sexta-feira, 24 de junho de 2016

CANUDOS (1896-1897): PEQUENA HISTÓRIA DE UM GRANDE MASSACRE - 2

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, Alemanha França, EUA, Coreia do Sul, Holanda, Romênia, Israel, Portugal, China e Ucrânia. Deus os abençoe

A guerra da república

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__ Um fato inesperado veio a unir, circunstancialmente, o profeta do sertão à Igreja: a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, e a expulsão da família real do Brasil. Antonio conselheiro se colocou imediatamente contra essa mudança, lançando veementes sermões contra a nova forma de governo. Coisa “do diabo”. Segundo alguns testemunhos, em seu discurso ele acusava os antigos senhores de escravos de proclamarem a república para se vingar da Família Real, em especial a querida Princesa Isabel, que assinara a Lei Áurea no ano anterior, que foi muito elogiada por ele – há notícias bem fundadas de que ele não só acolhia ex-escravos entre os seus, como os ajudava muito. Seus maiores inimigos, como o Barão de Jeremoabo (acima), atestam isso, ao tentar desmerecer os adeptos daquele (1). Conselheiro repudiou, violenta e publicamente, o regime como um todo e as novas medidas tomadas como o casamento civil, a secularização dos demitérios, etc.
__ Nesse momento, vários padres do interior, cevados pela mentalidade oficialista e saudosos do Padroado Régio, começaram a aproximar-se de Conselheiro, pondo mais lenha na sua ira antirrepublicana. Na capital, as lideranças republicanas, assim que se recompuseram do susto, tão repentinoa e inesperada fora a deposição do monarca, agiram rápido, pedindo providências ao arcebispo contra os padres “refratários”. Este, por sua vez, mandou uma circular aos párocos, nos sertões, pedindo que afinassem seus discursos com o da arquidiocese, e aceitassem o fato consumado. Diante disso as igrejas e capelas oficiais fecharam novamente suas portas a Conselheiro, deixando-o novamente isolado, e, talvez por isso, ainda mais convicto de sua repulsa ao novo regime.
__ O sertanejo é um homem prático, que não se move fácil por ideias, filosofias, ideologias ou coisa que o valha, mas antes por fatos, por acontecimentos concretos, e o fato veio na forma de leis que, a partir de uma visão laicista de Estado, vinham aprimorar o departamento de estatística, melhorar o censo e normatizar, um pouco, a arrecadação de impostos, para evitar a evasão e mobilizar a maior quantidade possível de recursos para a tarefa de modernizar um país estagnado por 77 anos! Incluiu-se até uma lei que impunha a aplicação do sistema métrico decimal, que ficou, durante um bom tempo, icompreensível ao homem do sertão, a quem se negara, por quatro séculos, a mais elementar educação formal. Nas sedes dos municípios começou-se a estabelecer novas formas de organização e impostos para a realização das feiras livres, o grande momento de alegria e socialização do sertanejo, à semelhança do servo medieval, mas que atingiam principalmente aos mais pobres e confusos (“ignorantes”), que ficaram em grande aperto.

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Por Angelo Agostini - in: BrHistória, nº 4, junho/2007., Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2388859

__ Não havia como Antonio Conselheiro ficar alheio, e não repercutir, do seu jeito, contra aquela situação que confundia o homem rural, agravado pelo fato de ele estar em guerra declarada, por ele mesmo, contra o novo regime. O pretexto foi o edital de cobrança de impostos, afixados na porta da Câmara Municipal de Bom Conselho, que o Conselheiro, num acesso de “fúria santa” os queimou em meio a impropérios e maldições antirrepublicanas (2). Ante a reação das autoridades, ele e seu grupo se retiram do lugar, mas uma força pública, composta de uns trinta homens da polícia baiana, comandada pelo um alferes de nome Virgílio, saiu-lhes ao encalço, encontrando-os no dia 26 de maio de 1893, no distrito de Maceté.
__ O pequeno destacamento, menosprezando o valor daquela gente, quase todos “13 de maio”, a típica arraia miúda, que o policial sertanejo, ele mesmo originario dessa gente, pisa com sadismo, que Graciliano apresentou tão bem no “soldado amarelo” de Vidas secas, como que para compensar um profundo sentimento de inferioridade, nascido de sua convivência estreita e assimétrica com as elites políticas e econômicas, partiu para o ataque. O comandante da força decerto pensou: “quando virem as fardas, vão se borrar tudinho, e botar o rabo entre as pernas!” Mas após uma curta e renhida batalha, a força policial, sentindo a forte resistência, “meteu o pé na carreira”, com o seu comandante correndo à frente.
__ Após o confronto, os conselheiristas deixaram de frequentar as sedes dos municípios e as vilas, e se embrenharam no alto sertão baiano. O governo estadual, desmoralizado, pediu ajuda ao governo federal, que, lotado de problemas como a Revolta da Armada e a Revolta Federalista, liberou uma pequena tropa de 80 homens do exército para dar cabo do grupo. Essa força chegou a entrar em contato com os conselheiristas, mas percebendo a diferença entre as forças e a disposição do adversário, o seu comandante, e oficiais, preferiram evitar o combate, e retirou-se para a capital, no dia 9 de junho. Esses foram os únicos que agiram com o juízo.
__ O incidente em Bom Conselho pode ter sido fatal, pois a ele se seguiu o vexame da polícia em Maceté, que, com certeza deve ter propiciado ocasião para muitos versos e quadrinhas engraçadas, principalmente entre os repentistas de feira, que não perdem uma oportunidade, deixando em má situação a “moral” da autoridade que expedira aquela força, o juiz Arlindo Batista Leoni, que não esqueceria a desfeita (3).
__ Vagando pelo alto sertão da Bahia, em 13 de junho de 1893, Conselheiro e sua gente chegaram a um local recôndito, mas de seu conhecimento. Uma pequena fazenda, chamada Canudos, já há algum tempo abandonada, constando apenas de uma pequena casa de vaqueiro e uma capela, ambas em ruínas (4). A capelinha foi imediatamente reformada pelos conselheiristas, sendo mais tarde dedicada oficialmente, com a presença do vigário de Cumbe, a Santo Antonio – mais tarde eles ergueriam uma capela nova e mais imponente, a do Bom Jesus, que não chegou a ser concluída –  enquanto o local foi rebatizado como Arraial do Belo Monte, onde o Conselheiro e sua gente supunham ter encontrado definitivamente o seu lugar de descando, isolados da “maldita” república.

A fortaleza de Belo Monte

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Canudos em 1897. Em destaque a Igreja Nova, do Bom Jesus, à esquerda, e a Igreja Velha, Santo Antonio, à direita. Na verdade as duas eram, oficialmente, apenas capelas.

__ Como o Conselheiro e sua gente foram dar naquele lugar, ou, como diria Vargas Llosa, naquele “fim de mundo”? Decerto que a existência daquela fazenda abandonada não era desconhecida por muita gente da região nem pelos conselheiristas, em geral, acostumados a bater aqueles sertões em busca de assistência para suas prédicas, igrejas e cemitérios para obras de manutenção, sem falar da espetacular memória ancestral, praticamente já incorporada ao DNA daquela gente. Sertanejo tem “memória de elefante”.
__ Não temos muitos dados sobre o que motivou a escolha de Canudos como lugar de fixação dos conselheiristas, além da necessidade de evitar toda convivência possível com comunidades republicanas, principalmente por causa da completa destruição do arraial, antes que se fizesse um estudo mais detalhado. Há, entretanto, um estudo muito bem fundamentado, assinado por Cunha-Blaj (1974), que mostra o quão oportuna foi a escolha do lugar, para a eventualidade de uma guerra defensiva, fazendo supor que desde a sua fundação Belo Monte aspirava por uma posição militar defensiva, ou preventiva, consciente e muito bem estruturada.
__ Um relevo em torno, muito irregular e pedregoso, cheio de serras (5), de onde descortinam vastas paisagens (pontos de observação), penhascos, que limitam as manobras, estreitas passagens e abundância de pedregulho, que dificultam o uso da cavalaria, carroções de transporte, e mesmo o avanço de uma tropa, além de facilitar a armação de emboscadas e pontos de tiro.

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__ Alguém poderia questionar que essa dificuldade de deslocamento também prejudicaria aos moradores e defensores em seus contatos com outras comunidades ou no seu enfrentamento com prováveis inimigos, mas não é bem assim; havia, e ainda deve haver, caminhos secretos, rotas alternativas, conhecidas apenas pelos moradores da região, sem falar que, da mesma forma que o caboclo amazônico não se perde nem se atrasa por entre os meandros naturais formados pelo rio Amazonas em suas cheias, o matuto, da mesma forma, não se perde nem se atrasa quando se desloca em meio ao cipoal de galhos e árvores crestadas, que se espalha pela caatinga nordestina. Ele sabe o melhor caminho de memória.
__ As condições básicas de vida estavam garantidas pelo curso do rio Vaza-Barris, com seus 450 km de extensão, que em seu curso intermitente, fornecia água suficiente para a manutenção de numerosa população. O fornecimento de água foi complementado pela existência de várias aguadas, dentro dos limites da cidade, e por cacimbas (6).
__ Em caso de guerra, a provisão de munição básica estava garantida, graças ás minas de salitre, que abundavam na região, sem falar da infinita provisão de cascalhos duríssimos, no leito do rio, que serviam de bala, causando um ferimento muito doloroso. Mas quem pensar que os canudenses dependiam apenas de armas rústicas e munição improvisada, pode estar enganado, e aí vem a mais importante característica dessa incrível comunidade: a sua localização.
__ Graças aos caminhos, conhecidos e obscuros, Belo Monte integrava uma rede de comunicação e transporte complexa, devido à sua relativa proximidade com vários municípios e distritos, com os quais os conselheiristas mantinham um intenso a animado comércio de manufaturados, produtos naturais e ideias. Entre eles Cunha-Blaj citam: Rodelas, Várzea da Ema, Vargem do Rio São Francisco Pambú, Capim Grosso, Canabrava, Bom Conselho, Cumbe, Fortaleza, Tucano, Massaracá, Rosário, etc.

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__ A própria cidade do Belo Monte foi urbanizada de um jeito que favorecia muito a defesa, uma vez que não havia grandes avenidas nem ruas retilíneas. A cidade era, para quem chegava, um tormentoso emaranhado de becos e vielas que acabavam abruptamente numa casa “mal localizada”, obrigando por vezes, a quem não era morador, a ter que sair dos limites do casario para poder ir de um extremo a outro do povoado. As casas eram de taipa e, durante o conflito, os matutos escavaram facilmente pequenos buracos, à guisa de seteiras, de onde podiam fazer fogo farto e certeiro sobre os assaltantes – o fato incomum dessas casas não terem janelas é um forte indicativo de um plano prévio de defesa. A cidade reproduzia, dessa forma, a confusa disposição natural da vegetação do entorno, e assim como esta, era excelente para deter o ataque de uma forte força invasora, como o experimentou, de uma maneira terrível, a expedição Moreira César.
__ Por fim, embora a questão dos recursos estivesse bem equacionada, ela não era suficiente para garantir o sucesso de um projeto como aquele; eram necessários uma ideia e ações relacionadas a essa ideia, para que Belo Monte alcançasse seu pleno poder mobilizador. A ideia foi a versão popular do catolicismo sertanejo, encarnada na pessoa de Antonio Conselheiro, que, apesar da sua “monomania” religiosa, continuava sendo um homem culto, e com tirocínio para certas coisas práticas. Mais tarde teve a ideia de levantar uma igreja mais imponente, a chamada igreja nova, dedicada ao Bom Jesus, defronte à capela de Santo Antonio, dois fortes baluartes interligados por túneis.
__ Essas medidas foram complementadas por outras, de caráter administrativo, que deram a Canudos aquela solidez, de curto prazo, das organizações centralizadas, além de outras vantagens, tornado-se um grande atrativo para a sofrida gente do sertão, como se vê abaixo:
a) Qualquer um que chegasse e fosse aceito pelo Conselheiro, uma condição indispensável, podia levantar sua casa, (onde quisesse?) sem ter que pagar nada a ninguém ou imposto público.
b) Não havia uma igualdade perfeita; o tamanho variável das casas mostrava o contrário, mas no geral todos convergiam para o mesmo objetivo e a desigualdade era bem menos notável que alhures. Ouso dizer que o principal fator de igualdade de Canudos era o entendimento do Conselheiro sobre o que decidir em cada situação, e a coerência dessas medidas, por mais “primitivas” que fossem, de tal sorte que suas determinações eram acolhidas como “lei” por todos, acabando com a aplicação indiscriminada da justiça familiar, típica dos sertões onde não havia estado, e que permitiam aos mais ricos e poderosos tripudiar sem peias sobre os mais humildes.
c) Roupas, alimentos e abrigo eram distribuídos gratuitamente entre os mais pobres.
d) Conselheiros cercou-se de elementos fieis e devotados, que lhe garantiam suporte e força física contra qualquer desafio ao seu poder, a começar pela Guarda Católica, que tinha uniforme, armamento e munição, soldo regular, e era responsável pela guarda dos símbolos máximos da comunidade, as duas igrejas e o Conselheiro; após eles havia a Companhia do Bom Jesus ou Companhia Santa, com umas mil pessoas; e um grupo de beatas, comandadas pela mordoma do Conselheiro, tia Benta, que cuidava diretamente do seu bem estar.
__ Havia ainda vários outros personagens, gente de confiança, que ajudavam-no a organizar e administrar a comunidade, mostrando que Belo Monte não foi um projeto improvisado ou fruto de uma mente desvairada e de fanáticos incultos, antes algo pensado para ser permanente e estável. A mente diretora de tudo aquilo podia até ser um pouco desvairada, mas também era, com certeza, muito inteligente (ardilosa?) e sabia conseguir de seus colaboradores o máximo que eles podiam dar, inclusive a vida. Só os gênios das relações humanas conseguem isso, para o bem ou para o mal.

A ruptura definitiva com a Igreja

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__ No início de 1895, o governador da Bahia, Rodrigues Lima (acima), preocupado com as inúmeras notícias que circulavam constantemente nos jornais da capital, com base em relatos de um correspondente anônimo em Monte Santo, que descreviam a prática dos maiores despropósitos e atropelos pela gente do Conselheiro, resolveu entrar em contato com o arcebispo de Salvador, D. Jerônimo Tomé da Silva, nascido cearense, em Sobral, para que enviasse emissários e tentasse, por meios pacíficos, a solução da situação, de preferência pela dispersão da comunidade conselheirista.

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Wikipedia

__ D. Jerônimo (acima) buscou numa congregação famosa pela sua rusticidade e disposição a tarefas particularmente espinhosas, a Ordem dos Frades Capuchinhos (OFM-Cap), fundada na Contrarreforma, e que se tornara, o “pau para toda obra” da igreja no Brasil. Os frades dessa ordem gozavam de um especial prestígio entre os sertanejo devido a frequência com que seus membros faziam missões pelo interior do semiárido, nas quais granjearam popularidade e respeito da parte dos sertanejos. Entre os capuchinhos ele escolheu um frade italiano já conhecido naquelas paragens: frei João Evangelista do Monte Marciano.
__ Segundo Calasans (4), frei João tinha contra si o fato de ser um italiano que, embora naturalizado, ainda não dominava bem a língua portuguesa, e que, portanto, podia não ser bem entendido pelos sertanejos, sem falar de seu temperamento mais próximo do pavio curto. Seja como for, não havia muito que o arcebispo pudesse fazer,  porque os padres brasileiros, mais próximos culturalmente dos sertanejos, eram, em geral, produtos da antiga igreja católica imperial, oficialista e palaciana, e não estavam muito motivados a enfrentar as agruras do sertão, sem falar não era em qualquer lugar que se podia encontrar um Padre Ibiapina, morto 12 anos antes. Creio que foi o melhor que D. Tomé conseguiu

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__ Cheio de ânimo e um tanto temeroso, isso ele o confessa no seu Relatório, Frei João chama outro frade recém-chegado da Itália, para ir junto consigo a Canudos: frei Caetano de São Leo, e partem na direção de Cumbe, do qual, eclesiasticamente, Belo Montre era dependente (frei João e frei Caetano são os dois padres sentados no meio da foto). Em Cumbe eles se encontraram com o vigário local, padre Vicente Sabino dos Santos, que se ajuntaou à missão – há mais de ano que o padre Vicente não a Canudos-Belo Monte, por ter sido desacatado a última vez que lá fora.
__ No Relatório, frei João começa se queixando da dificuldade para chegar até Cumbe, e daí para Canudos-Belo Monte, que fez a viagem se arrastar por quase um mês, abril-maio, tanto por falta de condução como por falta de gente disposto a guia-los até lá. Receio da gente do Conselheiro? A três léguas de Cumbe, eles se defrontaram com um grupo de homens, mulheres e crianças, que, ao vê-los acorreram para suas armas, e, hostis, se recusaram a dar informação sobre com chegar a Cumbe. Eram, segundo o frade, “guarda avançada do Antonio Conselheiro” (Calasans, (4)).
__ Ao chegar a Canudos, no dia 13 de maio de 1895, ele notou a pobreza das casas (abaixo) : “construídas de barro, cobertas de palha, sem janelas... O interior é imundo, e os moradores... quase nus... atestam no aspecto esquálido e quase cadavérico as privações de toda espécie que curtiam...” (idem) Logo adiante, numa praça, à porta da “capela”, os missionários dão com uma multidão de “perto de mil homens armados de bacamarte, garrucha, facão, etc. dando aos Canudos a semelhança de uma praça d’armas”.

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__ Aí os missionários tem contato com a Guarda Católica, com seu uniforme e gorro todo azul, à semelhança do uniforme do exército imperial brasileiro, e da roupa do Conselheiro, sendo então levados para a casa paroquial, onde o vigário de Cumbe costumava ficar. De lá frei João observa uma coisa preocupante; séquitos de gente acompanhando vários funerais; “oito cadáveres, conduzidos por homens armados, sem o mínimo sinal religioso”. Ele ouve dizer que aquela taxa de mortalidade faz parte do cotidiano do arraial e deduz que é “devido às moléstias contraídas pela extrema falta de asseio e penúria” (idem). O Conselheiro mesmo era um exemplo dessa penúria e falta de asseio.
__ No dia seguinte foram ao encontro do Conselheiro na “capela”, e lá o encontraram em plena obra, mas cercado por gente armada, que comprimentaram os padres com o tradicional, “louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo”. Conselheiro foi assim descrito pelo frei: “vestia túnica de azulão, tinha a cabeça descoberta e empunhava um bordão: os cabelos crescidos, sem nenhum trato, os olhos fundos, raramente levantados para fitar alguém, o rosto cumprido e de uma palidez quase cadavérica; o porte grave e penitente” (idem). Que devia impressionar! O frade acrescenta ainda que ele era de “cor branca, tostada pelo sol” e dado a “frequentes e violentos acessos de tosse”. De caráter orgânico ou emocional? E que “ninguém pode falar-lhe a sós, porque seus pretorianos não deixam”.
__ Conselheiro andou com eles pelas obras e, uma vez na sacristia, frei João aproveita para falar-lhe da situação de miséria do povo e da presença de gente armada, numa comunidade que se presumia religiosa e cristã, ao mesmo tempo em que alertou que um dos objetivos de sua missão, de acordo com a ordem do arcebispo, era aconselhar o povo a se dispersar. Nesse momento um grupo de gente, entrando na sala, põe-se a clamar: “nós queremos acompanhar o nosso Conselheiro!” Este os fez calar e disse: “é para minha defesa que tenho comigo esses homens armados, porque v.rvma há de saber que a polícia atacou-me e quis matar-me no lugar chamado Maceté... No tempo da monarquia deixei-me prender, por que reconhecia o governo; hoje não, porque não reconheço a república” (idem).
__ O frei tentou argumentar que, sendo católico, não convinha ao Conselheiro o apelo a uma saída armada, e que, se a própria Igreja havia se submetido ao novo governo, ele também deveria se submeter, e concluiu dizendo-lhe temerariamente “é uma doutrina errada a vossa”. Um grupo recém-chegado cortou-lhe, excitado, a palavra: “v. rvma é que tem uma doutrina falsa, e não o nosso Conselheiro”. Este os fez silenciar e completou dizendo que não desarmaria os seus, mas também não impediria a missão. O grupo então levou os padres até em casa, e uma vez nela os visitantes ouviram gritos estrondosos, dando vivas “à Santíssima Trindade, ao Bom Jesus, ao Espírito Santo e ao Antonio Conselheiro”.
__ “Os aliciadores da seita, continua o frei, se ocupam em persuadir o povo de que todo aquele que quiser se salvar precisa vir para Canudos... nem é preciso trabalhar, é a terra da promissão, onde corre um rio de leite, e são de cuscuz de milho os barrancos”. Algo análogo às passagens de Ex 33,3; Is 51,1-2. Entre outras coisas o frade lembra-se de ter visto dois malfeitores, sempre presentes no séquito do Conselheiro: João Abade, da mais alta hierarquia, acusado de dois homicídios, e José Venâncio, com 18 acusações análogas às costas, embora também reconheça que “Antonio Conselheiro não se arroga nenhuma função sacerdotal”. Nesse sentido ele permaneceu dependente da Igreja, embora o frei também note que ele não faz muita questão de receber e incentivar os sacramentos. Enquanto os frades estiveram em Canudos-Belo Monte, Conselheiro se absteve de falar aos seus em público.
__ No dia 14 de maio abriu-se a missão, com a presença de umas “quatro mil pessoas”, inclusive de gente próxima ao Conselheiro, e este também compareceu, com o seu bordão, olhando atento para tudo e para todos, embora calado. Os de seu estado-maior, presentes, armados até os dentes. Nesse dia o frei falou sobre como deve ser o jejum correto, adequado a cada temperamento e à capacidade física do fiel, procurando um objetivo mais espiritual que físico. Ao recomendar um jejum mais moderado – carne de noite e uma chávena de chá pela manhã – “o Conselheiro estendeu o lábio inferior e sacudiu negativamente a cabeça, e os seus principais asseclas romperam logo em apartes... “Ora, isso não é jejum, é comer a fartar””.
__ No quarto dia da missão, o frei pregou sobre “o dever de obediência à autoridade”, citando a república como “governo constituído do Brasil”, citando inclusive a recomendação, nesse sentido, do “Sumo Pontífice” (7). “Estas minhas palavras, irritaram o ânimo de muitos... começaram a fazer propaganda contra a missão... arredando o povo de vir assistir... um padre protestante, maçon e republicano, e dirigindo-me quando passavam e até ao pé do púlpito, ameaças de castigo e até de morte. Espalharam que eu era emissário do governo... E, passando de palavra a atos, ocuparam com gente armada todas as estradas do povoado, pondo-o em estado de sítio” (idem).
__ Como o frade continuasse com seu látego firme, denunciando as mazelas, no seu entender, da comunidade, no dia 20, pelas 11 horas da manhã, os principais da cidade, tendo à frente João Abade, saíram pelas praças e vielas apitando e arregimentando povo, para uma estrepitosa passeata, engalanada com muitos fogos de artifício e gritos de ‘vivas’ “ao Bom Jesus, ao Divino Espírito Santo e a Antonio Conselheiro e de lá vieram até a nossa casa, dando ‘foras’ aos republicanos, maços e protestantes, e gritando que não precisavam de padres para se salvar, porque tinham o seu Conselheiro”. E aí ficaram por quase duas horas em grande reboliço. Assuntando os padres.

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__ À tardinha, na hora de começar a missão,o frade denunciou a manifestação, que ele considerava como um “desacato” à sua pessoa, e, ato contínuo, declarou encerrada ali mesmo a missão, e, ainda cumpriu o preceito evangélico de sacudir o pó das sandálias contra as comunidades rebeldes, na frente deles. Segundo o frade o seu gesto causou grande impacto e descontentamento, de sorte que muitos que começaram a mostrar publicamente a sua discordância com o tratamento dado aos missionários, e ainda, por causa disso, várias famílias recém-chegadas começaram a abandonar o povoado. Uma comissão, na qual tomaram parte alguns dos “mais exaltados”, tentaram demover o frade de seu intento, mas ele permaneceu inarredável.
__ No dia seguinte, quando deveriam partir, o frade foi chamado para ministrar a confissão a um moribundo, sendo acompanhado por um bando armado. Uma vez na casa, o padre pediu que o bando saísse, para ele poder escutar a confissão, e eles então lhe disseram: “’custe o que custar, não sairemos’. Observei entã ao doente, que nem eu podia ouvir a sua confissão, nem ele estava obrigado a fazê-la naquelas circunstâncias”. Segue-se um bate boca, onde o frade vocifera contra aquele desrespeito às mais elementares normas da Igreja, e os conselheiristas, por sua vez, renovam insultos e ameaças.
__ O frade une-se aos seus companheiros, já com os animais arreados, e parte dali, sem olhar para trás, mas lembrando-se das palavras terríveis, que Jesus proferiu quando olhou para Jerusalém, do alto de uma colina, e que se cumpriram literalmente, num caso e no outro.

Balanço da missão
__ Calasans (4) é muito severo com frei João Evangelista do Monte Marciano, atribuindo a ele a responsabilidade pelo fracasso da missão de paz e, de uma maneira indireta, pelo desembocar da guerra: “O frade italiano não tinha as qualidades essenciais para levar a bom termo ação religiosa tão importante. Após uns poucos dias... a trindade missioneira teve de abandonar o local, agravando assim o relacionamento dos canudenses com o poder público... O chefe da missão... falava de maneira desabrida, misturando a língua materna com o idioma da terra de adoção. Suas pregações, segundo a tradição, eram repletas de ameaças anunciadoras de tremendos castigos celestiais... inábil no encaminhamento de problema tão significativo”.
__ Calasans divaga! É óbvio que o incidente propagador de tudo deve ser procurado em Maceté, onde o juiz local tentou fazer cumprir a lei, afinal o Conselheiro depredara patrimônio público e incentivava, de uma maneira ostensiva, o descumprimento da lei – ainda recentemente um juiz proibiu a publicação, no Rio de Janeiro, do livro Minha Luta, de Hitler, que estimula, ainda que de forma exclusivamente intelectual, a descumprir as leis contra o racismo e a violência em território nacional. O que há para notar a esse respeito é que o juiz agiu correto ao mandar um destacamento prender o Conselheiro, ao mesmo tempo em que chama a atenção o argumento que este usa, quando justifica a presença de um séquito armado: “a polícia atacou-me e quis matar-me”, como se o objetivo da polícia fosse matá-lo, e não prendê-lo, e como se não houvesse nenhuma razão para isso (prendê-lo). Havia, na cabeça dele, uma sentença republicana de morte contra ele, típico de maníacos e megalômanos.
__ Ele colocava à República um problema incontornável, pois ao mesmo tempo em que não queria deixar o Brasil, recusava-se a cumprir às leis da nossa república, comparadas à “lei do cão”, e as descumpria publicamente, fazendo-se cercar de gente armada para sua garantia. Ao demonizar a república fecha-se à possibilidade de diálogo. No ponto em que as coisas estavam será que o Barão do Rio Branco se sairia melhor? Talvez até houvesse menos bate-boca e estresse, mas e o resultado seriam diferente? Há mais um detalhe importante: essa gente armada não saáa de perto do Conselheiro, a sua mania de perseguição e o medo da repetição de 1876, contagiava a seu entourage, de sorte que já era muito difícil saber quem controlava quem. O mais certo é que a coisa já saíra de controle. O Conselheiro, a esse respeito, passa sinais ambíguos. Creio que mesmo que ele quisesse por fim à tudo aquilo, seus seguidores não o permitririam, pois eles já haviam perdido ou doado tudo o que tinham para seguir o Conselheiro e o seu projeto.
__ Ao acusar o padre de fazer sermões apocalípticos, muito severos, de um penitencialismo exacerbado, Calasans comete o erro de anacronismo e julga o conteúdo de sermões feitos no final do século XIX, tendo como parâmetro os que eram feitos na segunda metade do século XX, noutra circunstânca histórica, infensa aos excesos de retórica típicos de antanho. Ora, pelos testemunhos da época sabemos que esse gosto pelo excesso retórico e pelo apocalíptico era o que diferençava o “homem santo” dos outros, inclusive Antonio Conselheiro, apontado pelo arcebispo de pregar penitências imoderadas, numa carta já citada (ver parte 1). Era justamente nesse “excesso” que os ocnselheiristas e frei João Evangelista podiam construir uma ponte comum, mas nem isso foi possível, uma vez que aquilo que Calasans julga excessivo os conselheiristas viram como coisa de criança, de quem não leva penitência a sério. Para eles, frei João, em matéria de penitência, era frouxo, e por isso “maçon” e “protestante”.
__ O relatório do frade foi certeiro: a situação já está perdida, e a melhor alternativa é intervir logo, enquanto não cresce mais e fica mais difícil de resolver. O futuro lhe dará inteira razão. E o que fizeram nossos políticos do século XIX? O mesmo que os do século XXI: empurraram com a barriga, transferindo o abacaxi para o sucessor, no caso Luiz Vianna, eleito em 1896, cujos correligionários tentaram, inclusive, viver em paz com os conselheiristas, uma vez que estes criavam problemas para o seu maior desafeto político na região: o barão de Jeremoabo.
__ A violência e a hipocrisia sufocantes do sistema político crepublicano, acabarão por engolfar toda aquela gente e o país inteiro, num dos mais infames e absurdos conflitos de nossa história.

Notas
(1) Jeremoabo chamava os conselheiristas de “gente do 13 de maio”. Calasans (1) recolheu as seguintes palavras, em um manuscrito do Conselheiro, chamado Tempestades que se levantam no coração da Virgem Maria por ocasião da Anunciação: “Quantos morriam debaixo de açoites por faltas que cometiam, alguns quase nus, oprimidos de fome e de pesado trabalho... Chegou enfim o dia em que Deus tinha de por termo a tanta crueldade, movido de compaixão em favor do seu povo,ordena para que se liberte de tão penosa escravidão”. Não nos enganemos, as palavras são cristalinas; não estamos diante de um abolicionista convicto, seu discurso é neutro, excessivamente “espiritual”, como se estivesse falando para interlocutores extraterrenos, mas ele pelo menos fez algo por aquela gente, enquanto o resto da nação lavava as mãos quanto ao destino de milhares de ex-escravos.
(2) Eis o que diz Facó (p 87) “em 1893, os municípios são autorizados pelo Governo Central a efetuar a cobrança de impostos no interior. Para fazê-lo, à falta de imprensa e outros meios de difusão... afixavam as autoridades municipais às portas das Casas da Câmara, uma tábua em que se pregava um edital de cobrança. Era uma novidade...
... em Bom conselho, num movimentado dia de feira... O Conselheiro manda arrancar os editais de cobrança de impostos e com eles faz uma fogueira em praça pública”
(3) Ao mesmo tempo inventaram uma história, de que um conselheirista, a exemplo do mestre, teria dado uma sova pública numa “despudorada” local, que seria a amante do juiz, o qual mandou prender o beatão, sendo este, posteriormente, libertado “na marra” pelo Conselheiro em pessoa. Era uma dupla desmoralização para o juiz, que o povo devia ter “pelo gogó”, por causa dos impostos e por representar o poder público local, que só se lembra do povo na hora de arrancar dinheiro.
(4) A falência gradual e inexorável da economia nordestina, em especial no semiárido, na segunda metade do século XIX, vez que baseada principalmente na pecuária periclitante e na mão de obra servil, que, para salvar seus donos da insolvência, foi vendida a mancheias aos ricos cafeicultores do Sudeste, antes da abolição, reduzirá em muito a oferta de mão de obra local, causando a forte decadência da economia nordestina, como um todo, daí a facilidade de encontrar antigas fazendas, grandes senhorios, abandonados pelo interior. Sobre o proprietário dessa fazenda abandonada não encontrei dados seguros. Uma fonte fala de uma casa grande em ruínas, propriedadede gente ligada ao Barão de Jeremoabo (Calasans), outra fala de apenas uma pequena casa de vaqueiro (Cunha-Blaj) e outra ainda de uma casa grande, de um tal de Dr Fiel, incendiada em junho de 1897, com um conjunto de três fazendas, com várias casinhas, todas de propriedade do dito doutor, cujo herdeiro, Dr Paulo Fontes, abandonou o lugar com a chegada do Conselheiro (Benício). Raríssimos dados sobre Canudos e o Conselheiro são estáveis ou não passíveis de forte contradição.
(5) Cunha-Blaj, baseadas em Euclides da Cunha, citam as seguintes serras e elevações: Canabrava, Poço de Cima, Cocorobó, Caypan. Euclides, numa matéria para o Estado de São Paulo (17/7/1897), fala de que havia “em torno de Canudos um círculo de cumiadas”, cortadas pelo Vaza-Barris, em Cocorobó.
(6) A Wikipedia em francês, detalhando mais Cunha-Blaj diz: “às margens do rio foram plantadas leguminosas, milho, feijão melancia, cana-de-açúcar, batata, abóbora, etc. Mandioca era cultivada nas áreas mais úmidas adjacentes. Em Canudos havia um abatedouro e os suprimentos eram estocados em armazéns. Em cada casa, carne e frutos secos eram mantidos dentro de tigelas de barro. Havia horticultura nos arrabaldes e criação de ovelhas e cabras, em pequeno número, além de gado bovino.
A venda de pele de cabra fornecia boa parte dos recursos necessários à aquisição de bens no exterior. Os emissários de Antonio Conselheiro faziam negócio diretamente com os comerciantes de Juazeiro [nesse sentido convém firmar aqui a declaração de Cunha-Blaj, de que Conselheiro pagava bem pelo que adquiria, assim como, por vezes, pagava adiantado, logo quase todos, inclusive vários fazendeiros, queriam negociar com os conselheiristas]...
A venda de pele, entretanto, não propiciava grande receita, de sorte que Conselheiro se viu obrigado a flexibilizar um pouco o seu ideal de isolamento, autorizando os canudenses a trabalhar em fazendas próximas... Mas esse isolamento nunca foi absoluto, uma vez que o comércio nunca foi interrompido, tanto que, mesmo durante o conflito, os correligionários de Vianna [governador Luiz Vianna, da Bahia, enquanto que na região de Canudos a oposição a Vianna era encabeçada pelo Barão de Jeremoabo, que era do grupo dos gonçalvistas, de José Gonçalves da Silva, ex-governador], no Partido Republicano da Bahia, continuaram a mandar suprimentos para a cidade [algo veementemente negado por Vianna].
Conselheiro não só exigia que os seus seguidores praticassem trabalhos de agricultura em Belo Monte, como contratou, por jornada, trabalhadores de fazendas vizinhas. Em caso de necessidade ou de algum novo empreendimento, como o levantamento da igreja nova, ele enviou vários de seus seguidores a pedir ajuda financeira às famílias [fora de Belo Monte] que eram simpatizantes de sua causa...” (verbete Guerre de Canudos). É importante ressaltar que os dados apresentados no verbete da Wikipedia francesa são baseados no livro do autor americano Robert M. Levine: Vale of Tears, Revisiting the Canudos Massacre in Northeastern Brazil, construído a partir da tese, que eu não acredito, de que Canudos foi uma guerra pela identidade nacional, uma expressão mortal de uma política de branqueamento ou antimiscigenação, como havia nos EUA, que, se houve por aqui, aconteceu apenas nos círculos acadêmicos, constituídos, literalmente, de meia dúzia de gatos pingados, em meio a um oceano de analfabetos, para sorte destes, vivendo a partir de suas tradições e costumes integrativos e das necessidades de sobrevivência, que, normalmente, não acolhem esse tipo de estupidez (o racismo). O que estava em jogo, em Canudos, não era a identidade nacional - o deboche quanto ao fanatismo dos jagunços foi apenas uma diversão da imprensa e uma justificativa para os excessos; o que estava em jogo, em primeiro lugar, era a honra do exército, e em segundo lugar a autoridade de alguns coronéis, e aquele a lavou com sangue, com muito sangue. A prosperidade de Canudo, vista por Levine, é fortemente negada por uma testemunha ocular, frei João Evangelista do Monte Marciano, em seu relatório ao arcebispo, corroborado tanto pelas precárias condições locais de clima, relevo e solo, como pelo aspecto mesmo das casas que aparecem nas fotografias de Flavio de Barros.
(7) Leão XIII

Bibliografia
Benício, Manuel; O rei dos jagunços – Chronica historica e de costumes sertanejos sobre os acontecimentos de Canudos; Jornal do Commercio; 1899; Rio de Janeiro. PDF
Calasans, José; Antonio conselheiro e os escravos; PDF (1)
_____    ; A vida de Antonio Vicente Mendes Maciel (1830-1897); PDF (2)
_____    ; No tempo de Antonio Conselheiro: figuras e fatos da campanha de Canudos – coletânea de textos do autor; PDF (3)
_______ ; Relatório de Frei João Evangelista; PDF (4)
Câmara, Fernando; Conselheiro e o Centenário de Canudos – palestra pronunciada na Federação das Associações Comunitárias de Quixeramobim, no dia 22 de outubro de 1993, durante a 1ª semana comunitária em homenagem à instalação de Canudos; 1993; PDF
Cunha, Cândida P. da – Blaj, Ilana; A urbanização em Canudos ocmo decorrência da necessidade de defesa; Anais do VII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História – A cidade e a história; vol I; Revista de História; São Paulo; 1974; PDF
_____  ; Carta Mensal do Colegio Brasileiro de Genealogia, Genealogia de Antonio Conselheiro, ano VIII, Nº 46, out-dez de 1997; PDF
Dobroruka, Vicente; Antonio Conselheiro o profeta do sertão; PDF
Facó, Rui; Cangaceiros e fanáticos – gênese e lutas; PDF
Galvão, Walnice N.; Viver e morrer em Belo Monte; Revista de História da Biblioteca Nacional; 1/12/2014; online

Nobre, Edianne S. – Alexandre, Jucieldo F.; Missão abreviada: práticas e lugares do bem morrer na literatura espiritual portuguesa da segunda metade do século XIX; Revista Brasileira de História das Religiões, ANPHU; Ano IV; Nº 10; maio 2011. PDF

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