A
LAMA E AS LHAMAS
Prof
Eduardo Simões
http://cdn.espn.com.br/image/wide/622_78dce0de-23ca-308d-8ee1-e2777542b869.jpg
http://espn.uol.com.br/
Estádios padrão primeiro mundo, educação padrão terceiro mundo.
__
Os defensores da presidenta Dilma Rousseff estão inaugurando uma nova forma de
expressar a sua discordância política: a cusparada, devidamente assinada; no
primeiro caso pelo deputado Jean Willys e no segundo pelo ator José Abreu,
dilmista furioso. As duas lhamas disfarçadas acharam que fizeram muito bem.
__
Jean Willys, do PSOL, teve a ousadia de gastar, e ainda justificar, a sua
saliva em Jair Bolsonaro, do PSC, excrescência máxima da oligarquia militar,
alguém abaixo de qualquer qualificação, mas que encontra gente com menos
qualificação ou juízo para elegê-lo deputado de um povo que não acredita em
pecado abaixo do Equador. Pior para ele.
__
Mas se o calor da hora ameniza um pouco a infeliz iniciativa de Willys, pior
figura faz José de Abreu, que perdeu a compostura em um restaurante e, o que é
pior, cuspiu também na esposa do seu desafeto; mais tarde, num programa de
televisão, ainda fez um contorcionismo mental, digno de quem não pensa no que faz
e no que diz, para anular a condição de mulher da agredida. Duplamente covarde
e mal educado.
__
Como é que ficamos nós, professores, que pretendemos dar uma educação integral
aos nossos alunos, sem submetê-los a lavagens cerebrais a pretexto de “conscientiza-los”,
com personalidades tão importantes e presentes na vida pública do país dando
esse tipo de exemplo, vindo justo de um lado que adora acusar seus opositores
de agir movidos pelo “ódio”. Cuspir no outro é sintoma, afinal, do quê?
__
A antiga cultura popular brasileira via na cusparada uma ofensa particularmente
grave e indigna, uma vez que este fora um dos momentos mais infames, do infame
e hipócrita julgamento de Jesus Cristo. A cusparada era o sinal do bruto por
excelência do anticristo, mas como ninguém mais acredita nisso, há
probabilidade até de virar moda, assim como trazerem de volta a crucificação, “em
defesa da democracia contra o golpe”.
__
Por enquanto o mais recomendável para alguém, quando for a um plenário de
debates com a esquerda brasileira, é levar sempre um guarda chuva ou a agasalho
com capuz, como fez o técnico Tite, do Corinthians, para escapar das cusparadas
dos torcedores do Atlético, esperando que isso seja tudo que se lhe atirem,
quando os argumentos acabarem.
__
O PT, definitivamente, mudou o Brasil...
Enquanto isso, em um
muro “familiar”...
É de uma desfaçatez inominável a
postura do Senador Aécio Neves e do Governador Geraldo Alckmin, e outros
próceres do PSDB, em proclamar apoio a Temer, mas não querer participar com
cargos em seu governo, ou seja, não se comprometer com o governo nascido do
impeachment. Eles agem assim movidos por um duplo interesse pessoal: participar
com chances de vitória das eleições de 2018, não fazendo prosperar um eventual
concorrente do PMDB, e não se manchar com um possível fracasso da gestão Temer.
Afinal quem mais herdou esse país em situação tão dramática, desde a crise de
1929-1930? Temer poderá mudar isso em tão pouco tempo? Talvez o máximo que se
consiga, despendendo um esforço máximo, seja deter o colapso do país, o que não
é pouco para quem está acompanhando as notícias, mas que não é nada para a
grande massa ignara que só sabe de política em ano de eleições e elege e reelege
figurinhas carimbadas da folha policial.
Em condições normais isso seria
plenamente aceitável, afinal, todos sabem, é a vocação histórica desse partido,
mas neste momento, em que a sociedade brasileira, da qual a economia é apenas
um dos detalhes, se desintegra a olhos vistos, e um rito de impedimento
completamente absurdo é a opção ao desgoverno total, todos aqueles partidos que
no todo ou majoritariamente apoiaram o processo de impedimento, e têm um pingo
de dignidade e sentimento por esta terra, estão comprometidos até o pescoço com
o que quer que venha a acontecer, dando todo o melhor de si, para que o país
não vá para onde parece estar indo.
Vamos esperar que o juízo e o mínimo de
bom senso – não quero nem falar em patriotismo, amor ao Brasil, por receio de
estar considerado antiquado, fora de época, e até “golpista” – vençam, afinal,
a batalha da razão dentro deste partido e dos outros, inclusive e
principalmente os que arrastaram o país até esse abismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário