terça-feira, 6 de setembro de 2016

DO PESADELO À ALUCINAÇÃO

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, EUA, Ucrânia, China, França, Marrocos, Portugal, Rússia. Deus os abençoe.

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__ Um golpe bizarro, imoral, extravagante, etc. foi dado contra a constituição e o povo brasileiro, por um dos políticos mais envolvidos em denúncias e escândalos no país, inclusive reincidente: Renan Calheiros, um Eduardo Cunha mais discreto, mais faminto, com mais poder e muito mais perigoso. Quem teme o Centrão da Câmara desconhece o Centrão do Senado.
__ A atitude de Calheiros foi um claro golpe contra a Constituição, o desejo de justiça e de paz interna no Brasil, de boa parte do povo, que só acontecerá com o respeito à lei, e contra o governo de seu partido, que se alevantava após o tombo de Dilma Rousseff, agravado pelo fato de que esta continuava a achincalhar todo o processo, do qual Calheiros era um dos principais promotores. O que há ralmente por trás disso, uma vez que, quem conhece sobre a vida pregressa de Calheiros jamais acreditará naquela conversa de “desumanidade”, por parte de quem está tão calejado em assaltar os cofres públicos e fugir à correta punição da justiça?
__ Calheiros joga para os dois lados ou tem o pé em dois barcos, disse um analista? Não, Calheiros joga só para si. Sabe que Temer precisa dele  e sabe que quanto mais Temer precisar dele, inclusive para apagar os focos de incêncido que ele próprio, Calheiros, criar, tanto melhor, mais garantido estará, dentro do bendito foro privilegiado. O melhor dos mundos, para Calheiros, seria desorganizar e até inviabilizar o governo Temer, para, da confusão, ele sair como uma espécie de “salvador”, homem do diálogo, a quem os dois lados devem favor, e vir à frente de um governo de união nacional, onde ele estaria quase que infinitamente blindado contra qualquer processo que se lhe mova. Esse, para mim, foi o objetivo do golpe Calheiros-Lewandowski.
__ Nas fímbrias do poder, a brilhante advogada Janaína Pascoal pede, angustiada, que os partido não entrem contra o golpe acima, ante a possibilidade de o Supremo anular tudo e fazer Dilma Rousseff voltar a ser o que quase era: presidenta do Brasil de novo, com o atual presidente transformado em “ex” numa das mais importantes assembleias de países do planeta. A gente se odeia! Mas calma Beti, calma, a luta não pode ser contra Dilma, enquanto pessoa, nem contra o PT, enquanto partido, mas contra uma política que levou o Brasil à bancarrota econômica, política e moral, à qual o PT se aferra como uma ostra, e quer agravar ainda mais com o seu socialismo jurássico.
__ Temer, de certa forma, percebeu isso e fez questão que aquele o acompanhasse na viagem à China, o que Calheiros deve ter aceito cheio de orgulho e vaidade, seu ponto fraco. É melhor tê-lo às vistas, que conspirando pelas costas, a milhares de quilômetros. Temer mostra que é matreiro, mas não é nada midiático, e isso pode ser um problema. Seus gestos são forçados, artificiais, quase ridículos. Não dá para saber se ele está batendo com raiva na mesa ou só tirando o pó. A sua função não é fácil, mas é clara e factível, preparar o Brasil para à próxima eleição direta, em 2018, conforme a Constituição, mas ele precisa sobreviver até lá, escapando das armadilhas que virão dos corruptos e dos gulosos do Congresso Nacional, Calheiros à frente, e do clamor das ruas, que se intensifica.

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Um presente inesperado... O que está escrito na mão de Lewandowski?

__ Por falar nas ruas, o que é que se passa nas ruas? É claro que aí está a massa dos apaniguados do PT e das organizações sindicais parasitas do aparelho de estado, sustentadas pelo imposto sindical, criadas pela fome de poder e do desejo de jogar para a plateia do PSDB de Mario Covas, que assumiu, na constituinte, a frente da resistência da esquerda ao avanço dos liberais, representado, no âmbito do trabalho pela proposta de liberdade sindical, contra os quais o PSDB votou, abraçando as propostas mais a esquerda, para ter seus deputados e senadores avaliados como nota dez pelo DIAP, e ser convidado expressamente pelo Lula para fazer parte da frente contra o Collor, a rejeição expressa do apoio do PMDB. Lembram? Hoje o PSDB é o partido mais encarniçadamente liberal do Brasil, mas foi o seu projeto de poder que trouxe o país para o caos de esquerda em que se encontra.
__  Mas há outra sorte de gente clamando algo nas ruas, e que parece estar engrossando a cada dia, até o governo Temer começar a presentar resultados plausíveis na economia, porque essa gente vive em função da imagem, não duvido que muitos participaram dos protestos iniciais contra Dilma, e de seu próprio estômago. Ao primeiro sinal de melhoria econômica eles correrão para o trono de seu apartamento, para viver asua eterna vida de gado... O que essa gente diz nas ruas é “não à constituição e à lei”, e “queremos um salvador da pátria”. Só que não há salvador da pátria escolhido por eleição do povo, ele simplesmente aparece e dá um golpe, que deixa a todos feliz, com razão ou sem, embora a herança do Salvador da Pátria seja sempre trágica, e seus excessos, assim como suas dívidas colossais com a história, são pagas pelos filhos e netos de seus admiradores. Num país onde ninguém se preocupa com as crianças... o salvador da pátria nasce de um estupro à lei, e os brasileiros já deveriam estar escolados quanto a isso.
__ E a Constituição, essa pobre Constituição, a sétima que já tivemos e que contávamos fosse ser a última... por um bom tempo, já é um cadáver insepulto, inútil e malcheiroso. Rasgada e conspurcada nos nobre salão do Senado Federal, e pisoteada como se fora uma barata ou um inseto mal quisto pelo vulgo, nas maltratadas ruas de nossas cidades. Quem se importa, sequer leu, e se leu como entendeu, seu texto prolixo, pomposo, versado num linguajar de jurista ou de advogado, o que já cheira suspeito pelo povo, onde aparecem até expressões em latim, embora chamada de cidadã não é entendida senão por expecialistas e mesmo assim já se encontra mais retalhada e remendada que a cantora Gretchen. Ninguém espera mais nada daquela que um dia foi chamada, pelo seu criador de constituição cidadã. O que não faz um pai coruja?

__ Seguimos pois na mesma batida, como quem nunca aprende a lição apesar dos muitos tombos e violências sofridas, mas é que nos conformamos pensando que o nosso vizinho, para nosso alívio, sofreu muito mais do que nós, e assim continuará no futuro. Precisamos amadurecer no respeito às leis. 

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