O FIM DO GOVERNO TEMER
Prof Eduardo Simões
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Uma assombração tutela o presidente
interino
__ Afinal aconteceu o que já era esperado
por todos, embora não tão rápido: um dos mais importantes auxiliares de Temer
cair por envolvimento na Lava Jato. Este foi Romero Jucá, implicado numa trama
para bloquear as investigações. Convenhamos que, apesar de seus efeitos
dramáticos e preocupantes, sua queda foi justa e necessária.
__ É dramática e preocupante a queda
precoce de uma liderança tão significativa, principalmente pelas
circunstâncias, que todos ignoram ou fingem ignorar em benefício próprio, em
que Temer assumiu o governo. Este mesmo eu não sei se está consciente disso,
mas a verdade é que seu mandato, absolutamente indispensável, surge da
necessidade imperiosa de o Brasil fazer cessar a sua autodestruição,
principalmente deter a queda vertiginosa da economia, para aí sim, pudermos ter
eleições gerais, que renovem não só o titular da presidência como todos os
cargos proporcionais, enquanto a justiça faz uma faxina geral poderes da
República.
__ É preciso debelar, acima de tudo e no
curto prazo, a crise econômica, cujo agravamento acirra paixões, e para sua
solução o governo Dilma-PT, o mesmo que gerou a crise, mostrou rara
incapacidade; portanto era indispensável que caísse. Entretanto os que a
substituíram, e o diálogo Jucá-Machado é a prova disso, tampouco se mostram capazes
de entender a peculiaridade desse momento e a natureza do governo de Temer:
impedir a implosão do país.
__ O senador Lindbergh do PT, franco
atirador, puxador de palavras de ordem, eterno garoto de passeata, apressa-se em dizer que,
em vista da gravação, o impedimento de Dilma é uma farsa. O PT só pensa nisso,
não aceita em absoluto que a rotatividade do poder, desde que feita nas formas
previstas pela lei, é algo inerente à democracia. Os petistas não concebem
rotatividade de poder fora de seus quadros.
__ O senador Renan Calheiros aproveitou
para dizer que tratará o governo Temer da mesma forma que tratou o governo
Dilma. Essa frase, como a grande maioria daquelas proferidas por um político do
naipe de Calheiros, tem duas interpretações ou dois renans possíveis. Ou ele
fará o que fez de fato pela Dilma, procurando livrá-la o quanto possível do impedimento,
um forte aliado, ou agora, que preside o Senado no processo de impedimento, será
imparcial como um magistrado de outro mundo, esquecido que foi eleito precipuamente
para uma função política, que exige um alinhamento minimamente transparente.
__ Mas isso seria esperar muito de
Calheiros, que já se alinhou com tudo, menos com a verdade e a honestidade, e
por isso tem quase uma dezena de denúncias sérias em fase adiantada de apuração,
e buscava na aliança com Dilma e o PT conseguir mais espaço para manobrar em
prol da sua pele. De repente, em meio a essa bizarria meio política e meio
jurídica criada pelo STF, entregue a um Senado tão frágil, ele deve estar se
julgando um juiz do Supremo; quem sabe não se torna um caro “colegua” dos
ilustres magistrados, conseguindo uma absorvição ou uma pena mais branda. Para
escapar vale tudo, inclusive dizer que deixará seu colega de partido, Michel
Temer, “na mão”, pelo “bem do Brasil”, como ele disse? Desconfio que se
Calheiros, um dia, prezou o Brasil ele não estava pensando no Banco do Brasil. A
queda de Temer lhe traria uma vantagem: ante a incapacidade de nossa Câmara
gerar uma liderança capaz sequer de se tornar síndico de prédio, ele poderia se
tornar o presidente interino. Quem tem Calheiros como companheiro de partido
não precisa de inimigo.
__ O Partido Verde, de Álvaro Dias, fazendo
jus à sua fama de oportunista, já salta de lá, dizendo que não compõe mais a
base do governo, longe de um pacto para salvar o país do naufrágio, os ratos,
muito bem remunerados, se apressam por abandonar o barco e salvar a si mesmos.
Marina Silva, do Rede Sustentabilidade, continua invisível como nunca. Se ela
desaparecer definitivamente alguém dará falta? O que ficará depois disso? Já
imaginaram uma eleição apenas presidencial, como quer o PT, e, em surdina, o
PSDB, com a economia do país desabando e os políticos mentindo como nunca para
garantir a vitória no pleito. Nessas condições as tais barreiras, que em Brasilia
separaram os grupos pró e contra governo teriam que ser levantadas em cada
sessão eleitoral para evitar a carnificina...
__ Ainda há tempo
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