“O HORROR! O HORROR!” (1905)
Prof Eduardo Simões
Obrigado aos amigos de Brasil, EUA, França, China, Argélia, Portugal, Ucrânia, Argentina, Letônia. Deus os abençoe.
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__ Um pai olha completamente arrasado, paralisado,
mudo (uma legenda sob essa foto disse que ele permaneceu horas assim), um pé e uma mão de sua filha de nove anos, recentemente
amputados a sangue frio, como um castigo por ele não ter recolhido a quantidade
de caucho contratada pela firma a serviço do rei belga Leopoldo II, no Congo,
que lhe pertencia como uma propriedade pessoal - outra versão, relatada na Wikipedia em inglês, diz-se que a criança teria sido canibalizada por uns selvagens, que serviam na milícia da Abir Congo Company, uma empresa de capital aberto anglo-belga, dedicada à exploração do caucho, para o fabrico de borracha. Dá para imaginar o sentimento
de culpa e impotência que se apodera de um pai numa hora dessas? Uma “bela”
imagem para aqueles que tendem a absolutizar a iniciativa privada em tudo... Como
é mesmo aquele mantra tão comum em São Paulo: “a iniciativa privada é sempre
melhor gestora que a pública?”.
__ Essa foto foi tirada com muito
sacrifício por um casal de missionários, o Reverendo John Harris e sua esposa,
Alice, numa perigosa viagem pelo interior do Congo – os missionários, tanto
católicos como protestantes tiveram um papel primordial na denúncia das atrocidades
ali cometidas – uma vez que o rei Leopoldo, um esquizofrênico mal-caráter, fazia
de tudo para ocultar a realidade em sua propriedade, chegando inclusive a
contratar gente famosa para rebater ou esvaziar as denúncias que escapavam para
a grande mídia. A famosa editora e viajante americana Mary French Sheldon
(1847-1936), disse: “tenho visto mais atrocidades nas ruas de Londres... que no
Congo”, um famoso professor de antropologia da Universidade de Chicago,
Frederick Starr (1855-1933) foi contratado para selecionar e descontextualizar
as fotos, numa apologia que escreveu sobre o Congo de Leopoldo: A verdade sobre
o Congo, em 1907; sem falar dos meios brutais usados para calar os opositores.
__ Mas Leopoldo II perdeu. Perdeu a batalha
de narrativas na imprensa e perdeu o poder absoluto sobre o Congo, embora não
tenha perdido o trono real, a vida luxuosa e o gosto pelo escândalo e a
infâmia, que cultivou até o fim de sua miserável vida.
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