sexta-feira, 22 de abril de 2016

APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 2 (6º ANO)

A MESOPOTÂMIA

Prof Eduardo Simões

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         A Mesopotâmia fica numa região da Ásia, hoje conhecida como Oriente Médio. O nome Mesopotâmia quer dizer “entre rios”, pois a maior parte das civilizações que apareceram nessa região teve seus centros entre os rio Tigre e Eufrates.
         A Mesopotâmia é, como o Egito, uma região desértica, onde chove muito pouco, e esses dois rios também não nascem no deserto da Mesopotâmia, mas em geleiras distantes, situadas nos Montes Tauros, na Turquia, a milhares de metros de altura.
         Entretanto, diferente do rio Nilo, esses dois rios experimentam, nos meses de abril e maio, mudanças terríveis, com cheias repentinas, em virtude das chuvas e do derretimento da neve nas suas fontes, que causavam destruição de propriedades e morte; por isso, desde cedo, os povos que vieram morar às margens desses rios, para aproveitar-se de suas águas e da imensa fertilidade de suas margens, tiveram que se dedicar a grandes obras de engenharia.
         Ora, essas obras de engenharia exigiam o esforço conjunto de muita gente, com recursos e um comando centralizado. E assim surge o primeiro estado e a primeira civilização na Mesopotâmia.

Os sumérios

         O povo mais antigo a se instalar na Mesopotâmia foram os sumérios, lá por volta de 4 mil a.C., e, apesar de serem muito antigos, a cultura que eles criaram era tão avançada que continuou influenciando os povos que vieram depois, muito tempo após eles terem desaparecido. Eis algumas de suas contribuições.
         a) A vida em grandes cidades. Os egípcios, em geral, preferiam viver em aldeias espalhadas. Os sumérios construíram algumas cidades como: Ur, Lagash, Uruk, etc. algumas eram grandes e bem organizadas.
         b) A ideia de cidade-estado. Cada cidade suméria era um como um país. Às vezes elas brigavam entre si e, às vezes, se uniam.
         c) A ideia de adorar a Deus em lugares altos. Para conseguir isso eles construíram templos parecidos com pirâmides, com várias plataformas, uma sobre a outra, onde no alto ficava uma capela. Essas pirâmides chamam-se zigurates.
         d) Criaram uma escrita tão antiga quanto os hieróglifos egípcios; a chamada escrita cuneiforme, que foi usada pelos povos da região.
         e) Criaram um sistema religioso politeísta, cujos deuses e crenças básicas foram aceitos pelos povos que vieram depois.
         f) Foram eles que escreveram a primeira obra de literatura conhecida: A epopeia de Gilgamesh, onde, ao contar as aventuras do rei Gilgamesh, se discute o problema da vida eterna e se conta uma história de um dilúvio.
         Os deuses sumérios faziam o que queriam, não restando aos homens senão se submeter. A morte era um mal; as almas dos mortos se cobriam de penas, como as corujas, e iam morar numa região fria, silenciosa e escura, se alimentando com lama e poeira do chão, sendo tratados como “burros de carga” pelos deuses. Para os sumérios, e os povos que os seguiram, o melhor que podia acontecer a uma pessoa era ter a vida mais longa possível, o que era difícil na Mesopotâmia.

Os acadianos

         A Mesopotâmia era uma região muito fértil para a agricultura, e repleta de metais preciosos, mas também era uma região muito vasta e difícil de ser defendida; logo sempre havia algum povo querendo invadir e tomar as terras de quem já morasse lá, portanto o homem mesopotâmico devia estar permanentemente armado, pronto para proteger a sua propriedade, a sua família e até a sua vida. A violência fazia parte da rotina.
         Por volta de 2330 a.C., um homem chamado Sargão assumiu o poder na cidade suméria de Acad, organizou uma poderosa força militar, e de lá começou uma rápida e violenta expansão em todas as direções, criando o primeiro império da região.

Primeiro Império Babilônico

         A cidade de Babilônia, situada às margens do rio Eufrates, era uma cidade de pouca importância. Entretanto, lá por volta 1894 a.C., a cidade foi tomada por um povo chamado amoritas ou amorreus, e então conheceu um período de grande esplendor, tornando-se a capital de um império, cujo rei mais importante foi Hamurabi.
         Hamurabi é muito importante por ter mandado gravar em uma pedra, que chegou até nós, um conjunto de leis, baseado no antigo sistema legal dos sumérios. Essas leis eram baseadas na crença geral de que se uma pessoa que fosse prejudicada por alguém, ela poderia se vingar na mesma moeda. É olho por olho e o dente por dente, também chamado de Lei do Talião. O sistema feito por Hamurabi ganhou o nome de Código de Hamurabi, e ele diz o seguinte:
         a) Os homens são desiguais, dividido de três grupos: livre, o servo e o escravo.
         b) O preço do trabalho de um profissional varia de acordo com o grupo a que pertence o freguês.
         c) O valor dos salários variava de acordo com o tipo de trabalho.
         d) Punição igual ao dano provocado. Se uma casa desabasse, matando filho do dono, o filho do arquiteto deveria ser morto.
         e) A justiça não ficava mais a cargo das famílias, que se vingavam por conta própria de quem prejudicasse um de seus membros, mas seria feita pelo estado, segundo as leis.
         Etc.
         Embora tivesse algumas regras muito exageradas – quem mentisse sobre outra pessoa, e não pudesse provar o que falou, deveria ser morto – o código de Hamurabi foi um grande avanço e ajudou a moderar a violência das sociedades mesopotâmicas.

O Império Assírio

         A primeira capital do Império Assírio foi Assur, e, mais tarde, Nínive. Ambas as cidades ficavam às margens do rio Tigre.
         Os assírios sofreram muito nos seus primeiros anos de seu reino, vencidos por vários povos. Eles então ficaram com uma mania por segurança, e a melhor segurança, para eles, era manter todos os inimigos sob controle, atacando-os antes que eles atacassem. Para fazer isso os assírios apelavam para a destruição e o terror.
         Quando eles cercavam uma cidade, costumavam matar, da forma mais cruel, os prisioneiros que tivessem em mão, na frente das muralhas da cidade cercada, para alertar aos defensores que morte igual ou pior lhes aconteceria se eles continuassem rebelados. Quando a cidade era tomada eles davam vazão às maiores brutalidades contra os sobreviventes.
         O resultado disso é que cresceu, nos povos dominados, um ódio tremendo contra eles, e assim que puderam esses povos, comandados por caldeus e medos, se atiraram contra as cidades assírias. Elas foram arrasadas de tal maneira, que só dois mil e quinhentos anos depois seus restos foram achados. O Império Assírio foi destruído em 612 a.C., quando estava no auge do seu poderio.

O segundo Império Babilônico

         Os caldeus, um povo novo na região, tomaram a cidade de Babilônia e a tornaram a sua capital. Mais tarde, aliados aos persas, os caldeus destruíram o Império Assírio, dando início ao seu próprio império. Esse império era fortalecido pelo fato de a cidade de Babilônia se situar bem no meio da principal rota de comércio entra o Oriente Médio e o Extremo Oriente (Índia, China, etc.), o que lhes permitiu acumular muitas riquezas.
         Essa riqueza foi usada pelo rei Nabucodonosor II para ampliar o seu reino e embelezar a sua capital, que se tornou a maior e uma das mais belas cidades do mundo conhecido – as muralhas externas eram enormes e revestidas de azulejos coloridos, havia nela um zigurate com 92 m de altura, num grande edifício, chamado Jardins Suspensos da Babilônia, o rei mandou cultivar árvores e plantas que não havia na Mesopotâmia, etc. As ciências, em especial a matemática e a astrologia, que pretendia prever o futuro pela posição dos astros, conheceram um grande avanço.
         O Império babilônico não sobreviveu muito a Nabucodonosor II, e a cidade de Babilônia caiu quase sem luta diante do rei persa Ciro II, em 539 a.C.

Os hebreus

         Um povo da região, muito importante na formação da cultura ocidental, que é a nossa cultura, foi o povo hebreu, que, após abandonar a cidade de Ur, dos sumérios, veio se instalar em Canaã, atual Palestina. Os hebreus se organizavam em tribos, que após enfrentar vários obstáculos, conseguiram se estabelecer em Canaã, criando dois reinos independentes, sendo um destruído pelos assírios e o outro pelos caldeus.
         Os hebreus, que hoje são conhecidos como judeus, tiveram um papel fundamental, uma vez que a sua reforma religiosa, o monoteísmo pregado por Moisés, é a base das principais religiões do mundo, sem contar que modificou profundamente a religiões antigas, dando mais importância ao aspecto moral da relação do homem com Deus, do que o aspecto utilitário do passado, quando os homens se aproximavam dos deuses para obter favores e vantagens.

O Império Persa

         Morando numa região vizinha à Mesopotâmia, no Planalto Iraniano, uma região elevada, árida e batida por ventos gelados, as tribos persas, após submeterem seus antigos aliados: os medos, fundaram um império sob o comando de Ciro II, que, como vimos, tomou a cidade de Babilônia, e deixou, ao morrer, o maior império do mundo. As conquistas prosseguiram com os sucessores de Ciro. As forças persas alcançaram as margens do Mar Mediterrâneo, ao Ocidente.
         O que diferencia o Império Persa dos outros que tiveram na região, é que os persas passaram a imagem de conquistadores tolerantes, que respeitavam a cultura dos outros povos, além de serem bons administradores. O império foi dividido em grandes regiões, chamadas satrápias, governadas por nobres locais, fiscalizados por agentes persas. Os reis persas impuseram uma moeda única para o império, o dárico, que dinamizou muito o comércio da região, além de construir grande rede de estradas, fortalecendo o centro do império.
         Na sua expansão, os persas acabaram esbarrando em inimigos poderosos, pois enquanto avançavam para o Ocidente, outro povo, os gregos, vinha avançando justo na direção contrária. A guerra se tornou inevitável.

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