terça-feira, 26 de abril de 2016

A LAMA E AS LHAMAS

Prof Eduardo Simões

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Estádios padrão primeiro mundo, educação padrão terceiro mundo.

__ Os defensores da presidenta Dilma Rousseff estão inaugurando uma nova forma de expressar a sua discordância política: a cusparada, devidamente assinada; no primeiro caso pelo deputado Jean Willys e no segundo pelo ator José Abreu, dilmista furioso. As duas lhamas disfarçadas acharam que fizeram muito bem.
__ Jean Willys, do PSOL, teve a ousadia de gastar, e ainda justificar, a sua saliva em Jair Bolsonaro, do PSC, excrescência máxima da oligarquia militar, alguém abaixo de qualquer qualificação, mas que encontra gente com menos qualificação ou juízo para elegê-lo deputado de um povo que não acredita em pecado abaixo do Equador. Pior para ele.
__ Mas se o calor da hora ameniza um pouco a infeliz iniciativa de Willys, pior figura faz José de Abreu, que perdeu a compostura em um restaurante e, o que é pior, cuspiu também na esposa do seu desafeto; mais tarde, num programa de televisão, ainda fez um contorcionismo mental, digno de quem não pensa no que faz e no que diz, para anular a condição de mulher da agredida. Duplamente covarde e mal educado.
__ Como é que ficamos nós, professores, que pretendemos dar uma educação integral aos nossos alunos, sem submetê-los a lavagens cerebrais a pretexto de “conscientiza-los”, com personalidades tão importantes e presentes na vida pública do país dando esse tipo de exemplo, vindo justo de um lado que adora acusar seus opositores de agir movidos pelo “ódio”. Cuspir no outro é sintoma, afinal, do quê?
__ A antiga cultura popular brasileira via na cusparada uma ofensa particularmente grave e indigna, uma vez que este fora um dos momentos mais infames, do infame e hipócrita julgamento de Jesus Cristo. A cusparada era o sinal do bruto por excelência do anticristo, mas como ninguém mais acredita nisso, há probabilidade até de virar moda, assim como trazerem de volta a crucificação, “em defesa da democracia contra o golpe”.
__ Por enquanto o mais recomendável para alguém, quando for a um plenário de debates com a esquerda brasileira, é levar sempre um guarda chuva ou a agasalho com capuz, como fez o técnico Tite, do Corinthians, para escapar das cusparadas dos torcedores do Atlético, esperando que isso seja tudo que se lhe atirem, quando os argumentos acabarem.
__ O PT, definitivamente, mudou o Brasil...

Enquanto isso, em um muro “familiar”...
         É de uma desfaçatez inominável a postura do Senador Aécio Neves e do Governador Geraldo Alckmin, e outros próceres do PSDB, em proclamar apoio a Temer, mas não querer participar com cargos em seu governo, ou seja, não se comprometer com o governo nascido do impeachment. Eles agem assim movidos por um duplo interesse pessoal: participar com chances de vitória das eleições de 2018, não fazendo prosperar um eventual concorrente do PMDB, e não se manchar com um possível fracasso da gestão Temer. Afinal quem mais herdou esse país em situação tão dramática, desde a crise de 1929-1930? Temer poderá mudar isso em tão pouco tempo? Talvez o máximo que se consiga, despendendo um esforço máximo, seja deter o colapso do país, o que não é pouco para quem está acompanhando as notícias, mas que não é nada para a grande massa ignara que só sabe de política em ano de eleições e elege e reelege figurinhas carimbadas da folha policial.
         Em condições normais isso seria plenamente aceitável, afinal, todos sabem, é a vocação histórica desse partido, mas neste momento, em que a sociedade brasileira, da qual a economia é apenas um dos detalhes, se desintegra a olhos vistos, e um rito de impedimento completamente absurdo é a opção ao desgoverno total, todos aqueles partidos que no todo ou majoritariamente apoiaram o processo de impedimento, e têm um pingo de dignidade e sentimento por esta terra, estão comprometidos até o pescoço com o que quer que venha a acontecer, dando todo o melhor de si, para que o país não vá para onde parece estar indo.
         Vamos esperar que o juízo e o mínimo de bom senso – não quero nem falar em patriotismo, amor ao Brasil, por receio de estar considerado antiquado, fora de época, e até “golpista” – vençam, afinal, a batalha da razão dentro deste partido e dos outros, inclusive e principalmente os que arrastaram o país até esse abismo.

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