quarta-feira, 20 de abril de 2016

A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE RENAN CALHEIROS

Prof Eduardo Simões

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Revista VEJA, 5 de agosto de 2007

         O presidente do Senado foi categórico: não será um novo Auro de Moura Andrade, que, atropelando todos os ritos e a decência, declarou vaga, em abril de 1964, a Presidência da República, estando o Presidente João Goulart, sabidamente, em território brasileiro. Ele será “um magistrado”. Resta saber se será um magistrado como Sérgio Moro, da nova REPÚBLICA DE CURITIBA, ou será mais um do velho Brasil, tão preocupado em esquadrinhar ritos e vírgulas mal postas, que o crime prescreve antes do julgamento. Ele próprio já escapou de uma condenação séria na justiça graças a esse recurso, sem falar de sua renúncia, em 2003, para não ser cassado. Chegou mesmo ameaçar de entregar os trabalhos para o presidente do STF, que significaria praticamente parar os trabalhos.
         Na sessão de abertura dos trabalhos do impedimento no Senado, ontem, dos que eu vi, o senador Caiado foi um dos poucos que percebeu a gravidade da questão e a exigência de celeridade dos trabalhos, alegando o agravamento das tensões sociais, por conta do descalabro econômico que tomou conta do país, antes atribuído, pelo governo, à crise internacional, e agora, pelo Senador Humberto Costa, do PT, a ação da oposição. Ou seja: o vale tudo vai continuar.
         O grande problema a meu ver, que não foi citado na hora, é o fato de que a aprovação da admissibilidade do impedimento pela Câmara tornou público o fato de que mais de dois terços da principal casa legislativa disseram de maneira categórica à presidente: “não queremos mais a senhora no Executivo”, criando, na prática, um vazio de poder, um Presidente sem autoridade real, de consequências perigosíssimas, em um país economicamente fragilizado e politicamente polarizado. Tudo pode acontecer, desde ataques especulativos dirigidos do exterior até a quebradeira generalizada dos Estados, além de um rombo extraordinário nas contas do Governo Federal. Um dia que se perca pode ser fatal, mas o Presidente do Senado já sentenciou magistralmente que não haverá sessões extras. Os brasileiros poderão passar o seu fim de semana como se nada estivesse acontecendo.
         Calheiros tem interesse que os holofotes continuem na direção de Dilma, Cunha e Temer, e destes não mude, pelo equacionamento da crise, em sua direção, ele que está tão comprometido com os mal feitos da vez como os outros atores, ao mesmo tempo em que o PT, sonhado com o retorno ao poder, pretende, como os russos diante de Napoleão, deixar uma terra arrasada para o sucessor de Dilma, de sorte a fazer recair sobre ele a responsabilidade da crise, da mesma forma que os apertos passados por Fernando Henrique, que deixaram um país viável a Lula, foram usados pelo PT como matéria de acusação por desinteresse pela questão social, enquanto, hoje, à medida que protela a solução do problema que esmaga a classe trabalhadora, segue afirmando que a oposição prega o “quanto pior melhor”. Coitado do povo que ignora a sua história...
         Para não ser Auro de Moura Andrade Renan Calheiros corre o risco de ser outro Poncio Pilatos, que após muita protelação acabou oPTando por um desastre, que só não aconteceu porque a vítima era Deus, e deu a volta por cima, com vantagem para todos. Mas não é sempre que Deus está à disposição das fraquezas humanas, ainda mais com gente tão disposta a repeti-las.

Para quem tem memória curta: https://forarenancalheiros.wordpress.com/category/noticias/page/2/ 

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