CARTA
A KIM KATAGUIRI
(ampliada em 09/05/18)
https://luizmullerpt.files.wordpress.com/2017/07/kata.jpg?w=501&h=286
Sr
Kim Kataguiri, saudações.
Sou
o professor Eduardo Coelho Simões, da rede pública estadual paulista, em
Guaratinguetá, usando do facebook de minha esposa, que conhece um pouco da luta
do MBL, e embora me considere de um liberal assumido, como vocês, devo dizer
que os senhores estão muito errados acerca do projeto Escola Sem Partido, pelas
seguintes razões:
É
ANTILIBERAL COM OS PROFESSORES – uma vez que cassa para estes, ainda que
parcialmente, um direito político que nasceu do liberalismo, no mundo
ocidental, e é a essência do significado do nome “liberal”, que quer dizer “liberdade”,
em especial a liberdade de opinião.
É
ANTILIBERAL COM OS PAIS – pois desconhece que a atitude de muitos alunos nas
escolas, se comportando como esquerdista, é aprendida na família, junto a seus
pais, que professam essa crença político-ideológica, e nós podemos até
discordar deles, mas não podemos negar-lhes o direito, conforme a mais legítima
e límpida teoria liberal, para não falar da mensagem cristã, de ensinarem seus
filhos a sua crença política.
MASCARA O MAIS GRAVE PROBLEMA DA INFÂNCIA BRASILEIRA: O ABANDONO - quem, entre os mais velhos, esqueceu que nos anos 1980 éramos o campeão mundial de crianças abandonadas? Será que esse abandono acabou pelo fato de a maioria das crianças viverem hoje sob um abrigo, seja sob a guarda de pais que precisam ser ameaçados para irem à escola pegar as notas de seus filhos, seja nos abrigos precários onde as mas pobres são alojadas? Se crianças de famílias de "direita" se sentem atraídas por professores doutrinadores, emocionalmente imaturos, poder ser porque lhes falta diálogo e atenção em casa, por isso, ao invés de calar os professores esses pais deveriam era estimular mais o diálogo dentro das famílias, em especial os dos senhores pais, os homens, e seus filhos. Senhores, não é vergonhoso participar e até curtir a formação dos próprios filhos.
DESVIA A ATENÇÃO DA SOCIEDADE DAQUELES QUE SÃO OS MAIORES INIMIGOS DAS CRIANÇAS - é relativamente fácil criar constrangimentos aos professores, embora eu não creia que isso vá dar certo, pelo contrário, por meio de uma lei, e apontá-los como o grande vilão dos descaminhos das crianças de qualquer classe social, mas enquanto a família ESP se esquece que, uma vez encurralados os professores, as crianças que ainda se sentirem sem diálogo adulto dentro de casa irão procurá-lo em outro lugar, fora da escola, e aí fatalmente encontrar-se-ão com traficantes de drogas, rufiões, etc. O professor doutrinador, que já é um desastre, pode ser o menor dos males na vida de uma criança abandonada.
MASCARA O MAIS GRAVE PROBLEMA DA INFÂNCIA BRASILEIRA: O ABANDONO - quem, entre os mais velhos, esqueceu que nos anos 1980 éramos o campeão mundial de crianças abandonadas? Será que esse abandono acabou pelo fato de a maioria das crianças viverem hoje sob um abrigo, seja sob a guarda de pais que precisam ser ameaçados para irem à escola pegar as notas de seus filhos, seja nos abrigos precários onde as mas pobres são alojadas? Se crianças de famílias de "direita" se sentem atraídas por professores doutrinadores, emocionalmente imaturos, poder ser porque lhes falta diálogo e atenção em casa, por isso, ao invés de calar os professores esses pais deveriam era estimular mais o diálogo dentro das famílias, em especial os dos senhores pais, os homens, e seus filhos. Senhores, não é vergonhoso participar e até curtir a formação dos próprios filhos.
DESVIA A ATENÇÃO DA SOCIEDADE DAQUELES QUE SÃO OS MAIORES INIMIGOS DAS CRIANÇAS - é relativamente fácil criar constrangimentos aos professores, embora eu não creia que isso vá dar certo, pelo contrário, por meio de uma lei, e apontá-los como o grande vilão dos descaminhos das crianças de qualquer classe social, mas enquanto a família ESP se esquece que, uma vez encurralados os professores, as crianças que ainda se sentirem sem diálogo adulto dentro de casa irão procurá-lo em outro lugar, fora da escola, e aí fatalmente encontrar-se-ão com traficantes de drogas, rufiões, etc. O professor doutrinador, que já é um desastre, pode ser o menor dos males na vida de uma criança abandonada.
DIVIDE
PERIGOSAMENTE E IRREMEDIAVELMENTE O CORPO ESCOLAR – alunos e professores se
dividirão e se atacarão reciprocamente em função de suas simpatias e antipatias
político-partidárias, acirradas pelo conteúdo da lei. A quem interessa tão
perigosa desunião? Quem vê o nosso instante político e conhece a Bíblia sabe
perfeitamente a resposta.
DIVIDE
PERIGOSA E IRREMEDIAVELMENTE A COMUNIDADE ESCOLAR – todos procurarão se situar num
campo que lhe corresponda de sorte que uns ficarão à “direita”, enquanto outros
se colocarão à “esquerda”. Assim, se um grupo de pais, supostamente de direita,
começar a pressionar professores supostamente de “esquerda”, os pais de “esquerda”
se mobilizarão para constranger a professores supostamente de “direita”, a
assim sucessivamente
FACILITA
A DOUTRINAÇÃO NOS CURSOS SUPERIORES – ao defender que a escola se torne
estritamente conteudista o ESP facilita o trabalho de doutrinação que por
ventura haja nos cursos de formação, nas licenciaturas das universidades,
quando esse aluno, dispondo apenas de retalhos de conteúdos “técnicos” terá que
lidar com a formulação de “teorias”, e a aplicação de seu ramo de conhecimento ou
tecnologia num meio social. Este aluno será presa fácil de um professor doutrinador
em uma universidade... A melhor alternativa, portanto, é fazer justo o contrário
do que propõe a ESP, estimulando os debates nas escolas, cuidando para que
estes sejam os mais abrangentes e respeitosos possíveis, dentro de uma
pedagogia voltada para a interação e a integração bem ajustada, mas crítica, do
indivíduo à sociedade, dando-lhe um firme substrato lógico-conceitual e uma
afetividade madura, que lhe permita fazer frente a professores doutrinadores em
um curso superior. Pressionados por esse alunos esses mestres doutrinadores
terão que mudar...
ENCURRALA
TODO O SISTEMA – é bem provável que um professor doutrinador teve a sua
formação numa faculdade doutrinadora. Ora, de nada adianta coibir a doutrinação
os professores nas escolas se esta não for coibida nas universidades; logos
estaremos falando de um projeto análogo para os cursos de licenciatura na
Academia. Entretanto, de nada adianta coibir a doutrinação nas universidades se
não a coibirmos em sua origem: os partidos políticos de ideologia contrária à
nossa; logo esses partidos serão obrigados a cerrar as portas e nós voltaremos
ao período mais negro da ditadura recente, tão decantada por alguns defensores
da ESP.
ACIRRA
UMA DICOTOMIA ULTRAPASSADA E PERIGOSA – justamente as famosas “esquerda” e “direita”,
obrigando a pais, alunos e professores a se acochambrarem num desses dois “espectros”
políticos artificiais, com os quais muitos não se veem identificados, e se
criará, assim, uma situação de compromissos artificiais: “na falta de mais
opções, como existem no mundo real, é melhor ficar neste ou naquele grupo”.
Tudo se tornará artificial dentro da escola, como artificial, extemporâneo e
danoso é esse projeto. A única coisa real serão os conflitos graves nascidos da
aplicação daquele.
INCENTIVA
AINDA MAIS A JÁ COMUM AGRESSÃO VERBAL OU FÍSICA AOS PROFESSORES – dando aos
pais e alunos agressores mais um motivo para “partirem para cima”, caso venham
a supor que o professor está fazendo a tão odiada como mal conhecida prática de
“doutrinação”, visto que é um termo nascido e usado no seio das classes médias;
portanto muitos nem entendem direito o que significa, poderão julgar que o
termo se refere a tudo aquilo que alguém não gosta de ouvir... Ai de nós
professores! Antes; ai do Brasil...!
É
ANTIPEDAGÓGICO – uma vez que cria uma dificuldade absolutamente desnecessária
para o nosso já deteriorado sistema de ensino, do qual os professores
doutrinadores são um sintoma, uma vez que acrescenta às já incontáveis
dificuldades da prática docente mais uma: a perda parcial de um direito, pelo
simples exercício da profissão. Se o objetivo é destruir de vez a autonomia
técnica dos professores, e por no seu lugar autômatos falantes, os senhores
estão no caminho certo... para afundar esse país.
É
ANTIEDUCACIONAL – uma coisa é alguém se privar de emitir uma opinião por
respeito a imaturidade do interlocutor, outra bem diferente é ser forçado a
isso por via de lei, pois certamente todos os alunos saberão da lei, se
aprovada, e terão mais uma razão para não quererem ser professores no futuro
nem respeitar os seus professores atuais, definidos previamente, por esse
projeto, como potenciais “corruptores” de menores.
DESEDUCA
AOS PAIS E FRAGILIZA A FAMÍLIA – muitos jovens que buscam os pais para entender
coisas que ouviram na escola estão, por ventura, querendo criar pontes com
genitores ocupados demais em ganhar dinheiro, mas sem tempo para dialogar com
os filhos. O ESP tenta artificialmente, pela força bruta da lei, que o problema
sequer exista, sem resolver a questão básica da falta de tempo, que alguns pais
alegam, para não participar da educação dos filhos. Não será melhor os pais
discutirem política e outros problemas do mundo moderno às claras com os
filhos, ao invés de simplesmente tentar obrigar os professores a se calarem
quanto aos assuntos mais delicados, ainda que existam, só porque a família não
quer falar deles? É melhor deixar esses jovens na ignorância, com a curiosidade
aguçada, para irem buscar resposta com os corruptos do mundo, para transtorno
futuro da família?
IGNORA
O PAPEL DA ESCOLA – pois ela é uma instância social que prepara a criança para
o seu ingresso na grande sociedade, coisa para o qual a família nem sempre está
bem preparada, assim sendo é um absurdo considerá-la apenas como um apêndice da
família, imaginando que só exista um tipo de família e uma única ideologia
norteando as famílias. Como a escola poderá preparar o educando para a
sociedade diversificada, que já existe lá fora, se justo os temas que fazem a
sociedade ser diversa forem previamente proibidos? A família pode até ter o
direito de alienar o seu filho, mas pode-se querer transformar isso em lei para
todas as famílias, bloqueando na escola o acesso a uma informação sadia sobre o
assunto? Os professores são responsáveis
pelas escolhas heterodoxas que outras pessoas fazem fora da escola?
IGNORA
QUE OS PROFESSORES DOUTRINADORES SÃO UMA MINORIA – muito barulhenta e idiota,
mas uma minoria, por que então punir a todos, sem sequer ter feito previamente
uma pesquisa sobre o alcance dessa doutrinação? Será o ESP um movimento motivado
por fakenews?
IGNORA
A NATUREZA AFETIVA DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM – que o senhor certa vez definiu como apenas “ensinar conteúdos”.
Errado; quem ensina só conteúdo é o Google, e nesse sentido aqui desponta uma
das maiores críticas ao atual sistema de ensino escolar brasileiro: é
estritamente conteudista, ignorando os aspectos afetivos dos atos humanos,
inclusive na aquisição de novos conhecimentos e habilidades, como acontecia a
50 ou 60 anos atrás, em uma outra realidade histórica. Quem está dentro do
sistema, como eu e muitos colegas que ainda não desanimaram diante de tanto
descalabro, sabe que o grande problema em sala de aula hoje, além da
superlotação, é o de como motivar os alunos a querer aprender: eles são
normais, há recursos, mas a gente não consegue fazer eles se interessarem pelo
conteúdo. É aí que está o nó, que conteúdo nenhum consegue desatar. Uma escola
que só ensina conteúdo só forma maus profissionais, gente que só sabe cumprir
ordens e as cumprem mal.
PROVOCA
UMA GROTESCA INVERSÃO DE VALORES – não será mais o ancião, o mestre, a
maturidade, o sábio, que orientará o discípulo e velará pelo seu progresso, mas
este, ainda que imaturo, insensato, doidivanas, uma pobre criança eivada de
preconceitos aprendidos, às vezes, em famílias desajustadas, quem fiscalizará o
mestre e o denunciará às autoridades por ter emitido uma opinião, tomada por
ele como “doutrinação”. É a desmoralização final da função do professor.
Aqueles a quem a Bíblia recomenda a correção, a até a vara, serão os maiores
responsáveis pela denúncia e condenação de seus mestres. É o “elogio à
loucura”, made in Brasil
BASEIA-SE
EM CRITÉRIOS ABSTRATOS E SUBJETIVOS – onde começa e acaba a doutrinação e
começa uma opinião válida, uma preleção necessária em virtude de um
acontecimento social ou escolar, como fazer uma apresentação absolutamente
neutra de conteúdos como de história, filosofia, sociologia, que não podem ser
pesados, medidos, de forma a que professor possa dizer, numa acusação: “eu
provo que lecionei três quilos, ou três metros, de teoria liberal e três
quilos, ou três metros, de teoria marxista”. É possível reconstituir, na tela
de um celular todo contexto que deu início à discussão, e se houver edição? A única
testemunha, enfim, será o aluno, com a sua imaturidade biopsicológica natural e
a carga de preconceitos, senso comum e crença social trazidos de casa. Pare-se
a aula, senão a escola toda, e vamos discutir, na delegacia ou num tribunal, se
houve doutrinação ou não! ONDE ISSO VAI PARAR? Será que daqui a algum tempo
falar de “evolução” será considerado doutrinação? Repetiremos, cem anos depois,
o “julgamento do macaco”, do professor John Scopes!
INCENTIVA
O DESCUMPRIMENTO DE LEI PELAS CRIANÇAS, CORROMPENDO-AS – pois em vários estados
é proibido o uso de celulares em sala de aula por razões não só pedagógicas
como de saúde pública – graves sintomas de dependência tecnológica, que já
assusta pais responsáveis pelo mundo afora – supondo que a base para o início
das ações penais seja pelo menos alguma imagem e áudio de celular, até pouco
tempo usado ilegalmente para flagrar e divulgar professores em situações
vexaminosas, indiscretas, para curtir nas redes sociais. Agora eles serão para
pegar o professor “na palavra”. Legalmente, desta vez?
NÃO
ENTENDE NADA SOBRE PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM DE JOVENS E CRIANÇAS – na verdade
usa uma abordagem arcaica, no sentido pejorativo, para justificar sua
necessidade. Não é porque um monte de criança, insuflada por um energúmeno
qualquer, começa a gritar “fora Temer”, “fora Dilma”, que houve, naquela
escola, uma reversão de crença nas crianças. Se o sr. Arthur du Val, muito
hábil nisso, se infiltrasse entre essas crianças e perguntasse porque elas
haviam gritado aquilo, a maioria esmagadora responderia “porque todo mundo está
gritando” ou “o professor mandou” etc., como se tudo não passasse de uma “farra”,
uma grande festa, perfeitamente compreensível num sistema escolar sufocante e
bitolador. Aqueles que se mostrassem convictos decerto diriam: “meus pais me
disseram que ele (ou ela) não presta...”
BASEIA-SE
EM PREMISSAS DE APRENDIZAGEM FALSAS – se nós professores tivéssemos o poder de,
com nossas palavras, fazer mudar o comportamento das crianças, a escola seria
um paraíso e a história da humanidade já teria acabado a muito tempo –
viveríamos numa situação de equilíbrio social permanente, pacífico e próspero. Se
nós tivéssemos o poder, que o ESP diz que nós temos com as crianças, a primeira
coisa que com certeza faríamos seria convencê-las a não mais nos mandarem tomar
seja lá o que for naquele local tão inadequado e acreditarem que nossas mães
são ou foram mulheres honestas. A premissa fundamental, o suposto controle do
discurso do professor sobre os alunos, ainda que uma razoável minoria, é
totalmente falso, e as pesquisas do grande pesquisador suíço Jean Piaget,
mostram isso sobejamente.
IGNORA
PROCESSOS E FATOS SOCIAIS BÁSICOS, GRITANTES – ao afirmarem que a educação das
crianças e de exclusividade única das famílias, ignora que as famílias humanas só
conseguem existir e se manter mantém em um meio social estável, do qual, agora,
o ESP quer isolar as crianças. É a civilização, entendida como comunidade
estável, regida por leis, costumes, tradições, etc., que possibilitam a
existência das famílias, se não fosse assim seríamos como os animais selvagens,
incapazes de constituir família. A família é portanto, profundamente devedora
do processo civilizatório, ao mesmo tempo em que o viabiliza, com a ajuda daquela
instituição que todos dizem odiar, mas que sem a qual não haveria civilização:
o Estado. Sr Kataguiri, se não fosse a obrigatoriedade de sigilo nos eventos
criminais ou disciplinares que envolvem crianças, eu poderia lhe narrar com
nomes e circunstâncias inúmeras histórias de horror narradas por meus alunos,
nos seios de suas famílias, e a história de professores e professoras que
buscam de alguma forma libertá-las de uma opressão tão desestabilizante quanto
esta. Aliás, se o senhor lesse com atenção os jornais da grande imprensa
decerto saberia que as estatísticas apontam para o ambiente familiar como a
origem da maioria das agressões sofridas pelas crianças no Brasil, assim como
da política de perda relativamente fácil do pátrio poder, levada a cabo nos
Estados Unidos, o país que é tradicionalmente a lanterna do liberalismo. Eles
certamente fazem isso porque sabem que toda vez que uma família abandona uma
criança é o Estado quem deve acolher, que quando uma criança adoece sem
recursos, às vezes por imprevidência dos pais, é o Estado quem deve tratá-la, que
quando uma criança é abusada é o Estado quem deve salvá-la, punir os agressores
e providenciar tratamento, se a família não tem recursos. Não há uma disputa
entre Estado e família, isso é uma falsa dicotomia pregada pela ESP, mas antes
deve haver uma complementariedade de ações acadêmicas, educativas, preventivas,
sob todos os aspectos, em defesa da criança e do jovem, pois a sociedade, tanto
quanto a família, é engrandecida quando uma criança se torna um adulto
bem-sucedido, da mesma forma que ela sofre, assim como a família, e às vezes
até mais do que esta – como nos assassinatos, nos acidentes de trânsito, na
imperícia profissional, etc. – toda vez que um menino ou menina fracassa na sua
maturação.
DESCONSIDERA
ACINTOSAMENTE AQUELAS QUE MAIS CUIDAM DA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS NAS NOSSAS
FAMÍLIAS: AS MÃES – os homens são a maioria esmagadora e mais ativa daqueles
que estão levando adiante, pelo menos publicamente, o projeto da ESP, mas quem
for a uma escola pública, nos momentos de reunião de pais, como a entrega de
nota e coisas assim, verá que a maioria esmagadora dos presentes são mulheres,
mães e parentes. Por que elas não agitam tão ferozmente a bandeira da ESP e não
se fazem notar nesse movimento? É porque elas sabem o quão difícil é educar uma
criança e secretamente devem sentir muita pena dos professores por terem que
enfrentar o que nós enfrentamos, com dezenas de crianças e jovens numa mesma
turma. As mães sabem, ainda que intuitivamente, que no momento em que o
professor for completamente desmoralizado pelo projeto do ESP, e passarem a ser
acusados levianamente de “doutrinação”, o futuro de seus filhos estará definitivamente
perdido. As mães são as nossas maiores aliadas nessa luta!
ENTRETANTO...
é preciso reconhecer que alguns professores fazem de sua aula palco para uma
grotesca doutrinação, um circo para a exibição de sua imaturidade emocional, e
sua incapacidade estrutural para ser professor, como aquele... como não
dizer... estrupício, que pôs para fora de aula um aluno que ousou assumir a
defesa de um candidato. Então que fazer?
1º
- É preciso reconhecer nisso um sintoma da falência do atual modelo de ensino,
em todas as áreas possíveis – a falência acadêmica já está amplamente
demonstrada nos resultados de exames internos e externos.
2º
- Episódios como o citado acima mostram o quão baixa é a qualidade do professorado
brasileiro provocada tanto pelos baixos salários como pelas péssimas condições
de trabalho, para não falar do desprestígio social. É preciso tornar a carreira
de professor mais atraente para os jovens mais capazes de todas as classes
sociais, promover a categoria, e não pisoteá-la ainda mais, como quer a ESP, e
quando isso acontecer essas “tranqueiras” vão sumir das escolas. Os pais que
amam seus filhos concordam comigo.
3º
- Uma mudança eficaz na escola demanda uma mudança em larga escala em padrões e
conceitos vigentes na sociedade, inclusive no seio das famílias, com a
descoberta e o resgate prévio dos mais autênticos valores que alicerçam a nossa
sociedade, atualmente reduzidos a pó pela busca desenfreada de riqueza, que se
assenhorou de todos, inclusive de muitos que sempre fizeram combate em favor
dos pobres, contra a corrupção e à concentração de renda. É preciso reconhecer:
estamos TODOS muito contaminados.
4º
- É preciso repensar o papel da escola como elemento não só informador
(conteúdos), mas formador (valores nacionais, republicanos e democráticos), de
forma que a escola seja antes de tudo um centro estimulador da socialização e
maturidade emocional, aprendida no contato com o seu grupo geracional, além
daquela formação prévia que o educando trará de sua família – quem melhor
avançou nisso, na minha opinião, foi o modelo finlandês.
5º
- Precisamos retornar ao bom caminho das escolas experimentais antigas e
recuperar o apreço pela psicologia do desenvolvimento da criança, pela
observação científica e meticulosa do comportamento e das necessidades de toda
ordem das crianças e dos jovens, para podermos traçar objetivos e métodos de
ensino compatíveis com a grau de maturidade de jovens e crianças.
6º
- Precisamos envolver todos aqueles que de uma forma ou de outra trabalham no
circuito escolar, para que possamos acompanhar e turbinar, desde a formação do
professor na universidade até a sua aposentadoria, o seu trabalho com as
crianças, de tal sorte que nunca haja empobrecimento da informação ou formação
prestadas em sala de aula, nem perda de tempo precioso, por meio de
doutrinações fajutas.
7º
- Precisamos nos conscientizar de um fato atual grave e corriqueiro: as
crianças do Brasil estão sob ataque! Ataque de todo tipo; como o da pornografia
onipresente, a indiferença ou o mimo dos genitores, para não falar dos ataques
físicos, muitos dos quais redundam em morte, e dos quais a grande imprensa tem
dado grande destaque, principalmente aqueles que são praticados por aqueles que
têm a obrigação biológica, moral e legal de manter e proteger a criança.
8º
- O desvalor da criança no Brasil é tradicional e histórico, e é a causa
primeira e última da desvalorização do professor, que o ESP pretende agravar,
com graves perda para as mesmas crianças, como vimos acima, apesar do discurso
em contrário. A mensagem do ESP para a educação é uma só: “já que não queremos
mudar para valer o que está aí, enfrentar os desafios do presente, vamos voltar
ao passado, de forma agravada, por meio de uma lei”; afinal se deu certo em
1800, por que não dará certo em 2018?
9º
- Tomadas as medidas acima, afastada a assombração do ESP, estabeleçamos
concursos e provas de qualificação severíssimas para os futuros professores de
forma a deixarmos ao máximo fora do sistema aqueles que não estejam preparados
para exercer essa augusta profissão, que um dia, espero ainda estar vivo para
vê-lo, será valorizada nesse país, mesmo porque não há outro jeito de sermos um
país respeitável.
Sr
Kataguiri, eu sei que os jovens não gostam de ler os clássicos e não sabem o
que perdem com esse preconceito, mas se o senhor tomar um dos clássicos do
liberalismo político, o francês Voltaire, lerá uma das definições mais
espetaculares e definitivas do que é a essência do liberalismo, descrita numa
frase lapidar: “Não concordo com uma só palavra do que você diz, mas lutarei
até a morte pelo seu direito de dizê-la”. Por que vocês, então, querem cassar a
palavra dos professores?
A
Bíblia recomenda, das mais variadas formas e em diversos trechos, em especial
do Primeiro Testamento, a seguinte máxima de sabedoria: “Menino, ouve as
palavras de teu mestre”; já o Escola Sem Partido recomenda: “Menino vigia e
denuncia o teu mestre”.
A
quem seguiremos?
Saudações
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