NADA MAL, NADA MAL
Prof Eduardo Simões
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__ Sempre que se vê uma cena absurda, de
violência covarde, não provocada, contra alguém do grupo LGBT em nossas ruas,
logo saltam várias pessoas e jornalistas, cevados de complexo de inferioridade,
de vira-latas, a dizerem que tal coisa só se dá no Brasil, que o Brasil ou os
brasileiros são isso ou aquilo. Pois bem, no dia de combate a homofobia saiu os
resultados de uma grande pesquisa, feita em uns 53 países, envolvendo dezenas
de milhares de pessoas, onde se pode comprovar o quanto os brasileiros estão avançados,
republicanos e democráticos quanto a esse tema. As paradas gays, que aqui
ocorrem, não só estão entre as maiores do mundo, como, salvo poucos excessos,
que parecem abundar mais no exterior, constituem um acontecimento de massa
predominantemente pacífico e familiar, como é de nossa índole e formação
religiosa.
__ segundo a pesquisa, a aceitação do
fenômeno complexo, estritamente humano e social, dos LGBT é visto com naturalidade
e aceitação por mais de 80% das pessoas entrevistadas, embora eu desconfie que
no interior mais afastado os dados não sejam assim tão animadores, embora,
também, raramente de lá venha alguma denúncia escabrosa de agressão gratuita a
essa gente, como acontece nas ruas de nossas maiores e mais “civilizadas”
cidades. Eis um fenômeno interessante para estudos – a esse respeito eu
gostaria de dar o meu testemunho pessoal, uma vez que sou professor de escola
pública no interior de São Paulo, o estado mais desenvolvido do país; às vezes,
quando um aluno se destaca e eu me aproximo para lhe dar um breve abraço, com
uns tapas nas costas, na frente de todos, como era comum aos homens absolutamente
héteros fazer, quando que eu era criança, e a questão LGBT nem se colocava
ainda, o menino salta para lá, como se eu portasse uma doença contagiosa grave,
dizendo aquelas expressões características: “que é isso!”
__ Mas, diriam alguns, o que fazer
justamente com esses indivíduos que maculam a nossa paz familiar e social,
agredindo verbal ou fisicamente uma pessoa pelo simples fatos de mostrar
carinho ou cuidado por uma pessoa do mesmo sexo, seja por interesse homoafetivo
ou não? Há, na nossa crônica policial, o caso de um pai e um filho, cuja
atitude pública paterno-filial foi confundida com homoafetividade, sofrendo,
como resposta, uma agressão física. Esses indivíduos são imaturos ou doentes,
com tendência a projetar nos outros as “sem vergonhices”, que antes lhe são
imputáveis, ou se formaram na absorção excessiva de preconceitos sociais.
__ Podemos considerar também a atitude
preconceituosa de algumas mulheres e garotas adolescentes, que sacam contra
homens e garotos, que não se mostram muito agressivos em relação a elas, eu
mesmo vejo isso acontecer em pátios de escolas, sacando o onipresente “bicha”, pronunciado
em alto e bom som. É o outro gume do punhal.
__ Pela educação, a calma, os bons
exemplos, o respeito à lei, que a todos deve tratar igualmente, e um judiciário
célere, podemos provocar uma mudança positiva no comportamento dessa gente, no
sentido de não reagir com violência à frustração e ao diferente, e até perceber
que boa parte dessa diferença está ligada à violência “natural”
tradicionalmente associada ao comportamento masculino, que não mais se
justifica nos dias de hoje, nem ao homem que a pratica nem à mulher que a
espera.
__ Para além disso fica o mistério da livre
escolha, da preferência pessoal, que coloca, entre quem faz a escolha e os que
a percebem, muito mais coisas do que pode aquilatar a nossa vã sabedoria.
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