A
ETERNA JORNADA DOS LOGRADOS
Prof
Eduardo Simões
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De vitória em vitória, marchamos para o fundo do abismo...
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O povo brasileiro, pelo menos aqueles que são defensores da justiça, do direito
e das leis, foi logrado e derrotado, no último minuto da prorrogação do jogo
decisivo, pelo erro grosseiro de um juiz suspeito, assessorado pelo rei dos
escândalos no Senado Federal, eterno frequentador das páginas policiais, Renan
Calheiros, simpatizante escancarado da presidenta destituída.
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Numa jogada de última hora, a gente do PT apresentou um destaque, pretendendo
fatiar um artigo da lei constitucional do impedimento, que previa a perda dos
direitos do governante impedido, justamente para que ele, por força do poder
econômico, da manipulação, e mesmo da brutal ignorância política de nossos
eleitores, não voltasse na eleição seguinte para reorganizar a quadrilha órfã,
só que bem mais calejado e prevenido. A volta de um corrupto contumaz a um
cargo eletivo é sempre uma edição piorada da vez anterior.
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Nessa manobra espúria e imoral, quer quebra a lógica e a unidade da lei, duas
iniciativas chamam a atenção: o papel do Senador Randolfe Rodrigues, da REDE de
Marina, cuja intervenção foi incisivamente elogiada pelo juiz do Supremo, e
notório simpatizante do PT, Lewandowski, reafirmando a nossa antiga impressão
de que, ignorando os interesses do povo brasileiro, Marina Silva, a franco-atiradora,
e seu grupo, fazem o possível para que as coisas fiquem piores para o lado de
Temer, ou de quem apontar para uma pacificação da sociedade brasileira, que não
seja ela, para empurrar a uma eleição o quanto antes, onde ela imagina não ter
rivais. E as necessidades prementes e imediatas da economia, como é que ficam?
O país aguenta mais alguns meses de indefinição e reformas por fazer? Vamos
esperar o poder federal ficar como o poder estadual no Rio de Janeiro?
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O outro destaque do circo de horrores foi Renan Calheiros, com uma constituição
na mão, a sacolejar, tentando dar à sua voz, sem ser convincente, um tom
emocional, tão dúbio que o apoio que ele deu tanto a Dilma como aos que a
impediram, fabricando uma falsa dicotomia: ou seguimos a lei ou seguimos a
compaixão e a bondade tão arraigadas em nossos corações e em nossa cultura
latina cristã...
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De fato, o cumprimento e o culto da lei, independente de quaisquer sentimentos,
têm servido para criar as democracias mais antigas e sólidas do mundo, sem
deixar de alguma forma de serem influenciadas, também, pelos conceitos cristãos
de compaixão, de misericórdia, comuns à tradição ocidental, e que estão na base
do conceito de “atenuantes”. Entretanto os autênticos cristãos não podem deixar
enganar-se pela performance melodramática e manhosa da raposa à porta do
galinheiro, mesmo porque o seu (o meu) mestre mandou que fôssemos pacíficos como
as pombas, mas espertos e sagazes como as serpentes, sem falar da regra de ouro
da misericórdia: só se deve dá-la a quem a pede. Qual é o atenuante de Dilma
Rousseff, a mãe dos corruptos do Brasil? Esta não só não pediu misericórdia, como
até o último instante conspurcou sobre seus acusadores, chamando-os de “golpistas”,
e depois de receber a esmola, escarrou na mão que se lhe estendia, aumentando o
tom das críticas e ameaças feitas a tudo e a todos, enquanto nas ruas da maior
cidade do país, fanáticos petistas e os vândalos de sempre destruíam patrimônio
público e privado, agrediam pessoas e mostravam o seu apreço às leis do Brasil
(acima).
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Cabe, pois, a única interpretação possível. Envolvido por escândalos até o
pescoço, e além, o presidente do Senado, com o apoio do Presidente do Supremo,
de Marina Silva e da bancada do PT, forjou uma aberração legal, que dificulta a
vida, já nada fácil, do atual presidente, enquanto prepara, por exemplo, o
retorno de Eduardo Cunha, se cassado este ano, em 2018, carregado nos braço do
povo e muito mais escolado e ladino, para desviar ainda mais dinheiro dos
cofres públicos e encurralar os governantes e a nação por meio de manobras e
votações espúrias, à frente de um centrão turbinado, para não falar do próprio
Renan Calheiros, também retornado nas mesmas condições... Essa manobra
constituiu-se em um soco direto no rosto da lei da ficha limpa.
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Compreendendo a gravidade do momento e com uma visão de poder mais lúcida, mas
também oportunista (de que adianta a presidência de um país em frangalhos?),
PSDB e DEM desistiram de entrar no STF, o que seria o fim do governo Temer, puxado
pelo próprio PMDB (!), e o mergulho numa crise econômica de proporções
bíblicas, mas não deixo de reconhecer e tirar o chapéu, surpreso (!), para o
Senador Ronaldo Caiado, que, diante da manobra e de suas consequências, preferiu
recusar-se a fazer parte da bancada da situação, colocando-se daqui para frente
em posição de independência; uma pequena trinca, no momento, na base do governo
Temer. Caiado foi coerente e também pensou longe: é preciso estancar a todo
custo a corrupção no aparato estatal brasileiro. Talvez ele seja o único que
tenha razão e que foi 100% coerente em toda essa história.
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É pouco, em termos de representação política, mas muito, enquanto estímulo para criar um padrão elevado de comportamento moral no estrato político.
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Companheiros: a luta continua!
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