terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O CUNHADISMO E O NOSSO COMPLEXO DE INFERIORIDADE

Agradeço aos amigos da bendita Rússia, Brasil, Estados Unidos, Índia, Canadá, Alemanha, França e de outros países, pela visita ao nosso blog. Espero que lhes seja útil. Que Deus os abençoe.

Novo Verbete "Forte James" - Tecno

Prof Eduardo Simões


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__ Um episódio particularmente espinhoso para a angustiada alma latino-americana foi o da ligação supostamente afetiva e frequente entre índias e colonizadores europeus, nos primórdios da moderna colonização do continente, com resultados negativos para a população nativa, nas três Américas (do Sul, Central e do Norte), com desdobramentos curiosos e ricos de significado. Mas antes de qualquer análise é bom esclarecer dois pontos fundamentais.
1º - Não havia, a princípio, amor ou a busca de qualquer sentimento de simpatia mútua entre o casal formado dessas uniões, como era costume tanto na Europa com na Ameríndia. O casamento, tanto num como noutro continente era arranjado pelas famílias dos nubentes, a revelia do que pudessem sentir um pelo outro, ou como se dizia antigamente: o amor vem depois, da convivência. Portanto, a índia fazia aquilo que os índios a mandavam fazer. 
2º - Entre as comunidades tribais americanas predominavam os laços de sangue e desse modo a união entre uma moça da tribo e um viajante estrangeiro era o melhor meio de selar uma aliança entre uma tribo americana qualquer e a poderosa tribo recém-chegada do mar – os índios viam os europeus como uma tribo estranha – o  criando uma estratégia de “relações internacionais” que os estudiosos chamaram de cunhadismo (1).
__ A respeito do potencial de intermediação civilizatório-cultural da índia, tradicionalmente ignorado, é interessante ler o que diz Gilberto Freyre, em seu imortal Casa grande e senzala (50ª edição; Global; 2005; São Paulo; p 162-163 e 189-198); “À mulher gentia temos que considerá-la não só a base física da família brasileira, aquela em que se apoiou, robustecendo e multiplicando-se, a energia de reduzido número de povoadores europeus [ou seja, uma colaboradora vital], mas [também] valioso elemento de cultura... Por seu intermédio enriqueceu-se a vida no Brasil... de uma série de alimentos ainda hoje em uso, de drogas e remédios caseiros, de tradições ligadas ao desenvolvimento da criança, de um conjunto de utensílios de cozinha, de processos de higiene tropical – inclusive o banho frequente... ela nos deu a rede... o óleo de coco para o cabelo das mulheres [alguém se lembra?]; um grupo de animais domésticos amansados por suas mãos...” Noutro ponto ele arremata “vários desses processos [de tirar partido das riquezas naturais da terra] e conhecimentos... vale a pena acentuar que recebeu-os o colonizador europeu das mãos da mulher – elemento mais produtor que o homem nas culturas primitivas...”
__ A “multiplicação”, sugerida no texto acima, se refere aos filhos mestiços, chamados pelos padres de “mamelucos”, em referência a um conceito criado no contexto da Europa, nas regiões dominadas pelos árabes (2), e que reproduz fielmente o que por aqui passou. De fato, não só não existia amor como não havia reciprocidade derivada de um respeito mútuo, na grande maioria dos casos, pois a união entre esse homem e essa índia não ensejava a formação de família, mas antes uma aliança estratégica, com um objetivo marcadamente comercial, pelo menos da parte do “civilizado” (3). Era uma relação assimétrica, com um claro polo superior e outro inferior, transmitindo os conflitos decorrentes dessa bipolaridade para as gerações futuras: os mamelucos brasileiros eram ensinados, pelos pais e por amigos e parentes destes, de forma acintosa ou na convivência, a desprezar a cultura da mãe e a mulher em geral. Mas como ele era filho dessa mulher, e logo parte dela também, daí brotou um profundo sentimento de inferioridade, eventualmente compensado por brutais razias às tribos não “cunhadas”, como era do interesse econômico do pai e do sistema colonial, a cata de escravos, o negócio do momento, e onde ele podia provar a si mesmo e aos outros que não tinha nada a ver com aquela gente, apesar da pele, dos cabelos, dos trejeitos, da língua, etc.

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__ Esse sentimento ambíguo em relação às nossas raízes, que dificulta a criação de uma identidade clara, livre e plenamente, vai se manifestar de uma maneira pendular deveras suis generis: no início do século XX a nossa grande frustração era não sermos como os povos europeus mais desenvolvidos – tentando sanar isso o nosso Rodrigues Alves vai fazer uma reforma no Rio de Janeiro para deixá-la nos moldes da Paris do barão Huismann, tendo antes que mover uma guerra, em 1904, contra setores da população, que ainda pensavam como “índios”, “primitivos” e “selvagens”. Gilberto Freyre tentará contornar, senão curar, o sentimento de inferioridade vigente, derivado da presença do índio e do negro na nossa formação no seu Casa grande e senzala, mostrando não as vantagens da cultura ameríndia e da africana, que, além de outras, levantaram o astral da nação ao longo dos anos 1950 e 1960.
__ Nesse ambiente, porém já se observava o desgaste contínuo dos antigos mitos cunhadistas, inclusive mais famoso deles: a união entre a índia Paraguaçu e o náufrago português Diogo Álvares, tão valorizados durante a fase Imperial, quando uma casa nobre luso-brasileira reinou no país, afinal Diogo era português, e Paraguaçu era apresentada como a mãe simbólica de uma nação mestiça, aparentemente subestimada pelos nossos imperadores que não se deram trabalho de criar um sistema escolar ou sequer uma universidade, como se o investimento não valesse a pena! Mas à medida que o nosso complexo nos levava para os países mais ricos, nos descolávamos também de Portugal, como uma carga incômoda, ou nos lembrávamos dele apenas para nos fazermos herdeiros do Império Romano. A língua portuguesa, afinal, não é a “última flor do Lácio, inculta e bela?”

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__ Brasileiro, brancos, de matriz cultural europeia, revoltados com o tratamento dado há séculos a índios, africanos e “populares” depredam o relógio comemorativo dos 500 anos da chegada dos europeus, ao som da “internacional socialista”, em Porto Alegre. A tropa mandada ao local foi, posteriormente, acusada por não impedir o vandalismo. 

__ Com avanço cada vez maior de vertentes do pensamento marxista-positivista em nossa sociedade, graças ao Regime Militar de 1964, que pela sua truculência anticomunista tornou odioso tudo que não era comunista, esses antigos mitos da nacionalidade passam por uma revisão geral, afinal eram só mitos, logo não eram afirmações “científicas”, como a sua ideologia proletária, além de estarem a serviço da ordem burguesa. Essa gente clamou, e muitos creram, que a nação brasileira não passa de um ajuste mal enjambrado de um projeto colonialista, burguês, sanguinário e excludente, jogando a nossa autoestima no mais baixo nível, em nome da nossa “libertação”. E assim, quando vieram os festejos pelos quinhentos anos da chegada dos europeus, o pêndulo do nosso sentimento de inferioridade, e de boa parte da América hispânica, estava no extremo oposto, não sendo então de admirar atos de violência e depredação, em protesto contra a vinda dos europeus, baseado num modelo ideológico importado da Europa! (4).  
__ Bem, se não dá para falar da história oficial, excessivamente contaminada pelas “classes dominantes”, conforme o surrado jargão marxista, que fazer com essa história mais antiga do Brasil, enquanto não vem à luz uma história “revolucionária” o bastante para se dar crédito ou não nos cause náuseas ou sono quando a lemos, como as insuportáveis descrições de estruturas, transformações econômicas, e outras abstrações que hoje povoam as páginas do livro de história brasileiros, didáticos ou não, e fizeram essa disciplina, de acordo com o jornal Folha de São Paulo, a segunda mais detestada pelos alunos brasileiros, depois da matemática, uma vez que não existem mais personagens situados historicamente ou comportamentos modelares, mas apenas vis interesses econômicos? Coloca-se uma pedra encima ou se abre esse conteúdo para a mais grotesca deformação.
__ Na impossibilidade de se tratar seriamente essa temática, seria politicamente incorreto, relegou-se temas como esse a abordagens carnavalizadas, como uma forma de ridicularizá-las da seguinte maneira:
1º - Esses assuntos são tratados como tema para samba-enredo de escola, onde a licença poética faz toda sorte de estrago ou benefício, de acordo com o gosto do “freguês”..
2º - Como uma extensão dessa “licença poética” aparecem os filmes picarescos e picaretas como o mais recente, Caramuru - A invenção do Brasil, de 2001, dirigido por um diretor premiado (Guel Arraes), e estrelado por alguns dos melhores atores da nova e antiga geração (Selton Mello, Camila Pitanga, Deborah Secco, Débora Bloch, Diogo Vilela, etc.) onde tudo gira em torno de triângulos amorosos, Caramuru é um garanhão preocupado em não virar touro, as índias são mulheres sensuais e fáceis (o estereótipo infame das brasileiras), a aldeia um bordel, o morubixaba um cafetão, e os europeus, para não fugir dos clichês e não parecer politicamente incorreto, pérfidos e gananciosos.
__ Mas, para que ninguém pense que nós não estamos completamente desamparados, pelo outro lado, o das comemorações oficiais e das autoridades constituídas, depois de rejeitar um projeto para construção de uma caravela da USP, o governo apoiou outro do Clube Naval, onde um respeitável engenheiro militar assinava para acobertar seu executor: um artesão francês não especializado. A nau não conseguiu terminar nem a primeira viagem e está encalhada até hoje, início de 2016, a Polícia Federal entrou em campo, o artesão francês correu do Brasil, entre quatro e dois milhões e meio de dólares foram para o ralo, assim como a crença de muita gente nas possibilidades desse país...

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__ Qual é a nação, neste mundo, que não tenha no seu passado um crime gravíssimo para expiar? Quando vamos parar de dar ouvidos a autoridades coloniais gananciosas, políticos desonestos e “revolucionários” demagogos e delirantes? Não dá para viver bem e construir uma sociedade cristã, justa e democrática com uma nação eternamente envergonhada de si mesma! Isso tem que mudar!

Notas
(1) Segundo Darcy Ribeiro, o cunhadismo foi uma instituição fundamental na formação do povo brasileiro, tratava-se num “velho uso indígena de incorporar estranhos à sua comunidade. Consistia em lhes dar uma moça índia como esposa. Assim que ele a assumisse, estabelecia, automaticamente, mil laços que o aparentavam com todos os membros do grupo”. Dessa maneira, “graças ao sistema de parentesco classificatório dos índios, que relaciona, uns com os outros, todos os membros do seu povo”, e dessa maneira os pais da índia passavam a ser seus pais ou sogros, os irmãos dela eram seus irmãos ou cunhados, e os filhos deles passavam a ser seus filhos ou genros. A vantagem desse sistema era evidente quando se tem em mente a tarefa de cortar e recolher o pau-brasil, cujo pagamento pela mão de obra podia sair mais barato, como acontece quando se abusa da boa vontade de parentes. “Como cada europeu da costa podia fazer muitíssimos desses casamentos, a instituição funcionava como uma forma vasta e eficaz de recrutamento de mão de obra”.
Ribeiro lembra bem: “como não havia um comando geral para os índios em região nenhuma, pois cada aldeia era uma unidade autônoma, cada aldeia levava uma moça para o branco que se aproximasse mais deles. E como muitas aldeias levavam muitas moças...” o indivíduo ficava cercado de esposas e parentes, como aconteceu com João Ramalho, em São Paulo, Diogo Álvares, na Bahia, Jerônimo de Albuquerque, em Pernambuco. Um bispo de Olinda denunciava, no final do século XVII, que o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho tinha seis mulheres! Que faria ele se soubesse que um cidadão espanhol, em Assunção, no Vice-Reinado da Prata, que chegou a ter oitenta mulheres? E este ainda poderia argumentar que a recusa a qualquer uma delas poderia ser vista, senão como uma ofensa, como um grande constrangimento, e um desserviço à causa colonial, que também interessava à Igreja.
O cunhadismo desempenhou um papel importante no povoamento da terra, embora também tivesse um defeito estrutural: era acessível a qualquer um que desembarcasse. “Sem a prática do cunhadismo era impraticável a criação do Brasil. Os povoadores europeus que por aqui vieram ter eram uns poucos náufragos e degredados [mesmo posteriormente, expedições com centenas de colonos eram raríssimas]... com base no cunhadismo se estabeleceu criatório de gente mestiça nos focos onde náufragos e degredados se assentaram. Primeiro, junto com os índios nas aldeias, quando adotam seus costumes... Outros formaram unidades apartadas das aldeias, compostas por eles, suas múltiplas mulheres índias, seus numerosos filhos, sempre em contato com a numerosa parentela delas”. “Assim o cunhadismo multiplica fantasticamente a população... Vemos então essa coisa espantosa: como Portugal, com apenas um milhão de habitantes, consegue dominar esse mundo enorme? Primeiro com o cunhadismo; depois pela ação do bandeirante. E o bandeirante, quem é? É o mameluco parido por uma índia, que não se identificava com a mãe, mas falava a língua da mãe [o que facilitava a sua inserção no que havia de pior no projeto colonial: o trabalho gratuito dos parentes e o trabalho compulsório dos nativos, não cunhados]”.
Os trechos de Darcy Ribeiro foram retirados de:
http://www.geocities.ws/terrabrasileira/contatos/cunhado.html
https://catatau.wordpress.com/2008/07/17/do-cunhadismo-ao-mameluco/
(2) Diz Ribeiro, que esse nome foi pela primeira vez dado aos paulistas pelo padre espanhol Antonio Ruiz de Montoya, e esclarece: “Aliás, “mameluco” é uma palavra para o menino criado na casa árabe... se era muito bruto, capavam e servia como eunuco; se era bom cavaleiro... podia ser um janízaro ou xipaio... Mas os que revelassem talento... alcançavam a alta condição de mameluco. Este era devolvido ao seu povo para administrá-lo; tinham então a cara de seu povo, mas a alma árabe” (https://catatau.wordpress.com/2008/07/17/do-cunhadismo-ao-mameluco/). É bom lembrar que, caso a administração não fosse bem acatada, sempre havia a possibilidade de lançar contra a comunidade rebelde represálias de temíveis janízaros, nascidos nessas comunidades, da mesma forma que os nossos mamelucos prestaram serviço análogo à colonização portuguesa, organizando, apoiando e realizando ataques às tribos adversárias.
(3) Esse é um dos grandes dramas da América católica, nunca descortinado com clareza pelo clero. O catolicismo, como toda religião cristã, excluídos os mórmons americanos, é fortemente fundamentado no conceito de família monogâmica. O problema é que na união entre colonos e índias pelo cunhadismo, se havia ainda alguma intenção de formar família, esta era exclusiva da parte “pagã”, que não passava pelo modelo monogâmico, sem falar em outros costumes considerados intoleráveis pelos padres, pois da parte do português ou espanhol cristão, em geral, a principal motivação era de sobrevivência física imediata e um vantajoso acordo comercial – que incluía, inclusive, a brutal exploração do trabalho infantil – ativamente estimulado pelos funcionários do governo, eles também “católicos”. O conceito de família, nascido precariamente da união entre o colono e a índia, vai ser ainda mais vilipendiado por meio da generalização da escravatura africana, igualmente tolerado pelo clero católico.
(4) São muito reveladores esses trechos de um manifesto elaborado pelo CIMI, Conselho Indigenista Missionário, órgão vinculado à CNBB, da Igreja Católica, por ocasião das comemorações dos 500 anos. Chama-se “Brasil: 500 anos de resistência indígena, negra e popular”.
“Disto [doenças, armas mortais, impulso de violência, exploração, depredação e saque], eram portadores privilegiados (!) aquele grupo de homens maltrapilhos e doentes que desceu na praia da hoje Cabrália, sul da Bahia, cinco séculos atrás... Naquele dia foi dado início à expansão do velho mundo [a Europa] nessas terras, através da sua brutalidade letal e organizada, pronta para lançar-se contra tudo e contra todos”. Em nome do combate ao racismo histórico de que foram vítimas os povos negros e indígenas, parte-se para o revide com expressões de um racismo grotesco, voltadas não contra um povo apenas, mas contra todo um continente, justo de onde veio o cristianismo, sem o qual não existiria CNBB, CIMI, e a colonização do jeito que foi.
“Não acreditamos numa história escrita pelas classes dominantes... numa versão mistificadora e falsa do processo histórico. Pretendemos, através do nosso movimento, desmistificar a construção da mentira oficial...” O que esse trecho questiona não são os critérios de fazer história, mas o fato de ela ser feita por uma classe, afinal tudo não passa de ideologia e confronto de ideologias, e nesse caso a diferença entre a mentira e a verdade é apenas a frequência com que uma ou outra é repetida. A luta é pelo monopólio dos meios de comunicação, e não pelo aprimoramento dos meios concretos de pesquisa e expressão da realidade histórica.
“Durante a difícil constituição da sociedade brasileira nesses 500 anos, a violência sempre permaneceu... De igual maneira, os exemplos de generosidade, criatividade e de vontade de construir um território livre e independente e uma sociedade justa e humana sempre existiram, e quem os legou a nós foram os povos indígenas, os negros escravizados e os setores populares”. E nesse caso como fica o cristianismo, uma vez que é de origem branca e europeia, e o magistério da Igreja, que preserva e mantém a incolumidade da doutrina cristã e é composto por bispos que moram em palácios? Os traficantes, que moram em favelas, podem ser considerados heróis “populares”, interessados em um mundo mais humano, mais justo?
“Para... nós a noção de conflito é central na história... A brutalidade do genocídio indígena, capitaneada pela empresa colonial e responsável pela extinção de povos inteiros [na América]... espoliou povos africanos... vitimou e vitima cotidianamente os setores populares, marca uma das sociedades mais desiguais do planeta: a sociedade brasileira”. Chamo a atenção para três coisas: o jargão marxista da luta de classes como motor da história, e até prova em contrário Karl Marx era de um continente onde só poderíamos esperar doenças, brutalidades, armas letais e ganância, o que demonstra que os autores do texto são pensantes europeus querendo falar pelos índios brasileiros; segundo para a negação da história sugerindo que a sociedade ou a “classe dominante” de hoje é exatamente igual à da época colonial: um convite a uma convivência impossível ou a uma guerra santa?; terceiro, a expressão que revela a existência de um profundo sentimento de inferioridade difuso e latente, na necessidade de frisar que a sociedade brasileira é uma das mais desiguais do “planeta”, com se tudo o mais passasse de uma introdução a essa conclusão fatal. Mas se a sociedade brasileira é assim tão ruim, essas pessoas maravilhosas (indígenas, afro-brasileiros e populares) devem ser uma minoria muito pequena, uma vez que, embora tão virtuosas e presentes aqui há 500 anos, não conseguiram ainda mudar o país! (CIMI; Povos indígenas aqueles que devem viver - Manifesto contra os decretos de exterminio; Brasília 2012)

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