terça-feira, 6 de setembro de 2016

BATALHA DA FLORESTA DE TEUTOBURGO (9) E A FRAGILIDADE DO IMPÉRIO

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, EUA, França, Ucrânia. Alemanha, França, China, Holanda, Portugal, Rússia, Marrocos. Deus os abençoe.

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__ As campanhas de Cesar nas Gálias, na década de 50 a.C., garantiram a Roma o domínio de uma vasto território, que seria hoje o equivalente à moderna França, e um pouco mais. Entretanto, ao norte, numa região chamada pelos romanos de Germania Inferior, abria-se uma extensa fronteira que dividia os povos tribais das Gálias, cuja etnia era predominantemente celta, de outros povos também tribais de etnia diferente; os germânicos, situados mais a leste, em territórios da atual Alemanha. Acima duas fotos da floresta de Teutoburgo, que dão uma ideia do quanto ela era densa e misteriosa.

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__ Os germânicos (acima) tinham fama de serem turbulentos e aguerridos. Havia entre eles uma espécie de “culto da guerra” e do saque, mais ou menos como as tribos árabes nos desertos do Oriente Médio, de tal sorte que a razia, outro nome que se dá a um roubo coletivo e violento, algo como o nosso arrastão, só que muito mais violento, era uma de suas formas preferidas de afirmação da masculinidade, do caráter do homem germânico, e por isso viviam ultrapassando os limites naturais para atacar os povos celtas, mesmo após o estabelecimento da dominação romana – deixo bem claro que os celtas não eram menos aguerrido, mais pacíficos ou covardes que os germânicos, os relatos romanos deixam isso bem claro, mas não dá para negar que foram os germânicos quem venceram no final e dobraram, tanto celtas como romanos, e se impuseram nas áreas por esters dominadas. As causas disso fogem ao objetivo desse artigo.

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__ A provocação germânica na fronteira, pois, continuou como sempre, até que no ano de 16 a.C., transformou-se num grave aviso, quando um general romano, Marcos Lollio Paulino, foi derrotado fragorosamente por uma coligação de tribos germânicas, às margens do Reno, e a sua legião,  a V Alaudae, sofreu perdas acachapantes, inclusive de suas insígnias (uma grande vergonha!). Os romanos, ao que parece não leram corretamente o aviso e continuaram com a sua política de paulatina romanização das tribos germânicas fronteiriças, destacando para o comando das fronteira oficiais que tivessem um currículo mais político que miltar. A esse projeto deve-se a decisão de Augusto, no ano 9, de nomear para legado da província da Germania Magna, situada entre os rios Reno e Elba, conquistada recentemente pelo filho adotivo de Augusto, Tibério, a Publio Quintilio Varo, um homem mais afeito à política que às conquistas militares, embora tivesse um passado de general exitoso, na Síria. Acima uma reconstituição do rosto de Varo a partir de imagens em moedas.

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__ Nessa época os romanos já estavam de a muito fazendo contatos proveitosos com algumas tribos e clãs, inclusive adicionando elementos germânicos às suas tropas de fronteiras, entre os quais se contava Armínio, ou Herman, o jovem filho de Segimerio, um chefe de clã da tribo dos queruscos; Armínio, aos 22 anos, tivera um papel de destaque como chefe de tropas auxiliares no exército romano, na Grande Revolta Ilíria, no ano 6, o que lhe valeu não só a formação completa como soldado de Roma, assim como o título de cidadão romano. Entretanto, Armínio padecia, como muitos dos germânicos sob domínio de Roma, da saudade de velhos hábitos e costumes, inclusive o de assaltar impunemente os vizinhos celtas, que foram inviabilizados pela presença romana, não raro acompanhada de um antipático e poderoso sistema de cobrança de impostos.
__ Muito confiado, Varo achegou-se a Armínio e o colocou sob a sua proteção, afinal ele era um chefe prestigioso numa poderosa tribo germânica, e cidadão romano com boa lista de serviço prestados, dizem alguns autores que Varo inclusive o tomou como filho adotivo, e nele pôs toda confiança. Os autores divergem, mas alguns o apresentam tanto como um administrador capaz, mais propenso a métodos pacíficos e conciliadores enquanto outros preferem destaca-lo como um homem ganancioso, com fama de “esfolar”, por meio de impostos, as regiões e povos entregues a seus cuidados, sendo ainda escorado pelo fato de ser casado com Vipsania Marcela, a filha de Agripa, um dos mais íntimos amigos do imperador Otávio Augusto. A bem da verdade, pelo que se sabe do temperamento dos germânicos e do que se mostrou ser o temperamento de Armínio, isso não seria absolutamente necessário para deflagrar uma revolta entre eles. A simples presença dos romanos já seria uma provocação suficiente.

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__ No início de setembro, Varo, acompanhado de três legiões a XVII, XVII e XIX, com uns 15 mil homens, mais uns 5 mil de tropas auxiliares, além de milhares de civis (comerciantes, prostitutas, famílias inteiras, etc.), orientado por Armínio e batedores germânicos da confiança deste, embrenhou-se numa região de florestas particularmente densas e terreno acidentado, em regiões ainda pouco conhecidas, sob domínio dos cheruscos, dentro da Germania Magna, para certificar-se de notícias de uma provável rebelião em curso dos brúcteros, outra tribo germânica, delatada pelo próprio Armínio.
__ Contra essa versão levantrou-se um chefe cherusco, de nome Segeste, aliado de Roma, que insistentemente alertou a Varo da conspiração de Armínio, mas aquele não lhe deu o menor crédito, chegando a repreendendê-lo, visto que, em sua desconfiança, criava tensões desnecessárias com o jovem chefe cherusco. Em certo momento do trajeto Armínio, pretextando arregimentar mais gente, pede e obtém licença para se retirar com a sua guarda. Ele aproveita e, junto com outros rebelados, destrói as guarnições romanas próximas que poderiam dar algum apoio a Varo, após o início dos combates, isolando-o. Tudo fora meticulosamente planejado.

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__ Enquanto isso a coluna de Varo continuava se embrenhando em terras desconhecidas, levada por batedores infiéis, numa área de densa floresta. Sobrecarregados os legionários se esgotavam para superar aquele terreno, cheio de pedras, buracos e árvores caídas, sem falar no deslocamento dos carroções repletos de mercadoria e gente. A quantidade de pessoas e veículos fazia sua coluna se estender em fila por mais de 3,5 quilômetros, em uma trilha apertada, dificultando ainda mais uma defesa eficiente em caso de ataque. Nenhuma medida especial de distribuição das tropas, para a proteção da coluna, foi tomada, como se aquilo não passasse de uma parada militar. Junto com Armínio, esperando eles, haveria entre 20 e 25 mil guerreiros de uma confederação de povos liderada pelos cheruscos, entre os quais se encontravam: sicambros, usípios, marsos, camavos, catos e angrivaros (talvez a forma latina de “anglos”, os conquistadores da Grã-Bretanha).

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__ À frente, o terreno só piorava, ficando cada vez mais estreito e íngreme, cheio de elevações e árvores, sobre as quais os germânicos os observavam, só esperando o momento do ataque, e para ampliar as dificuldades na coluna começou a chover copiosamente. Os legionários mal conseguem manter-se em pé com seu equipamento pesado, esquanto os germâncios, mais leves,  se deslocavam com rapidez, envolvendo a coluna, fechando as rotas de fuga. Em meio a todas essas dificuldades, os romanos se veem diante de outra mais inesperada e mortal: o ataque generalizado e brutal dos germâncios na sua retaguarda

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__  Tudo começou na manhã do dia 8 de setembro, com uma cerrada chuva de dardos e pedras vindas das encostas arborizadas aoi lado da estrada por onde passava a coluna, abatendo a muitos, seguido de um ataque generalizado de guerreiros, lançando gritos aterradores a plenos pulmões, matando ou abatendo a todos que encontravam ainda vivos pela frente. Os legionários tentam se agrupar e oferecer um simulacro de defesa organizada, e até, se possível, um contra-ataque, mas são estorvados pelas carroças e número elevado de civis, que, em pânico, correm em todas as direções. É cada um por si ou lutando em pequenos grupos, que são rapidamente massacrados. Entretanto a disciplina e a eficiência do treinamento do soldado romano se impõem momentaneamente, e eles conseguem evitar o desastre completo já no primeiro dia.

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__ Marchando para frente, o único caminho ainda aberto para eles, os romanos, ainda sob o comando de Varo, tentam se reagrupar da melhor forma possível na única área de clareira encontrada, embora pequena demais para isso. Percebendo o estorvo que eram e não querendo deixar mantimentos e mercadorias para o inimigo, além de usar da fumaça para iludi-los, os romanso põem fogo nos carroções de bagagens, enquanto lutam e sofrem mais perdas. O objetivo agora era alcançar, numa penosa retirada, a fortaleza legionária de Castra Vetera (atual Xanten), às margens do Reno, onde estariam protegidos. Mas a verdade é que eles não sabiam bem para onde iam. Os romanos ainda tentam um ataque contra uma paliçada construída pelos germânicos no flanco esquerdo da coluna, de onde atiram impunemente contra a coluna, mas não conseguem superar a eficiência da barreira, criada segundo os padrões romanos, nem a garra dos defensores (acima).

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__ Os romanos embrenharam-se então numa interminável e muito densa zona de bosque, enquanto o ataque dos germânicos aumentava fortemente de intensidade, causando mais perdas ainda, no intuito de não permitir aos romanos chegar muito inteiros a um campo aberto, onde a superioridade de sua infantaria acabaria por prevalecer. No espaço limitado dos bosques eles tentavam, em vão cerrar fileiras, mas era cercados e isolados em grupos, massacrados um a um. Ao terminar o dia, as baixas romanas atingiam números assustadores. O alto-comando percebe então que tudo estava perdido.
__ No terceiro dia a sorte dos romanos foi definitivamente decidida por uma chuva de uma intensidade incomum que, abatendo-se sobre o campo de batalha, inviabilizou toda tentativa dos romanos em dar um mínimo de organização à sua linha defensiva; o jeito é avançar como puder em meio aos ataques contínuos vindos da floresta. Para piorar as coisas, estrondo da batalha, espalhando-se pelas regiões limítrofes, chamou a atenção de gente de outras tribos próximas, que, ante a expectativa de saque, do massacre do estrangeiro orgulhoso e da glória de participar daquele evento, vieram engrossar as hostes dos atacantes enquanto as dos romanos só definhavam. Vendo a situação perdida, o alto-comando legionário, Varo entre eles, decidiu cometer suicídio coletivo, para evitar ser aprisionado vivo e vir a sofrer uma morte tão ignominiosa quanto dolorosa num sacrifício humano em honra aos deuses “bárbaros”. Utilizaram-se do método tradicional: atirar-se contra a própria espada

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__ À notícia desse acontecimento cessou, no campo romano, qualquer tentativa de opor alguma resistência organizada, e houve a uma debandada geral, onde pequenos grupos de soldados, enfurnando-se na mata, esperavam salvar a sua própria vida. Alguns tomaram o rumo do norte, propositalmente menos guarnecido pelos germânicos, indo parar num grande pântano, algo já previsto por Arminio, facilitando as expedições de busca, apreensão de prisioneiros pelos seus, ainda no quarto dia após o início dos combates. A respeito disso, relata um autor latino (Publio Anio Floro): “... Nada foi mais cruel que os massacres no pântano e na floresta. A alguns soldados romanos se lhe vazou os olhos, a outros se cortou as mãos, uns tiveram a boca costurada depois de se lhes arrancar a língua...” (traduzido da wikipedia me italiano Battaglia della foresta di Teutoburgo). Ante a visão desses atos por parte dos germânicos, alguns soldados romanos preferiram dar-se à morte, cometendo suicídio.

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__ Aos prisioneiros, que não devem ter sido muitos, deu-se um destino variado: a maioria provavelmente os soldados ou homens sãos, foram oferecidos em sacrifícios aos deuses, outros foram libertados ou trocados por um resgate, enquanto outros foram trocados por prisioneiros germânicos nas mãos dos romanos. Mais tarde, uma expedição romana recorreu à informação destes para achar o local exato da batalha e dar sepultamento adequado aos seus que tombaram.
__ O corpo de Varo foi esquartejado e quase todo carbonizado, enquanto a sua cabeça foi guardada por seu filho adotivo, Armínio, para fins políticos.

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O rescaldo
__ Na Gália, ao saber do ocorrido em Teutoburgo, um sobrinho de Varo, Lucio Asprenate, imediatamente deslocou suas duas legiões, a I Germanica e a V Alaudae, para a fronteira, junto a Castra Vetera, para conter uma possível invasão germânica, que, afinal, não aconteceu, além de proteger os poucos sobreviventes que conseguiram fugir. Posteriormente ele foi acusado pelo historiador Veleio Paterculo, de ter aproveitado a ocasião para saquear os bens, deixados para trás, dos oficiais mortos na batalha.
__ Nesse momento ocorre também a defesa excepcional do campo de Aliso (atual Haltern am See), pelo prefeito Lucio Cedicio e alguns soldados, que conseguiram aguentar o cerco de forças germânicas bem superiores em número, mas inaptas na condição de um cerco contra uma guarnição bem disposta, e, depois de sofrerem pesadas baixas pela ação dos arqueiros, se retiraram, ao saber da chegada de reforços a Castra Vetera, não sem antes terem arrasado todos os fortins e pontos de apoio entre o Reno e o Elba.
__ A notícia do desastre alcançou ao velho “imperador”, na verdade “príncipe”, Otaviano Augusto de uma forma inesperada e num momento ruim, fragilizado pela idade provecta, 72 anos, envolvido em confusas manobras de parentes e gente próxima, ansiosos por seu testamento e pela sua sucessão, como aves de rapina a voltear sobre a presa. Augusto, a muito, fizera propósito para legar ao seu sucessor um império grande e pacificado, para não dizer uma Roma refundada, baseada em suas raízes e valores tradicionais, e agora chegava aquele notícia que só podia significar o começo de de mais uma guerra onerosa e de grandes proporções, guerra que ele não quis, mas que o império, por sua própria natureza, provocara.
__ Uma legião era uma obra-prima caríssima, mesmo para os padrões de roma, do adestramento e da tecnologia militar antiga, a sua formação e a sua manutenção envolvia uma logística impressionante, portanto, perder três de uma vez, de forma tão banal, tão estúpida, foi demais para ele. Dizem os historiadores da época que ele, ao receber a notícia, ele rasgou as vestes, e pos-se a especular, desesperado, sobre a perda das Gálias e um possível ataque germânico a Roma – que aconteceria de fato quatrocentos anos depois – além de deixar por um bom tempo o cabelo e a barba crescerem, em sinal de luto e desolação. Às vezes a memória da notícia vinha-lhe ao consciente e ele punha-se a bater com a cabeça numa porta a clamar o estribilho: “Varo, Varo, devolve-me as minhas legiões!”. Outra medida que ele tomou foi afastar de Roma todos os elementos germânicos das tropas locais – os romanos admiravam o valor combativo deles. Algumas unidades foram mandadas para ilhas distantes, numa espécie de exílio branco, enquanto outras foram desarmadas e seus soldados expulsos da cidade.
__ Para reforçar a fronteira norte das Gálias, a Germania Inferior, foram tomadas medidas excepcionais, uma vez que o deslocamento de várias legiões, devidamente apetrechadas, levava tempo. Muitos escravos e libertos de ricos proprietários locais, além de veteranos reformados, foram imediatamente convocados, treinados, e, precariamente armados, enviados para os postos avançados, para dar a impressão de forças poderosas e desanimar os germânicos de um possível ataque em massa ao Ocidente.
__ Chegado às pressas de Roma, aonde fora descansar e aproveitar dos êxitos da dura campanha na Ilíria, o general Tibério César, rapidamente restituiu, com mão de ferro e diosciplina brutal, o ânimo periclitante dos soldados, impôs um comando duro, unificado e coeso, e, agindo sempre com muita prudência e desconfiança em relação aos informantes locais, conseguiu estabelecer uma base de operações sólidas, de onde partiu para conseguir várias pequenas vitórias sobre grupos rebelados, dissuadindo a outros de seguir pelo mesmo caminho. Constituiu uma força defensiva fluvial e terrestre, e numa ação conjunta dissuadiu as intenções bélicas dos alobrogos.

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__ Após a vitória estrondosa, Armínio virou uma espécie de herói lendário, saudado com euforia entre os germânicos (acima), e o jovem general, com apenas 25 anos, começou a imaginar voos mais altos, como unir os povos germânicos numa poderosa confederação, quiçá formando um estado à semelhança do que ele experimentara enquanto fora soldado de Roma,  e enfrentar o império de igual para igual. Nessa perspectiva ele foi procurar o rei de uma das mais poderosas tribos germânicas, Maroboduo, dos marcomanos, para propor uma aliança contra o inimigo comum, entregando-lhe como sinal de amizade e deferência, a cabeça de Varo. Marobuduo pensou melhor e preferiu preservar a aliança com os romanos, mantendo a sua neutralidade, além de lhes remeter o estranho presente para que aqueles lhe dessem um sepultamento condizente.

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De Johannes Gehrts - http://www.lippische-wochenschau.de, Dominio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6381855

__ Faltava ainda a Armínio acertar as contras com Segeste, que, apesar de ser parente próximo, era o líder dos cheruscos pró-romanos – ele também não conseguiu trazer para o seu lado um de seus irmãos, que lutou pelos romanos –  e aquele o fez raptando e unindo-se a uma de suas filhas, Thusnelda (acima), prometida a outro pelo pai, numa grande afronta a este. Mas o que Segeste podia fazer, uma vez que a fama de Armínio entre os seus era enorme e quem ousaria desafia-lo naquele momento? Era o seu momento de glória, e cumpria aproveitá-lo bem, antes que viesse o reverso da fortuna, como quase sempre acontece nas carreiras meteóricas...

O local da batalha

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Di Grugerio - Opera propria, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34063445

__ No início do século XVIII, um teólogo e estudioso e alemão, chamado Zacharias Goeze, chamou a atenção para algumas moedas romanas encontradas na localidade de Kalkriese, perto da cidade de Bamscher, no estado da Baixa Saxônia, aventando a possibilidade de elas estarem ligadsa á batalha de Teutoburgo, a 135 km a nordeste da antiga fronteira romana do Reno. O historiador alemão Theordor Mommsen, especialista em civilização romana, também sustentou essa hipótese, em 1885, porém, foi necessário esperar cem anos até que pesquisas cinetíficas rigorosas e uma sequência de achados arqueológicos notáveis confirmasse que foi realmente ali que se deu a famosa batalha. Acima um monumento na colina mais alta de Kalkriese.

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__  Em Kalkriese, hoje, existe um museu dedicado à batalha, abastecido pelos artefatos descobertos na região, em número até agora de uns 3.100, constantes de moedas, pontas de lanças, mascaras de desfile e combate usadas pela cavalaria (acima), trincheiras repletas de ossos humanos e de mulas usadas para o transporte das bagagens, etc., que promete ainda crescer muito, pois os achados continuam aflorando de sítios arqueológicos. Vemos abaixo um monumento comemorativo dos 2 mil anos da batalha, marcado com a presença de cores e mensagens dos 27 estados membros da União Europeia. Que sinal fantástico!

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Di Corradox - Opera propria, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7465062

__ O local da batalha tornou-se um local de encontro...

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