COMO
OS BRASILEIROS FORAM E SÃO ENGANADOS
Prof
Eduardo Simões
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É sabido que em nosso país a moda, após os anos que se seguiram ao domínio
militar, era ninguém contestar as “verdades reveladas” da esquerda, da mesma
forma que durante aquele período era proibido expressá-las. Entre os meios que divulgavam
essas verdades estavam algumas coleções sobre temas-chaves, lançadas no calor
da pregação missionária esquerdista, entre as quais se destacou a Primeiros Passos, da editora
Brasiliense, cujo preço acessível e o texto curto, embora nem sempre claro,
vendia como água nas livrarias, ajudando a disseminar a crença do acerto, da “cientificidade”
(ou seria sacralidade?), da teoria de Karl
Marx – dessa coleção, um dos livrinhos que fizeram mais sucesso foi O que é ideologia, de Marilena Chauí.
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Outra coleção apreciada era a Polêmica,
da editora Moderna, sem falar que nesse período começou uma enxurrada de livros
didáticos de conotação pesadamente esquerdista, cujo pontapé inicial mais
famoso foi a coleção História das
sociedades, em dois volumes, de Aquino, Jacques, Oscar e Denize, da Ao
Livro Técnico, de 1978. Que se tornaram manuais absolutos nos cursos de
licenciatura nas universidades, e até em alguns colégios, escorraçando os
manuais já consagrados de Borges Hermida, Armando Souto Maior, etc.
considerados ultrapassados, quando não reacionários. Será que existe alguma
relação entre essa mudança e o desinteresse crescente do estudante comum por
história, quando antes era uma das ciências mais queridas por todos?
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Por acaso, consegui numa biblioteca escolar pública novo acesso a esses livros
que tanto marcaram a minha formação profissional, onde pude rever antigas
profecias, que tentavam direcionar o pensamento das novas gerações, incautas e
ignorantes, não sem a conivência de antigas gerações de brasileiros, que nunca
mostraram grande apreço pela educação e a cultura, e esse é, a meu ver, um de
nossos maiores e mais antigos pecados, o principal responsável pelo atual
estado de coisas. Vejam o que encontrei!
__ No livro O
que é o capitalismo, 7ª impressão da 34ª edição (1ª edição em 1980) de
Afrânio Mendes Catani, professor universitário, o autor, referindo-se à
evolução do capitalismo mundial, diz essa “pérola”, na p 60 :
“A guisa de conclusão [após ter analisado
as inúmeras intervenções estatais, comuns nas chamadas economias mistas ou
Estados do Bem Estar Social, que despontaram na Europa Ocidental após a 2ª
Guerra]... é importante chamar a atenção
para o seguinte fato: numa fase da história em que se atinge tão alta
concentração de poder econômico como no caso do capitalismo monopolista [afinal
intervenção estatal só é boa quando os gestores são de fé marxista], a máquina do estado torna-se um instrumento
dos grupos monopolistas dominantes. O monopólio, visto implicar uma
concentração de poder dentro do sistema capitalista, resulta num controle
político muito mais forte e estreito sobre a sociedade e a política de governo.
Dessa maneira o Estado acaba por exprimir não exclusivamente os interesses do
conjunto da classe capitalista, mas os interesses dos grupos monopolistas
dominantes... favorecendo os interesses dos últimos, mesmo que à custa de
outros setores capitalistas”.
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Ou seja, a única alternativa para os países capitalistas, no início dos anos 80,
era evoluir para uma ditadura ou oligarquia de megaempresários, com a sociedade
dominada por grandes monopólios que sufocariam, cada um, o seu setor da
economia. É isso que vemos hoje? As empresas capitalistas estão quebrando em
grande número em virtude da ação monopolista de grandes conglomerados? Se isso
existe em algum setor, por exemplo a informática, que é ainda muito recente, o
mesmo não se pode dizer para os outros setores, que estão no mercado a mais
tempo, onde o mais comum é ver a alternância das empresas de topo, e mesmo na
informática começam a aparecer outros gigantes, que não existiam antes (Amazon,
Google, Facebook, etc.), sem falar das inúmeras que se extinguiram, explorando
todo potencial dessa área. Curioso é que essa “profecia” tão sombria ocultava
descaradamente o cruel monopólio estatal, que vigia e ainda vige nas economias
socialistas, e que trava o desenvolvimento das forças produtivas.
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Esgotado o estoque de tolices na análise do capitalismo mundial, o autor se
priva, ou nos poupa, de fazer projeções sobre a economia brasileira,
limitando-se a apontar o que estava ruim nos anos 80, afinal os governos da
ocasião eram todos de “direita”, e era fácil atirar pedras, quem ainda não
tinha produzido o colossal desastre de 2013-16.
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Outro livro é O capitalismo sua evolução,
sua lógica e sua dinâmica, 7ª edição, de 1987, pelo economista e guru
petista Paul Singer. Que assim “profetiza” sobre o futuro do capitalismo:
“Uma possível regulação interestatal
[referência a ação do FMI e outros órgãos econômicos mundiais, gestados pelo
capitalismo do Pós-Guerra] não supera as contradições
do capitalismo, mas as coloca em condições de serem manejadas com menos
irracionalidade... A consolidação de blocos interestatais... poderá ser o
principal resultado da crise do capitalismo contemporâneo. Nesse caso, a
multinacionalização do capital privado terá encontrado instâncias reguladoras,
capazes de limitar as suas tendências autodestrutivas... Pode-se imaginar
também que ela [a crise do capitalismo] desembocará num novo conflito mundial
ou então na instauração de um modo de produção superior. O socialismo” (p
65)
“A crescente influência dos trabalhadores
sobre os movimentos do capital produziria mudanças tecnológicas com o fim de
eliminar dos processos de trabalho as tarefas mais alienantes e embrutecedoras.
Criar-se-ia, desse modo, maior igualdade básica entre os participantes da
produção... Com isso lançar-se-iam as bases de uma sociedade muito mais
igualitária, na qual a prática da democracia em todos os níveis seria o corolário
natural da ausência de estruturas hierarquizantes” (p 86)
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A primeira coisa que salta aos olhos é a cegueira de Singer para a natureza da “regulação”
capitalista feita por órgãos “interestatais” (FMI, Banco Mundial, etc.), que é diametralmente
oposta àquela proposta pelo receituário socialista, pois as intervenções desses
órgãos foram, desde a sua fundação, sempre na direção de uma desregulamentação
das economias capitalistas, para facilitar a maior circulação de capitais e o
progresso geral de criação de riquezas, como se verificou posteriormente.
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Aquilo que os marxistas veem como irracionalidade é, na verdade, um extremo de
complexidade que, quando liberado de controles externos, funciona melhor que se
dirigido por um órgão central, uma vez que essa complexidade é fruto de “n”
agentes interagindo a todo momento, modificando de alguma maneira, em porções
microscópicas, a direção geral do sistema. Não há nenhum órgão de controle capaz
de medir o conjunto dessas interações e achar uma resultante capaz de encontrar
uma média “racional”, entre tantas forças reagentes ao mesmo tempo. O sistema
capitalista não é “irracional”, ele é antes “imprevisível”, em função da
diversidade, riqueza e complexidade das interações que se dão no seu seio; e se
os blocos interestatais dão certo – na verdade, dos citados por Singer (como o “bloco
soviético, bloco capitalista subdesenvolvido, bloco capitalista desenvolvido”),
apenas um deu certo: a Europa (bloco capitalista desenvolvido) – isso acontece por
motivo diverso do imaginado por Singer: não por maior controle dos agentes
econômicos, mas antes pelo controle das ações e do tamanho dos estados. Quem
não seguiu essa via quebrou ou está quebrando.
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A profecia seguinte é do mais tresloucado desvario: a possibilidade de o sistema
capitalista mergulhar o mundo em outra guerra! Isso é tanto mais bizarro porque
à época em que o livro foi escrito já acontecera o levante na Hungria (1956) e
a invasão da Tchecoslováquia (1968), os conflitos na fronteira sino-soviética
(1969), a invasão e ocupação do Camboja pelo Vietnã (1979), a invasão do Vietnã
pela China (1979), ou seja conflitos abertos, sangrentos, entre os mais
importantes estados socialistas, enquanto os países capitalistas avançados
permaneciam em paz, mas como o dogma diz que os belicosos, os odiosos, os criminosos,
eram os capitalistas...
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Aliás, se considerarmos, hoje, as mais preocupantes zonas de conflito do mundo
atual vemos que elas têm uma coisa em comum: a presença de países que são ou já
foram socialistas em passado recente: as intervenções da Rússia na Ucrânia e na
Síria, os experimentos nucleares da Coreia do Norte, a expansão da China no Mar
da China. Fora isso há a ação agressiva e temerária do Estado de Israel no
Oriente Médio, que, apesar de ser capitalista, possui singularidades tão marcantes
que é difícil qualifica-lo como um estado liberal e/ou moderno.
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Quanto à possibilidade de o socialismo conduzir as sociedades à prosperidade e
à igualdade, sirva-nos de prova os exemplos da história recente, que escancarou
para o mundo a miséria e a desigualdade nas experiências socialistas já havidas
no mundo. O que ficou acessível a todos foi a pobreza e a miséria, até chegar
ao caso extremo da Venezuela, o povo é levado a comer cães e gatos, e comprar
carne estraga nos mercados, enquanto o governante come, em restaurantes exclusivos,
o equivalente a 34 salários mínimos locais ou 102 quilos de carne.
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Ou seja: para onde Singer aponta não há capitalismo, nem lógica, nem dinâmica,
nem prosperidade, nem igualdade... mas socialismo há!
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O
que os socialistas não entendem, odeiam e querem controlar.
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