OCEANO
DE HIPOCRISIA
Prof
Eduardo Simões
Obrigado aos amigos de Brasil, Estados Unidos e Índia. Que esse blog vos seja útil e Deus os abençoe.
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A deputada federal do PC do B do Amapá, professora Marcivânia, promoveu um dos
momentos mais bizarros da votação do impedimento na Câmara dos Deputados. Disse
ela: “... nunca vi tanta hipocrisia junta por metro quadrado. Dizer que vai
votar contra a corrupção, colocando Michel Temer e Eduardo Cunha como
presidente e vice, é de uma hipocrisia sem tamanho... pela democracia, contra o
golpe de Estado e institucional...” Institucional?! Será que a senhora
“professora” está chamando de “golpe” a um movimento feito por uma instituição,
a Câmara, dentro de um rito legal, previsto pelo STF! Então estamos diante de
um “golpe” legal, e aí é necessário reinventar a língua portuguesa.
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Com relação a Cunha e Temer, a única coisa, aparentemente, que de fato causa
desconforto a essa gente, seria bom meditar uma coisa: a esquerda brasileira
sempre foi muito encarniçada na hora de criticar os corruptos do outro lado, e,
de fato, tanto Temer como Cunha, em especial esse último, têm certamente dívida
alta no “cartório”. Mas, e do seu lado, não tem?
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Qual é a diferença real do Lula dizendo que o sítio e o tríplex do Guarujá não
são seus, porque não estão exatamente em seu nome, da desculpa de Cunha que as
contas na Suíça não são suas, porque não estão, exatamente, em seu nome. De
resto só Deus sabe, além dos áudios gravíssimos já expostos, o que já existe no
repertório de conversas do Lula em mãos da Justiça. E assim a senhora “professora” expõe, de uma
maneira até cruel, a dupla moral da esquerda brasileira: o bandido dos outros é
sempre bandido e deve ser punido ferozmente de todas as formas, já o ‘nosso’
bandido deve ser protegido, inclusive com o manto do foro privilegiado, uma
excrescência do “ancien regime” em terras americanas. E isso, senhora
professora, se o português ensinado no Amapá é o mesmo que no resto do Brasil,
só tem um nome: hipocrisia... e da grossa.
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De outra forma como explicar, que uma pessoa de moral pessoal tão séria e
elevada, e tão preocupada com a moral republicana, a ponto de denunciar pública
e espalhafatosamente mais de dois terços de seus colegas como corruptos, tenha se
esquecido de anexar ao rol dos seus “corruptos” o eminente senador Renan
Calheiros, também envolvido em escândalos financeiros, análogos aos de Cunha, e
também na linha de tiro sucessória, caso a crise se aprofunde ou Cunha seja
cassado? Ah! Mas Renan Calheiros faz o jogo do Palácio do Planalto, logo... Se
essa gente é assim tão corrupta, o que a senhora faz no meio dela? Certamente
que não é por causa do salário e das mordomias. Desculpe-me a pergunta
professora, mas quem é que manda mesmo na sua consciência?
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O dinheiro da nação e propriedade do povo, e não da presidenta, para ela usar
como bem quiser, distribuindo-o como quem dá presentes. Pois ela fez isso, assumindo
despesas, a revelia do congresso, descumprindo o que estava previsto em lei, um
precedente ilegal e perigoso. Ela atentou, sem autorização, contra uma
propriedade do povo brasileiro e isso, desde o tempo do filósofo John Locke, há
mais de trezentos anos, é motivo sim para a derrubada de um governo.
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Nessa questão não falta hipocrisia, a nenhum dos lados, e criticar apenas um é
dobrar a hipocrisia do seu ou mergulhar numa fantasia inócua ou delirante, a
mesma que fez a esquerda ficar tanto tempo longe do poder na sociedade
brasileira, e perde-lo justamente quando mais firmemente o tinha em mãos.
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