segunda-feira, 11 de abril de 2016

HISTORIA DA IGREJA BASEADA EM JEDIN – XV

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, Estados Unidos e Cingapura. Que esse blog vos seja útil, que Deus os abençoe.

O Ovo da Serpente

__ A igreja, logo após a partida de Jesus Cristo, vivia contagiada pela lembrança de sua presença, tão magnética e exemplar, para se preocupar com a possibilidade de que algum obstáculo a viesse tirar do idílio e do êxtase provocados pela memória dos gestos e da voz do mestre. Essa igreja vira e ouvira coisas espetaculares. Esse clima “mágico”, de enlevo permanente, pode ser captado em toda a sua integralidade nos primeiros capítulos de Atos: “Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações... reuniam-se e punham tudo em comum; vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos” (2,42.44-47). E se havia alguém com alguma necessidade ou carência irremediável, um milagre portentoso reparava o problema (3,1-8). Dir-se-ia retratada na origem da Igreja de Cristo, a refundação do paraíso terrestre de Gênesis. Mas ali mesmo se manifestaram os primeiros problemas, seja de origem externa seja de origem interna.

http://quadrangularvilaantonieta.com.br/wp-content/uploads/2014/07/5.jpg
http://quadrangularvilaantonieta.com.br/

__ A princípio houve a hostilidade natural, esperada, das autoridades judias e romanas, relativamente fáceis de desembaraçar (4,21; 5,40). Aprisionado, Pedro é liberto sem aperceber-se (12,7-11). Mais tarde a oposição se acirra e acontecem os primeiros martírios: Estevão (7,58) e Tiago, um dos discípulos prediletos do Senhor (12,2), mas ainda assim esses eventos estão dentro de uma certa “normalidade”, já prevista e avisada pelo Mestre. Mas as coisas se agravam quando um casal, Ananias e Safira, se articula para aplicar um golpe dentro da comunidade, com o aparente objetivo de obter mais prestígio. São desmascarados e punidos de uma forma exemplar (5,1-11); depois se manifesta a dissimulação e a avidez do mágico Simão (8,13.18-24).  É possível que os apóstolos tenham começado a pressentir o tamanho e a complexidade da missão em que estavam envolvidos, e os riscos que ela englobava; pois com eles estariam, até o final dos tempos, o Espírito Santo de Jesus e... Judas Iscariote, sempre ocultando seus verdadeiros sentimentos e suas intenções, tentando perverter seus companheiros (Mt 13,24-30.36-43).  
__ O primeiro embate, sobre se os pagãos convertidos deveriam ou não seguir as normas judaicas, prenunciava o fim do relacionamento minimamente amigável com a comunidade dos judeus, e preparou a cissão absoluta com essa gente, algo também previsto pelo Mestre, e resolvido na forma de um debate entre os membros principais da Igreja, num sistema decisório que deveria ser modelo para todas as outras igrejas, afinal se o Espírito Santo se manifestava, bastando o ajuntamento de uns poucos (Mt 18,20), porque não estaria no ajuntamento de tantos? Mesmo correndo o risco de suas inspirações ficarem mascaradas pelos desejos, fantasias e ilusões de cada indivíduo, e que levou muita gente, inclusive bem intencionada, à derrocada. Apenas a tradição e a orientação segura dos mais velhos, poderia salvá-los da ilusão compulsiva da autossuficiência, que pode nos arrastar ao mais radical anticristianismo, acreditando estar prestando serviço a Deus (Jo 16,2).
__ Gradualmente a Igreja de assembleias vai mostrando a sua fragilidade, e incorporando a intervenção cada vez mais intensa e unilateral de apóstolos e anciãos, com o intuito de preservar a autenticidade da mensagem cristã, à qual se agregavam, como cracas em um casco de navios, fantasias, desejos e ilusões espúrias que ameaçavam desfigurar o Cristo histórico e fazer concessões inconsequentes à fraqueza humana. Isso nós vemos bem claro nas epístolas de Paulo, principalmente aos Coríntios e aos Gálatas. Em 1 Corintios, Paulo julga e profere uma punição à distância: “Quanto a mim, ausente de corpo, mas presente em espírito, já julguei como se estivesse presente, aquele que perpetrou tal ação” (1Cor 5,3). Uma assembleia de mestres e neófitos, indiferenciados, não mostrou ser um ambiente seguro para a preservação de uma mensagem tão espiritual, rica e complexa como a do cristiansimo, principalmente quando os apósotolos e outras testemunhas oculares vão desaparecendo, com o passar dos anos. A segunda vinda do Senhor não foi tão imediata como eles esperavam. Com a destruição do Templo, em 70, desaparece definitivamente o ambiente original da mensagem cristã. Gradualmente grupos de cristãos eminentes, chamados indiferentemente de anciãos, presbíteros, epíscopos, diáconos, começam a assumir a direção das comunidades, que assim perdem o seu aspecto mais “popular”, enquanto ficam mais consequentes, no que diz respeito à clarificação e o alcance da mensagem cristã. O primeiro desafio foi o do docetismo. Era hora de enfrentar a cultura ambiente.
__ A infiltração da doutrina doceta entre os cristãos recebeu uma dupla orientação: por um lado, os indivíduos oriundos da cultura judaica sofriam de uma especial repugnância em conceber um Deus, que no passado fora o Senhor dos Exércitos, dono absoluto dos campos de batalha, apresentado nu e exposto em uma cruz – se imaginarmos bem, nenhum dos profetas e grandes personagens do Primeiro Testamento, mesmo os mais malvados, tiveram uma morte tão degradante – enquanto do outro temos o pensamento greco-romano, em especial o de matiz platônica, amplamente difundido na bacia do Mediterrâneo. Diz a Wikipedia em espanhol, no verbete Docetismo: “esta corrente [o docetismo] tem a sua raíz na influência platônica, que afirma serem as ideias as únicas realidades, das quais nosso mundo é apenas um reflexo, uma imagem [ver o “Mito da caverna”], ademais se nutria da ideia, até certo ponto generalizada, naquela época, de que a matéria era corrupta e que o corpo é o cárcere do espírito”.
__ Os docetas pregavam que Jesus Cristo, sendo deus e salvador do gênero humano, um ser acima dos homens e altamente espiritualizado, não podia de fato ter um corpo de carne, pois isso implicaria em ele se misturar ao que é mal e corrupto por natureza, o que resolveria, por outro lado, o relato deu uma morte tão asquerosa, uma vez que o seu corpo físico era apenas uma aparência, um fantasma, que não exista de fato (1). Teria sido justamente contra essa interpretação que João escreveu o seu evangelho, dando relevo especial à natureza humano-divina de Jesus: “No princípio estava o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória” (Jo 1,1.14), da mesma forma que Santo Inácio de antioquia escreve aos esmirnenses: “é de fato da linhagem de Davi, segundo o a carne, mas Filho de Deus pela vontade e poderes divinos, verdadeiramente nascido de uma virgem e batizado por João... verdadeiramente cravado em uma cruz, por amor a nós, sob Poncio Pilatos e Herodes o Tetrarca... sofreu verdadeiramente, do mesmo modo ressuscitou verdadeiramente; não como alguns, que não são crentes, dizem: que sofreu só em aparência, e que eles mesmos são mera aparência. E, segundo suas opiniões, assim lhes sucederá, porque são sem corpo [o docetas se acreditavam muito ‘espirituais’]” (Wikipedia em espanhol – Docetismo).
__ Para enfrentar essas distorções, apresentadas por meio de argumentações tão capciosas quanto emocionalmente atraentes, uma assembleia composta apenas por gente simples e pouco afeita à disputas filosóficas, não era uma instância confiável. Gradualmente, já no tempo dos apóstolos, alguns elementos começam a se destacar da assembleia e a assumir um posto de maior eminência, em cada igreja particular.

https://assetsnffrgf-a.akamaihd.net/assets/m/bm/bm.art/1102009473_univ_cnt_2_xl.jpg
https://www.jw.org/

Evolução da hierarquia
__ É sabido, de acordo com o Segundo Testamento, que Jesus fazia distinções entre seus seguidores. No âmbito mais geral havia aqueles que o texto chama de discípulos, indiferentemente de eles serem homens ou mulheres. No âmbito mais restrito havia aqueles 12, que Jesus chamara pessoalmente, cujos nomes são listados nos quatro evangelhos, e que receberam o nome de apóstolos. Entre os apóstolos Jesus escolheu três deles para partilhar de uma forma mais intensa de sua intimidade: Pedro, Tiago e João. Desse trio, Jesus escolheu um para orientar e falar pelos outros, aquele que apascentaria suas ovelhas (Jo 21,15ss), Pedro; e outro para quem revelou seus segredos mais sublimes, a escolha de seu coração, o discípulo que Jesus amava: João. Podemos, portanto, dizer que desde o início havia uma hierarquia, uma graduação de comando e responsabilidade dentro da comunidade dos discípulos de Jesus, embora ainda de uma maneira muito informal, de acordo com a vontade de Jesus.
__ Depois que Jesus ascende, e os apóstolos precisam assumir o comando da Igreja, a situação se mostrou, desde o início, mais complexa do que imaginaram (como vimos na chamada anterior), e, assim como Moisés, a conselho de Jetro (Ex 18,13-26), começaram a adicionar novos elementos à estrutura de administração da Igreja nascente. Tanto nos Atos dos Apóstolos como nas epístolas, são apresentadas funções e personagens que apontam para uma seguimentação, para aquilo que mais tarde se chamará clero católico. São eles:
a) Os diáconos: surgidos por conta de uma questão aparentemente menor, mas muito significativa dos problemas que advinham da grande diversidade interna da Igreja e do espírito “menor” dos homens. Sua função primordial seria administrar os bens da Igreja de forma a que fossem equitativamente distribuídos (At 6,1-3), embora logo tenha ficado claro que isso não os privava ou isentava da pregação da palavra de Deus, como aconteceu com os diáconos Estevão (7) e Filipe (8,4-7; 26-40). A sua importância e a sua especificidade dentro da hierarquia da Igreja é claramente denunciada pela minuciosa descrição das qualidades necessárias a quem quisesse exercer esse cargo, feita por São Paulo em 1Tm 3,8-13. McKenzie (2003; p 236), traz uma interpretação interessante dessas passagens tão antigas: “Talvez se deva pensar no diácono não como ministro da comunidade, mas sim como um assistente do epíscopo... Já que antes de mais nada “diácono” significa “aquele que serve à mesa”, talvez se possa pensar que, originalmente, o diácono assistisse o apíscopo no rito da Eucarístia”.
b) Os anciãos ou presbíteros (?): que assistem junto com os apóstolos ao concílio de Jerusalém e, com eles, aprovam a decisão final e assinam o documento resultante do encontro (At 15,2.22.23). Esses anciãos também existam em outras cidades, nas comunidades fundadas pelos apóstolos, como em Éfeso (20,17). Segundo McKenzie (2003; p 44), Paulo relata em 1Tm 4,14, que Timoteo recebeu a graça de sua vocação das mãos do presbyterion, que neste caso significaria, colégio dos anciãos, ao mesmo que as recomendações constantes de 1Tm 5,17-22, referentes aos presbíteros, seria na verdade aos anciãos. A recomendação a Tito, em Tt 1,5, é, nesse sentido, muito reveladora. Os anciãos seriam, por conseguinte, o equivalente dos primeiros tempos àquilo que nós hoje chamamos “padres”, que respondem por uma paroquia. A primeira epístola de Pedro, 5,1-5, reforça essa impressão.
c) O epíscopo: termo ambíguo, segundo McKenzie (idem) aparecem como distintos dos diáconos em Fl 1,1, cuja nota, na Bíblia de Jerusalém, os equipara aos presbíteros e anciãos (BJ; p 2048). Em 1Pd 2,25, Jesus é chamado de “pastor e epíscopo [BJ traduz o termo “epíscopo” por “guarda”] das almas”. Em 1Tm 3,1-7 e Tt 1,6-9 Paulo enumera as qualidades necessárias para o cargo – na BJ o termo aparece traduzido por “presbítero”, mostrando o quão indefinidas estavam ainda essas funções dentro da igreja, que só o tempo, a necessidade e a moção do Espírito Santo poderiam aclarar. Eis o que diz McKenzie (idem; p 284) “Esses textos [capítulos e versículos citados logo acima] indicam que os apóstolos nomeavam tais ministros para que administrassem as Igrejas por eles fundadas. É clara a distinção entre epíscopo e diáconos, já não ficando tão clara a distinção entre apíscopos e presbíteros. At 20,17 e Tt 1,5 fazem pensar que o epíscopo e os presbíteros formassem um colegiado”. Não havia, no âmbito do Segundo Testamento, segundo esse autor, o bispo monarca, como acontece nos dias de hoje, levando-nos a crer que todas as igrejas fundadas nos primeiros anos ficavam sob a responsabilidade do apóstolo que as originou, embora sob a direção direta de elementos locais, os epíscopos. Antes do final do século I, porém, como se depreende das cartas de Inácio de Antioquia, “pode-se presumir então que um dos membros do colegiado passou a ser eleito para suceder ao apóstolo, quando da morte deste, como chefe monárquico da Igreja [fundada por determinado apóstolo]” (idem, idem).
__ Jedin expõe essa evolução a partir da análise dos textos já citados em capítulos anteriores dessa nossa história:

O governo de uma comunidade particular se compõe de dois grupos de homens. Um grupo leva a dupla denominação de presbítero e epíscopo, e o outro é o dos diáconos. Por volta do fim da época apostólica, no Pastor de Hermas, nós achamos o duplo nome de epíscopos e presbíteros como titulares do ministério de governo das igrejas, junto aos quais se nomeia, também, os diáconos e os mestres. O Didaquê só nomeia a epíscopos e diáconos. Policarpo só a presbíteros e diáconos. Só as cartas de Inácio de Antioquia distinguem claramente os três ministérios, cujos representantes se chamam epíscopos, presbíteros e diáconos. Cada Igreja possui um só bispo (epíscopo), a quem está subordinado o colégio dos presbíteros e os diáconos. Assim, pois, na segunda metade do século II existe... o episcopado monárquico (2), que incumbe ao bispo, e só a ele, a cabeça do governo da Igreja” (p 236).
Inácio desenvolve, por outro lado a teologia do espiscopado... só com ele [o bispo] se deve celebrar o ágape e a eucaristia; a ele se deve seguir obedientemente, como Jesus seguiu ao Pai. Nada deve ser feito na igreja sem a sua presença. Igualmente o batismo e a celebração dos casamentos lhe estão reservados. Presbíteros e diáconos participam de sua autoridade... Só o bispo pode cobrar ou autorizar pessoalmente uma determinada atitude de seus fieis, sem se basear estritamente na lei de Deus e da Igreja [interpretando-as, ele pode criar uma solução pessoal para um problema novo ou antigo], como o fazem presbíteros e diáconos, porque ele representa a Jesus Cristo” (p 237). Quem se rebela contra o bispo se rebela contra Jesus Cristo.     

Carisma versus instituição
__ Entretanto, a igreja pós-apostólica vivia tensões que não nos são deconhecidas nos dias de hoje, que é a presença de sinais carismáticos, autênticos ou supostos, que podem, no limite, confrontar a instituição Igreja com o “Espírito Santo”. Ouvimos falar de profetas, curadores, etc., carismáticos que, sentindo-se constrangidos pela hierarquia, abandonam a Igreja Católica para fundar sua “igreja”, supostamente “evangélica”, onde eles podem salvar melhor a si próprios e ao mundo, tomados que estão pelo Espírito Santo. Ademais essas pessoas são constantemente confrontadas por uma “tentação”: “por que me submeter aos Bispos e às outras autoridades eclesiásticas, se tenho acesso direto ao ‘chefe de todos’”? O que diz Jedin, nos anos 1960, a esse respeito, é muito valioso para os dias de hoje.

Na era pós-apostólica se dão ainda algumas manifestações carismáticas, e se observam também, como outrora, tensões e desarmonias entre leigos carismáticos e os dirigentes das comunidades. Assim nos mostra, sobretudo, o Didaquê, que confere aos “profetas” um posto de destaque na comunidade... entretanto, suas pretensões carismáticas precisam ser convalidadas pela comunidade, pois há falsos profetas que não ensinam a verdade, mas antes buscam o lucro pessoal. Ao profeta provado e verdadeiro se lhe deve acatamento irrestrito... Tem-se a impressão que o autor do Didaquê luta, nessa passagem, pelo ideal profético, cujo prestígio decai, mas também em favor do mestre, cujas qualidades [adquiridas não de chofre, na forma de um dom externo, mas por meio de laboriosa vida de estudos e aprofundamento] também devem ser rigorosamente examinadas. Profeta da igreja romana, Hermas... a quem se lhe concedem muitas visões e aparições... não reclama para si autoridade doutrinal, à qual deveriam se submeter os superiores da comunidade; se ele se apresenta ante esta, e ela o recebe com consideração é porque por meio dele fala o Espírito Santo, e isto ele deve, antes, comprovar aos chefes da comunidade [e não o contrário como comumente ocorre]... evidentemente aqui não existe rivalidade entre os carismáticos e os representantes da hierarquia, mas antes uma reta harmonia” (p 238-239).

http://bibleencyclopedia.com/picturesjpeg/Simon_Sorcerer_C-884.jpg
http://fullproofministry.blogspot.com.br/

A Igreja universal
__ Mas enquanto esses acertos e desacertos vão amadurecendo as igrejas locais, criando, paulatinamente, uma cultura cristã a partir de pequenos núcleos espalhados por um vasto império, um invisível e poderoso elo também se cria entre elas, dando-lhe uma estrutura de rede, de totalidade, inacreditável, considerando-se as circunstâncias e as terríveis oposições que o cristianismo enfrentou, desde sua primeira manifestação ao mundo. Na criação desse elo, muito deve a Igreja ao maravilhoso sistema de estradas e ao serviço postal romano.
__ Diz Jedin: “um incrível comércio epistolar de igreja para igreja mantém viva a consciência de pertencer a uma igreja universal” (p 240). É que comércio! O que sobrou dessa correspondência mostra a sua abundância e qualidade, além de uma preocupação quase compulsiva para preservar o essencial da fé cristã: o testemunho de Jesus Cristo – já se disse que se fossem perdidos todos os documentos antigos que contém os evangelhos, seria possível reconstituí-los só usando a correspondência dos antigos pais da Igreja. Ainda assim, isso é formidável tendo em vista as enormes distâncias que animais e navios deviam percorrer para que a correspondência chegasse ao seu destino e no tempo conveniente, principalmente quando era necessário articular  alguma ação coletiva. Mas não é só:

A unidade de culto está assegurada pela liturgia da eucaristia, que, se na forma externa e em alguns textos de oração mostra diferenças locais, na sua parte mais profunda mantém, em todas as partes, a unidade essencial da visão cristã sobre o tema, de tal sorte que o Bispo Policarpo de Esmirna [na Ásia Menor, atual Turquia], quando foi a Roma pode celebrar, aí, a eucaristia para os romanos. A fé e o culto recebem mais firmeza pelo fato de serem medidas constantemente pelo padrão da tradição eclesiástica. É conta dessa tradição, que não se pode nem se deve admitir nenhuma novidade nem acréscimo humano; a fidelidade a essa tradição é o pressuposto da integridade das verdades da fé e do culto (3). Já nos Padres Apostólicos [discípulos dos apóstolos] encontramos com surpreendente frequência o apelo à tradição, vista como herança dos apóstolos [e não diretamente de Cristo] e que não se pode falsificar”.
__ Embora não houvesse ainda uma noção clara e plenamente aceita do primado de Roma, já se vê um esboço desse mesmo primado na carta do Papa São Clemente Romano aos coríntios, escrita entre (81 e 96), para corrigir uma disputa que surgira na comunidade de Corinto, na Grécia. Como o diz Jedin: “a carta cuida de restabelecer a paz pela exortação e o conselho; mas a linguagem toma, por vezes, um tom decidido e severo, como quem não quer ser desobedecido. Há que tomar em muita consideração o fato de essa carta ter gozado de um imenso pretígio, não só entre a comunidade de Corinto como em outras comunidades, a ponto de ser considerada uma escritura inspirada [muito citada por autores antigos]. Isso faz-nos suspeitar que os cristãos, fora de Roma, tinham uma grande estima por esta comunidade, o que implicaria em um reconhecimento tácito de sua eminência diante das outras. Isto se percebe, sobretudo, na Carta de Santo Inácio de Antioquia [aos romanos], cujo cabeçalho entusiasta é único e original em toda a sua correspondência. A acumulação de epítetos honrosos e arrebatada homenagem, não se explica apenas pelas características de seu temperamento ou pelas intenções de sua carta. Aludindo, evidentemente, à carta de Clemente, Inácio afirma que Roma tem ensinado aos outros” (p 241). E ainda mais: “a grande afluência de cristãos forasteiros a Roma [tanto ortodoxos como heterodoxos] indica uma particular força de atração, que não pode ser explicada apenas pelo fato de a cidade ser a capital do império” (idem). Entre estes Jedin cita: Policarpo de Esmirna (Turquia), Justino (Palestina), Hegesipo (Palestina), Valentino (Egito), Cerdão (Síria), Marcião (Turquia), etc.

Heterodoxia judeo-cristã
__ Os problemas de adaptação de muitos indivíduos de fé judaica ao cristianismo sempre problemático, no início, e não me refiro apenas a questões de prestígio ou proximidade da elite “clerical”, como aconteceu no episódio da escolha dos sete diáconos (At 6), mas antes em episódios que demonstram uma resistência a aceitação da radicalidade do cristianismo, que Jesus já havia chamado a atenção, nas parábola das roupas e dos odres velhos (Mt 9,16-17), e que se materializaram nas infindáveis controvérsias de São Paulo com elementos ditos “judaizantes”, sobre isso Jedin diz: “ao mesmo tempo em que o elementos judeo-cristãos de Jerusalém, da era apostólica e pós-apostólica, mantinham-se fieis, prosperaram outros grupos que também aceitaram algo da doutrina e os costumes cristãos, mas que mesclaram de tal forma, elementos do cristianismo e do judaísmo, que, ao final, pareceram heterodoxos para as duas religiões... a sua separação do judeu-cristianismo ortodoxo não se deu por razão de práticas religiosas heterogêneas, mas por interpretações doutrinais significativamente diferentes quanto à cristologia, assim como sobre a vigência da lei mosaica. Precisamente essa última questão... forneceu abundante ocasiões de conflitos na Igreja” (p 243).
__ Isso é notável, afinal esses grupos haviam rompido com o judaísmo, para aderir ao cristianismo, e, uma vez aí, começam a querer impor temas e práticas que haviam abandonado recentemente! Mas jedin prossegue: “a separação inevitável veio ainda durante a morte de São Tiago Menor , quando a facção judaizante quis impor o seu candidato, Thebutis, contra Simeão, o sucessor legitimamente eleito (4)”. A todas essas perturbações internas, sobre a comunidade cristã de Jerusalém e da Palestina veio se abater uma vicissitude muito mais tormentosa: a destruição de Jerusalém na guerra de 66-73, que obrigou os cristãos locais a se dispersar nas regiões circunvizinhas, ficando ainda mais sujeitas a influência de seitas judaicas.
__ Retomaremos agora, sob a pena exclusiva de Jedin, a apresentação das principais seitas judeu-cristãs do período, não só para reforçar o caráter dessas seitas cristãs, como ressaltar o enorme perigo e os tremendos desafios por quais passou o cristianismo nascente. Jedin começa pelo heresiarca Cerinto, que viveu no final do primeiro século, e cuja figura foi muito deformada, em função dos fortes sentimentos que despertou a sua estranha doutrina: “[Cerinto] afirmava que Jesus era filho natural de Maria e José, e que ao longo da juventude havia se distinguido dos outros homens por sua sabedoria e prudência. Cristo teria descido sobre ele [Jesus], após o batismo, na forma de uma pomba... e antes de morrer Cristo o havia abandonado, de sorte que só o homem Jesus foi flagelado e crucificado” (p 244). Essa é uma uma concepção docetista. Jedin afirma que essa doutrina gerou uma forte repulsa em toda a Ásia Menor, e que o próprio Evangelho de João teria sido escrito como uma resposta aos desvarios de Cerinto. Cerinto e seus partidários utilizavam de um evangelho próprio chamado de Evangelhos dos Hebreus (5).
__ No caso dos ebionitas, a hipótese mais provável é a de que eles evoluíram de membros da igreja nascente, que, em torno de 66-67, se refugiaram na Celessíria e na Jordânia [fugidos da guerra]. Porém, mais tarde, professaram em matéria de cristologia e na questão da obrigatoriedade da lei opiniões que os afastaram da heterodoxia. Justino Mártir distingue dois grupos de judeo-cristãos: um que via Jesus apenas como homem e outro que o via como o Messias e Filho de Deus. Segundo ele se deveria situar em torno de 150 a divisão entre ebionitas hereges e ortodoxos. Entre os escritos dos ebionitas, deve se destacar um evangelho próprio, que era, provavelmente, o Evangelho de Mateus, refundido de acordo com as crenças da seita (6).
__ Diz Jedin:

Com a estima pela lei judaica e a negação do valor soteriológico da morte de Jesus, segue anexo um decidido antipaulinismo... Para eles Paulo era o grande inimigo da lei, o “homem inimigo”, que havia falsificado o verdadeiro evangelho de Jesus. Os ebionitas rechaçam resolutamente a doutrina da justificação de Paulo, pois ela só poderia se dar pelo conhecimento pessoal de Jesus, enquanto Paulo funda sua vocação em visões revelações, que não são mais que ilusões inspiradas pelos demônios. Aqui se apresentam os ebionitas com os herdeiros daquela corrente judaizante, tão citadas nas cartas paulinas... tinham um tendência antitrinitária e rechaçavam a interpretação trinitária de passagens do Segundo Testamento, como era comum entre os cristãos” (p 246).

__ Junto com os ebionitas surgiram outros grupos, que graduavam o seu judaísmo, assimilando aspectos secundários da religião cristã, como foi o caso dos elcasaítas, uma seita nascida no Oriente, e que alcançou certo volume, chegando inclusive a tentar se implantar na própria Roma, no século III, pelas mãos do pregador Alcibiades de Apamea (Síria).

A base de sua pregação era um livro sagrado, do qual propalavam uma origem sobrenatural. Nele desempenhavam papel principal os seres celestiais, sendo um feminino, que eles chamavam Espírito Santo, e outro masculino, o Filho de Deus, Cristo, que teria vindo ao mundo em repetidas encarnações... mantinham um batismo com roupa, que perdoava os pecados, e reiteradas abluções, que protegiam das doenças e das faltas. A Lei era, para os elcasaítas, a base de sua conduta... eram obrigatórios a circuncisão, a observância do sábado, a oração voltada para Jerusalém, embora rechacem os sacrifícios sangrentos prescritos pelo Primeiro Testamento” (p 247)

https://falhasespiritismo.files.wordpress.com/2015/08/mandeus_bapismo.jpg?w=595
https://falhasespiritismo.org/

__ Por fim Jedin fala dos mandeus que:

Tinham relações com as seitas judaicas que se desenvolveram ao oriente da Síria e da Palestina. Em seu culto o batismo desempenha um papel sobranceiro, que se realiza por tríplice imersão e pode se repetir inúmeras vezes. Também se concebe um alto significado para a ascensão da alma dos mortos ao reino da luz. A mitologia mandeia ressalta um rei da luz, o grande mama, em torno do qual gravitam outros mamas menores; a eles se contrapõe um mundo povoado por demônios e satanazes da água negra. Os mandeus enaltecem a João Batista, enquanto têm a Jesus como falso profeta e impostor... Cabe ainda assinalar as influências de um judeu-cristianismo heterodoxo, em alguns grupos gnósticos precoces... [considerando que] certas correntes judias conhecem um dualismo relativo [o dualismo é fundamental no gnosticismo], ao supor um mundo de anjos e demônios submetidos a Deus, que interferem no destino do mundo, das nações e dos indivíduos. Tal concepção com traços gnósticos judeu-cristianismo heterodoxo pode ser encontrada na gnose samaritana de Simão o Mago, que, de fato, não era alheio ao judeu-cristianismo (At 8,10)... Passando por Menandro, discípulo de Simão, e pelos discípulos deste, Satornil e Basilídes, tais fantasias puderam chegar à Síria e ao Egito e penetrar nas correntes gnósticas locais. O chamado Apócrifo de João, do grupo de livros gnósticos da biblioteca de Nag Hammadi... aponta para especulações afins do judeu-cristianismo herético” (idem, p 248-249).  

Notas
(1) O Islam, seguindo a crença doceta, nega a crucificação real de Jesus. Assim reza a sura 4,157-158, do Corão: “E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram (315), senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso [os cristãos], estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão somente em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram. 158 Outrossim, Deus fê-lo ascender até Ele (316) , porque é Poderoso, Prudentíssimo” (Alcorão Fonte digital: Centro Cultural Beneficente Árabe Islâmico de Foz do Iguaçu http://www.islam.com.br). Anos mais tarde um filósofo gnóstico, num raciocínio puramente docético, afirmará que quem foi crucificado de verdade foi Simão Cirineu, e que Jesus escapou travestido do Cirineu. Coitado! Foi ajudar e se estrepou!
(2) “Na Igreja Católica, os bispos são os sucessores dos apóstolos, e como tais são constituídos como pastores para que sejam mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros para o governo. O bispo tem a plenitude do sacerdócio, com poder total, por meio do qual governa uma igreja local ou particular em comunhão com o papa. O bispo em cada diocese ocupa o centro da igreja local, e, auxiliado por seu presbitério, tem autoridade suprema em matéria de ensinosantificação e do governo. O bispo também tem a responsabilidade pelo cuidado pastoral da diocese (Wikipedia em espanhol – Obispo). Mal comparando podemos dizer que o poder do bispo, hoje, no âmbito de sua diocese, se equipara ao de um rei, sendo limitado pela sua pertença ao colegiado dos bispos da Igreja, pela aceitação às principais diretrizes de Roma e pela Palavra de Deus.
(3) Como nessa época não havia, nem podia haver, por causa da novidade do cristianismo e da perseguição movida pelas autoridades romanas, um centro de decisões estável e articulado com todas as comunidades nascentes, fosse por meio de uma administração fortemente centralizada, como é hoje, fosse por meio de colegiados integrados, tipo conferência dos bispos, quem salvou e preservou aquilo que hoje entendemos como “Palavra de Deus” foi justamente essa tradição, a memória do magistério eclesiástico anterior, que começa com o magistério apostólico. Se desde o início os cristãos tivessem se guiado pelo princípio de “sola escritura”, não haveria sequer escritura, e sem ela não haveria todo “resto”, conhecido como Civilização Cristã. Os cristãos não passariam de pequenos núcleos heterogêneos de crentes exóticos, num mundo todo dominado pelo Islam, uma religião universalista que sabe dar valor à sua tradição.
(4) Segundo Philip Schaff, no seu History of Christian Church, volume II, Ante-Nicene Christianity. A.D. 100-325, “I – Uma porção dos judeu-cristãos aderiu, mesmo após a destruição de Jerusalém, aos costumes nacionais de seus pais, e os propagaram em algumas igrejas na Síria até o final do IV século, sob o nome de NAZARENOS [destacado no original], nome, com teor pejorativo, que os judeus originalmente deram aos seguidores de Jesus de Nazaré. Eles uniam a observância da lei e dos rituais mosaicos à crença na messianidade de Jesus... Dos nazarenos é preciso distinguir, cuidadosamente, os EBIONITAS, que eram mais numerosos... Seu nome provém... de uma palavra judaica “ebion” que quer dizer “pobre”... uma vez que os ebionitas consideravam a si próprios como os autênticos seguidores do Cristo pobre... De acordo com Epifânio, os ebionitas começaram a espalhar os seu erro entre os cristãos que havia fugido para Pela, após a destruição de Jerusalém; de acordo com Hegesipo, um certo Thebutis, inconformado por não ter sido escolhido bispo de Jerusalém, após a morte de Simeão, em 107, [Simeão seria filho de Cleofas, um dos discípulos na estrada de Emaús (Lc 24,18), que foi bispo de Jerusalém de 62 a 107, sendo martirizado sob Trajano], deu início ao cisma entre os cristãos... Uma marca geral do ebionismo, em todas as suas formas, é a redução do cristianismo ao nível da religião: eles defendem a validade universal e perpétua da lei judaica, e alimentam uma inimizade figadal ao apóstolo Paulo... [um de seus pressupostos é o de que] a circuncisão e a observação escrupulosa de toda a lei mosaica é indispensável para a salvação de todos os homens” (traduzido de        http://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc2.v.xiii.ii.html).
(5) O Evangelho dos Hebreus “foi um evangelho sincrético [resultante da mistura de diversas correntes de pensamento], que sobreviveu até hoje apenas em breves citações dos Padres da Igreja (Ireneu de Lyon, Clemente de Alexandria...)... Os fragmentos contêm tradições sobre a preexistência de Jesus, sua encarnação, seu batismo... As características distintivas incluem uma cristologia onde se destaca a crença que o Espírito Santo é a mãe divina de Jesus e uma primeira e significativa aparição, após a ressurreição, a Tiago, o irmão de Jesus, mostrando uma grande deferência por este, enquanto líder da igreja judeu-cristã de Jerusalém. Foi provavelmente composto nas primeiras décadas do século II, e utilizado pelos judeu-cristãos de fala grega no Egito, nesse mesmo século” (Wikipedia em espanhol – Evangelio de los Hebreos). Esse evangelho foi citado por vários doutores da Igreja, com ressalvas, até o final do século IV, quando o cânon dos livros do Segundo Testamento foi fechado.
(6) Segundo a Wikipedia em espanhol, Evangelio de los ebionitas, é um evangelho apócrifo, que o padre da Igreja Epifânio de Salamina, julgou erradamente ser o evangelho hebreu de Mateus – por conseguinte a versão atual, em grego, seria uma versão modificada daquele. Dele sobraram apenas sete citações breves. “as características distintivas desse evangelho incluem a ausência do nascimento virginal de Jesus; uma cristologia adocionista, em que Jesus se torna filho de Deus somente após o batismo [quando foi “adotado” por Deus]; a abolição dos sacrifícios [sangrentos] judeus por Jesus, e uma defesa do vegetarianismo. Se acredita que foi escrito em algum momento na metade do século II, na região a leste do rio Jordão [para onde acorreram muitos cristãos, durante a guerra de 66-73]... o termo Evangelho dos ebionitas é uma convenção moderna [criada pelo sacerdote e estudioso francês Richard Simon, em 1689]; nenhum documento da Igreja antiga, que tenha sobrevivido até hoje, menciona um evangelho com esse nome”. (Wikipedia em espanhol).

Bibliografia – Fontes Diversas
Ariès, Puilippe e Duby, Georges; História da vida privada – Do Império Romano ao ano mil; trad Hildegard Feist; 2ª edição; Companhia das Letras; São Paulo; 1989
Bíblia de Jerusalém; 3ª impressão; Paulus; São Paulo; 2004
Bíblia Sagrada; 144ª edição; Ave-Maria; São Paulo; 2001
Bloch, Raymond e Cousin, Jean; Roma e o seu destino; trad Ma. Antonieta M Godinho; Cosmos; Lisboa-Rio de Janeiro; 1964
Cornell, Tim e Matthews, John; Roma legado de um império; col. Grandes Impérios e Civilizações; trad Maria Emilia Vidigal; Del Prado; 2 vol; Madrid, 1996;
Diacov, V. e Covalev, S.; História da Antiguidade – Roma; trad João Cunha Andrade; Fulgor; São Paulo; 1965
Feldman, Sergio A.; Entre o Imperium e a Ecclesia: os judeus no Baixo Império; Anais di XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão; ANPUH/SP-USP; São Paulo; 8-12 de setembro de 2008 
Giordani, Mario Curtis; Antiguidade Clássica II – História de Roma; 9ª edição; Vozes; Petrópolis; 1987.
Jedin, Hubert (org); Manual de Historia de la Iglesia – e la Iglesia primitiva a los comienzos de la gran Iglesia - tomo primero; versión castellana Daniel Ruiz Bueno; Herder; Barcelona 1966; (online)
Jewish Encyclopedia; 1906 - www.jewishencyclopedia.com
McKenzie, John L.; Dicionário bíblico; trad. Álvaro Cunha e outros; 8ª edição; Paulus; São Paulo; 2003.
Mercaba.org (um site completíssimo sobre tudo que diz respeito à fé católica, em espanhol)
Mora, Jose Ferrater; Diccionario de Filosofia; Sudamericana; Buenos Aires (online)
Reale, GiovanniAntiseri, Dario; História da Filosofia – Patrística e Escolástica; trad. Ivo Torniolo; 4ª edição; Paulus; vol 2; São Paulo; 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário