APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 4 (7º ANO)
FEUDALISMO
Prof Eduardo Simões
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Com
o fim do Império Romano no Ocidente, cessou a circulação de moedas, pois já não
havia um Estado organizado, que pudesse fabricar as moedas e garantir o seu
valor. Vimos que Carlos Magno conseguiu, por um tempo, promover a circulação de
moedas, embora os chefes locais preferissem receber seus pagamentos em ouro ou
prata, pois eles ainda pensavam como os líderes tribais germânicos, que quando
invadiram o Império Romano só pensavam em saquear os metais preciosos.
Mas
havia outra coisa que interessava a esses chefes: a terra. Agora que as
invasões cessaram, o saque era proibido e ficaram claras as vantagens da
agricultura, os chefes germânicos começaram a querer acumular terras; dessa
maneira, a doação de terras passou a ser o pagamento feito por favores e serviços
prestados, entre os membros das principais famílias romanas e germânicas, que
chamavam a si mesmas de nobres.
A
doação dessas terras, entretanto, estava sujeita a uma série de obrigações
mútuas, e são essas obrigações que caracterizam o feudalismo.
Feudo
Era
uma porção de terras, com camponeses, que um nobre doava a outro, para que este
aproveitasse daquela terra como quisesse, desde que observasse alguns limites,
que eram os seguintes:
a)
Quem recebia o feudo devia cumprir suas obrigações com o doador.
b)
O receptor recebia apenas o direito ao usufruto do feudo, mas não a sua
propriedade; ele não podia vender o feudo.
c)
Para receber um feudo era indispensável que a pessoa fosse nobre ou cristã.
O
feudo era hereditário, ou seja, o usufruto e as obrigações eram transmitidos,
por herança, de pai para filho, tanto da parte de quem doava como de quem
recebia a doação. Quem doava ou recebia um feudo é chamado de senhor feudal.
O
feudo era dividido nas seguintes partes:
a)
Um castelo, em geral de pedra, cercado por muralhas, onde habitava o senhor
feudal e sua família, e para onde acorriam os moradores do feudo, em caso de
ataque.
b)
Uma aldeiazinha, onde moravam os camponeses.
c)
Construções diversas que complementavam as necessidades básicas dos moradores
como um moinho, um forno, pontes, silos de armazenagem, capela, etc.
Havia
também as divisões de terras cultivadas, chamadas mansos, que eram as seguintes:
a)
Manso senhorial: terras cuja
produção era toda do senhor feudal.
b)
Manso servil: terras cuja produção
era dividida entre o servo e o senhor feudal.
c)
Manso comunal: terras destinadas à
pastagem das criações e às florestas, onde os servos pegavam lenha e frutos, e
os senhores caçavam.
Relação
suserania-vassalagem
Quando
um senhor feudal doava um feudo a um nobre, ele se tornava suserano daquele que
recebeu a doação, e só deste, e o que recebeu a doação se tornava vassalo de
quem lhe doou o feudo, e só deste.
A
doação do feudo era feita sob a benção de um bispo da Igreja Católica, que era
quem zelava pelo sistema feudal, por meio de uma cerimônia chamada homenagem, quando o doador e o
receptor, com as mãos sobre a Bíblia juravam lealdade mútua, seguida da investidura, quando o receptor recebia
oficialmente os direitos sobre o feudo que lhe era doado, e se tornava um
senhor feudal vassalo.
O
doador do feudo se tornava suserano do outro, e como tal ele tinha a obrigação
de proteger o seu vassalo de ataques externos e da justiça do rei, além de
velar pela lealdade do vassalo – este não podia, por exemplo, se casar com a
pessoa de uma família que não fosse do agrado de seu suserano.
O
vassalo, por seu lado, devia ajudar seu suserano com conselhos sinceros, lutar
as guerras do suserano, comparecer às reuniões do suserano, dar dinheiro para a
festa de casamento da filha do suserano e para pagar o resgate deste, caso
fosse aprisionado.
A lealdade era fundamental e o destino do
suserano, bom ou ruim, devia ser compartilhado por seu vassalo, entretanto nem
sempre isso funcionava, pois um vassalo, que recebesse terras de outros
senhores feudais, podia ficar muito poderoso, e tentado a não obedecer mais seu
primeiro suserano. A questão podia acabar numa guerra ou num tribunal da
Igreja.
Outra
situação complicada era quando dois suseranos de um mesmo senhor feudal se
desentendiam, e começavam uma guerra. Do lado de quem ficaria o senhor feudal,
se ele era vassalo dos dois? Fatalmente descumpriria, com um deles, a principal
obrigação do vassalo: ser leal ao seu suserano.
Um
vassalo, com autorização do suserano, podia doar terras a um nobre, e assim se
tornar suserano deste, sem deixar de ser vassalo daquele.
Relação
senhorio-servidão
O
feudo não era apenas de terras, pois era proibido ao senhor feudal fazer
trabalho manual, ele jamais cultivaria os campos do seu feudo, por isso sempre
havia camponeses morando nelas, em aldeias muito pobres. Em alguns feudos se
encontravam também cidades e poderosos castelos.
Entre
os camponeses que moravam e trabalhavam nos feudos estavam os servos da gleba, que descendiam de
pequenos proprietários romanos, que se submeteram aos grandes proprietários,
para escapar dos impostos, além de descendentes de escravos, que ganhavam a
liberdade sob a condição de eles e seus descendentes jamais abandonarem a
terra. O servo da gleba não podia nunca deixar o feudo, se o fizesse era preso
e trazido de volta.
Os
servos trabalhavam muito e também estavam sujeitos a uma série de taxas e
obrigações, como as seguintes:
a)
Corveia: trabalho gratuito, dois a
três dias por semana, na conservação de pontes, estradas e edifícios.
b)
Banalidade: taxa a ser paga pelo uso
do forno, do moinho, etc.
c)
Talha: transferência de uma parte da
produção do servo para o senhor. Em geral 50%.
d)
Mão morta: taxa a ser paga pelo
filho do servo falecido, para ocupar o lugar do pai.
O
senhor feudal dependia do trabalho do servo, por isso, sempre que ele ficava em
apuros, aumentava a taxação sobre os servos, gerando revoltas e tentativas de
fuga para as cidades.
Além
dos servos havia também pequenos proprietários e camponeses livres, que
arrendavam terras dos senhores feudais, pagando a estes com uma parte da
produção, sem se submeter às inúmeras taxas e obrigações. Eles eram chamados vilões, pois moravam em vilas, em geral
distantes do feudo. A Relação deles com os senhores feudais e servos era tensa.
A
sociedade feudal
A
sociedade feudal era diferente da nossa, pois nela a posição e a função do
indivíduo na sociedade era, em grande parte, determinada desde o nascimento,
uma tendência que já se observava no fim do Império Romano, com o objetivo de
melhorar a cobrança de impostos. Uma sociedade assim é chamada de estamental, pois está dividida não em
classes, como a nossa, mas em estamentos, ou divisões sociais rígidas. Os três
estamentos da sociedade medieval são os seguintes;
a)
Clero: composto por padres,
religiosos e, principalmente, bispos católicos. A Igreja era principal
defensora da sociedade por estamentos, mas ela própria não seguia a regra, pois
ninguém se tornava padre ou religioso só pelo nascimento. A função do clero é
rezar a Deus pela sociedade.
b)
Nobreza: composto por aqueles que
nasceram de famílias nobres, descendentes de grandes famílias do passado, sua
função é proteger a sociedade cristã de seus inimigos externo e dos homens
violentos ou injustos.
c)
Trabalhadores: filhos de pais
trabalhadores, sua função é trabalhar, em especial nos campos, para suprir a
sociedade de alimento e outras necessidades materiais. Nesse grupo se inclui
também os comerciantes, cuja atividade era meio discriminada.
Bispos
e padres não tinham a função de guerrear, como vimos, mas em alguns casos eles
pertenciam à nobreza e herdavam feudos, sem falar que uma grande maioria das
dioceses e dos conventos e mosteiros mais importantes, também eram feudos, que
precisavam ser mantidos e defendidos, e por isso eles tinham seus servos da
gleba, trabalhando duro, e soldados mercenários para defendê-los.
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