HISTORIA
DA IGREJA BASEADA EM JEDIN – XV
Prof
Eduardo Simões
Obrigado aos amigos de Brasil, Estados Unidos e Cingapura. Que esse blog vos seja útil, que Deus os abençoe.
O Ovo da Serpente
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A igreja, logo após a partida de Jesus Cristo, vivia contagiada pela lembrança
de sua presença, tão magnética e exemplar, para se preocupar com a
possibilidade de que algum obstáculo a viesse tirar do idílio e do êxtase
provocados pela memória dos gestos e da voz do mestre. Essa igreja vira e
ouvira coisas espetaculares. Esse clima “mágico”, de enlevo permanente, pode
ser captado em toda a sua integralidade nos primeiros capítulos de Atos: “Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento
dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações... reuniam-se
e punham tudo em comum; vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre
todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se
assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria
e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o
povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos”
(2,42.44-47). E se havia alguém com alguma necessidade ou carência irremediável,
um milagre portentoso reparava o problema (3,1-8). Dir-se-ia retratada na
origem da Igreja de Cristo, a refundação do paraíso terrestre de Gênesis. Mas
ali mesmo se manifestaram os primeiros problemas, seja de origem externa seja
de origem interna.
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A princípio houve a hostilidade natural, esperada, das autoridades judias e
romanas, relativamente fáceis de desembaraçar (4,21; 5,40). Aprisionado, Pedro
é liberto sem aperceber-se (12,7-11). Mais tarde a oposição se acirra e
acontecem os primeiros martírios: Estevão (7,58) e Tiago, um dos discípulos
prediletos do Senhor (12,2), mas ainda assim esses eventos estão dentro de uma
certa “normalidade”, já prevista e avisada pelo Mestre. Mas as coisas se
agravam quando um casal, Ananias e Safira, se articula para aplicar um golpe
dentro da comunidade, com o aparente objetivo de obter mais prestígio. São
desmascarados e punidos de uma forma exemplar (5,1-11); depois se manifesta a
dissimulação e a avidez do mágico Simão (8,13.18-24). É possível que os apóstolos tenham começado a
pressentir o tamanho e a complexidade da missão em que estavam envolvidos, e os
riscos que ela englobava; pois com eles estariam, até o final dos tempos, o
Espírito Santo de Jesus e... Judas Iscariote, sempre ocultando seus verdadeiros
sentimentos e suas intenções, tentando perverter seus companheiros (Mt
13,24-30.36-43).
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O primeiro embate, sobre se os pagãos convertidos deveriam ou não seguir as
normas judaicas, prenunciava o fim do relacionamento minimamente amigável com a
comunidade dos judeus, e preparou a cissão absoluta com essa gente, algo também
previsto pelo Mestre, e resolvido na forma de um debate entre os membros
principais da Igreja, num sistema decisório que deveria ser modelo para todas
as outras igrejas, afinal se o Espírito Santo se manifestava, bastando o
ajuntamento de uns poucos (Mt 18,20), porque não estaria no ajuntamento de tantos?
Mesmo correndo o risco de suas inspirações ficarem mascaradas pelos desejos,
fantasias e ilusões de cada indivíduo, e que levou muita gente, inclusive bem
intencionada, à derrocada. Apenas a tradição e a orientação segura dos mais
velhos, poderia salvá-los da ilusão compulsiva da autossuficiência, que pode nos
arrastar ao mais radical anticristianismo, acreditando estar prestando serviço
a Deus (Jo 16,2).
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Gradualmente a Igreja de assembleias vai mostrando a sua fragilidade, e
incorporando a intervenção cada vez mais intensa e unilateral de apóstolos e
anciãos, com o intuito de preservar a autenticidade da mensagem cristã, à qual
se agregavam, como cracas em um casco de navios, fantasias, desejos e ilusões
espúrias que ameaçavam desfigurar o Cristo histórico e fazer concessões
inconsequentes à fraqueza humana. Isso nós vemos bem claro nas epístolas de
Paulo, principalmente aos Coríntios e aos Gálatas. Em 1 Corintios, Paulo julga
e profere uma punição à distância: “Quanto
a mim, ausente de corpo, mas presente em espírito, já julguei como se estivesse
presente, aquele que perpetrou tal ação” (1Cor 5,3). Uma assembleia de
mestres e neófitos, indiferenciados, não mostrou ser um ambiente seguro para a
preservação de uma mensagem tão espiritual, rica e complexa como a do
cristiansimo, principalmente quando os apósotolos e outras testemunhas oculares
vão desaparecendo, com o passar dos anos. A segunda vinda do Senhor não foi tão
imediata como eles esperavam. Com a destruição do Templo, em 70, desaparece
definitivamente o ambiente original da mensagem cristã. Gradualmente grupos de
cristãos eminentes, chamados indiferentemente de anciãos, presbíteros, epíscopos,
diáconos, começam a assumir a direção das comunidades, que assim perdem o seu
aspecto mais “popular”, enquanto ficam mais consequentes, no que diz respeito à
clarificação e o alcance da mensagem cristã. O primeiro desafio foi o do
docetismo. Era hora de enfrentar a cultura ambiente.
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A infiltração da doutrina doceta entre os cristãos recebeu uma dupla orientação:
por um lado, os indivíduos oriundos da cultura judaica sofriam de uma especial repugnância
em conceber um Deus, que no passado fora o Senhor dos Exércitos, dono absoluto
dos campos de batalha, apresentado nu e exposto em uma cruz – se imaginarmos
bem, nenhum dos profetas e grandes personagens do Primeiro Testamento, mesmo os
mais malvados, tiveram uma morte tão degradante – enquanto do outro temos o pensamento
greco-romano, em especial o de matiz platônica, amplamente difundido na bacia
do Mediterrâneo. Diz a Wikipedia em espanhol, no verbete Docetismo: “esta corrente [o docetismo] tem a sua raíz na
influência platônica, que afirma serem as ideias as únicas realidades, das
quais nosso mundo é apenas um reflexo, uma imagem [ver o “Mito da caverna”],
ademais se nutria da ideia, até certo ponto generalizada, naquela época, de que
a matéria era corrupta e que o corpo é o cárcere do espírito”.
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Os docetas pregavam que Jesus Cristo, sendo deus e salvador do gênero humano,
um ser acima dos homens e altamente espiritualizado, não podia de fato ter um
corpo de carne, pois isso implicaria em ele se misturar ao que é mal e corrupto
por natureza, o que resolveria, por outro lado, o relato deu uma morte tão
asquerosa, uma vez que o seu corpo físico era apenas uma aparência, um
fantasma, que não exista de fato (1).
Teria sido justamente contra essa interpretação que João escreveu o seu
evangelho, dando relevo especial à natureza humano-divina de Jesus: “No princípio estava o Verbo, e o Verbo
estava em Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre
nós, e vimos a sua glória” (Jo 1,1.14), da mesma forma que Santo Inácio de
antioquia escreve aos esmirnenses: “é de
fato da linhagem de Davi, segundo o a carne, mas Filho de Deus pela vontade e
poderes divinos, verdadeiramente nascido de uma virgem e batizado por João...
verdadeiramente cravado em uma cruz, por amor a nós, sob Poncio Pilatos e
Herodes o Tetrarca... sofreu verdadeiramente, do mesmo modo ressuscitou
verdadeiramente; não como alguns, que não são crentes, dizem: que sofreu só em
aparência, e que eles mesmos são mera aparência. E, segundo suas opiniões,
assim lhes sucederá, porque são sem corpo [o docetas se acreditavam muito
‘espirituais’]” (Wikipedia em espanhol – Docetismo).
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Para enfrentar essas distorções, apresentadas por meio de argumentações tão
capciosas quanto emocionalmente atraentes, uma assembleia composta apenas por gente
simples e pouco afeita à disputas filosóficas, não era uma instância confiável.
Gradualmente, já no tempo dos apóstolos, alguns elementos começam a se destacar
da assembleia e a assumir um posto de maior eminência, em cada igreja
particular.
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Evolução da hierarquia
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É sabido, de acordo com o Segundo Testamento, que Jesus fazia distinções entre
seus seguidores. No âmbito mais geral havia aqueles que o texto chama de
discípulos, indiferentemente de eles serem homens ou mulheres. No âmbito mais
restrito havia aqueles 12, que Jesus chamara pessoalmente, cujos nomes são
listados nos quatro evangelhos, e que receberam o nome de apóstolos. Entre os
apóstolos Jesus escolheu três deles para partilhar de uma forma mais intensa de
sua intimidade: Pedro, Tiago e João. Desse trio, Jesus escolheu um para orientar
e falar pelos outros, aquele que apascentaria suas ovelhas (Jo 21,15ss), Pedro;
e outro para quem revelou seus segredos mais sublimes, a escolha de seu
coração, o discípulo que Jesus amava: João. Podemos, portanto, dizer que desde
o início havia uma hierarquia, uma graduação de comando e responsabilidade
dentro da comunidade dos discípulos de Jesus, embora ainda de uma maneira muito
informal, de acordo com a vontade de Jesus.
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Depois que Jesus ascende, e os apóstolos precisam assumir o comando da Igreja,
a situação se mostrou, desde o início, mais complexa do que imaginaram (como
vimos na chamada anterior), e, assim como Moisés, a conselho de Jetro (Ex
18,13-26), começaram a adicionar novos elementos à estrutura de administração
da Igreja nascente. Tanto nos Atos dos Apóstolos como nas epístolas, são
apresentadas funções e personagens que apontam para uma seguimentação, para aquilo
que mais tarde se chamará clero católico. São eles:
a)
Os diáconos: surgidos por conta de
uma questão aparentemente menor, mas muito significativa dos problemas que
advinham da grande diversidade interna da Igreja e do espírito “menor” dos
homens. Sua função primordial seria administrar os bens da Igreja de forma a
que fossem equitativamente distribuídos (At 6,1-3), embora logo tenha ficado
claro que isso não os privava ou isentava da pregação da palavra de Deus, como
aconteceu com os diáconos Estevão (7) e Filipe (8,4-7; 26-40). A sua
importância e a sua especificidade dentro da hierarquia da Igreja é claramente
denunciada pela minuciosa descrição das qualidades necessárias a quem quisesse
exercer esse cargo, feita por São Paulo em 1Tm 3,8-13. McKenzie (2003; p 236),
traz uma interpretação interessante dessas passagens tão antigas: “Talvez se deva pensar no diácono não como
ministro da comunidade, mas sim como um assistente do epíscopo... Já que antes
de mais nada “diácono” significa “aquele que serve à mesa”, talvez se possa
pensar que, originalmente, o diácono assistisse o apíscopo no rito da
Eucarístia”.
b)
Os anciãos ou presbíteros (?): que assistem junto com os apóstolos ao concílio
de Jerusalém e, com eles, aprovam a decisão final e assinam o documento
resultante do encontro (At 15,2.22.23). Esses anciãos também existam em outras
cidades, nas comunidades fundadas pelos apóstolos, como em Éfeso (20,17).
Segundo McKenzie (2003; p 44), Paulo relata em 1Tm 4,14, que Timoteo recebeu a
graça de sua vocação das mãos do presbyterion,
que neste caso significaria, colégio dos anciãos,
ao mesmo que as recomendações constantes de 1Tm 5,17-22, referentes aos
presbíteros, seria na verdade aos anciãos. A recomendação a Tito, em Tt 1,5, é,
nesse sentido, muito reveladora. Os anciãos seriam, por conseguinte, o
equivalente dos primeiros tempos àquilo que nós hoje chamamos “padres”, que
respondem por uma paroquia. A primeira epístola de Pedro, 5,1-5, reforça essa
impressão.
c)
O epíscopo: termo ambíguo, segundo
McKenzie (idem) aparecem como distintos dos diáconos em Fl 1,1, cuja nota, na
Bíblia de Jerusalém, os equipara aos presbíteros e anciãos (BJ; p 2048). Em 1Pd
2,25, Jesus é chamado de “pastor e
epíscopo [BJ traduz o termo “epíscopo” por “guarda”] das almas”. Em 1Tm 3,1-7 e Tt 1,6-9 Paulo enumera as qualidades
necessárias para o cargo – na BJ o termo aparece traduzido por “presbítero”,
mostrando o quão indefinidas estavam ainda essas funções dentro da igreja, que
só o tempo, a necessidade e a moção do Espírito Santo poderiam aclarar. Eis o
que diz McKenzie (idem; p 284) “Esses
textos [capítulos e versículos citados logo acima] indicam que os apóstolos nomeavam tais ministros para que
administrassem as Igrejas por eles fundadas. É clara a distinção entre epíscopo
e diáconos, já não ficando tão clara a distinção entre apíscopos e presbíteros.
At 20,17 e Tt 1,5 fazem pensar que o epíscopo e os presbíteros formassem um
colegiado”. Não havia, no âmbito do Segundo Testamento, segundo esse autor,
o bispo monarca, como acontece nos dias de hoje, levando-nos a crer que todas
as igrejas fundadas nos primeiros anos ficavam sob a responsabilidade do
apóstolo que as originou, embora sob a direção direta de elementos locais, os
epíscopos. Antes do final do século I, porém, como se depreende das cartas de
Inácio de Antioquia, “pode-se presumir
então que um dos membros do colegiado passou a ser eleito para suceder ao
apóstolo, quando da morte deste, como chefe monárquico da Igreja [fundada
por determinado apóstolo]” (idem, idem).
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Jedin expõe essa evolução a partir da análise dos textos já citados em
capítulos anteriores dessa nossa história:
“O governo de uma comunidade particular se
compõe de dois grupos de homens. Um grupo leva a dupla denominação de
presbítero e epíscopo, e o outro é o dos diáconos. Por volta do fim da época
apostólica, no Pastor de Hermas, nós achamos o duplo nome de epíscopos e
presbíteros como titulares do ministério de governo das igrejas, junto aos
quais se nomeia, também, os diáconos e os mestres. O Didaquê só nomeia a
epíscopos e diáconos. Policarpo só a presbíteros e diáconos. Só as cartas de
Inácio de Antioquia distinguem claramente os três ministérios, cujos
representantes se chamam epíscopos, presbíteros e diáconos. Cada Igreja possui
um só bispo (epíscopo), a quem está subordinado o colégio dos presbíteros e os
diáconos. Assim, pois, na segunda metade do século II existe... o episcopado monárquico (2), que incumbe ao bispo, e
só a ele, a cabeça do governo da Igreja” (p 236).
“Inácio desenvolve, por outro lado a teologia
do espiscopado... só com ele [o bispo] se deve celebrar o ágape e a eucaristia;
a ele se deve seguir obedientemente, como Jesus seguiu ao Pai. Nada deve ser
feito na igreja sem a sua presença. Igualmente o batismo e a celebração dos
casamentos lhe estão reservados. Presbíteros e diáconos participam de sua
autoridade... Só o bispo pode cobrar ou autorizar pessoalmente uma determinada
atitude de seus fieis, sem se basear estritamente na lei de Deus e da Igreja
[interpretando-as, ele pode criar uma solução pessoal para um problema novo ou
antigo], como o fazem presbíteros e
diáconos, porque ele representa a Jesus Cristo” (p 237). Quem se rebela
contra o bispo se rebela contra Jesus Cristo.
Carisma versus
instituição
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Entretanto, a igreja pós-apostólica vivia tensões que não nos são deconhecidas
nos dias de hoje, que é a presença de sinais carismáticos, autênticos ou
supostos, que podem, no limite, confrontar a instituição Igreja com o “Espírito
Santo”. Ouvimos falar de profetas, curadores, etc., carismáticos que,
sentindo-se constrangidos pela hierarquia, abandonam a Igreja Católica para
fundar sua “igreja”, supostamente “evangélica”, onde eles podem salvar melhor a
si próprios e ao mundo, tomados que estão pelo Espírito Santo. Ademais essas pessoas
são constantemente confrontadas por uma “tentação”: “por que me submeter aos
Bispos e às outras autoridades eclesiásticas, se tenho acesso direto ao ‘chefe
de todos’”? O que diz Jedin, nos anos 1960, a esse respeito, é muito valioso
para os dias de hoje.
“Na era pós-apostólica se dão ainda algumas
manifestações carismáticas, e se observam também, como outrora, tensões e
desarmonias entre leigos carismáticos e os dirigentes das comunidades. Assim
nos mostra, sobretudo, o Didaquê, que confere aos “profetas” um posto de
destaque na comunidade... entretanto, suas pretensões carismáticas precisam ser
convalidadas pela comunidade, pois há falsos profetas que não ensinam a
verdade, mas antes buscam o lucro pessoal. Ao profeta provado e verdadeiro se
lhe deve acatamento irrestrito... Tem-se a impressão que o autor do Didaquê
luta, nessa passagem, pelo ideal profético, cujo prestígio decai, mas também em
favor do mestre, cujas qualidades [adquiridas não de chofre, na forma de um
dom externo, mas por meio de laboriosa vida de estudos e aprofundamento] também devem ser rigorosamente examinadas. Profeta
da igreja romana, Hermas... a quem se lhe concedem muitas visões e aparições...
não reclama para si autoridade doutrinal, à qual deveriam se submeter os superiores
da comunidade; se ele se apresenta ante esta, e ela o recebe com consideração é
porque por meio dele fala o Espírito Santo, e isto ele deve, antes, comprovar
aos chefes da comunidade [e não o contrário como comumente ocorre]... evidentemente aqui não existe rivalidade
entre os carismáticos e os representantes da hierarquia, mas antes uma reta
harmonia” (p 238-239).
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A Igreja universal
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Mas enquanto esses acertos e desacertos vão amadurecendo as igrejas locais,
criando, paulatinamente, uma cultura cristã a partir de pequenos núcleos
espalhados por um vasto império, um invisível e poderoso elo também se cria
entre elas, dando-lhe uma estrutura de rede, de totalidade, inacreditável,
considerando-se as circunstâncias e as terríveis oposições que o cristianismo
enfrentou, desde sua primeira manifestação ao mundo. Na criação desse elo,
muito deve a Igreja ao maravilhoso sistema de estradas e ao serviço postal
romano.
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Diz Jedin: “um incrível comércio
epistolar de igreja para igreja mantém viva a consciência de pertencer a uma
igreja universal” (p 240). É que comércio! O que sobrou dessa
correspondência mostra a sua abundância e qualidade, além de uma preocupação
quase compulsiva para preservar o essencial da fé cristã: o testemunho de Jesus
Cristo – já se disse que se fossem perdidos todos os documentos antigos que
contém os evangelhos, seria possível reconstituí-los só usando a
correspondência dos antigos pais da Igreja. Ainda assim, isso é formidável
tendo em vista as enormes distâncias que animais e navios deviam percorrer para
que a correspondência chegasse ao seu destino e no tempo conveniente,
principalmente quando era necessário articular alguma ação coletiva. Mas não é só:
“A unidade de culto está assegurada pela
liturgia da eucaristia, que, se na forma externa e em alguns textos de oração
mostra diferenças locais, na sua parte mais profunda mantém, em todas as
partes, a unidade essencial da visão cristã sobre o tema, de tal sorte que o
Bispo Policarpo de Esmirna [na Ásia Menor, atual Turquia], quando foi a Roma
pode celebrar, aí, a eucaristia para os romanos. A fé e o culto recebem mais firmeza pelo fato de serem medidas
constantemente pelo padrão da tradição eclesiástica. É conta dessa tradição,
que não se pode nem se deve admitir nenhuma novidade nem acréscimo humano; a
fidelidade a essa tradição é o pressuposto da integridade das verdades da fé e
do culto (3). Já nos Padres Apostólicos [discípulos
dos apóstolos] encontramos com
surpreendente frequência o apelo à tradição, vista como herança dos apóstolos
[e não diretamente de Cristo] e que não
se pode falsificar”.
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Embora não houvesse ainda uma noção clara e plenamente aceita do primado de
Roma, já se vê um esboço desse mesmo primado na carta do Papa São Clemente
Romano aos coríntios, escrita entre (81 e 96), para corrigir uma disputa que
surgira na comunidade de Corinto, na Grécia. Como o diz Jedin: “a carta cuida de restabelecer a paz pela
exortação e o conselho; mas a linguagem toma, por vezes, um tom decidido e
severo, como quem não quer ser desobedecido. Há que tomar em muita consideração
o fato de essa carta ter gozado de um imenso pretígio, não só entre a
comunidade de Corinto como em outras comunidades, a ponto de ser considerada uma escritura inspirada [muito citada
por autores antigos]. Isso faz-nos
suspeitar que os cristãos, fora de Roma, tinham uma grande estima por esta comunidade,
o que implicaria em um reconhecimento tácito de sua eminência diante das
outras. Isto se percebe, sobretudo, na Carta de Santo Inácio de Antioquia [aos
romanos], cujo cabeçalho entusiasta é
único e original em toda a sua correspondência. A acumulação de epítetos honrosos e arrebatada homenagem, não se
explica apenas pelas características de seu temperamento ou pelas intenções de
sua carta. Aludindo, evidentemente, à carta de Clemente, Inácio afirma que Roma
tem ensinado aos outros” (p 241). E ainda mais: “a grande afluência de cristãos forasteiros a Roma [tanto ortodoxos
como heterodoxos] indica uma particular
força de atração, que não pode ser explicada apenas pelo fato de a cidade ser a
capital do império” (idem). Entre estes Jedin cita: Policarpo de Esmirna
(Turquia), Justino (Palestina), Hegesipo (Palestina), Valentino (Egito), Cerdão
(Síria), Marcião (Turquia), etc.
Heterodoxia judeo-cristã
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Os problemas de adaptação de muitos indivíduos de fé judaica ao cristianismo
sempre problemático, no início, e não me refiro apenas a questões de prestígio
ou proximidade da elite “clerical”, como aconteceu no episódio da escolha dos
sete diáconos (At 6), mas antes em episódios que demonstram uma resistência a
aceitação da radicalidade do cristianismo, que Jesus já havia chamado a atenção,
nas parábola das roupas e dos odres velhos (Mt 9,16-17), e que se
materializaram nas infindáveis controvérsias de São Paulo com elementos ditos
“judaizantes”, sobre isso Jedin diz: “ao
mesmo tempo em que o elementos judeo-cristãos de Jerusalém, da era apostólica e
pós-apostólica, mantinham-se fieis, prosperaram outros grupos que também
aceitaram algo da doutrina e os costumes cristãos, mas que mesclaram de tal
forma, elementos do cristianismo e do judaísmo, que, ao final, pareceram
heterodoxos para as duas religiões... a sua separação do judeu-cristianismo
ortodoxo não se deu por razão de práticas religiosas heterogêneas, mas por
interpretações doutrinais significativamente diferentes quanto à cristologia,
assim como sobre a vigência da lei mosaica. Precisamente essa última questão...
forneceu abundante ocasiões de conflitos na Igreja” (p 243).
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Isso é notável, afinal esses grupos haviam rompido com o judaísmo, para aderir ao
cristianismo, e, uma vez aí, começam a querer impor temas e práticas que haviam
abandonado recentemente! Mas jedin prossegue: “a separação inevitável veio ainda durante a morte de São Tiago Menor ,
quando a facção judaizante quis impor o seu candidato, Thebutis, contra Simeão,
o sucessor legitimamente eleito (4)”.
A todas essas perturbações internas, sobre a comunidade cristã de Jerusalém e
da Palestina veio se abater uma vicissitude muito mais tormentosa: a destruição
de Jerusalém na guerra de 66-73, que obrigou os cristãos locais a se dispersar
nas regiões circunvizinhas, ficando ainda mais sujeitas a influência de seitas
judaicas.
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Retomaremos agora, sob a pena exclusiva de Jedin, a apresentação das principais
seitas judeu-cristãs do período, não só para reforçar o caráter dessas seitas
cristãs, como ressaltar o enorme perigo e os tremendos desafios por quais passou
o cristianismo nascente. Jedin começa pelo heresiarca Cerinto, que viveu no
final do primeiro século, e cuja figura foi muito deformada, em função dos
fortes sentimentos que despertou a sua estranha doutrina: “[Cerinto] afirmava que Jesus era filho natural de
Maria e José, e que ao longo da juventude havia se distinguido dos outros
homens por sua sabedoria e prudência. Cristo teria descido sobre ele
[Jesus], após o batismo, na forma de uma
pomba... e antes de morrer Cristo o havia abandonado, de sorte que só o homem Jesus
foi flagelado e crucificado” (p 244). Essa é uma uma concepção docetista.
Jedin afirma que essa doutrina gerou uma forte repulsa em toda a Ásia Menor, e
que o próprio Evangelho de João teria sido escrito como uma resposta aos
desvarios de Cerinto. Cerinto e seus partidários utilizavam de um evangelho
próprio chamado de Evangelhos dos Hebreus (5).
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No caso dos ebionitas, a hipótese mais provável é a de que eles evoluíram de
membros da igreja nascente, que, em torno de 66-67, se refugiaram na Celessíria
e na Jordânia [fugidos da guerra]. Porém, mais tarde, professaram em matéria de
cristologia e na questão da obrigatoriedade da lei opiniões que os afastaram da
heterodoxia. Justino Mártir distingue dois grupos de judeo-cristãos: um que via
Jesus apenas como homem e outro que o via como o Messias e Filho de Deus. Segundo
ele se deveria situar em torno de 150 a divisão entre ebionitas hereges e
ortodoxos. Entre os escritos dos ebionitas, deve se destacar um evangelho
próprio, que era, provavelmente, o Evangelho de Mateus, refundido de acordo com
as crenças da seita (6).
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Diz Jedin:
“Com a estima pela lei judaica e a negação do
valor soteriológico da morte de Jesus, segue anexo um decidido antipaulinismo...
Para eles Paulo era o grande inimigo da lei, o “homem inimigo”, que havia
falsificado o verdadeiro evangelho de Jesus. Os ebionitas rechaçam
resolutamente a doutrina da justificação de Paulo, pois ela só poderia se dar
pelo conhecimento pessoal de Jesus, enquanto Paulo funda sua vocação em visões
revelações, que não são mais que ilusões inspiradas pelos demônios. Aqui se
apresentam os ebionitas com os herdeiros daquela corrente judaizante, tão
citadas nas cartas paulinas... tinham um tendência antitrinitária e rechaçavam
a interpretação trinitária de passagens do Segundo Testamento, como era comum
entre os cristãos” (p 246).
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Junto com os ebionitas surgiram outros grupos, que graduavam o seu judaísmo,
assimilando aspectos secundários da religião cristã, como foi o caso dos
elcasaítas, uma seita nascida no Oriente, e que alcançou certo volume, chegando
inclusive a tentar se implantar na própria Roma, no século III, pelas mãos do
pregador Alcibiades de Apamea (Síria).
“A base de sua pregação era um livro sagrado,
do qual propalavam uma origem sobrenatural. Nele desempenhavam papel principal
os seres celestiais, sendo um feminino, que eles chamavam Espírito Santo, e
outro masculino, o Filho de Deus, Cristo, que teria vindo ao mundo em repetidas
encarnações... mantinham um batismo com roupa, que perdoava os pecados, e
reiteradas abluções, que protegiam das doenças e das faltas. A Lei era, para os
elcasaítas, a base de sua conduta... eram obrigatórios a circuncisão, a
observância do sábado, a oração voltada para Jerusalém, embora rechacem os
sacrifícios sangrentos prescritos pelo Primeiro Testamento” (p 247)
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https://falhasespiritismo.org/
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Por fim Jedin fala dos mandeus que:
“Tinham relações com as seitas judaicas que
se desenvolveram ao oriente da Síria e da Palestina. Em seu culto o batismo
desempenha um papel sobranceiro, que se realiza por tríplice imersão e pode se
repetir inúmeras vezes. Também se concebe um alto significado para a ascensão
da alma dos mortos ao reino da luz. A mitologia mandeia ressalta um rei da luz,
o grande mama, em torno do qual gravitam outros mamas menores; a eles se
contrapõe um mundo povoado por demônios e satanazes da água negra. Os mandeus
enaltecem a João Batista, enquanto têm a Jesus como falso profeta e impostor...
Cabe ainda assinalar as influências de um
judeu-cristianismo heterodoxo, em alguns grupos gnósticos precoces... [considerando
que] certas correntes judias conhecem um
dualismo relativo [o dualismo é fundamental no gnosticismo], ao supor um mundo de anjos e demônios
submetidos a Deus, que interferem no destino do mundo, das nações e dos
indivíduos. Tal concepção com traços gnósticos judeu-cristianismo heterodoxo
pode ser encontrada na gnose samaritana de Simão o Mago, que, de fato, não era
alheio ao judeu-cristianismo (At 8,10)... Passando por Menandro, discípulo de Simão, e pelos discípulos deste,
Satornil e Basilídes, tais fantasias puderam chegar à Síria e ao Egito e
penetrar nas correntes gnósticas locais. O chamado Apócrifo de João, do grupo
de livros gnósticos da biblioteca de Nag Hammadi... aponta para especulações
afins do judeu-cristianismo herético” (idem, p 248-249).
Notas
(1)
O Islam, seguindo a crença doceta, nega a crucificação real de Jesus. Assim
reza a sura 4,157-158, do Corão: “E por
dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus, embora
não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram (315), senão
que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso [os
cristãos], estão na dúvida, porque não
possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão somente em conjecturas; porém, o
fato é que não o mataram. 158 Outrossim, Deus fê-lo ascender até Ele (316) ,
porque é Poderoso, Prudentíssimo” (Alcorão Fonte digital: Centro Cultural
Beneficente Árabe Islâmico de Foz do Iguaçu http://www.islam.com.br). Anos mais
tarde um filósofo gnóstico, num raciocínio puramente docético, afirmará que
quem foi crucificado de verdade foi Simão Cirineu, e que Jesus escapou
travestido do Cirineu. Coitado! Foi ajudar e se estrepou!
(2)
“Na Igreja Católica, os bispos
são os sucessores dos apóstolos, e como tais são constituídos como pastores para que sejam
mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros para o
governo. O bispo tem a plenitude do sacerdócio, com poder total, por meio do qual governa uma igreja local
ou particular em comunhão com o papa. O bispo em cada diocese ocupa o
centro da igreja local, e, auxiliado por seu presbitério, tem autoridade
suprema em matéria de ensino, santificação e do governo. O bispo também tem a
responsabilidade pelo cuidado pastoral da diocese” (Wikipedia
em espanhol – Obispo). Mal comparando
podemos dizer que o poder do bispo, hoje, no âmbito de sua diocese, se equipara
ao de um rei, sendo limitado pela sua pertença ao colegiado dos bispos da
Igreja, pela aceitação às principais diretrizes de Roma e pela Palavra de Deus.
(3) Como nessa época não havia,
nem podia haver, por causa da novidade do cristianismo e da perseguição movida
pelas autoridades romanas, um centro de decisões estável e articulado com todas
as comunidades nascentes, fosse por meio de uma administração fortemente
centralizada, como é hoje, fosse por meio de colegiados integrados, tipo
conferência dos bispos, quem salvou e preservou aquilo que hoje entendemos como
“Palavra de Deus” foi justamente essa tradição, a memória do magistério
eclesiástico anterior, que começa com o magistério apostólico. Se desde o
início os cristãos tivessem se guiado pelo princípio de “sola escritura”, não
haveria sequer escritura, e sem ela não haveria todo “resto”, conhecido como
Civilização Cristã. Os cristãos não passariam de pequenos núcleos heterogêneos
de crentes exóticos, num mundo todo dominado pelo Islam, uma religião
universalista que sabe dar valor à sua tradição.
(4) Segundo Philip Schaff, no seu
History of Christian Church, volume II, Ante-Nicene
Christianity. A.D. 100-325, “I – Uma porção dos judeu-cristãos aderiu, mesmo após a destruição de
Jerusalém, aos costumes nacionais de seus pais, e os propagaram em algumas
igrejas na Síria até o final do IV século, sob o nome de NAZARENOS [destacado
no original], nome, com teor pejorativo,
que os judeus originalmente deram aos seguidores de Jesus de Nazaré. Eles uniam
a observância da lei e dos rituais mosaicos à crença na messianidade de Jesus...
Dos nazarenos é preciso distinguir,
cuidadosamente, os EBIONITAS, que eram mais numerosos... Seu nome provém... de
uma palavra judaica “ebion” que quer dizer “pobre”... uma vez que os ebionitas
consideravam a si próprios como os autênticos seguidores do Cristo pobre... De
acordo com Epifânio, os ebionitas começaram a espalhar os seu erro entre os
cristãos que havia fugido para Pela, após a destruição de Jerusalém; de acordo
com Hegesipo, um certo Thebutis, inconformado por não ter sido escolhido bispo
de Jerusalém, após a morte de Simeão, em 107, [Simeão seria filho de Cleofas,
um dos discípulos na estrada de Emaús (Lc 24,18), que foi bispo de Jerusalém de
62 a 107,
sendo martirizado sob Trajano], deu
início ao cisma entre os cristãos...
Uma marca geral do ebionismo, em todas as suas formas, é a redução do
cristianismo ao nível da religião: eles defendem a validade universal e
perpétua da lei judaica, e alimentam uma inimizade figadal ao apóstolo Paulo...
[um de seus pressupostos é o de que] a circuncisão e a observação escrupulosa de toda a lei mosaica é indispensável
para a salvação de todos os homens” (traduzido de http://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc2.v.xiii.ii.html).
(5)
O Evangelho dos Hebreus “foi um evangelho sincrético [resultante da mistura de
diversas correntes de pensamento], que sobreviveu até hoje apenas em breves
citações dos Padres da Igreja (Ireneu de Lyon, Clemente de Alexandria...)...
Os fragmentos contêm tradições sobre a preexistência de Jesus, sua encarnação,
seu batismo... As características distintivas incluem uma cristologia onde se
destaca a crença que o Espírito Santo é a mãe divina de Jesus e uma primeira e
significativa aparição, após a ressurreição, a Tiago, o irmão de Jesus,
mostrando uma grande deferência por este, enquanto líder da igreja judeu-cristã
de Jerusalém. Foi provavelmente composto nas primeiras décadas do século II, e
utilizado pelos judeu-cristãos de fala grega no Egito, nesse mesmo século”
(Wikipedia em espanhol – Evangelio de los
Hebreos). Esse evangelho foi citado por vários doutores da Igreja, com
ressalvas, até o final do século IV, quando o cânon dos livros do Segundo
Testamento foi fechado.
(6)
Segundo a Wikipedia em espanhol, Evangelio
de los ebionitas, é um evangelho apócrifo, que o padre da Igreja Epifânio de
Salamina, julgou erradamente ser o evangelho hebreu de Mateus – por conseguinte
a versão atual, em grego, seria uma versão modificada daquele. Dele sobraram
apenas sete citações breves. “as características distintivas desse evangelho
incluem a ausência do nascimento virginal de Jesus; uma cristologia
adocionista, em que Jesus se torna filho de Deus somente após o batismo [quando
foi “adotado” por Deus]; a abolição dos sacrifícios [sangrentos] judeus por
Jesus, e uma defesa do vegetarianismo. Se acredita que foi escrito em algum
momento na metade do século II, na região a leste do rio Jordão [para onde
acorreram muitos cristãos, durante a guerra de 66-73]... o termo Evangelho dos
ebionitas é uma convenção moderna [criada pelo sacerdote e estudioso francês Richard
Simon, em 1689]; nenhum documento da Igreja antiga, que tenha sobrevivido até
hoje, menciona um evangelho com esse nome”. (Wikipedia em espanhol).
Bibliografia – Fontes
Diversas
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vida privada – Do Império Romano ao ano mil; trad Hildegard Feist; 2ª
edição; Companhia das Letras; São Paulo; 1989
Bíblia de Jerusalém; 3ª impressão; Paulus; São Paulo;
2004
Bíblia Sagrada; 144ª edição; Ave-Maria; São Paulo;
2001
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de um império; col. Grandes Impérios e Civilizações; trad Maria Emilia
Vidigal; Del Prado; 2 vol; Madrid, 1996;
Diacov, V. e Covalev, S.; História da
Antiguidade – Roma; trad João Cunha Andrade; Fulgor; São Paulo; 1965
Feldman, Sergio A.; Entre o Imperium e a Ecclesia: os judeus no Baixo Império; Anais di
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Jedin, Hubert (org); Manual de Historia de la Iglesia – e la
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versión castellana Daniel Ruiz Bueno; Herder; Barcelona 1966; (online)
Jewish Encyclopedia; 1906 - www.jewishencyclopedia.com
McKenzie, John L.; Dicionário bíblico; trad. Álvaro Cunha e outros; 8ª edição; Paulus;
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Mercaba.org (um site completíssimo sobre tudo
que diz respeito à fé católica, em espanhol)
Mora, Jose Ferrater; Diccionario de Filosofia; Sudamericana; Buenos Aires (online)
Reale, Giovanni
– Antiseri, Dario; História da Filosofia – Patrística e
Escolástica; trad. Ivo Torniolo; 4ª edição; Paulus; vol 2; São Paulo; 2009.
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