Caros amigos,
reproduzo abaixo um excelente, na minha opinião, artigo do sociólogo Demétrio
Magnoli, sobre o “principal”, nem sei mais, partido da oposição, estranhamente
paralisado e lento, enquanto o país se esfarela. Copiei-o do site uol.com.br.
Obrigado aos
amigos dos Brasil, Estados Unidos, Portugal e Ucrânia, Deus os abençoe.
http://www.estrategiaeconsultoria.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Aecio.Serra_.Alckmin-780x522.jpg
http://www.estrategiaeconsultoria.com.br/
Para quem não
sabe, da esquerda para direita: Aécio Neves, senador por Minas Gerais,
principal liderança do PSDB no Congresso; José Serra, Senador por São Paulo, e
uma estrela em queda; Governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que não
consegue fazer emplacar, até agora, o aforismo “o que é bom para São Paulo, também é
bom para o Brasil”.
Três caras que só pensam naquilo
30/04/2016 02h00
__ "(...)
vivem em constante rivalidade, e na situação e atitude dos gladiadores, com as
armas assestadas, cada um de olhos fixos no outro; isto é, seus fortes,
guarnições e canhões guardando as fronteiras de seus reinos e constantemente
com espiões no território de seus vizinhos, o que constitui uma atitude de
guerra." A célebre sentença de Hobbes refere-se aos Estados, mas serviria
para definir os chefes políticos tucanos. O PSDB renunciou à condição de
partido, reduzindo-se a um teatro de guerra permanente entre três caras que só
pensam naquilo. Na inauguração do governo Temer, o impasse tucano já não deve
ser visto como um problema intestino, mas como aspecto crucial da crise
nacional.
__ A
guerra, fria ou declarada, entre Aécio, Serra e Alckmin atravessou a era do
lulopetismo, corroendo o tecido do principal partido de oposição. Hoje, quando
o reinado lulo-dilmista chega ao fim em meio a incêndios econômicos, políticos
e éticos, o conflito trava o PSDB, sabotando uma decisão nítida sobre o
engajamento no governo transitório. Sem os tucanos a bordo, a nau de Temer se
inclinaria na direção do PMDB de Jucá, Renan, Cunha et caterva, associado a um
"centrão" composto por partidos ultrafisiológicos. No lugar de um
governo de "união nacional", surgiria um gabinete de salvação das
máfias políticas que saltaram de um comboio descarrilhado.
Aécio
devastou o capital político acumulado na campanha eleitoral cortejando uma
bancada parlamentar irresponsável, que chegou a votar contra o fator
previdenciário e estabeleceu um desmoralizante pacto tático com Cunha. Há
pouco, declarou-se "desconfortável" com a participação orgânica do
PSDB no novo governo. Serra, o incorrigível, preferiu negociar pessoalmente um
lugar destacado na Esplanada dos Ministérios. Sonhando delinear um caminho
próprio até o Planalto, se preciso pelo atalho do PMDB, ameaça virar as costas
a seu partido, entregando-o à confusão. Alckmin, por sua vez, acalenta um
projeto presidencial improvável acercando-se do PSB e tricotando com a
camarilha político-sindical do Paulinho da Força. Nesse passo, implodiu a
campanha tucana à Prefeitura de São Paulo. Hoje, a guerra particular que travam
os três gladiadores tem o potencial para complicar a já difícil transição rumo
a 2018.
__ A
sorte do governo Temer será jogada no interregno entre a posse provisória e o
julgamento final do impeachment no Senado. Uma coleção de notícias econômicas
positivas, quase contratadas de antemão, não será suficiente para consolidá-lo.
A carência de legitimidade eleitoral precisa ser compensada por iniciativas
políticas coladas aos anseios da maioria que repudiou o lulo-dilmismo.
__ Se
fosse um partido, não uma arena de gladiadores, o PSDB trocaria o engajamento
integral no governo por um ousado compromisso com a Lava Jato. Exigiria do novo
presidente a mobilização imediata da maioria parlamentar para cassar o mandato
de Cunha. Conclamaria o governo a encampar o projeto de lei das dez medidas
contra a corrupção, formulado pelo Ministério Público. Em trilho paralelo,
forçaria uma minirreforma política destinada a fechar o rentável negócio da
criação de partidos de aluguel. Mas, imerso no seu pântano interno, o PSDB
ensaiou fazer o exato oposto disso. No auge de seus exercícios ilusionistas, os
tucanos prometeram a Temer um "profundo e corajoso" apoio parlamentar
em troca da adesão a uma flácida agenda política. O intercâmbio equivaleria à
cessão de um cheque em branco a um governo no qual não se deposita confiança.
__ Dias
atrás, Aécio reuniu-se com Temer e sinalizou uma mudança de rota.
"Tínhamos duas opções: lavar as mãos ou ajudar o país a sair da
crise", constatou, antes de concluir com um enigmático "vamos dar
nossa contribuição". Será, enfim, um indício de que o PSDB avalia a
hipótese de fingir que é um partido?
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