OS
BRASILEIROS PRECISAM DE TEMPO PARA RESPIRAR
Prof
Eduardo Simões
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Nunca, na história recente, um povo esteve tão assoberbado por tantos e tão
graves acontecimentos, como os brasileiros nessas últimas semanas. Por essa
razão eu não entendo certos comentaristas políticos, alguns muito respeitáveis,
a meu ver, como Josias de Souza, da Rede Gazeta, a atribuir o esvaziamento das
últimas manifestações contra a corrupção, promovido pelos sacerdotes das redes
sociais, como uma vitória do “cinismo” sobre a justa “indignação”.
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É claro a todos nós, refiro-me aos que ainda não se venderam ao capital das
empreiteiras nem à gritaria suspeita dos radicais do momento, tanto os de
direita quanto os de esquerda, que a justiça deve caminhar até as últimas
consequências, igualando, pela primeira vez na história do Brasil, os ricos aos
pobres, pelo menos perante a lei, mesmo quando ela às vezes pareça andar a
passos de tartaruga quando se trata de punir aos primeiros, bem diferente de
quando pune e esquece aos segundos. Mas convenhamos: ainda não saímos do
choque. E por acaso não temos direito a isso?
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Há pouco mais de um ano expelimos, vomitamos, uma presidenta e seu grupo,
absolutamente indignos de confiança, e temos visto, lance a lance, a
desmoralização de todos aqueles que até pouco tempo eram, apesar de escassos,
símbolos de uma política que ainda conseguia se manter de pé e alternativas ao
descalabro criado. Mas agora, com o avanço das delações, nós ficamos sabendo
que não sobrou nada nem ninguém.
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Que fazer então? Mudar de novo de presidente? Para por quem no lugar? Rodrigo
Maia? Eunício Oliveira? Carmem Lúcia, sem nenhuma experiência política, só para
organizar a próxima eleição com resultados imprevisíveis, exceto o de que as
mentiras que lotaram os últimos pleitos parecerão verdades luminosas diante do
que pode ser dito pela boca de homens desesperados em não comparecer ante o
juiz Sergio Moro? Quem quer que fosse minimamente informado e sagaz o bastante
para não se comprometer com nenhum dos lados sabia que Michel Temer não era o
homem para “salvar” o Brasil, mas talvez capaz de juntar um mínimum minimorum
de gente, que impedisse o colapso completo e imediato da economia e conduzisse
o país, com um mínimo de condições, para as eleições de 2018. Hoje nós sabemos
que nem isso é possível.
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Perceber isso, e parar para pensar um pouco, torna o povo hipócrita? Esses
movimentos, como o MBL, por exemplo, que namora com propostas autoritárias e
antidemocráticas, como Escola Sem Partido, e, quiçá, com os candidatos representantes
do conservadorismo autoritário, que promovem essa iniciativa, como os
Bolsonaros, não justificam cautela em relação às suas convocações? O fato de sermos
contrários à Dilma, à Lula e ao PT de agora nos torna, automaticamente, adeptos
de Bolsonaro e até de um golpe militar? Espero sinceramente que não, que os brasileiros
não tomem outra vez esse caminho, assim como evitem os afagos populistas de
Lula, um homem que abriu mão de viajar na locomotiva no trem da história para
ir roer alfafa no último vagão de carga, por amor exagerado ao luxo, por uma
crença em sua onipotência pessoal.
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Precisamos respirar fundo, manter a calma, analisar sem açodamento os cenários
e os nomes que se colocam no cenário político nacional, e estarmos preparados
para tomar medidas drásticas, amargas, inclusive contra nossos próprios interesses,
pelo bem não de um Brasil abstrato, idealizado por marqueteiros de direita e de
esquerda, mas daquele Brasil que nós sonhamos nos belos dias de nossa juventude,
antes de nos deixarmos vencer pela infâmia coletiva e o entregarmos, de mãos
beijadas, a homens e mulheres indignas, mas que ainda nos sorri diariamente no
rosto das pessoas que nos amam, e nós também a elas.
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O único Brasil que realmente importa.
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