CAPITALISMO
INDOMÁVEL E PERENE - 1
Prof
Eduardo Simões
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Duas características básicas, tem demonstrado o sistema capitalista: ele é
absolutamente blindado contra qualquer forma controle global, todos os que
tentaram viram-se arrastados a um imenso desastre, sem falar que as perspectivas
minimamente realistas para a sua extinção ou superação por outro sistema, algum
dia, são nulas; e a causa disso se prende à sua origem e à natureza da própria espécie
humana. Relaxem, pois, marxistas!
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De fato, a necessidade de ampliar o seu espaço ou o seu kit de sobrevivência,
surgido de um entendimento originário na espécie humana de que todos morrerão
um dia, em especial aqueles que estiverem mais fragilizados, sempre guiou a humanidade
na sua luta por expandir o seu espaço ou o seu poder na natureza. É, portanto,
o medo da morte e de tudo aquilo que facilita a seu desfecho, como doença,
pobreza, isolamento, etc., que move os seres humanos em sua busca incansável
por mais riqueza e poder econômico, desde a mais remota pré-história.
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O conceito de economia está fortemente ligado ao de “avanço tecnológico”, que
por sinal “é a cara” do capitalismo, assim, no início da humanidade, quando os
homens vagavam pelas florestas na humilde condição de caçadores-coletores, caçando,
eventualmente, pequenos mamíferos, ou restos de caças de predadores maiores, não
se podia ainda falar em economia nem em capitalismo, pois o indivíduo pegava e
consumia apenas o necessário para a sua subsistência imediata; podia
eventualmente até se engalfinhar com algum membro de seu bando pela posse de
melhores pedaços: nesse caso não há cooperação, formação de excedente, nem a
consciência da importância do grupo na preservação do indivíduo.
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O avanço da tecnologia, com o uso de ferramentas de pedra, madeira ou osso cada
vez mais eficazes, porém, permitiu o aumento da eficácia do trabalho de cada um,
e de cada grupo em particular, deu mais tempo para cada um se dedicar a outras
tarefas que não fosse a caça e a coleta para a imediata satisfação de
necessidades alimentares, dando inclusive mais tempo para novas invenções e
aperfeiçoamento das ferramentas existentes; e assim se criaram não só os
excedentes como a diversificação de objetos capaz de gerar interesse não só nos
membros do grupo como de grupos alienígenas. Estavam criadas as condições para
o comércio.
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Realmente, se o caçador de um grupo, interagindo com membros de outro grupo,
descobre que um de deles possui um vistoso colar de dentes de javalis, uma habilidade
que os membros de seu grupo, do interessado, desconhecem, e sabe que o seu proprietário
está disposto a trocá-lo por uma grande quantidade de carne, pode se motivar a
fabricar uma ponta de flecha mais eficaz, capaz de penetrar a pele espessa de
grandes herbívoros, ou mesmo de um instrumento capaz de lançar um dardo a uma
distância segura, como um propulsor ou um arco. Seja como for, uma vez feita a
melhoria ou o invento, sendo o caçador bem-sucedido em pegar um animal de
grande porte, ele pode então trocar um tanto de sua caça por aquele precioso
colar, que tanta admiração já causara a outros membros de sua tribo ou bando,
aumentando o seu prestígio doméstico e os respectivos cuidados e deferências
que os outros passarão a ter em relação a ele. Nesse momento nasce a economia,
e com ela o capitalismo, que não é outra coisa senão que a busca da eficiência
do trabalho, graças principalmente ao sentido que socialistas marxistas e
pré-marxistas deram a esse termo, na segunda metade do século XIX – nem tudo,
entretanto, pode ter sido flores para o ativo caçador, pois em um determinado
grupo, mais dividido e de olho em questões de poder, o chefe, e seus parentes,
enciumados e ameaçados com aquela novidade, podem ter ordenado a execução do “inventor”,
que por sua vez, com a ajuda de amigos e parentes, pode ter reagido, dando
início a uma crise que destruirá o grupo, enquanto noutro grupo, pensando-se
mais nas vantagens que a nova invenção traria a todos, o inventor seria alçado
à categoria de chefe do grupo, em que pese a oposição do anterior, e todo o
grupo prosperaria.
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Pois é, quando socialistas, principalmente Marx e Engels, analisaram aquilo que
hoje é conhecido como sistema capitalista, não perceberam que na verdade
estavam olhando para um momento específico da evolução das forças produtiva, em
sua busca interminável por mais eficiência, apresentando em muitos casos
distorções e injustiças, não raro superdimensionadas na obras dos dois ideólogos,
enquanto subdimensionavam as virtudes do dito sistema, para não falar que não conheciam
nada do funcionamento técnico do sistema, e por isso definiram levianamente o
sistema capitalista, na verdade o conjunto das forças produtivas de seu tempo,
com as influências, historicamente condicionadas, que estas exerciam sobre a
sociedade de sua época, como um projeto maligno, de uma classe social maligna, absoluta
e irracionalmente voltada só para o lucro, e insensível a qualquer feedback da
realidade – as ações da burguesia, no conto de fadas marxista, estão em um
nível de complexidade muito inferior à dos animais na natureza, só um
extraterrestre ou um ser espiritual absolutamente maligno, talvez o diabo da doutrina
cristã, que Marx dizia combater, enquanto era por ela contaminado, agiriam da
forma como Marx e Engels previram que ela, a burguesia, agiria, e nessa
perspectiva, o fim do capitalismo e da classe que lhe deu origem, seriam
logicamente líquido e certo, quando não “científico”.
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A contorções explicativas e os acréscimos feitos à teoria, pelos aturdidos seguidores
de Marx, no sentido de criar um mínimo de relação entre a teoria e a realidade,
que evoluía de forma diametralmente oposta à rota traçada no Capital, mostram o caráter ilusório,
senão fantasioso de seus escritos, pois até aquilo que pode ser reputado como
positivo e meritório nele, como a importância da economia no estudo da
história, a necessidade de união e a defesa dos interesses da classe
trabalhadora, etc. já vinha sendo colocando antes dele tanto pelos chamados “utópicos”,
como pelos pensadores do movimento iluminista – a esse respeito um célebre
economista austríaco, Joseph Alois Schumpeter, discorre com minúcias em seu
monumental História da análise econômica” (continua)
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Os
instantâneos acima mostram a essência do capitalismo ou um aspecto historicamente
determinado da evolução das forças produtivas, passíveis de ser superadas no
futuro, inclusive pelo avanço do próprio capitalismo? A pergunta crucial que
Marx não se quis fazer, e comprometeu todo o seu exaustivo e equivocado
trabalho.
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