A
DONZELA DE ORLEANS E A MOURA TORTA
Prof
Eduardo Simões
Obrigado
aos amigos de BR, EUA, França, Ucrânia e Rússia. Deus os abençoe.
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Sou contra a privatização do Ensino Superior, e de qualquer outro nível, no
Brasil, ainda que parcial, quando os ricos pagariam para os pobres estudarem de
graça, como é a proposta, por exemplo, do PSDB, porque acho que a pesquisa
universitária é tão estratégica que compensa cada centavo gasto em seus alunos,
desde que se faça um sistema seletivo que realmente acolha os mais capazes,
indiferente à classe social, ao estúpido sistema de cotas e à coloração
política. Para mim o estado brasileiro ganha muito investindo em um Oscar
Niemeyer, mesmo este provindo de uma família “podre” de rica, que a um aluno
pobre que sonha, como me disse um, ser outro Fernandinho Beira Mar...
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Entretanto, vislumbro grandes perigos a pairar sobre a qualidade de nosso
Ensino Superior, tanto no discurso supostamente pragmático da direita
brasileira: “universidade gratuita é para os pobres” (traduzindo: “precisamos
gastar menos em educação, para sobrar mais para as propinas”), e pelo
aparelhamento desse nível de ensino pela esquerda, que transforma grandes
centros de pesquisas em igrejas do obscurantismo. Um exemplo disso eu
constatei, com grande surpresa, num artigo recente do, até agora para mim,
grande físico brasileiro Rogério Cézar de Cerqueira Leite, da Unicamp,
intitulado A donzela de Orleans e as
pedaladas, que eu quero crer escrito após uma dose de remédio muito forte
ou um impacto físico análogo.
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Nesse artigo Cerqueira Leite comete o desplante de comparar Dilma Rousseff a
Joana D’Arc, e o inquérito, aberto, conforme regras democráticas e
republicanas, a uma perseguição inquisitorial, e à prisão infame da Donzela da
Lorena, conspurcando a sua provecta e respeitosa idade: 84 anos. Como dá para
comparar uma jovem de 19 anos que larga tudo para servir o seu país, e aos 21
preferiu ir até às últimas consequências, inclusive a morte, completamente só,
por seus ideais, deixando o seu país maior e mais engrandecido do que quando
ela começou sua missão, com uma macaca velha, que subiu ao poder nas costas de
seu patrono, pegando um país enxuto e em acelerado processo de crescimento, que
fez toda concessão possível a toda sorte de pilantra e no final entrega o país
completamente arrasado, enquanto se agarrava, como uma craca ao poder, apoiada
por uma taluda claque de obstinados?! Trazer a inquisição para esse debate!
Será que ele não sabe que o inimigo mais encarniçado de Dilma é Eduardo Cunha,
cuja religião é evangélica, derivada do protestantismo arqui-inimigo da
inquisição?!
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A saraiva de sandices continua, infelizmente. Ele, sozinho, detectou uma
pedalada de 100 bilhões de reais do governo Temer, a revelia da PGR, da
imprensa e dos próprios deputados e senadores do PT e aliados, que devem estar
dormindo... Para tornar a situação ainda mais estarrecedora, ele pretende
denunciar a hipocrisia dos “inquisidores” destacando as pedaladas de Fernando
Henrique Cardoso, omitindo sintomaticamente as de Lula, enquanto justifica as
de Dilma, afinal ela “atrasou pagamento aos bancos do próprio governo”. Por
favor, alguém diga a este homem que não existe “banco do governo”, porque o
governo, nem os bancos privados, fazem dinheiro, o dinheiro dos bancos ou é do
povo, a quem Cerqueira Leite diz defender, ou de ricos acionistas, e é por isso
que eles quebram, e foi isso que Fernando Henrique evitou, quando pagou em dia
os bancos oficiais, e qualquer economista, que não seja físico da Unicamp, nem fanático
pelo PT, sabe que foi a higidez do sistema bancário deixada por Fernando
Henrique, que tornou a crise de 2008 na “marolinha” que o Lula desprezou, antes
de nos lançar o “tsunami” Dilma.
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Ele gaba as 23 universidades que o Lula criou, sem fazer qualquer menção à
qualidade suspeita dessas universidades nem ao dinheiro em caixa e a estrutura
de estado enxuta que aquele recebeu de seu antecessor, que, infelizmente não
restará ao sucessor da aventura petista. Será que ele já ouviu falar de Campos
Sales e Rodrigues Alves, ou isso é pedir demais a um “polímata” da UNICAMP. Tampouco
faz qualquer menção à destruição do sistema econômico brasileiro sob o governo
da Joana D’Arc às avessas, que já fez milhões de desempregados, problema que,
decerto, nunca atingirá Cerqueira Leite, e obriga o atual governo inúmeros
cortes, inclusive em áreas sociais importantes, por total falta de recursos, e
evitar que o Brasil entre em estado de calamidade pública, como o Rio de
Janeiro, de onde vêm os aliados mais fiéis e as manifestações mais ruidosas em
prol da “donzela” sem juízo, sem moral e sem vergonha, que tanto nos
envergonhou perante o mundo.
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Por fim, incapaz de sustentar qualquer argumentação minimamente factual, lógica
ou digna de crédito, e como que a colocar uma cereja sobre a cobertura de um
bolo de vento, Cerqueira Leite se arrisca na profecia, entregando a sua vocação
a sacerdote petista: “podem caçar Lula, podem caçar Dilma [já o estamos fazendo
com dois “esses”, e se necessário vamos colocá-los na cadeia para que paguem
por seus crimes, como se fossem gente comum, e não os deuses de uma seita de
fanáticos], podem desbaratar o PT [não precisa, ele fará isso sozinho], mas o
futuro lhes fará justiça...” Bem, a única coisa que lhes está restando no
presente é enfrentar a possibilidade de serem lançados, já, no mais tenebroso
lixo da história, fosse o nosso povo mais educado, como já aconteceu a vários
outros aventureiros populistas, nessa infeliz América Latina. Sua profecia é um
fracasso mesmo antes de ser proferida, melhor seria ter-se calado.
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Por último eu gostaria de entender como um homem provecto e consagrado na sua
área de estudo, como Rogério Cézar Cerqueira Leite, abandona-a, numa hora tão delicada, para fazer análises temerárias e descabidas, por vezes desonestas, em
área que não é, em absoluto, de sua competência. Ele podia ter lutado pela sua
presidenta e o seu partido, com a elegância e o autoconhecimento de quem tem
massa intelectual e prestígio de sobra para ficar no patamar superior de luta, como
vários o fazem, sem precisar rolar até a lama, para atingir seus opositores,
deixando para todos bem claro, que uma coisa é ser especialista e outra é ser
sábio.
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O quanto a sabedoria está a fazer falta na nossa academia, que deve continuar aberta
e acessível a todos os brasileiros que tiverem vocação e competência para o nível
superior de ensino, pelo menos enquanto ainda valer a pena.
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