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http://nao-questione.blogspot.com.br/
Artigo sobre
Paulo Freire é alterado por rede do governo federal e critica pedagogo
Leandro
Melito | Portal EBC | São Paulo - 29/06/2016 - 16h59
A
edição incluiu no texto parágrafos que atribuem ao educador a origem de
“doutrinação marxista” no Brasil
Um grupo que monitora alterações feitas em
páginas da Wikipedia a partir de redes governamentais identificou edições e
alterações no artigo sobre o educador Paulo Freire na Wikipedia realizadas na
tarde de ontem (28/6) a partir de da rede do Serpro (Serviço Federal de
Processamento de Dados).
'Paulo Freire' editada a partir da rede do
Serpro (@SERPRO) -https://pt.wikipedia.org/w/index.php?diff=46027321&oldid=45890921&rcid=67177898 …
1:51 PM - 28
Jun 2016
O Serpro, empresa de TI do governo federal,
administra a rede que provê acesso à internet em instalações do Serpro
e também para órgãos públicos em todo o país. Em nota a instituição
afirma que a alteração não partiu de suas instalações mas de um órgão público
federal que não pode ser divulgado por questões contratuais.
"A alteração realizada não partiu das
instalações do Serpro, mas, sim, de um órgão público, cujo acesso à internet é
administrado pela empresa. Entretanto, o Serpro não está autorizado, por questões
contratuais, a divulgar informações de acesso de seus clientes à rede",
diz a nota.
A edição incluiu no texto parágrafos que
atribuem a Freire a origem de “doutrinação marxista” nas escolas e
universidades e diz que o educador participou da última grande reforma da
legislação educacional que resultou em uma educação "atrasada, doutrinária
e fraca".
Os parágrafos inseridos no artigo foram
retirados de um texto publicado no site do Instituto Liberal com o título
“Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento” e assinado por um integrante da
rede Estudantes Pela Liberdade e do Movimento Universidade Livre. Os
"ataques" aos ideais de Paulo Freire têm sido comuns nos recentes
debates do movimento "Escola sem Partido" que questiona as diretrizes
curriculares e o debate político dentro das instituições de ensino, acusadas de
“Aí está uma das origens da nossa já
conhecida doutrinação marxista nas escolas e universidades, que em vez de
formar cidadãos e profissionais para o crescimento do país, forma soldados
dispostos a defender com unhas e dentes o marxismo no meio acadêmico”, diz o
trecho de um dos parágrafos inseridos no artigo.
MINHA
OPINIÃO
Prof
Eduardo Simões
Obrigado aos amigos de Brasil, França, EUA, Alemanha, Portugal, China e Romênia. Deus os abençoe.
http://www.revistaforum.com.br/osentendidos/wp-content/uploads/2014/11/utero_artificial_admiravel_novo_mundo1.jpg
http://www.revistaforum.com.br/
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Sou professor, sou liberal e sou piagetiano, mas não consigo imaginar, senão como
uma aberração, um professor use de seu saber e da sua posição em sala de aula para
“doutrinar” um aluno; um liberal, que apoie e conviva com uma ditadura militar,
como houve no Brasil; e uma pessoa minimamente inteligente e informada que
acolha a ideia de que Paulo Freira seja o responsável pelas mazelas de nossa
educação, e menos ainda que possa ser qualificado como “assassino do
conhecimento”, como o disse, açodadamente, um audacioso jovem dos movimentos
citados na matéria, como é típico só dessa fase da vida, ou deveria sê-lo.
__
É verdade que Paulo Freire é um tanto, e eu não temeria dizê-lo: demasiado, etéreo,
repetitivo, nebuloso, muito especulativo, na forma de desenvolver as suas
ideias, mas negar que essas ideias tenham valor, e que, adequadamente valoradas,
constituam um tesouro da educação e do pensamento brasileiro é muito estreito,
e quase antiliberal; e falo assim porque, no meu entendimento, a essência do
pensamento político liberal é a liberdade de expressão e em especial, dentro
desta, a liberdade de crítica; e essa liberdade de expressão e crítica só
existe de fato no momento em que é exercida. E foi isso que Paulo Freire o fez,
chamando a atenção para a situação dos estratos mais pobres e injustificadamente
vulneráveis da nação.
__
“Mas o fez a partir de uma equivocada ótica marxista!” Concordo, mas se ele, e muitos
outros, adotaram essa vertente de análise não seria também correto notar que a
justificativa para isso encontra na ausência dessa saudável preocupação no
campo oposto? A maior parte, a maioria esmagadora, dos liberais brasileiros
conviveu tranquilamente com a escravidão africana, e a ela se apegou até o
extremo de se fazer queimar pilhas de documentos históricos, para que o afã pecuniário
dos liberais não dificultasse ainda mais a recuperação financeira do país e a integração
de ex-escravos, que seriam responsabilizados pelo agravamento da situação
econômica da República, devido ao pagamento das indenizações requeridas por
aqueles... “liberais”. O liberalismo em nossa terra não nasce da luta pela
liberdade política, pela valorização do trabalho e contra as tiranias, mas da
defesa da propriedade de quem já as tinha de sobra, e que não se pejava de
requerer propriedade sobre outros seres humanos.
__
A ideologização dentro das escolas é um mal? É. Paulo Freire é o responsável
por isso? Não. Creio que ele foi e é usado por pessoas que não têm a capacidade
de entender o alcance de suas ideias, a esquerda podre, retrógrada, brasileira,
da mesma forma que bárbaros escravocratas, no Brasil, se apoderaram de ideias
liberais para defender a posse de escravos, e os liberais portugueses, de 1820,
para exigir a recolonização do Brasil.
__
Muito pior, para a educação, que uma ideologia que mostra a cada dia a sua
fragilidade diante dos desafios contemporâneos, defendida por um grupo cambaleia
de podre, defendido por oligarquias sindicais e militantes profissionais, cujo
único argumento diante das graves acusações que se lhes assacam é o aumento
volume de voz, denunciando o seu conhecimento e consentimento nos crimes
imputados, é a visão compartilhada tanto pela “direita” como pela “esquerda”,
por “liberais” e por “socialistas”, por “especialistas” e “leigos”, de que não
existe uma natureza humana e de que a personalidade e o caráter de cada um,
para não dizer até as variações comportamentais ligadas ao sexo, são historicamente
definidas e aprendidas da vida em sociedade, acentuando o ponto de encontro
entre o axioma clássico do conceito marxista de ideologia e das práticas políticas
ocultas dos liberais brasileiros: “não existe ideologia neutra!” e “tudo é
política!”, o que justificaria a ideologização de menores por um lado e o uso
da força contra a livres manifestação de discordância, como é tradição na nossa
história.
__
O resultado disso é a eliminação da psicologia, no trato com os educandos, e do
conceito de “indivíduo”, na política, o que justificaria, em nome do bem
coletivo, injustiças graves cometidas contra uns e outros, em nome do bem
comum. É a mentalidade do formigueiro. Nossos liberais, que por séculos
ignoraram os direitos mais básicos de grande massa da população, agora investem
pesado em educação, mas não para promover uma melhoria geral da sociedade, consciência
social cidadã (o indivíduo, com necessidades específicas, como membro consciente
e compromissado de uma comunidade), mas para torná-lo uma máquina de trabalhar,
conforme nos mostra claramente a obsessão do governo de São Paulo com a melhora
de desempenho em provas e testes contínuos, e no seu mais novo projeto: a escola
de tempo integral, que isolará definitivamente a criança de seu mundo familiar
social, indispensável para a sua maturação afetiva, cuja segurança e
prosperidade é dever o obrigação do Estado.
__
Essa escola, supostamente neutra, transforma o ser humano, desde a mais tenra
infância, numa máquina de trabalho, e para isso dar certo, o governo lotou o
tempo livre dos professores no estudo e aprimoramento de mecanismos de
controle, como se estivesse a transformar a educação numa ciência exata, e como
se isso fosse possível. A escola de tempo integral tem uma ideologia clara: o
behaviorismo americano do início do século XX, que, transformava seres humanos
em extensões de bestas, de ratos de laboratório, controlados por difusos ideais
de democracia e identidade americana, que colava nos que pensavam diferente,
marxistas, socialistas, rooseveltianos, intelectuais, a etiqueta de “antiamericano”,
como se só houvesse uma forma, uma maneira, de se ser um autêntico americano;
era a versão totalitária do liberalismo estadounidense. A criança paulista,
hoje, é tratada como uma “tábula rasa”, sem sentimentos nem ideais, uma máquina
de trabalho, como o eram os antigos escravos, e os professores, no seu frenesi
de avaliações, em feitores capazes de garantir, com 100% de acerto, que os
escravos serão exatamente aquilo que os senhores esperam deles.
__
Paremos, pois, de combater fantasmas, e nos concentremos no que é essencial e
mais benéfico para as crianças, e não duvidem que nesta luta teremos que
enfrentar tanto a esquerda como a direita, tanto os “liberais” como os
marxistas.
__
Mas a causa é ótima!
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