APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 3 (7º ANO)
REINOS
GERMÂNICOS OU BÁRBAROS
Prof
Eduardo Simões
Obrigado aos amigos de Brasil e Estados Unidos, que Deus os abençoe.
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Quando os povos germânicos acabaram com
o Império Romano, em 476, vários deles estavam tentando organizar o seu próprio
estado, em diversas regiões da Europa. Esses povos, entretanto, viviam em
aldeias controladas por chefes que conseguiam, quando muito, reunir algumas
tribos, por um curto espaço de tempo. Eles viviam em luta constante e não
sabiam como governar e manter um grande estado.
Portanto, não é de admirar que os
reinos bárbaros que surgiram após a queda do Império Romano não durassem muito,
gerando mais confusão. Duas coisas atrapalhavam muito a formação de estados
bárbaros permanentes:
a) Eles não conheciam a escrita, e por
isso suas leis eram baseadas no costume e não em códigos escritos. Isso causava
muita confusão na hora de interpretar o que o costume determinava sobre o que
fazer em cada caso.
b) A liderança entre eles era
ocasional. O chefe que fosse mais poderoso no momento mandava.
Uma organização fundada no Império
Romano, e conhecedora da cultura romana, resolveu agir, para por um pouco de
ordem ao caos: a Igreja Católica, que, com seus padres e bispos, muito bem
preparados, se aproximou dos reis bárbaros e começou a educá-los na religião
católica e na organização do estado.
Graças a essa aliança alguns reinos
conseguiram se firmar e marcar a história desse período.
Reino visigodo
Os suevos estavam entre os primeiros
povos que invadiram o Império Romano, dirigindo-se em seguida para a Península
Ibérica, onde criaram um pequeno reino numa região, onde hoje está situado o
norte de Portugal. Logo eles também são nossos antepassados.
Os visigodos foram os primeiros a
invadir e saquear Roma, e mais tarde ocuparam boa parte da França, seguindo
para a Península Ibérica. Algum tempo depois eles derrotaram os suevos e uniram
toda a Península Ibérica em um só reino, ao mesmo tempo em que perdiam as
terras que tinham na França. Os visigodos foram muito importantes para a
formação cultural de Espanha e de Portugal. A atuação do clero católico aí foi
muito forte, principalmente depois da conversão do rei Recaredo ao catolicismo.
O reino visigodo durou de 418 a 711,
quando a Península Ibérica foi invadida pelos árabes.
Reino anglo-saxão
Os anglos e os saxões eram povos
germânicos poderosos, que habitavam no litoral do Mar do Norte, na atual
Alemanha, e por isso bons navegantes. Sabedores que na Inglaterra a situação
ficara muito confusa depois da saída dos romanos, os anglos e os saxões,
aliados, invadir a ilha da Grã-Bretanha, onde fica a Inglaterra. Os habitantes
da ilha tentaram resistir, mas foram facilmente derrotados, por volta do ano
500.
Entretanto, após a conquista da
Inglaterra, as tribos dos anglos e dos saxões dividiram a sua conquista em
diversos reinos, entre os quais se destacaram sete, que, por isso, são chamados
de heptarquia anglo-saxã, marcada
pela intensa ação de missionários cristãos irlandeses.
Esses reinos, apesar de viverem
brigando entre si, conseguiram uma certa prosperidade, o que atraiu a cobiça de
outros povos, que estavam também interessados em novas terras para habitar.
Assim, a partir do século VIII, a Inglaterra foi atacada e invadida por vikings
noruegueses.
Reino franco
Os francos eram uma tribo germânica
muito aguerrida e manhosa. Depois de sofrerem várias derrotas frente aos
romanos, eles aproveitaram o enfraquecimento do império romano para invadir,
aos poucos, os territórios da atual França, de tal sorte que lá por volta do
ano 500 eles, sob o comando de um rei chamado Clóvis, eles conseguiram expulsar os visigodos da França, e criar
um reino poderoso. Clóvis, que era pagão, foi ganho para o catolicismo graças à
sua esposa católica.
Com o passar do tempo, o estado franco
foi governado por vários reis ineficientes e fracos, de sorte que o poder de
fato estava nas mãos de seus secretários, que eram chamados de mordomo do paço. Um desses mordomos,
chamado Carlos Martel, se destacou, quando, em 732, deteve uma invasão árabe à
Europa. Um dos filhos de Carlos, Pepino o Breve, assumiu o cargo do pai,
destronou o último rei da descendência de Clóvis e fundou uma nova dinastia,
chamada de carolíngia. Os
carolíngios, desde o início, buscaram uma aliança com a Igreja.
O reinado de Carlos
Magno
Carlos Magno foi um rei dedicado e
ativo, e um militar competente, que soube dar valor a cultura e estimular a
educação. Como militar ele fez as fronteiras do império franco avançarem sobre
a Itália, sobre a Alemanha e sobre a Europa Central, derrotando novos invasores
bárbaros, além de conquistar terras na Espanha.
Como um defensor da cultura ocidental,
ele reuniu no seu palácio um grupo de homens sábios e cultos, vindos de toda
parte da Europa, na chamada Escola
Palatina, para estudar e produzir conhecimento, baseado na literatura e na
ciência dos antigos gregos e romanos. Essa escola serviu de modelo a diversas
outras escolas semelhantes, espalhadas pela Europa Ocidental, com o estímulo e
o apoio de Carlos. Essa iniciativa é chamada de Renascença Carolíngia.
Na área administrativa, o governo das
diversas regiões do império foi entregue a chefes locais, chamados condes, responsáveis pela justiça e
organização do exército. Os condes, por sua vez, eram fiscalizados por alguns
funcionários especiais da corte de Carlos Magno, chamados missi dominici (enviados do governante).
Na área da economia, Carlos Magno
conseguiu estabelecer uma meda única para o seu reino, o denário de prata, mas
não conseguiu regularizar os impostos, que continuaram a serem cobrados pelos chefões
locais, os condes, de acordo com o critério de cada um. A inexistência de um
sistema de cobrança de impostos fazia de sua corte uma das mais pobres do mundo,
apesar de ser a sede de um grande império.
O Tratado de Verdun
Quando Carlos Magno morreu, em 814, o
seu reino era um dos maiores do mundo, mas a sua organização e a mentalidade
política dos francos era muito frágil, e por isso o seu filho e sucessor,
chamado Luis o Piedoso, enfrentou sérios problemas, com a rebelião de diversos
condes.
A situação ficou mais grave ainda
quando Luís morreu, porque três de seus filhos queriam herdar o trono do pai ao
mesmo tempo, e a solução, para evitar uma guerra geral, foi dividir o império
de Carlos Magno em três reinos. Isso foi feito no chamado Tratado de Verdun, em
843. Com esse tratado acabou-se o império de Carlos Magno ou Império Carolíngio. Mas, mesmo depois
do acordo, os príncipes continuaram a brigar entre si, espalhando confusão e
violência pelas terras do império.
Novas invasões
Enquanto os netos de Carlos Magno
brigavam entre si, povos de outras regiões do mundo, e da própria Europa de
seus moradores ou tomar terras.
Da África, em 711, vieram os árabes muçulmanos, que, após tomarem
toda a Península Ibérica, foram vencidos pelos francos perto da cidade de
Paris, e retornaram à Espanha. Além disso, os árabes promoveram vários ataques
às cidades europeias próximas ao Mar Mediterrâneo, para saquear suas riquezas.
Os navios árabes também não permitiam a navegação de barcos europeus nesse mar.
Do norte da Europa vieram os vikings ou normandos, que começaram a saquear as cidades próximas ao Mar do
Norte, até que resolveram tomar terras para si na Inglaterra e no norte da
França. Eles também atacaram as cidades litorâneas de Portugal e Espanha. Os
vikings eram homens pagãos, grandes, louros e muito brutais, e por isso eram
particularmente temidos pelos europeus ocidentais.
Do leste, das planícies da Ásia, vieram
os magiares, que começaram a saquear
e arrasar cidades no centro da Europa, até serem vencidos pelo rei alemão Oto o
Grande, em 955.
Consequências dessas
invasões
Como esses povos e os exércitos árabes, vindos de tão longe e com poucos recursos, conseguiram fazer tantos estragos na
Europa? É simples, os europeus estavam divididos, lutando entre si, em especial
os reis do antigo Reino Franco, que ainda existia na França, e que estavam a
lutar contra condes ambiciosos, que queriam mais terras e tornar-se reis
também.
Enquanto o rei e os principais condes
lutavam entre si, o povo nas regiões mais distantes do palácio real sofria os
ataques e as crueldades dos invasores, sem contar com outra ajuda que a dos
pequenos condes e chefes locais, menos poderosos que os grandes condes, mas que
podiam abrigar e proteger o povo dentro de seus castelos e moradias
fortificadas.
E assim as pessoas, assim como os condes, se acostumaram a
se virar sem os reis, achando mesmo que eles não eram tão necessários, e que
também não se devia mais tanta obediência ao rei. Cada senhor local foi criando
as suas regras, as suas leis, dentro do território sob seu domínio, assumindo
um poder que antes era só dos reis. Isso, e outras coisas mais, caracterizarão o
sistema político, econômico e social que se seguiu, chamado feudalismo
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