segunda-feira, 15 de outubro de 2018


O PORQUÊ DA PERFORMANCE DO PELADÃO SER MUITO INCONVENIENTE

Prof Eduardo Simões

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Não é natural? Não é apenas arte? Então por que as crianças riem tanto, numa reação típica de quem está sob intenso constrangimento, mas não tem liberdade para expor o seu desconforto? As meninas da esquerda se aproximam num aparente movimento de defesa mútua ou como a dizer: "você está vendo o que eu estou vendo?". A menina da direita está com o punho esquerdo cerrado, se afastando! Atrás, adultos aplaudem! Pobres crianças!

__ A primeira coisa a considerar é que a nudez, em si, nada tem de imoral ou inconveniente, pois é apenas a mostra dos resultados da evolução em nós, portanto nada há que temer da presença de crianças em populações indígenas ou, com mais ressalvas e cuidados, em colônia de nudismo. Duas coisas, porém, devem ser consideradas com muita atenção: o contexto social do fato e seus desdobramentos e as peculiaridades da fase infantil dos seres humanos.
__ O que deve ser considerado em primeiro lugar, portanto, qual o significado da nudez em nossa sociedade, que participa fortemente da formação de nossas crianças, quer os esquerdistas queiram ou não – nessas horas eles ignoram o determinismo ideológico de “São Marx”, justificado justamente por esse motivo, a influência social – definido por milênios de evolução, e que não pode ser banido, sem sérias consequências, de uma hora para outra.
__ A nudez, em primeiro lugar, é a condição indispensável para a nossa higiene pessoal mais profunda, e que pode ser perfeitamente praticada pela família em conjunto, nada de mais!, porém ela é também o prelúdio do ato procriador, o qual, em virtude das características físicas e psicológicas da criança, é completamente inadequado, imoral e criminoso, de onde o horror, a confusão e o nojo provocado em todos, principalmente nas vítimas, pelos atos de pedofilia. Fora isso, a nudez de um adulto num ambiente público é sinal de desordem mental, quando o adulto não consegue mais perceber convenções sociais.
__ A criança aprende, dia após dia, ao longo de seus verdes anos, a conveniência e a adequação de mostrar-se vestida para os outros, e esperar que os outros façam o mesmo, embora seja natural que até os 4 anos, mais ou menos, em função da cultura e das condições financeiras da família, que ela ande nua pela casa com a maior naturalidade, sem correr nenhum risco de agressão; pelo menos era assim nos meus tempos de garoto, quando tudo, inclusive as roupas, eram escassas ou caras e o Brasil, o país era mais “machista” e havia menos esquerdistas. Hoje nem bebês de colo estão protegidos de ataques sexuais.
__ A partir dos cinco anos as crianças já introjetaram os padrões de comportamento básicos da sociedade e reagem instantaneamente, afastando-se, fugindo ou rindo e apontando o dedo a um adulto que inesperadamente aparece nu, e num movimento cultural de defesa correm para pais, parentes e adultos conhecidos mais próximos. E essa atitude é extremamente necessária, para a aprendizagem de uma lição fundamental na fase seguinte, adolescência e puberdade: não importa se a pessoa ao meu lado é sexualmente muito atraente, eu devo respeitar o seu direito de não me achar atraente e a conveniência de me ligar mais intimamente com esta pessoa: ainda somos animais “racionais”, creio!
__ Para um adulto muito treinado nas convenções sociais é fácil perceber o momento de tirar a roupa para uma performance, num museu, e de usá-la em outros ambientes, mas assim não é com as crianças, que estão em processo de aprendizagem social, e a frequência continuada em eventos como esse só pode ter um significado: “não tenha receio, pois adultos nus, estranhos ou familiares, estão apenas querendo brincar!” Homens se comportando como crianças, porque estão embriagados, nus, banhando-se à beira de um lago ou rio, são ótimos companheiros de brincadeiras! O tio grudento, que inesperadamente aparece nu em seu quarto, está apenas querendo brincar.
__ Ao não cultivarmos e defendermos valores sociais adequados para cada fase da vida humana, estamos, mandando mensagens contraditórias para as crianças, cujo cérebro, até certa idade, só funciona na base do preto ou branco, pode ou não pode em termos absolutos, bem diferente dos adultos, dificultando a formação de barreiras psicológicas, estas sim, naturais, que permitam à criança sobreviver ao mundo dos adultos, que para elas, até certa idade não faz o menor sentido, principalmente num páis onde vemos crescer a cada ano o índice e a gravidade de ataques pedófilos, sem falar do número e precocidade de futuras mamães.
__ No passado, quando discutíamos política, tínhamos certeza que o respeito às crianças deteria as propostas mais ensandecidas da esquerda ascendente, hoje, com esta já decadente, não tenho tanta certeza...

Resposta à jornalista Rita Lisauskas

__ Em meio às celeumas provocadas pelo festival de agressão às crianças, patrocinadas pela performance no MAM, destaca-se um artigo da jornalista R. Lisauskas, que, eu peguei no site do Estadão, datado de 30/09/2017, a meu vez o retrato perfeito da distorção que a esquerda, em desespero, criou ao redor desse tema, fazendo aflorar o que há de pior nela, na esquerda... é claro.
__ A primeira coisa que chama a atenção é o título “A mãe que os reacionários exigem que eu seja”, pois destila uma virulência ímpar, ao lado de um ego fora de controle. Quem, alguma vez, disputando sobre essa malfadada performance, lembrou-se de citar Rita Lisauskas? Por que esse “eu”? Temo desapontá-la, mais devo dizer que nem tudo gira em torno de você, minha cara. Outra coisa que também chama a atenção é o termo “reacionários”, para que ninguém tenha dúvida que a autora é esquerdista, e que, portanto, tende a levar, compulsivamente, todas as coisas para o viés político. Será que um dia irão convocar uma assembleia para revogar a lei da gravidade?
__ A segunda parte do título também é “sensacional”: “e que eu não vou ser nunca, jamais, em tempo algum”. Quatro negações em uma única frase, dando a entender que Lisauskas ainda não conseguiu sair da primeira adolescência, quando as crianças, em geral, são tomadas por uma compulsão autoafirmativa, dizendo “não, não, não”, para tudo que os pais acham, e até a própria criança, razoável, mas esta não pode dar o braço a torcer. Noutro cenário seria uma forte manifestação de birra: “não quero, não quero, não quero”.
__ Mas não é só ao próprio ego que a articulista mostra apreço incomum; ao longo de um artigo de uns seis parágrafos, ela cita o órgão genital masculino, e outras expressões análogas, como “fálico”, “falocentrismo”, etc. pelo menos treze vezes. A frase “um pênis é apenas um pênis” é citada três vezes, uma vez isolada entre pontos, como que só para chamar a atenção! Até parece que a jornalista não acredita muito na frase que fecha a matéria: “um órgão [o falo] que é extremamente superestimado, precisava contar isso também para vocês”. Acho que não é tanto o caso de contar para os outros do que convencer-se a si mesma.
__ A jornalista também mistura coisas bem diferentes – o show de Anitta, a exposição do Queer Museum, a performance do pelado – mostrando aparentemente que não sabe classificar, ou seguindo a cartilha marxista clássica, põe tudo no mesmo saco: todo mundo que é dono de meio de produção é burguesia, logo é o inimigo, e de outra, quem não é proprietário dos meios de produção, é operário, logo é aliado. Não fica claro, aí, uma das causas do monumental fracasso da esquerda? São três coisas bem diferentes, que num momento apenas mexem e noutro agridem e violentam o direito das crianças de saberem e experimentarem as coisas, apenas no tempo em que já estão preparadas para saberem e experimentarem.
__ A jornalista vociferou apaixonadamente a sua ideologia e o seu conceito superficial de arte, mas em nenhum momento citou a natureza e as necessidade intrínsecas, naturais, das crianças, inclusive a sua, e nem mostrou interesse nisso, embora, pasmem, ela seja articulista da revista Crescer, da Editora Globo, dedicada aos cuidados e educação de crianças.
__ NOSSAS CRIANÇAS ESTÃO EM SERÍSSIMO PERIGO.     

https://emais.estadao.com.br/blogs/ser-mae/wp-content/uploads/sites/178/2017/09/James-Vaughn.jpg
Esse quadro, de James Vaughan, ilustra o artigo de Lisauskas, no site do Estadão, representa o modelo de mãe ideal dos anos 50 e 60, que Lisauskas disse que não será “jamais, nunca, em tempo algum”, mas que eu tive a sorte de ter. Maria Leda é a lembrança mais maravilhosa que eu guardo de minha infância e certamente, junto com a da família que criei, uma das mais maravilhosas que me acompanharão até o final, fazendo ter valido a pena o sofrimento que é viver neste mundo. Mãe 24 horas por dia, ela jamais colocou qualquer coisa desse mundo à frente do bem-estar de seus cinco filhos! Sofreu angústias, dores, incompreensão, certamente, mas onde é que se vive ou se trabalha sem sofrer isso? Como eu lamento, lamento, lamento, que muitas crianças deste país, e até do mundo, não tenham a mãe que eu tive, e por não ter a capacidade de amar como minha mãe me amou!

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