líder carismático precisa necessariamente se cercar de nulidades ou de corruptos, senão dos dois, de forma a que ninguém de seu grupo faça sombra à sua megalomania doentia, intrínseca – a nossa atual presidenta não me deixa mentir nem o fato de, após dois mandatos, e já com 72 anos, Lula volta para “salvar” o Brasil, embora possa se alegar que ele busca mais a sua “salvação”, não do juiz, mas da lei. As ruas, entretanto, mostram que ainda tem muita gente que acredita, como as crianças também acreditam em Papai Noel. Quem, ao redor de Lula, tem condições de minimamente dar um direcionamento ao país, caso esse ancião desacreditado e isolado de lideranças políticas respeitáveis, morra na travessia, como aconteceu com a “dileta” Venezuela?
__ Que ninguém tenha dúvida. Não vai ser fácil nem indolor, mas a sociedade brasileira precisa crescer, evoluir, tornar-se madura, e não mais precisar de líderes carismáticos, para salvá-la de suas responsabilidades, ou de seu temor de que as instituições não vão funcionar, de que grupos que tentarem, no grito, paralisar as instituições, terão um mínimo de sucesso, da mesma forma que precisam parar de votar compulsivamente em frios tecnocratas, sem carisma, espécie de figura decorativas da alta burguesia, num sistema que ninguém sabe onde começa e onde acaba ou que só tenham olhos para a eficiência do capital, como se este tivesse vontade e projetos próprios, independente dos grupos sociais que, na surdina, o manipulam. Além da maturidade emocional, aqui é necessária a educação política.


Nenhum comentário:

Postar um comentário