sexta-feira, 22 de abril de 2016

APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 3 (7º ANO)

REINOS GERMÂNICOS OU BÁRBAROS

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil e Estados Unidos, que Deus os abençoe.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwPSMqFNWtxcfcscZivDBPXsv4AufxmRqhLQI9YVFLCgSdxGl54YKVuJ_-iN6oBE0JkYPDti0a8BcJe2vwuMFRL0uu8jAZSzEQqUYddoytFlVuEvMHnBMmC0wCOoeFIrvbY4dBZi7Ta43Z/s640/Nueva+imagen+%25289%2529.jpg
http://murallologo.blogspot.com.br/

         Quando os povos germânicos acabaram com o Império Romano, em 476, vários deles estavam tentando organizar o seu próprio estado, em diversas regiões da Europa. Esses povos, entretanto, viviam em aldeias controladas por chefes que conseguiam, quando muito, reunir algumas tribos, por um curto espaço de tempo. Eles viviam em luta constante e não sabiam como governar e manter um grande estado.
         Portanto, não é de admirar que os reinos bárbaros que surgiram após a queda do Império Romano não durassem muito, gerando mais confusão. Duas coisas atrapalhavam muito a formação de estados bárbaros permanentes:
         a) Eles não conheciam a escrita, e por isso suas leis eram baseadas no costume e não em códigos escritos. Isso causava muita confusão na hora de interpretar o que o costume determinava sobre o que fazer em cada caso.
         b) A liderança entre eles era ocasional. O chefe que fosse mais poderoso no momento mandava.
         Uma organização fundada no Império Romano, e conhecedora da cultura romana, resolveu agir, para por um pouco de ordem ao caos: a Igreja Católica, que, com seus padres e bispos, muito bem preparados, se aproximou dos reis bárbaros e começou a educá-los na religião católica e na organização do estado.
       Graças a essa aliança alguns reinos conseguiram se firmar e marcar a história desse período.

Reino visigodo

         Os suevos estavam entre os primeiros povos que invadiram o Império Romano, dirigindo-se em seguida para a Península Ibérica, onde criaram um pequeno reino numa região, onde hoje está situado o norte de Portugal. Logo eles também são nossos antepassados.
         Os visigodos foram os primeiros a invadir e saquear Roma, e mais tarde ocuparam boa parte da França, seguindo para a Península Ibérica. Algum tempo depois eles derrotaram os suevos e uniram toda a Península Ibérica em um só reino, ao mesmo tempo em que perdiam as terras que tinham na França. Os visigodos foram muito importantes para a formação cultural de Espanha e de Portugal. A atuação do clero católico aí foi muito forte, principalmente depois da conversão do rei Recaredo ao catolicismo.
         O reino visigodo durou de 418 a 711, quando a Península Ibérica foi invadida pelos árabes.

Reino anglo-saxão

         Os anglos e os saxões eram povos germânicos poderosos, que habitavam no litoral do Mar do Norte, na atual Alemanha, e por isso bons navegantes. Sabedores que na Inglaterra a situação ficara muito confusa depois da saída dos romanos, os anglos e os saxões, aliados, invadir a ilha da Grã-Bretanha, onde fica a Inglaterra. Os habitantes da ilha tentaram resistir, mas foram facilmente derrotados, por volta do ano 500.
         Entretanto, após a conquista da Inglaterra, as tribos dos anglos e dos saxões dividiram a sua conquista em diversos reinos, entre os quais se destacaram sete, que, por isso, são chamados de heptarquia anglo-saxã, marcada pela intensa ação de missionários cristãos irlandeses.
         Esses reinos, apesar de viverem brigando entre si, conseguiram uma certa prosperidade, o que atraiu a cobiça de outros povos, que estavam também interessados em novas terras para habitar. Assim, a partir do século VIII, a Inglaterra foi atacada e invadida por vikings noruegueses.

Reino franco

         Os francos eram uma tribo germânica muito aguerrida e manhosa. Depois de sofrerem várias derrotas frente aos romanos, eles aproveitaram o enfraquecimento do império romano para invadir, aos poucos, os territórios da atual França, de tal sorte que lá por volta do ano 500 eles, sob o comando de um rei chamado Clóvis, eles conseguiram expulsar os visigodos da França, e criar um reino poderoso. Clóvis, que era pagão, foi ganho para o catolicismo graças à sua esposa católica.
         Com o passar do tempo, o estado franco foi governado por vários reis ineficientes e fracos, de sorte que o poder de fato estava nas mãos de seus secretários, que eram chamados de mordomo do paço. Um desses mordomos, chamado Carlos Martel, se destacou, quando, em 732, deteve uma invasão árabe à Europa. Um dos filhos de Carlos, Pepino o Breve, assumiu o cargo do pai, destronou o último rei da descendência de Clóvis e fundou uma nova dinastia, chamada de carolíngia. Os carolíngios, desde o início, buscaram uma aliança com a Igreja.

O reinado de Carlos Magno

         Carlos Magno foi um rei dedicado e ativo, e um militar competente, que soube dar valor a cultura e estimular a educação. Como militar ele fez as fronteiras do império franco avançarem sobre a Itália, sobre a Alemanha e sobre a Europa Central, derrotando novos invasores bárbaros, além de conquistar terras na Espanha.
         Como um defensor da cultura ocidental, ele reuniu no seu palácio um grupo de homens sábios e cultos, vindos de toda parte da Europa, na chamada Escola Palatina, para estudar e produzir conhecimento, baseado na literatura e na ciência dos antigos gregos e romanos. Essa escola serviu de modelo a diversas outras escolas semelhantes, espalhadas pela Europa Ocidental, com o estímulo e o apoio de Carlos. Essa iniciativa é chamada de Renascença Carolíngia.
         Na área administrativa, o governo das diversas regiões do império foi entregue a chefes locais, chamados condes, responsáveis pela justiça e organização do exército. Os condes, por sua vez, eram fiscalizados por alguns funcionários especiais da corte de Carlos Magno, chamados missi dominici (enviados do governante).
         Na área da economia, Carlos Magno conseguiu estabelecer uma meda única para o seu reino, o denário de prata, mas não conseguiu regularizar os impostos, que continuaram a serem cobrados pelos chefões locais, os condes, de acordo com o critério de cada um. A inexistência de um sistema de cobrança de impostos fazia de sua corte uma das mais pobres do mundo, apesar de ser a sede de um grande império.

O Tratado de Verdun

         Quando Carlos Magno morreu, em 814, o seu reino era um dos maiores do mundo, mas a sua organização e a mentalidade política dos francos era muito frágil, e por isso o seu filho e sucessor, chamado Luis o Piedoso, enfrentou sérios problemas, com a rebelião de diversos condes.
         A situação ficou mais grave ainda quando Luís morreu, porque três de seus filhos queriam herdar o trono do pai ao mesmo tempo, e a solução, para evitar uma guerra geral, foi dividir o império de Carlos Magno em três reinos. Isso foi feito no chamado Tratado de Verdun, em 843. Com esse tratado acabou-se o império de Carlos Magno ou Império Carolíngio. Mas, mesmo depois do acordo, os príncipes continuaram a brigar entre si, espalhando confusão e violência pelas terras do império.

Novas invasões

         Enquanto os netos de Carlos Magno brigavam entre si, povos de outras regiões do mundo, e da própria Europa de seus moradores ou tomar terras.
         Da África, em 711, vieram os árabes muçulmanos, que, após tomarem toda a Península Ibérica, foram vencidos pelos francos perto da cidade de Paris, e retornaram à Espanha. Além disso, os árabes promoveram vários ataques às cidades europeias próximas ao Mar Mediterrâneo, para saquear suas riquezas. Os navios árabes também não permitiam a navegação de barcos europeus nesse mar.
         Do norte da Europa vieram os vikings ou normandos, que começaram a saquear as cidades próximas ao Mar do Norte, até que resolveram tomar terras para si na Inglaterra e no norte da França. Eles também atacaram as cidades litorâneas de Portugal e Espanha. Os vikings eram homens pagãos, grandes, louros e muito brutais, e por isso eram particularmente temidos pelos europeus ocidentais.
         Do leste, das planícies da Ásia, vieram os magiares, que começaram a saquear e arrasar cidades no centro da Europa, até serem vencidos pelo rei alemão Oto o Grande, em 955.

Consequências dessas invasões

         Como esses povos e os exércitos árabes, vindos de tão longe e com poucos recursos, conseguiram fazer tantos estragos na Europa? É simples, os europeus estavam divididos, lutando entre si, em especial os reis do antigo Reino Franco, que ainda existia na França, e que estavam a lutar contra condes ambiciosos, que queriam mais terras e tornar-se reis também.
         Enquanto o rei e os principais condes lutavam entre si, o povo nas regiões mais distantes do palácio real sofria os ataques e as crueldades dos invasores, sem contar com outra ajuda que a dos pequenos condes e chefes locais, menos poderosos que os grandes condes, mas que podiam abrigar e proteger o povo dentro de seus castelos e moradias fortificadas.
         E assim as pessoas, assim como os condes, se acostumaram a se virar sem os reis, achando mesmo que eles não eram tão necessários, e que também não se devia mais tanta obediência ao rei. Cada senhor local foi criando as suas regras, as suas leis, dentro do território sob seu domínio, assumindo um poder que antes era só dos reis. Isso, e outras coisas mais, caracterizarão o sistema político, econômico e social que se seguiu, chamado feudalismo     

Nenhum comentário:

Postar um comentário