terça-feira, 5 de julho de 2016

ÍDOLO DE SHIGIR (+/- 9000 A.C.)

Prof Eduardo Simões

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__ Nas últimas décadas do século XIX, trabalhadores escavando uma mina de ouro numa região de turfeiras chamada Shigir, próxima à cidade de Kirovgrado (acima), a uns 100 km de Yekaterinburgo, quando começaram a encontrar objetos, aparentemente antigos e incomuns, nesse tipo de solo, como chifres, ossos, objetos de madeira, padra e argila, em 1879, atraindo a atenção de estudiosos. Nesse mesmo ano, essas descobertas são relatadas pelo médico e pesquisador Aleksandr Andreyevich Mislavskiy à Sociedade dos Naturalistas dos Urais, e em 1880 o local recebeu uma equipe de investigadores da Sociedade Geográfica Imperial Russa.   

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__ Entretanto seria necessário esperar uns 14 anos, até vir à luz um dos mais espetaculares achados arqueológicos do mundo. Em 24 de janeiro de 1894, foram descobertos, a uns 4 m de profundidade, vários pedaços de madeiras que, posteriormente, mostraram serem partes de uma única e gigantesca escultura, representando um ser em forma humana. Levado aos pedaços ao Museu Regional de Sverdlovsk, em Yekaterinburg, o conjunto foi montado, como um quebra cabeça, pelo guardião das coleções: o professor Dimitr Ivanovich Lubanov, de forma mais ou menos precária, quando então se dispensou várias partes encontradas, para dar a forma que mais agradava ao guardião, embora já fossem o suficiente para dar ao objeto uma altura de 2,8 m. Em 1914, porém, foram feitos novos estudos, com bases mais científicas, por um arqueólogo especializado: o doutor Vladimir Yacovlevich Tolmachev, que fez a montagem completa da escultura, que então elevou-se até 5,3 m do chão. Acima os desenhos da imagem, segundo Tolmachev.

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__ Existência vida desse achado espetacular, não estava fadada a ser fácil, afinal a região dos Urais foi muito conflagrada durante a Revolução Russa, e a guerra civil dos anos seguintes – foi em Ekaterinburg que os comunistas fuzilaram toda a família imperial russa – e algumas partes da escultura se perderam, de sorte que hoje ela só tem 3,4 m de altura, mas que ainda assim pode ser qualificada com uma das maiores, senão a maior, representação de figura humana em madeira do mundo, e é conhecido como o Ídolo de Shigir – ela é também uma das mais perfeitas representações masculinas de um artista pré-histórico, que de uma maneira geral, caprichava mais em figuras femininas. Na foto acima vemos o que sobrou do Ídolo de Shigir, exposto dentro de numa caixa de vidro. A primeira datação científica do objeto, feita pelo carbono 14 deu entre 8 e 7,5 mil anos! Mas uma datação mais recente, feita por um laboratório alemão, usando uma versão mais moderna do C 14, apontou para algo em torno de 11 mil anos! Esta é, de longe, a mais natiga escultura em madeira que se conhece.

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Idem

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Idem

__ Vemos, acima, duas fotos da cabeça. Os detalhes são impressionantemente minuciosos, considerando a sua idade e o meio onde foi encontrada. O professor Mikhail Zhilin, do Instituto de Ciências da Rússia disse: “nós estudamos esse ídolo com um sentimento de temor. É uma obra-prima, de uma intensidade emocional e de uma força gigantescas. É uma escultura original, e não há nada parecido com ela no mundo. Ela é ao mesmo tempo muito vívida e muito complexa. O seu ornamento são apenas mensagens criptografadas. Aquelas pessoas estavam transmitindo conhecimento com a ajuda do ídolo” (traduzido do The Siberian Times - online http://siberiantimes.com/science/casestudy/features/is-this-the-worlds-oldest-secret-code/). Pelos traços do rosto deduz-se que o povo que a fez tinha maçãs do rosto salientes e nariz reto, conservando a linha da testa.

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idem

__ Por falar em conhecimento, o corpo da imagem, está repleto de marcas geométricas que se alternam, como numa forma de escrita (ver detalhe acima). Para os pesquisadores, a grande dificuldade na leitura desses signos se deve à polissemia – multiplicidade de significado – que esses sinais têm nas culturas primitivas: “a linha reta pode significar terra ou horizonte – o limite entre a terra e o céu, a água e o céu, ou a fronteira entre os mundos. A linha ondulada ou em zigue-zague, significa o elemento aquoso, cobra, lagarto, ou um determinado limite. Além disso, pode representar perigo, como um campo de estrepes. Cruzes, losangos, quadrados, círculos, representam o fogo ou o sol, e assim por diante” (idem). Petr Zollin, outro especialista na imagem, diz: “os caracteres do ídolo podem não ter uma interpretação ambígua. Se são imagens de espíritos que habitavam o mundo dos homens em tempos antigos, a posição vertical das figuras (uma encima da outra), provavelmente se relacionam com a sua hierarquia” (idem).

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By Antony.sorrento at French Wikipedia - photo by Antony.sorrento, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=948798

__ Outro detalhe: estudos dendrológicos determinaram que a árvore usada para a confecção do ídolo foi um lariço (acima), e que a árvore tinha 159 anos, quando foi abatida para o seu entalhamento. Uma questão, porém, intriga os cientistas e gera debates: como o ídolo ficava em pé?

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http://history.uspu.ru/

__ Estudantes e professores aprendendo com a história remota de seu país, aprofundando laços nacionais. Por esse foto pode se ter uma ideia mais clara do tamanho da escultura.

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__ Mera coincidência? Um xamã siberiano faz um ritual diante de figuras humanas em madeira, no Parque Bazhovskie Mesta, nos Urais, a 60 km de Yekaterinburg, para os turistas, mantendo vivas as crenças dos antigos povos dos Urais.

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