BATALHA DA FLORESTA DE TEUTOBURGO (9) E A FRAGILIDADE DO IMPÉRIO
Prof Eduardo Simões
Obrigado aos amigos de Brasil, EUA, França, Ucrânia. Alemanha, França, China, Holanda, Portugal, Rússia, Marrocos. Deus os abençoe.
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__ As campanhas de Cesar nas Gálias, na
década de 50 a.C., garantiram a Roma o domínio de uma vasto território, que
seria hoje o equivalente à moderna França, e um pouco mais. Entretanto, ao
norte, numa região chamada pelos romanos de Germania Inferior, abria-se uma
extensa fronteira que dividia os povos tribais das Gálias, cuja etnia era predominantemente
celta, de outros povos também tribais de etnia diferente; os germânicos,
situados mais a leste, em territórios da atual Alemanha. Acima duas fotos da
floresta de Teutoburgo, que dão uma ideia do quanto ela era densa e
misteriosa.
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__ Os germânicos (acima) tinham fama de
serem turbulentos e aguerridos. Havia entre eles uma espécie de “culto da
guerra” e do saque, mais ou menos como as tribos árabes nos desertos do Oriente
Médio, de tal sorte que a razia, outro nome que se dá a um roubo coletivo e
violento, algo como o nosso arrastão, só que muito mais violento, era uma de
suas formas preferidas de afirmação da masculinidade, do caráter do homem
germânico, e por isso viviam ultrapassando os limites naturais para atacar os
povos celtas, mesmo após o estabelecimento da dominação romana – deixo bem
claro que os celtas não eram menos aguerrido, mais pacíficos ou covardes que os
germânicos, os relatos romanos deixam isso bem claro, mas não dá para negar que
foram os germânicos quem venceram no final e dobraram, tanto celtas como
romanos, e se impuseram nas áreas por esters dominadas. As causas disso fogem
ao objetivo desse artigo.
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__ A provocação germânica na fronteira,
pois, continuou como sempre, até que no ano de 16 a.C., transformou-se num
grave aviso, quando um general romano, Marcos Lollio Paulino, foi derrotado
fragorosamente por uma coligação de tribos germânicas, às margens do Reno, e a
sua legião, a V Alaudae, sofreu perdas
acachapantes, inclusive de suas insígnias (uma grande vergonha!). Os romanos,
ao que parece não leram corretamente o aviso e continuaram com a sua política
de paulatina romanização das tribos germânicas fronteiriças, destacando para o
comando das fronteira oficiais que tivessem um currículo mais político que
miltar. A esse projeto deve-se a decisão de Augusto, no ano 9, de nomear para legado
da província da Germania Magna, situada entre os rios Reno e Elba, conquistada recentemente
pelo filho adotivo de Augusto, Tibério, a Publio Quintilio Varo, um homem mais
afeito à política que às conquistas militares, embora tivesse um passado de
general exitoso, na Síria. Acima uma reconstituição do rosto de Varo a partir
de imagens em moedas.
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__ Nessa época os romanos já estavam de a
muito fazendo contatos proveitosos com algumas tribos e clãs, inclusive adicionando
elementos germânicos às suas tropas de fronteiras, entre os quais se contava
Armínio, ou Herman, o jovem filho de Segimerio, um
chefe de clã da tribo dos queruscos; Armínio, aos 22 anos, tivera um papel de destaque
como chefe de tropas auxiliares no exército romano, na Grande Revolta Ilíria,
no ano 6, o que lhe valeu não só a formação completa como soldado de Roma,
assim como o título de cidadão romano. Entretanto, Armínio padecia, como muitos
dos germânicos sob domínio de Roma, da saudade de velhos hábitos e costumes,
inclusive o de assaltar impunemente os vizinhos celtas, que foram
inviabilizados pela presença romana, não raro acompanhada de um antipático e
poderoso sistema de cobrança de impostos.
__ Muito confiado, Varo achegou-se a
Armínio e o colocou sob a sua proteção, afinal ele era um chefe prestigioso
numa poderosa tribo germânica, e cidadão romano com boa lista de serviço
prestados, dizem alguns autores que Varo inclusive o tomou como filho adotivo,
e nele pôs toda confiança. Os autores divergem, mas alguns o apresentam tanto
como um administrador capaz, mais propenso a métodos pacíficos e conciliadores
enquanto outros preferem destaca-lo como um homem ganancioso, com fama de “esfolar”,
por meio de impostos, as regiões e povos entregues a seus cuidados, sendo ainda
escorado pelo fato de ser casado com Vipsania Marcela, a filha de Agripa, um
dos mais íntimos amigos do imperador Otávio Augusto. A bem da verdade, pelo que
se sabe do temperamento dos germânicos e do que se mostrou ser o temperamento
de Armínio, isso não seria absolutamente necessário para deflagrar uma revolta
entre eles. A simples presença dos romanos já seria uma provocação suficiente.
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__ No início de setembro, Varo, acompanhado
de três legiões a XVII, XVII e XIX, com uns 15 mil homens, mais uns 5 mil de
tropas auxiliares, além de milhares de civis (comerciantes, prostitutas,
famílias inteiras, etc.), orientado por Armínio e batedores germânicos da
confiança deste, embrenhou-se numa região de florestas particularmente densas e
terreno acidentado, em regiões ainda pouco conhecidas, sob domínio dos
cheruscos, dentro da Germania Magna, para certificar-se de notícias de uma
provável rebelião em curso dos brúcteros, outra tribo germânica, delatada pelo
próprio Armínio.
__ Contra essa versão levantrou-se um chefe
cherusco, de nome Segeste, aliado de Roma, que insistentemente alertou a Varo
da conspiração de Armínio, mas aquele não lhe deu o menor crédito, chegando a
repreendendê-lo, visto que, em sua desconfiança, criava tensões desnecessárias
com o jovem chefe cherusco. Em certo momento do trajeto Armínio, pretextando
arregimentar mais gente, pede e obtém licença para se retirar com a sua guarda.
Ele aproveita e, junto com outros rebelados, destrói as guarnições romanas
próximas que poderiam dar algum apoio a Varo, após o início dos combates,
isolando-o. Tudo fora meticulosamente planejado.
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__ Enquanto isso a coluna de Varo
continuava se embrenhando em terras desconhecidas, levada por batedores
infiéis, numa área de densa floresta. Sobrecarregados os legionários se esgotavam
para superar aquele terreno, cheio de pedras, buracos e árvores caídas, sem
falar no deslocamento dos carroções repletos de mercadoria e gente. A
quantidade de pessoas e veículos fazia sua coluna se estender em fila por mais
de 3,5 quilômetros, em uma trilha apertada, dificultando ainda mais uma defesa
eficiente em caso de ataque. Nenhuma medida especial de distribuição das
tropas, para a proteção da coluna, foi tomada, como se aquilo não passasse de
uma parada militar. Junto com Armínio, esperando eles, haveria entre 20 e 25
mil guerreiros de uma confederação de povos liderada pelos cheruscos, entre os
quais se encontravam: sicambros, usípios, marsos, camavos, catos e angrivaros
(talvez a forma latina de “anglos”, os conquistadores da Grã-Bretanha).
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__ À frente, o terreno só piorava, ficando
cada vez mais estreito e íngreme, cheio de elevações e árvores, sobre as quais
os germânicos os observavam, só esperando o momento do ataque, e para ampliar as
dificuldades na coluna começou a chover copiosamente. Os legionários mal
conseguem manter-se em pé com seu equipamento pesado, esquanto os germâncios, mais
leves, se deslocavam com rapidez, envolvendo
a coluna, fechando as rotas de fuga. Em meio a todas essas dificuldades, os
romanos se veem diante de outra mais inesperada e mortal: o ataque generalizado
e brutal dos germâncios na sua retaguarda
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__ Tudo
começou na manhã do dia 8 de setembro, com uma cerrada chuva de dardos e pedras
vindas das encostas arborizadas aoi lado da estrada por onde passava a coluna,
abatendo a muitos, seguido de um ataque generalizado de guerreiros, lançando
gritos aterradores a plenos pulmões, matando ou abatendo a todos que
encontravam ainda vivos pela frente. Os legionários tentam se agrupar e
oferecer um simulacro de defesa organizada, e até, se possível, um contra-ataque, mas são estorvados pelas carroças e número elevado de civis,
que, em pânico, correm em todas as direções. É cada um por si ou lutando em
pequenos grupos, que são rapidamente massacrados. Entretanto a disciplina e a
eficiência do treinamento do soldado romano se impõem momentaneamente, e eles
conseguem evitar o desastre completo já no primeiro dia.
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__ Marchando para frente, o único caminho ainda
aberto para eles, os romanos, ainda sob o comando de Varo, tentam se reagrupar
da melhor forma possível na única área de clareira encontrada, embora pequena
demais para isso. Percebendo o estorvo que eram e não querendo deixar
mantimentos e mercadorias para o inimigo, além de usar da fumaça para iludi-los,
os romanso põem fogo nos carroções de bagagens, enquanto lutam e sofrem mais
perdas. O objetivo agora era alcançar, numa penosa retirada, a fortaleza
legionária de Castra Vetera (atual Xanten), às margens do Reno, onde estariam
protegidos. Mas a verdade é que eles não sabiam bem para onde iam. Os romanos ainda
tentam um ataque contra uma paliçada construída pelos germânicos no flanco
esquerdo da coluna, de onde atiram impunemente contra a coluna, mas não
conseguem superar a eficiência da barreira, criada segundo os padrões romanos,
nem a garra dos defensores (acima).
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__ Os romanos embrenharam-se então numa interminável
e muito densa zona de bosque, enquanto o ataque dos germânicos aumentava
fortemente de intensidade, causando mais perdas ainda, no intuito de não
permitir aos romanos chegar muito inteiros a um campo aberto, onde a
superioridade de sua infantaria acabaria por prevalecer. No espaço limitado dos
bosques eles tentavam, em vão cerrar fileiras, mas era cercados e isolados em
grupos, massacrados um a um. Ao terminar o dia, as baixas romanas atingiam
números assustadores. O alto-comando percebe então que tudo estava perdido.
__ No terceiro dia a sorte dos romanos foi
definitivamente decidida por uma chuva de uma intensidade incomum que,
abatendo-se sobre o campo de batalha, inviabilizou toda tentativa dos romanos
em dar um mínimo de organização à sua linha defensiva; o jeito é avançar como
puder em meio aos ataques contínuos vindos da floresta. Para piorar as coisas,
estrondo da batalha, espalhando-se pelas regiões limítrofes, chamou a atenção
de gente de outras tribos próximas, que, ante a expectativa de saque, do
massacre do estrangeiro orgulhoso e da glória de participar daquele evento,
vieram engrossar as hostes dos atacantes enquanto as dos romanos só definhavam.
Vendo a situação perdida, o alto-comando legionário, Varo entre eles, decidiu
cometer suicídio coletivo, para evitar ser aprisionado vivo e vir a sofrer uma
morte tão ignominiosa quanto dolorosa num sacrifício humano em honra aos deuses
“bárbaros”. Utilizaram-se do método tradicional: atirar-se contra a própria espada
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__ À notícia desse acontecimento cessou, no
campo romano, qualquer tentativa de opor alguma resistência organizada, e houve
a uma debandada geral, onde pequenos grupos de soldados, enfurnando-se na mata,
esperavam salvar a sua própria vida. Alguns tomaram o rumo do norte, propositalmente
menos guarnecido pelos germânicos, indo parar num grande pântano, algo já previsto
por Arminio, facilitando as expedições de busca, apreensão de prisioneiros
pelos seus, ainda no quarto dia após o início dos combates. A respeito disso,
relata um autor latino (Publio Anio Floro): “... Nada foi mais cruel que os
massacres no pântano e na floresta. A alguns soldados romanos se lhe vazou os
olhos, a outros se cortou as mãos, uns tiveram a boca costurada depois de se
lhes arrancar a língua...” (traduzido da wikipedia me italiano Battaglia della foresta di Teutoburgo).
Ante a visão desses atos por parte dos germânicos, alguns soldados romanos
preferiram dar-se à morte, cometendo suicídio.
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__ Aos prisioneiros, que não devem ter sido
muitos, deu-se um destino variado: a maioria provavelmente os soldados ou
homens sãos, foram oferecidos em sacrifícios aos deuses, outros foram
libertados ou trocados por um resgate, enquanto outros foram trocados por
prisioneiros germânicos nas mãos dos romanos. Mais tarde, uma expedição romana
recorreu à informação destes para achar o local exato da batalha e dar
sepultamento adequado aos seus que tombaram.
__ O corpo de Varo foi esquartejado e quase
todo carbonizado, enquanto a sua cabeça foi guardada por seu filho adotivo,
Armínio, para fins políticos.
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O
rescaldo
__ Na Gália, ao saber do ocorrido em
Teutoburgo, um sobrinho de Varo, Lucio Asprenate, imediatamente deslocou suas
duas legiões, a I Germanica e a V Alaudae, para a fronteira, junto a Castra
Vetera, para conter uma possível invasão germânica, que, afinal, não aconteceu,
além de proteger os poucos sobreviventes que conseguiram fugir. Posteriormente
ele foi acusado pelo historiador Veleio Paterculo, de ter aproveitado a ocasião
para saquear os bens, deixados para trás, dos oficiais mortos na batalha.
__ Nesse momento ocorre também a defesa excepcional
do campo de Aliso (atual Haltern am See), pelo prefeito Lucio Cedicio e alguns
soldados, que conseguiram aguentar o cerco de forças germânicas bem superiores
em número, mas inaptas na condição de um cerco contra uma guarnição bem
disposta, e, depois de sofrerem pesadas baixas pela ação dos arqueiros, se
retiraram, ao saber da chegada de reforços a Castra Vetera, não sem antes terem
arrasado todos os fortins e pontos de apoio entre o Reno e o Elba.
__ A notícia do desastre alcançou ao velho
“imperador”, na verdade “príncipe”, Otaviano Augusto de uma forma inesperada e
num momento ruim, fragilizado pela idade provecta, 72 anos, envolvido em
confusas manobras de parentes e gente próxima, ansiosos por seu testamento e
pela sua sucessão, como aves de rapina a voltear sobre a presa. Augusto, a
muito, fizera propósito para legar ao seu sucessor um império grande e
pacificado, para não dizer uma Roma refundada, baseada em suas raízes e valores
tradicionais, e agora chegava aquele notícia que só podia significar o começo
de de mais uma guerra onerosa e de grandes proporções, guerra que ele não quis,
mas que o império, por sua própria natureza, provocara.
__ Uma legião era uma obra-prima caríssima,
mesmo para os padrões de roma, do adestramento e da tecnologia militar antiga,
a sua formação e a sua manutenção envolvia uma logística impressionante,
portanto, perder três de uma vez, de forma tão banal, tão estúpida, foi demais
para ele. Dizem os historiadores da época que ele, ao receber a notícia, ele rasgou
as vestes, e pos-se a especular, desesperado, sobre a perda das Gálias e um
possível ataque germânico a Roma – que aconteceria de fato quatrocentos anos
depois – além de deixar por um bom tempo o cabelo e a barba crescerem, em sinal
de luto e desolação. Às vezes a memória da notícia vinha-lhe ao consciente e
ele punha-se a bater com a cabeça numa porta a clamar o estribilho: “Varo,
Varo, devolve-me as minhas legiões!”. Outra medida que ele tomou foi afastar de
Roma todos os elementos germânicos das tropas locais – os romanos admiravam o
valor combativo deles. Algumas unidades foram mandadas para ilhas distantes,
numa espécie de exílio branco, enquanto outras foram desarmadas e seus soldados
expulsos da cidade.
__ Para reforçar a fronteira norte das
Gálias, a Germania Inferior, foram tomadas medidas excepcionais, uma vez que o
deslocamento de várias legiões, devidamente apetrechadas, levava tempo. Muitos
escravos e libertos de ricos proprietários locais, além de veteranos
reformados, foram imediatamente convocados, treinados, e, precariamente
armados, enviados para os postos avançados, para dar a impressão de forças
poderosas e desanimar os germânicos de um possível ataque em massa ao Ocidente.
__ Chegado às pressas de Roma, aonde fora descansar
e aproveitar dos êxitos da dura campanha na Ilíria, o general Tibério César,
rapidamente restituiu, com mão de ferro e diosciplina brutal, o ânimo
periclitante dos soldados, impôs um comando duro, unificado e coeso, e, agindo
sempre com muita prudência e desconfiança em relação aos informantes locais,
conseguiu estabelecer uma base de operações sólidas, de onde partiu para conseguir
várias pequenas vitórias sobre grupos rebelados, dissuadindo a outros de seguir
pelo mesmo caminho. Constituiu uma força defensiva fluvial e terrestre, e numa
ação conjunta dissuadiu as intenções bélicas dos alobrogos.
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Di Internet Archive Book Images - https://www.flickr.com/photos/internetarchivebookimages/14755355656/,
No restrictions, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=41879169
__ Após a vitória estrondosa, Armínio virou
uma espécie de herói lendário, saudado com euforia entre os germânicos (acima),
e o jovem general, com apenas 25 anos, começou a imaginar voos mais altos, como
unir os povos germânicos numa poderosa confederação, quiçá formando um estado à
semelhança do que ele experimentara enquanto fora soldado de Roma, e enfrentar o império de igual para igual.
Nessa perspectiva ele foi procurar o rei de uma das mais poderosas tribos
germânicas, Maroboduo, dos marcomanos, para propor uma aliança contra o inimigo
comum, entregando-lhe como sinal de amizade e deferência, a cabeça de Varo.
Marobuduo pensou melhor e preferiu preservar a aliança com os romanos, mantendo
a sua neutralidade, além de lhes remeter o estranho presente para que aqueles
lhe dessem um sepultamento condizente.
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De Johannes Gehrts -
http://www.lippische-wochenschau.de, Dominio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6381855
__ Faltava ainda a Armínio acertar as
contras com Segeste, que, apesar de ser parente próximo, era o líder dos
cheruscos pró-romanos – ele também não conseguiu trazer para o seu lado um de
seus irmãos, que lutou pelos romanos – e
aquele o fez raptando e unindo-se a uma de suas filhas, Thusnelda (acima),
prometida a outro pelo pai, numa grande afronta a este. Mas o que Segeste podia
fazer, uma vez que a fama de Armínio entre os seus era enorme e quem ousaria
desafia-lo naquele momento? Era o seu momento de glória, e cumpria aproveitá-lo
bem, antes que viesse o reverso da fortuna, como quase sempre acontece nas carreiras
meteóricas...
O
local da batalha
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Di Grugerio - Opera propria, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34063445
__ No início do século XVIII, um teólogo e estudioso
e alemão, chamado Zacharias Goeze, chamou a atenção para algumas moedas romanas
encontradas na localidade de Kalkriese, perto da cidade de Bamscher, no estado
da Baixa Saxônia, aventando a possibilidade de elas estarem ligadsa á batalha
de Teutoburgo, a 135 km a nordeste da antiga fronteira romana do Reno. O
historiador alemão Theordor Mommsen, especialista em civilização romana, também
sustentou essa hipótese, em 1885, porém, foi necessário esperar cem anos até
que pesquisas cinetíficas rigorosas e uma sequência de achados arqueológicos
notáveis confirmasse que foi realmente ali que se deu a famosa batalha. Acima
um monumento na colina mais alta de Kalkriese.
http://www.kalkriese-varusschlacht.de/fileadmin/_processed_/csm_2015-02-26_Maske_Kino_1768c2d276.jpg
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__ Em
Kalkriese, hoje, existe um museu dedicado à batalha, abastecido pelos artefatos
descobertos na região, em número até agora de uns 3.100, constantes de moedas,
pontas de lanças, mascaras de desfile e combate usadas pela cavalaria (acima),
trincheiras repletas de ossos humanos e de mulas usadas para o transporte das
bagagens, etc., que promete ainda crescer muito, pois os achados continuam aflorando
de sítios arqueológicos. Vemos abaixo um monumento comemorativo dos 2 mil anos
da batalha, marcado com a presença de cores e mensagens dos 27 estados membros
da União Europeia. Que sinal fantástico!
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9b/Kalkriese_Friedenszeichen.JPG/1024px-Kalkriese_Friedenszeichen.JPG
Di Corradox - Opera propria, CC BY-SA 3.0,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7465062
__ O local da batalha tornou-se um local de encontro...
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