A VOZ DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
Prof Eduardo Simões
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__ Eu, que sou de uma geração que nasceu na
Guerra Fria, à sombra da Segunda Guerra, cresci vendo os alemães serem
identificados com o nazismo, os vilões por excelência nos filmes de guerra,
ficção científica, espionagem, até humorísticos, como na série do agente 86, da
década de 1960, onde um dos maiores vilões, von Siegfried, tinha com um
carregadíssimo sotaque alemão. Era
difícil se falar em alemão e Alemanha, sem lembrar da Guerra e principalmente
os campos de concentração.
__ Semana passada tivemos a grata surpresa
de ver a dirigente da Alemanha, Angela Merkel, fazer uma firme declaração de
manutenção de sua política de portas abertas aos imigrantes, mesmo após tantos
e traumáticos atentados, que calaram até os mais afoitos defensores dessa
política, como o presidente François Hollande, com receio de deixar e direita
de seu país ainda mais enfurecida e poderosa nas próximas eleições.
__ Merkel anunciou medidas de segurança
mais firmes, mas também disse que: “Os
terroristas querem obrigar-nos a perder de vista aquilo que consideramos
importante, romper a nossa coesão e sentido de comunidade, assim como inibir o
nosso modo de vida, a nossa abertura e a nossa vontade em receber pessoas que
precisam de ajuda... Eles veem ódio e o medo entre culturas e veem ódio e medo
entre religiões. Estamos decididamente contra isso”. Noutra oportunidade já
dissera: “Eles são muitos, muitos mesmo, mas nós somos 80 milhões. Podemos e
vamos conseguir fazer esta integração [entre a cultura alemã e a dos
refugiados]”. E isso não foi dito em um momento politicamente favorável, pois cresce
na Alemanha, segundo a imprensa internacional, movimentos de direita e racistas
, que pelas mais variadas e superficiais justificativas, agitam fantasmas
contra os refugiados, quando o momento é de se aliar aos islâmicos moderados,
que são a esmagadora maioria, para conseguir vencer, no mais curto espaço de
tempo e com menor custo de vidas, o ódio dos radicais.
__ Merkel, pois, deixando de lado as
conveniências pessoais e as de seu partido, toma uma posição de princípios, coisa rara, e reafirma
os valores de tolerância, convivência, amparo solidariedade, mescla de nosso
passado cristão, de nossa tradição de liberdade, do culto à lei e respeito ao
indivíduo, cujas raízes, no Ocidente, se lançam da Antiguidade até nossos dias,
e ela mostra que é uma das personalidades políticas mais serenas, coerentes,
honradas e corajosas, de nossa época, e, certamente, e tenho certeza que muitos
alemães concordam e dão suporte à sua posição.
__ Saúdo, pois, a Angela Merkel e ao povo
alemão, fazendo votos para que seus ideais permaneçam, apesar de tudo, e
continuem sendo uma luz para o Ocidente e para os mais elevados projetos de civilização
em nosso tempo.
__ Agora, que os americanos dão sinais de
cansaço ao erguer a tocha, que a ergam os alemães.
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