terça-feira, 24 de maio de 2016

O FIM DO GOVERNO TEMER

Prof Eduardo Simões

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Uma assombração tutela o presidente interino

__ Afinal aconteceu o que já era esperado por todos, embora não tão rápido: um dos mais importantes auxiliares de Temer cair por envolvimento na Lava Jato. Este foi Romero Jucá, implicado numa trama para bloquear as investigações. Convenhamos que, apesar de seus efeitos dramáticos e preocupantes, sua queda foi justa e necessária.
__ É dramática e preocupante a queda precoce de uma liderança tão significativa, principalmente pelas circunstâncias, que todos ignoram ou fingem ignorar em benefício próprio, em que Temer assumiu o governo. Este mesmo eu não sei se está consciente disso, mas a verdade é que seu mandato, absolutamente indispensável, surge da necessidade imperiosa de o Brasil fazer cessar a sua autodestruição, principalmente deter a queda vertiginosa da economia, para aí sim, pudermos ter eleições gerais, que renovem não só o titular da presidência como todos os cargos proporcionais, enquanto a justiça faz uma faxina geral poderes da República.
__ É preciso debelar, acima de tudo e no curto prazo, a crise econômica, cujo agravamento acirra paixões, e para sua solução o governo Dilma-PT, o mesmo que gerou a crise, mostrou rara incapacidade; portanto era indispensável que caísse. Entretanto os que a substituíram, e o diálogo Jucá-Machado é a prova disso, tampouco se mostram capazes de entender a peculiaridade desse momento e a natureza do governo de Temer: impedir a implosão do país.
__ O senador Lindbergh do PT, franco atirador, puxador de palavras de ordem, eterno  garoto de passeata, apressa-se em dizer que, em vista da gravação, o impedimento de Dilma é uma farsa. O PT só pensa nisso, não aceita em absoluto que a rotatividade do poder, desde que feita nas formas previstas pela lei, é algo inerente à democracia. Os petistas não concebem rotatividade de poder fora de seus quadros.
__ O senador Renan Calheiros aproveitou para dizer que tratará o governo Temer da mesma forma que tratou o governo Dilma. Essa frase, como a grande maioria daquelas proferidas por um político do naipe de Calheiros, tem duas interpretações ou dois renans possíveis. Ou ele fará o que fez de fato pela Dilma, procurando livrá-la o quanto possível do impedimento, um forte aliado, ou agora, que preside o Senado no processo de impedimento, será imparcial como um magistrado de outro mundo, esquecido que foi eleito precipuamente para uma função política, que exige um alinhamento minimamente transparente.
__ Mas isso seria esperar muito de Calheiros, que já se alinhou com tudo, menos com a verdade e a honestidade, e por isso tem quase uma dezena de denúncias sérias em fase adiantada de apuração, e buscava na aliança com Dilma e o PT conseguir mais espaço para manobrar em prol da sua pele. De repente, em meio a essa bizarria meio política e meio jurídica criada pelo STF, entregue a um Senado tão frágil, ele deve estar se julgando um juiz do Supremo; quem sabe não se torna um caro “colegua” dos ilustres magistrados, conseguindo uma absorvição ou uma pena mais branda. Para escapar vale tudo, inclusive dizer que deixará seu colega de partido, Michel Temer, “na mão”, pelo “bem do Brasil”, como ele disse? Desconfio que se Calheiros, um dia, prezou o Brasil ele não estava pensando no Banco do Brasil. A queda de Temer lhe traria uma vantagem: ante a incapacidade de nossa Câmara gerar uma liderança capaz sequer de se tornar síndico de prédio, ele poderia se tornar o presidente interino. Quem tem Calheiros como companheiro de partido não precisa de inimigo.
__ O Partido Verde, de Álvaro Dias, fazendo jus à sua fama de oportunista, já salta de lá, dizendo que não compõe mais a base do governo, longe de um pacto para salvar o país do naufrágio, os ratos, muito bem remunerados, se apressam por abandonar o barco e salvar a si mesmos. Marina Silva, do Rede Sustentabilidade, continua invisível como nunca. Se ela desaparecer definitivamente alguém dará falta? O que ficará depois disso? Já imaginaram uma eleição apenas presidencial, como quer o PT, e, em surdina, o PSDB, com a economia do país desabando e os políticos mentindo como nunca para garantir a vitória no pleito. Nessas condições as tais barreiras, que em Brasilia separaram os grupos pró e contra governo teriam que ser levantadas em cada sessão eleitoral para evitar a carnificina...

__ Ainda há tempo 

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