quinta-feira, 30 de junho de 2016

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0swl4IqFMJHCa-AkWe2_AzB_XeSmVOba275i2WdXbycjL8kXsRzr_KL2lm-J6_kFfxJdQyWVfy-IMAsHfW445Z6ICAsVqxKIp_4OzV8QQDTd2QFr25dp-0cj3AFsvX9O7zRgL_ln-SJIq/s1600/1.jpg
http://nao-questione.blogspot.com.br/

Artigo sobre Paulo Freire é alterado por rede do governo federal e critica pedagogo

Leandro Melito | Portal EBC | São Paulo - 29/06/2016 - 16h59
A edição incluiu no texto parágrafos que atribuem ao educador a origem de “doutrinação marxista” no Brasil
  

Um grupo que monitora alterações feitas em páginas da Wikipedia a partir de redes governamentais identificou edições e alterações no artigo sobre o educador Paulo Freire na Wikipedia realizadas na tarde de ontem (28/6) a partir de da rede do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).

'Paulo Freire' editada a partir da rede do Serpro (@SERPRO) -https://pt.wikipedia.org/w/index.php?diff=46027321&oldid=45890921&rcid=67177898 …
1:51 PM - 28 Jun 2016

O Serpro, empresa de TI do governo federal, administra a rede que provê acesso à internet em instalações do Serpro e também para órgãos públicos em todo o país. Em nota a instituição afirma que a alteração não partiu de suas instalações mas de um órgão público federal que não pode ser divulgado por questões contratuais.
"A alteração realizada não partiu das instalações do Serpro, mas, sim, de um órgão público, cujo acesso à internet é administrado pela empresa. Entretanto, o Serpro não está autorizado, por questões contratuais, a divulgar informações de acesso de seus clientes à rede", diz a nota.
A edição incluiu no texto parágrafos que atribuem a Freire a origem de “doutrinação marxista” nas escolas e universidades e diz que o educador participou da última grande reforma da legislação educacional que resultou em uma educação "atrasada, doutrinária e fraca". 
Os parágrafos inseridos no artigo foram retirados de um texto publicado no site do Instituto Liberal com o título “Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento” e assinado por um integrante da rede Estudantes Pela Liberdade e do Movimento Universidade Livre. Os "ataques" aos ideais de Paulo Freire têm sido comuns nos recentes debates do movimento "Escola sem Partido" que questiona as diretrizes curriculares e o debate político dentro das instituições de ensino, acusadas de
“Aí está uma das origens da nossa já conhecida doutrinação marxista nas escolas e universidades, que em vez de formar cidadãos e profissionais para o crescimento do país, forma soldados dispostos a defender com unhas e dentes o marxismo no meio acadêmico”, diz o trecho de um dos parágrafos inseridos no artigo.

MINHA OPINIÃO

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, França, EUA, Alemanha, Portugal, China e Romênia. Deus os abençoe.

http://www.revistaforum.com.br/osentendidos/wp-content/uploads/2014/11/utero_artificial_admiravel_novo_mundo1.jpg
http://www.revistaforum.com.br/

__ Sou professor, sou liberal e sou piagetiano, mas não consigo imaginar, senão como uma aberração, um professor use de seu saber e da sua posição em sala de aula para “doutrinar” um aluno; um liberal, que apoie e conviva com uma ditadura militar, como houve no Brasil; e uma pessoa minimamente inteligente e informada que acolha a ideia de que Paulo Freira seja o responsável pelas mazelas de nossa educação, e menos ainda que possa ser qualificado como “assassino do conhecimento”, como o disse, açodadamente, um audacioso jovem dos movimentos citados na matéria, como é típico só dessa fase da vida, ou deveria sê-lo.
__ É verdade que Paulo Freire é um tanto, e eu não temeria dizê-lo: demasiado, etéreo, repetitivo, nebuloso, muito especulativo, na forma de desenvolver as suas ideias, mas negar que essas ideias tenham valor, e que, adequadamente valoradas, constituam um tesouro da educação e do pensamento brasileiro é muito estreito, e quase antiliberal; e falo assim porque, no meu entendimento, a essência do pensamento político liberal é a liberdade de expressão e em especial, dentro desta, a liberdade de crítica; e essa liberdade de expressão e crítica só existe de fato no momento em que é exercida. E foi isso que Paulo Freire o fez, chamando a atenção para a situação dos estratos mais pobres e injustificadamente vulneráveis da nação.
__ “Mas o fez a partir de uma equivocada ótica marxista!” Concordo, mas se ele, e muitos outros, adotaram essa vertente de análise não seria também correto notar que a justificativa para isso encontra na ausência dessa saudável preocupação no campo oposto? A maior parte, a maioria esmagadora, dos liberais brasileiros conviveu tranquilamente com a escravidão africana, e a ela se apegou até o extremo de se fazer queimar pilhas de documentos históricos, para que o afã pecuniário dos liberais não dificultasse ainda mais a recuperação financeira do país e a integração de ex-escravos, que seriam responsabilizados pelo agravamento da situação econômica da República, devido ao pagamento das indenizações requeridas por aqueles... “liberais”. O liberalismo em nossa terra não nasce da luta pela liberdade política, pela valorização do trabalho e contra as tiranias, mas da defesa da propriedade de quem já as tinha de sobra, e que não se pejava de requerer propriedade sobre outros seres humanos.
__ A ideologização dentro das escolas é um mal? É. Paulo Freire é o responsável por isso? Não. Creio que ele foi e é usado por pessoas que não têm a capacidade de entender o alcance de suas ideias, a esquerda podre, retrógrada, brasileira, da mesma forma que bárbaros escravocratas, no Brasil, se apoderaram de ideias liberais para defender a posse de escravos, e os liberais portugueses, de 1820, para exigir a recolonização do Brasil.
__ Muito pior, para a educação, que uma ideologia que mostra a cada dia a sua fragilidade diante dos desafios contemporâneos, defendida por um grupo cambaleia de podre, defendido por oligarquias sindicais e militantes profissionais, cujo único argumento diante das graves acusações que se lhes assacam é o aumento volume de voz, denunciando o seu conhecimento e consentimento nos crimes imputados, é a visão compartilhada tanto pela “direita” como pela “esquerda”, por “liberais” e por “socialistas”, por “especialistas” e “leigos”, de que não existe uma natureza humana e de que a personalidade e o caráter de cada um, para não dizer até as variações comportamentais ligadas ao sexo, são historicamente definidas e aprendidas da vida em sociedade, acentuando o ponto de encontro entre o axioma clássico do conceito marxista de ideologia e das práticas políticas ocultas dos liberais brasileiros: “não existe ideologia neutra!” e “tudo é política!”, o que justificaria a ideologização de menores por um lado e o uso da força contra a livres manifestação de discordância, como é tradição na nossa história.
__ O resultado disso é a eliminação da psicologia, no trato com os educandos, e do conceito de “indivíduo”, na política, o que justificaria, em nome do bem coletivo, injustiças graves cometidas contra uns e outros, em nome do bem comum. É a mentalidade do formigueiro. Nossos liberais, que por séculos ignoraram os direitos mais básicos de grande massa da população, agora investem pesado em educação, mas não para promover uma melhoria geral da sociedade, consciência social cidadã (o indivíduo, com necessidades específicas, como membro consciente e compromissado de uma comunidade), mas para torná-lo uma máquina de trabalhar, conforme nos mostra claramente a obsessão do governo de São Paulo com a melhora de desempenho em provas e testes contínuos, e no seu mais novo projeto: a escola de tempo integral, que isolará definitivamente a criança de seu mundo familiar social, indispensável para a sua maturação afetiva, cuja segurança e prosperidade é dever o obrigação do Estado.
__ Essa escola, supostamente neutra, transforma o ser humano, desde a mais tenra infância, numa máquina de trabalho, e para isso dar certo, o governo lotou o tempo livre dos professores no estudo e aprimoramento de mecanismos de controle, como se estivesse a transformar a educação numa ciência exata, e como se isso fosse possível. A escola de tempo integral tem uma ideologia clara: o behaviorismo americano do início do século XX, que, transformava seres humanos em extensões de bestas, de ratos de laboratório, controlados por difusos ideais de democracia e identidade americana, que colava nos que pensavam diferente, marxistas, socialistas, rooseveltianos, intelectuais, a etiqueta de “antiamericano”, como se só houvesse uma forma, uma maneira, de se ser um autêntico americano; era a versão totalitária do liberalismo estadounidense. A criança paulista, hoje, é tratada como uma “tábula rasa”, sem sentimentos nem ideais, uma máquina de trabalho, como o eram os antigos escravos, e os professores, no seu frenesi de avaliações, em feitores capazes de garantir, com 100% de acerto, que os escravos serão exatamente aquilo que os senhores esperam deles.
__ Paremos, pois, de combater fantasmas, e nos concentremos no que é essencial e mais benéfico para as crianças, e não duvidem que nesta luta teremos que enfrentar tanto a esquerda como a direita, tanto os “liberais” como os marxistas.

__ Mas a causa é ótima! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário