quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A ETERNA JORNADA DOS LOGRADOS

Prof Eduardo Simões

http://assets3.exame.abril.com.br/assets/images/2013/3/132498/size_960_16_9_A_presidente_Dilma_Rousseff_pede_um_minuto_de_sil%C3%AAncio_em_homenagem_ao_l%C3%ADder_venezuelano_Hugo_Ch%C3%A1vez.jpg
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__ De vitória em vitória, marchamos para o fundo do abismo...
__ O povo brasileiro, pelo menos aqueles que são defensores da justiça, do direito e das leis, foi logrado e derrotado, no último minuto da prorrogação do jogo decisivo, pelo erro grosseiro de um juiz suspeito, assessorado pelo rei dos escândalos no Senado Federal, eterno frequentador das páginas policiais, Renan Calheiros, simpatizante escancarado da presidenta destituída.
__ Numa jogada de última hora, a gente do PT apresentou um destaque, pretendendo fatiar um artigo da lei constitucional do impedimento, que previa a perda dos direitos do governante impedido, justamente para que ele, por força do poder econômico, da manipulação, e mesmo da brutal ignorância política de nossos eleitores, não voltasse na eleição seguinte para reorganizar a quadrilha órfã, só que bem mais calejado e prevenido. A volta de um corrupto contumaz a um cargo eletivo é sempre uma edição piorada da vez anterior.
__ Nessa manobra espúria e imoral, quer quebra a lógica e a unidade da lei, duas iniciativas chamam a atenção: o papel do Senador Randolfe Rodrigues, da REDE de Marina, cuja intervenção foi incisivamente elogiada pelo juiz do Supremo, e notório simpatizante do PT, Lewandowski, reafirmando a nossa antiga impressão de que, ignorando os interesses do povo brasileiro, Marina Silva, a franco-atiradora, e seu grupo, fazem o possível para que as coisas fiquem piores para o lado de Temer, ou de quem apontar para uma pacificação da sociedade brasileira, que não seja ela, para empurrar a uma eleição o quanto antes, onde ela imagina não ter rivais. E as necessidades prementes e imediatas da economia, como é que ficam? O país aguenta mais alguns meses de indefinição e reformas por fazer? Vamos esperar o poder federal ficar como o poder estadual no Rio de Janeiro?
__ O outro destaque do circo de horrores foi Renan Calheiros, com uma constituição na mão, a sacolejar, tentando dar à sua voz, sem ser convincente, um tom emocional, tão dúbio que o apoio que ele deu tanto a Dilma como aos que a impediram, fabricando uma falsa dicotomia: ou seguimos a lei ou seguimos a compaixão e a bondade tão arraigadas em nossos corações e em nossa cultura latina cristã...

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__ De fato, o cumprimento e o culto da lei, independente de quaisquer sentimentos, têm servido para criar as democracias mais antigas e sólidas do mundo, sem deixar de alguma forma de serem influenciadas, também, pelos conceitos cristãos de compaixão, de misericórdia, comuns à tradição ocidental, e que estão na base do conceito de “atenuantes”. Entretanto os autênticos cristãos não podem deixar enganar-se pela performance melodramática e manhosa da raposa à porta do galinheiro, mesmo porque o seu (o meu) mestre mandou que fôssemos pacíficos como as pombas, mas espertos e sagazes como as serpentes, sem falar da regra de ouro da misericórdia: só se deve dá-la a quem a pede. Qual é o atenuante de Dilma Rousseff, a mãe dos corruptos do Brasil? Esta não só não pediu misericórdia, como até o último instante conspurcou sobre seus acusadores, chamando-os de “golpistas”, e depois de receber a esmola, escarrou na mão que se lhe estendia, aumentando o tom das críticas e ameaças feitas a tudo e a todos, enquanto nas ruas da maior cidade do país, fanáticos petistas e os vândalos de sempre destruíam patrimônio público e privado, agrediam pessoas e mostravam o seu apreço às leis do Brasil (acima).
__ Cabe, pois, a única interpretação possível. Envolvido por escândalos até o pescoço, e além, o presidente do Senado, com o apoio do Presidente do Supremo, de Marina Silva e da bancada do PT, forjou uma aberração legal, que dificulta a vida, já nada fácil, do atual presidente, enquanto prepara, por exemplo, o retorno de Eduardo Cunha, se cassado este ano, em 2018, carregado nos braço do povo e muito mais escolado e ladino, para desviar ainda mais dinheiro dos cofres públicos e encurralar os governantes e a nação por meio de manobras e votações espúrias, à frente de um centrão turbinado, para não falar do próprio Renan Calheiros, também retornado nas mesmas condições... Essa manobra constituiu-se em um soco direto no rosto da lei da ficha limpa.
__ Compreendendo a gravidade do momento e com uma visão de poder mais lúcida, mas também oportunista (de que adianta a presidência de um país em frangalhos?), PSDB e DEM desistiram de entrar no STF, o que seria o fim do governo Temer, puxado pelo próprio PMDB (!), e o mergulho numa crise econômica de proporções bíblicas, mas não deixo de reconhecer e tirar o chapéu, surpreso (!), para o Senador Ronaldo Caiado, que, diante da manobra e de suas consequências, preferiu recusar-se a fazer parte da bancada da situação, colocando-se daqui para frente em posição de independência; uma pequena trinca, no momento, na base do governo Temer. Caiado foi coerente e também pensou longe: é preciso estancar a todo custo a corrupção no aparato estatal brasileiro. Talvez ele seja o único que tenha razão e que foi 100% coerente em toda essa história.
__ É pouco, em termos de representação política, mas muito, enquanto estímulo para criar um padrão elevado de comportamento moral no estrato político.
__ Companheiros: a luta continua!


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