sexta-feira, 29 de abril de 2016

ENTREVISTA DOS AUTORES DO IMPEDIMENTO À RADIO JOVEM PAN

Prof Eduardo Simões


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Da esquerda para direita: Helio Bicudo, fundador do PT, Miguel Reale, jurista do PSDB e a advogada Janaína Pachoal. Autores do pedido de impedimento da presidenta.  

Miguel Reale Júnior, jurista, professor e ex-ministro da Justiça, e Janaina Paschoal, advogada, doutora em direito penal e livre docente da USP, são dois dos três autores que assinam o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff acatado pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha nesta quarta. O outro é o ex-petista Hélio bicudo, jurista e ex-deputado e ministro.
Confira abaixo os três argumentos jurídicos expostos por Janaina e Reale durante as entrevistas.

1º - IMPROBIDADE em relação à Petrobras

Este é o fator "mais forte" contra Dilma, na opinião de Janaina. Ela resume o tópico: "é o comportamento da presidente em relação a tudo o que aconteceu na Petrobras". Dilma, em sua visão, teria dado "carta branca" a diretores e pessoas nomeadas na empresa que participaram da operação dos desvios expostos na Operação Lava Jato.
Reale Jr, por sua vez, cita rascunho preliminar de delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, divulgado no último dia 25 de novembro, em que ele disse que Dilma "sabia de tudo sobre Pasadena" (refinaria nos EUA comprada por um preço superior) e que o "cobrava diretamente" sobre isso. "Cada vez mais se demonstra que o Planalto tinha conhecimento pleno do que acontecia na Petrobras", afirma o jurista.
Deste modo, Reale entende que a presidente não atentou à lei da responsabilidade fiscal, podendo ser enquadrada por improbidade administrativa. "Está tudo tipificado", defende.
Exemplo
Reale cita ainda um exemplo que demonstraria uma irresponsabilidade do Planalto em relação à Petrobras. Em 2007 o Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a paralisação da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, uma das obras da estatal cuja construção foi feita à base de propina, conforme demonstram as investigações da Lava Jato. Na ocasião, o Congresso não aceitou.
Em 2009, novamente foi pedida a paralisação, desta feita aceita pelo Legislativo. Porém, o então presidente Lula vetou tal disposição na lei orçamentária, e determinou que houvesse apenas a apuração de eventuais irregularidades, relembra Reale.
Após três anos de investigação, em 2012, já no primeiro governo Dilma, não foram encontradas irregularidades. "Imagina uma comissão que vai apurar e não encontra irregularidades do desvio de R$ 6 bilhões de reais", questiona Reale.

2º - As PEDALADAS fiscais

Outro argumento citado no pedido de impeachment aceito por Cunha são as "pedaladas fiscais" que o TCU apontou nas contas do governo em 2014. Janaina explica: o governo federal fez empréstimos bilionários vedados, de bancos públicos que o governo controla, para financiar programas sociais, a despeito da falta de dinheiro. Essa forma de "empréstimo" era feita por meio de repasses do Tesouro aos bancos públicos para que eles paguem despesas de programas sociais obrigatórios.
A especialista avalia que Dilma tinha o poder sobre o Tesouro e acrescenta que "os bancos contabilizaram, mas o governo não contabilizou" (os "empréstimos" proibidos pela lei). Assim, além da afronta à lei orçamentária (apontada pelo TCU e prevista no artigo 4º da lei 1.079, que regulamenta o impeachment), Janaina diz que "no direito penal comum seria uma fraude, uma falsidade ideológica".
Reale afirmou que “as pedaladas se constituem a base que escondeu a "situação calamitosa" das finanças e levaram o Brasil à depressão, e que esta decorre justamente de sua conduta (de Dilma)".
2014 ou 2015?
Um dos argumentos preparados pelo governo para combater a tese das pedaladas é de que elas ocorreram no primeiro mandato da presidente, em 2014, por isso não teriam efeito após a reeleição de Dilma.
Reale contesta: "As pedaladas de 2014, é importante que sejam objeto de apreciação. Os fatos ocorridos em mandatos anteriores são passíveis de processos éticos e políticos pelo princípio da moralidade", afirmou. Ele cita decisão do ministro do STF Celso de Mello de responsabilizar dois deputados em novo mandato por crimes cometidos nos mandatos anteriores, dos quais renunciaram para não passar pelo Conselho de Ética da Câmara.
Janaina ressalta também que "houve também pedaladas em 2015", no primeiro semestre, como apontou o TCU em outubro. Esse foi o anexo do pedido a outro feito anteriormente, rejeitado por Cunha. Mesmo entendendo que apenas as "pedaladas" de 2014 já justificam o impeachment, Janaina aponta a continuidade delitiva, desde "meados de 2013", passando por "2014 inteiro, em que a coisa foi inacreditável" e alcançando o atual ano.

3º - DECRETOS Não Numerados

O último argumento é de que Dilma utilizou Decretos Não Numerados, atos presidenciais decretados pela Presidência da República para a concessão de mais dinheiro a órgãos do governo, sem o aval do Congresso, o que, no caso, seria previsto em lei, de acordo com trâmite pré-ordenado.
O pedido mostra que Dilma teria feito a abertura de créditos suplementares "sem o trâmite devido e sem que houvesse dinheiro de fato", explica Janaina. "Achavam que iam dar um jeito", diz.

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Neste endereço, o leitor encontrará, na íntegra, a peça acusatória de Paschoal, Reale e Bicudo: http://static.psdb.org.br/wp-content/uploads/2015/10/pedido-de-impeachment-protocolado-em-21-10.pdf?utm_source=PSDB+-+Imprensa&utm_campaign=c4de3f0533-TESTE_1_2014_05_31&utm_medium=email&utm_term=0_e5f46d9bc7-c4de3f0533-184753577
A DAMA DE OURO

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil, Estados Unidos, Portugal e Ucrânia. Deus os abençoe.

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__ Todos aqueles que defendem a igualdade de direitos e o respeito civil a todas as pessoas, independente de gênero, certamente que estão preocupados com a maré de denúncias contra a presidenta Dilma, na medida em que isso possa, de alguma maneira, afetar a mente de imaturos, prolongando a permanência de antigos e graves preconceitos contra as mulheres, que, em nosso país, deram ensejo à criação de leis duríssimas contra maus tratos a elas. Uma infâmia!
__ “Elegemos uma mulher, e olha no que deu!” Dirão aqueles, mas tranquilizemo-nos, pois não precisaremos fazer como os petistas, que certamente admitirão destruir o país para impedir a permanência de injusto preconceito, em especial os de alto ranking, que fizeram fortuna com a roubalheira impune no mandato de uma mulher. Não amigos as próprias mulheres já engendraram, por seus recursos naturais, o melhor dos antídotos contra Dilma Rousseff e o preconceitos dos trogloditas: a doutora Janaína Conceição Paschoal.
__ Uma mulher com nome de índio, evocando ao mesmo tempo a redescoberta do Brasil e a religião fundadora da pátria, com um temperamento e aspecto tipicamente latinos, que não confunde gênero, aludindo a existência de “mosquitas” ou de uma possível “mulher sapiens”, que não sai por aí saudando a mandioca ou estocando vento na cabeça, e, principalmente, não finge que não vê o que salta aos olhos, como faz a presidenta, e que deu um show de inteligência e de competência técnica ao defender o impedimento desta, no Senado. Temos uma mulher, sim, da mais alta qualidade, na vida pública deste país.
__ Quem ouviu, e entendeu a explicação minuciosa que ela deu sobre a peça acusatória assinada conjuntamente com Miguel Reale e Nelson Bicudo, só pode chegar a duas conclusões: ou a presidenta é de fato um dos personagens mais corruptos que já usou a faixa presidencial ou é uma completa retardada mental, mas com inteligência e assessoria esperta o suficiente para intervir na hora “H”, para salvar as aparências e livrar os amigos, seja como for, uma pessoal totalmente inepta para o cargo. Para ela só existem dois caminhos absolutamente: ou a cadeia, o que não vai acontecer, ou o acompanhamento psicopedagógico.
__ Não conheço a vida pregressa da doutora Janaína, e não consigo sequer imaginar qual será o seu futuro, se ela manterá sua visão integra a despeito de toda pressão e ameaça que sofrerá, agora que ela se colocou contra figuras públicas, cercadas por bandos fanatizados, dispostos à violência para garantir as propinas de seus líderes, a revelia do Brasil e da mais ínfima moral, mas afirmo, pelo que vi e ouvi ontem, que essa mulher lava, ensaboa e enxagua a alma da nação. Os ingleses têm a sua “Dama de Ferro”, pobrezinhos, pois nós temos uma Dama de Ouro.
__ Ainda há esperanças.

Abaixo uma mensagem da doutora Janaína Paschoal, copiada do site sensoincomum.org

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http://sensoincomum.org/

Brasileiro não desiste.
No início de setembro do ano corrente, Helio Bicudo e eu apresentamos denúncia em face da Presidente da Republica. Na sequência, houve aditamentos e uma denúncia substitutiva foi ofertada em 15 de outubro, já contando com Miguel Reale Júnior como denunciante, inestimável reforço.
Importante destacar que, já naquele primeiro documento, estava consignado que a CPI do BNDES traria elementos novos, a confirmar a necessidade de afastar a Chefe da nação.
Infelizmente, os fatos que, paulatinamente, vão se descortinando, provam que tínhamos razão.
Com efeito, na edição de 22/12/15, o jornal Folha de S. Paulo denunciou que os Bancos públicos, incluindo o BNDES, teriam maquiado sua contabilidade, considerando como próprios valores pertencentes ao Tesouro Nacional.
Como de costume, o governo tentará fazer crer que se trata de mera questão de contabilidade; entretanto, esse expediente, que pode caracterizar gestão fraudulenta de instituição financeira, é muito mais sério do que aparenta.
Ao elevar artificiosamente seu capital, os Bancos públicos ficam autorizados a emprestarem montantes bem superiores àqueles que efetivamente poderiam. Com isso, operações como as realizadas entre o BNDES e as empresas de Bumlai, intimamente ligado ao ex-presidente Lula, foram viabilizadas.
Agora, depois de várias ilegalidades terem sido desvendadas e de Bumlai estar preso, o BNDES pede a falência das empresas beneficiadas com milhões dos cofres públicos. Ocorre que, tais empréstimos já se revelavam insustentáveis quando concedidos.
Não menos grave foi o que ocorreu com relação aos valores enviados, também pelo BNDES, para países parceiros do PT e da Presidente Dilma Rousseff. Seria importante que o Ministério Público Federal verificasse quem avalizou (garantiu) essas remessas; por qual motivo elas foram feitas sob sigilo e se esses valores também saíram da alavancagem artificial do capital do banco, que deveria investir em verdadeiros empreendedores e não nos amigos dos detentores do poder.
Essencial ter claro que esses valores secretos, remetidos para Cuba, Angola, Venezuela, dentre outros, foram utilizados para pagar as empreiteiras investigadas pela Lava Jato, uma delas sabidamente representada pelo ex-presidente da República, indissociável da atual Presidente.
De forma estarrecedora, estas mesmas empreiteiras poderão ser beneficiadas pela recente Medida Provisória 703, que praticamente cancela as sanções impostas pela Lei Anticorrupção.
Esses fatos todos não podem ser analisados isoladamente. Trata-se de um conjunto de medidas adotadas para que o PT e seus colaboradores, filiados ou não, se perpetuem no poder, a todo custo.
O cenário se revela ainda mais assustador, quando se percebe que essas fraudes estão interligadas, envolvendo as mesmas empresas e as mesmas pessoas. Com isso, o país foi lesado inúmeras vezes. E, ao que parece, em nenhum momento, o Governo se dispõe a arrefecer seu apetite.
Soma-se ao quadro desanimador o fato de a Presidente, contrariando seu colega recém-eleito, Maurício Macri, insistir em elogiar a Democracia na Venezuela. A mesma Venezuela, em que opositores estão presos, apenas por serem opositores; a mesma Venezuela, em que o Presidente confere poderes a Parlamento paralelo; e ameaça recorrer à Suprema Corte, visando inviabilizar a posse dos parlamentares legitimamente eleitos.
Nesse contexto, para 2016, o pedido mais importante a fazer é que a Presidente não queira tornar o Brasil tão democrático como a Venezuela.
Desde que pleiteamos o impeachment, muitos altos e baixos se verificaram. A blindagem operada pelo Supremo Tribunal Federal, certamente, foi a pancada mais sentida.
Por outro lado, em um verdadeiro ciclo virtuoso, nos mais diversos setores, pessoas que estavam amedrontadas se levantaram e começaram a apontar as irregularidades existentes nos órgãos em que trabalham, exigindo legalidade.
Ademais, inúmeros foram os e-mails, telefonemas e cartas recebidos, de todos os cantos do Brasil, unindo forças para que o nosso país seja resgatado.
Com certeza, não será fácil, mas o fato de os brasileiros terem renovado suas esperanças já é um grande começo. A nação vinha afundando justamente em virtude da disseminação do sentimento de que “não tem jeito”.
Mas isso não é verdade. O número de pessoas sérias e comprometidas com um país mais limpo e mais justo é muito maior do que o grupo que vem lucrando com tudo o que está aí.
O Brasil tem jeito sim! Resgatá-lo não será fácil; mas não é impossível. No entanto, faz-se necessário abrir mão da conveniência do anonimato.
Muitos empresários, industriais, intelectuais, veículos de comunicação, órgãos de classe estão calados, em sua zona de conforto, esperando para ver como as coisas ficam, a fim de saber se vale à pena se indisporem.
Essa postura pode parecer inteligente, mas não é. Com certeza, no início, a Venezuela se revelava interessante para muitos que, hoje, percebem que não deveriam ter se omitido.
De certo modo, ao pedir o impeachment da Presidente Dilma Rousseff e do PT, buscamos alertar para a necessidade de, enquanto há tempo, reverter esse estado de coisas.
Que 2016 venha, trazendo coragem!

Aproveito o espaço, gentilmente fornecido pelo amigo Flávio, para agradecer todo o carinho e apoio recebidos, nos últimos meses. Quero também desejar, a cada um dos brasileiros, festas harmoniosas junto às suas famílias. Afinal, a fé, que é nossa marca característica, não pode entrar em crise!

quinta-feira, 28 de abril de 2016

BRASIL NEANDERTAL

Prof Eduardo Simões

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A melhor modelo chinês de progresso e desenvolvimento humano.

__ Uma coisa curiosa se observa nos sepultamentos do extinto homem de Neandertal: seus ossos se encontram em perfeito estado, dando ensejo à crença de que eles compunham uma super-raça. Entretanto, a explicação pode ser mais prosaica e mais trágica: vivendo em comunidades nômades ou seminômades de caçadores e coletores, o mais provável é que eles abandonassem os feridos e os doentes à própria sorte, nos seus deslocamentos, de onde viria a aparência tão saudável dos ossos daqueles que mereceram a honra de ser sepultados, por morrerem num momento de estabilidade, após uma vida breve, que também transparece nos ossos. A vida era dura, e não se gastava energia sepultando gente velha demais.
__ Entretanto, os neandertais, com uma atitude tão “pragmática”, estavam perdendo um manancial de experiência de vida, uma infinidade de macetes e manhas de caçadores, formidável, que, se fossem transmitida, para as gerações futuras, supondo que os neandertais sabiam falar, teria ampliado muito as possibilidades de sobrevivência dessa raça. De maneira diferente, menos “esperta”, agiram os homo sapiens que, preservando seus velhos, ampliaram sua bagagem de conhecimento e de quebra, ao cuidar deles, aprimoraram os sentimentos de cuidado e lealdade que lhe permitiram conquistar o mundo.
__ Os neandertais, enquanto raça, estão definitivamente extintos, mas o neandertalismo, enquanto um conceito de sociedade, está mais vivo do que nunca, principalmente nos países onde o povo se deixa deslumbrar pelo brilho fácil da propaganda enganosa, do volume, em detrimento do conteúdo, e cobre com votos e doações generosas os líderes que o esfolam diuturnamente, seja em cargos políticos seja em outras instituições, igualmente públicas, que prometem ampará-lo e protegê-lo... desde que paguem! Tal é o Brasil.
__ Vemos o escandaloso caso do Estado do Rio de Janeiro, onde a justiça, dando voz ao desespero de pobres trabalhadores, bloqueou todos os recursos financeiros do Estado, inclusive os necessários para investimentos prioritários, para usá-lo como pagamento de pensão e aposentadoria, atrasados há quase dois meses! O eminente governador do Rio, Francisco Dorneles, que não é mais nenhum “brotinho”, nem precisa se preocupar com sua farta aposentadoria de deputado contumaz, deve achar que idoso pobre vive de brisa, ou que, como os antigos neandertais, pode ser deixado pelo caminho, à disposição da natureza, para não atrapalhar a marcha da civilização brasileira rumo o progresso. Aliás, essa situação pode trazer uma vantagem para os idosos! Eles já não serão o principal alvo dos assaltantes, nas ruas e dentro de casa, quando parentes os constrangem a assumir dívidas que não serão pagas. Aonde fomos parar?
__ O pior é saber que essa gente um dia foi trabalhadora, e ajudou, com imposto, senão com mensalidade voluntária também, os sindicatos, em especial os de esquerda, que imediatamente puseram multidões nas ruas, com um amplo e custoso aparato de showmícios, caravanas, etc., para salvar o mandato da “companheira” Dilma, que, ao que consta, está com seu salário em dia e já tem uma vultosa aposentadoria garantida por lei. Ora, esses sindicatos não estão mexendo uma palha para denunciar essa situação covarde, e mobilizar a sociedade brasileira em favor dessa pobre gente, que os sustentava diretamente, além dos milhões de desempregados, para não ter que tocar num assunto que eles não admitem em absoluto: a responsabilidade do Governo Federal nessa tragédia econômica e social. É mais um testemunho da dupla moral da nossa esquerda.
__ É situação de país emergente! Diria alguém. Nem tanto. A China também é um emergente e continua cultuando os mais velhos e os seus ancestrais. Aliás, foi um velhinho, Deng Xiaoping, com 78 anos, quem começou a revolução que transformou a China numa potência mundial, que começa a revelar ao mundo seus sublimes heróis. Vejam o belíssimo filme, sobre a vida e os ensinamentos de Confúcio, disponível no You Tube (Confucius a batalha do império – o título, como sempre, não tem nada a ver com o filme). Nesse filme, e em quase todos os outros, a China nos dá duas lições memoráveis sobre o valor dos mais velhos e da família.



terça-feira, 26 de abril de 2016

A LAMA E AS LHAMAS

Prof Eduardo Simões

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Estádios padrão primeiro mundo, educação padrão terceiro mundo.

__ Os defensores da presidenta Dilma Rousseff estão inaugurando uma nova forma de expressar a sua discordância política: a cusparada, devidamente assinada; no primeiro caso pelo deputado Jean Willys e no segundo pelo ator José Abreu, dilmista furioso. As duas lhamas disfarçadas acharam que fizeram muito bem.
__ Jean Willys, do PSOL, teve a ousadia de gastar, e ainda justificar, a sua saliva em Jair Bolsonaro, do PSC, excrescência máxima da oligarquia militar, alguém abaixo de qualquer qualificação, mas que encontra gente com menos qualificação ou juízo para elegê-lo deputado de um povo que não acredita em pecado abaixo do Equador. Pior para ele.
__ Mas se o calor da hora ameniza um pouco a infeliz iniciativa de Willys, pior figura faz José de Abreu, que perdeu a compostura em um restaurante e, o que é pior, cuspiu também na esposa do seu desafeto; mais tarde, num programa de televisão, ainda fez um contorcionismo mental, digno de quem não pensa no que faz e no que diz, para anular a condição de mulher da agredida. Duplamente covarde e mal educado.
__ Como é que ficamos nós, professores, que pretendemos dar uma educação integral aos nossos alunos, sem submetê-los a lavagens cerebrais a pretexto de “conscientiza-los”, com personalidades tão importantes e presentes na vida pública do país dando esse tipo de exemplo, vindo justo de um lado que adora acusar seus opositores de agir movidos pelo “ódio”. Cuspir no outro é sintoma, afinal, do quê?
__ A antiga cultura popular brasileira via na cusparada uma ofensa particularmente grave e indigna, uma vez que este fora um dos momentos mais infames, do infame e hipócrita julgamento de Jesus Cristo. A cusparada era o sinal do bruto por excelência do anticristo, mas como ninguém mais acredita nisso, há probabilidade até de virar moda, assim como trazerem de volta a crucificação, “em defesa da democracia contra o golpe”.
__ Por enquanto o mais recomendável para alguém, quando for a um plenário de debates com a esquerda brasileira, é levar sempre um guarda chuva ou a agasalho com capuz, como fez o técnico Tite, do Corinthians, para escapar das cusparadas dos torcedores do Atlético, esperando que isso seja tudo que se lhe atirem, quando os argumentos acabarem.
__ O PT, definitivamente, mudou o Brasil...

Enquanto isso, em um muro “familiar”...
         É de uma desfaçatez inominável a postura do Senador Aécio Neves e do Governador Geraldo Alckmin, e outros próceres do PSDB, em proclamar apoio a Temer, mas não querer participar com cargos em seu governo, ou seja, não se comprometer com o governo nascido do impeachment. Eles agem assim movidos por um duplo interesse pessoal: participar com chances de vitória das eleições de 2018, não fazendo prosperar um eventual concorrente do PMDB, e não se manchar com um possível fracasso da gestão Temer. Afinal quem mais herdou esse país em situação tão dramática, desde a crise de 1929-1930? Temer poderá mudar isso em tão pouco tempo? Talvez o máximo que se consiga, despendendo um esforço máximo, seja deter o colapso do país, o que não é pouco para quem está acompanhando as notícias, mas que não é nada para a grande massa ignara que só sabe de política em ano de eleições e elege e reelege figurinhas carimbadas da folha policial.
         Em condições normais isso seria plenamente aceitável, afinal, todos sabem, é a vocação histórica desse partido, mas neste momento, em que a sociedade brasileira, da qual a economia é apenas um dos detalhes, se desintegra a olhos vistos, e um rito de impedimento completamente absurdo é a opção ao desgoverno total, todos aqueles partidos que no todo ou majoritariamente apoiaram o processo de impedimento, e têm um pingo de dignidade e sentimento por esta terra, estão comprometidos até o pescoço com o que quer que venha a acontecer, dando todo o melhor de si, para que o país não vá para onde parece estar indo.
         Vamos esperar que o juízo e o mínimo de bom senso – não quero nem falar em patriotismo, amor ao Brasil, por receio de estar considerado antiquado, fora de época, e até “golpista” – vençam, afinal, a batalha da razão dentro deste partido e dos outros, inclusive e principalmente os que arrastaram o país até esse abismo.

sábado, 23 de abril de 2016

APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 4 (7º ANO)

FEUDALISMO

Prof Eduardo Simões

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         Com o fim do Império Romano no Ocidente, cessou a circulação de moedas, pois já não havia um Estado organizado, que pudesse fabricar as moedas e garantir o seu valor. Vimos que Carlos Magno conseguiu, por um tempo, promover a circulação de moedas, embora os chefes locais preferissem receber seus pagamentos em ouro ou prata, pois eles ainda pensavam como os líderes tribais germânicos, que quando invadiram o Império Romano só pensavam em saquear os metais preciosos.
         Mas havia outra coisa que interessava a esses chefes: a terra. Agora que as invasões cessaram, o saque era proibido e ficaram claras as vantagens da agricultura, os chefes germânicos começaram a querer acumular terras; dessa maneira, a doação de terras passou a ser o pagamento feito por favores e serviços prestados, entre os membros das principais famílias romanas e germânicas, que chamavam a si mesmas de nobres.
         A doação dessas terras, entretanto, estava sujeita a uma série de obrigações mútuas, e são essas obrigações que caracterizam o feudalismo.

Feudo

         Era uma porção de terras, com camponeses, que um nobre doava a outro, para que este aproveitasse daquela terra como quisesse, desde que observasse alguns limites, que eram os seguintes:
         a) Quem recebia o feudo devia cumprir suas obrigações com o doador.
         b) O receptor recebia apenas o direito ao usufruto do feudo, mas não a sua propriedade; ele não podia vender o feudo.
         c) Para receber um feudo era indispensável que a pessoa fosse nobre ou cristã.
      O feudo era hereditário, ou seja, o usufruto e as obrigações eram transmitidos, por herança, de pai para filho, tanto da parte de quem doava como de quem recebia a doação. Quem doava ou recebia um feudo é chamado de senhor feudal.
         O feudo era dividido nas seguintes partes:
         a) Um castelo, em geral de pedra, cercado por muralhas, onde habitava o senhor feudal e sua família, e para onde acorriam os moradores do feudo, em caso de ataque.
         b) Uma aldeiazinha, onde moravam os camponeses.
      c) Construções diversas que complementavam as necessidades básicas dos moradores como um moinho, um forno, pontes, silos de armazenagem, capela, etc.
         Havia também as divisões de terras cultivadas, chamadas mansos, que eram as seguintes:
         a) Manso senhorial: terras cuja produção era toda do senhor feudal.
         b) Manso servil: terras cuja produção era dividida entre o servo e o senhor feudal.
       c) Manso comunal: terras destinadas à pastagem das criações e às florestas, onde os servos pegavam lenha e frutos, e os senhores caçavam.

Relação suserania-vassalagem

         Quando um senhor feudal doava um feudo a um nobre, ele se tornava suserano daquele que recebeu a doação, e só deste, e o que recebeu a doação se tornava vassalo de quem lhe doou o feudo, e só deste.
         A doação do feudo era feita sob a benção de um bispo da Igreja Católica, que era quem zelava pelo sistema feudal, por meio de uma cerimônia chamada homenagem, quando o doador e o receptor, com as mãos sobre a Bíblia juravam lealdade mútua, seguida da investidura, quando o receptor recebia oficialmente os direitos sobre o feudo que lhe era doado, e se tornava um senhor feudal vassalo.
         O doador do feudo se tornava suserano do outro, e como tal ele tinha a obrigação de proteger o seu vassalo de ataques externos e da justiça do rei, além de velar pela lealdade do vassalo – este não podia, por exemplo, se casar com a pessoa de uma família que não fosse do agrado de seu suserano.
       O vassalo, por seu lado, devia ajudar seu suserano com conselhos sinceros, lutar as guerras do suserano, comparecer às reuniões do suserano, dar dinheiro para a festa de casamento da filha do suserano e para pagar o resgate deste, caso fosse aprisionado.
        A lealdade era fundamental e o destino do suserano, bom ou ruim, devia ser compartilhado por seu vassalo, entretanto nem sempre isso funcionava, pois um vassalo, que recebesse terras de outros senhores feudais, podia ficar muito poderoso, e tentado a não obedecer mais seu primeiro suserano. A questão podia acabar numa guerra ou num tribunal da Igreja.
         Outra situação complicada era quando dois suseranos de um mesmo senhor feudal se desentendiam, e começavam uma guerra. Do lado de quem ficaria o senhor feudal, se ele era vassalo dos dois? Fatalmente descumpriria, com um deles, a principal obrigação do vassalo: ser leal ao seu suserano.
         Um vassalo, com autorização do suserano, podia doar terras a um nobre, e assim se tornar suserano deste, sem deixar de ser vassalo daquele.

Relação senhorio-servidão
        
         O feudo não era apenas de terras, pois era proibido ao senhor feudal fazer trabalho manual, ele jamais cultivaria os campos do seu feudo, por isso sempre havia camponeses morando nelas, em aldeias muito pobres. Em alguns feudos se encontravam também cidades e poderosos castelos.
         Entre os camponeses que moravam e trabalhavam nos feudos estavam os servos da gleba, que descendiam de pequenos proprietários romanos, que se submeteram aos grandes proprietários, para escapar dos impostos, além de descendentes de escravos, que ganhavam a liberdade sob a condição de eles e seus descendentes jamais abandonarem a terra. O servo da gleba não podia nunca deixar o feudo, se o fizesse era preso e trazido de volta.
         Os servos trabalhavam muito e também estavam sujeitos a uma série de taxas e obrigações, como as seguintes:
         a) Corveia: trabalho gratuito, dois a três dias por semana, na conservação de pontes, estradas e edifícios.
           b) Banalidade: taxa a ser paga pelo uso do forno, do moinho, etc.
         c) Talha: transferência de uma parte da produção do servo para o senhor. Em geral 50%.
          d) Mão morta: taxa a ser paga pelo filho do servo falecido, para ocupar o lugar do pai.
         O senhor feudal dependia do trabalho do servo, por isso, sempre que ele ficava em apuros, aumentava a taxação sobre os servos, gerando revoltas e tentativas de fuga para as cidades.
         Além dos servos havia também pequenos proprietários e camponeses livres, que arrendavam terras dos senhores feudais, pagando a estes com uma parte da produção, sem se submeter às inúmeras taxas e obrigações. Eles eram chamados vilões, pois moravam em vilas, em geral distantes do feudo. A Relação deles com os senhores feudais e servos era tensa.

A sociedade feudal

         A sociedade feudal era diferente da nossa, pois nela a posição e a função do indivíduo na sociedade era, em grande parte, determinada desde o nascimento, uma tendência que já se observava no fim do Império Romano, com o objetivo de melhorar a cobrança de impostos. Uma sociedade assim é chamada de estamental, pois está dividida não em classes, como a nossa, mas em estamentos, ou divisões sociais rígidas. Os três estamentos da sociedade medieval são os seguintes;
         a) Clero: composto por padres, religiosos e, principalmente, bispos católicos. A Igreja era principal defensora da sociedade por estamentos, mas ela própria não seguia a regra, pois ninguém se tornava padre ou religioso só pelo nascimento. A função do clero é rezar a Deus pela sociedade.
         b) Nobreza: composto por aqueles que nasceram de famílias nobres, descendentes de grandes famílias do passado, sua função é proteger a sociedade cristã de seus inimigos externo e dos homens violentos ou injustos.
        c) Trabalhadores: filhos de pais trabalhadores, sua função é trabalhar, em especial nos campos, para suprir a sociedade de alimento e outras necessidades materiais. Nesse grupo se inclui também os comerciantes, cuja atividade era meio discriminada.

         Bispos e padres não tinham a função de guerrear, como vimos, mas em alguns casos eles pertenciam à nobreza e herdavam feudos, sem falar que uma grande maioria das dioceses e dos conventos e mosteiros mais importantes, também eram feudos, que precisavam ser mantidos e defendidos, e por isso eles tinham seus servos da gleba, trabalhando duro, e soldados mercenários para defendê-los.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 3 (7º ANO)

REINOS GERMÂNICOS OU BÁRBAROS

Prof Eduardo Simões

Obrigado aos amigos de Brasil e Estados Unidos, que Deus os abençoe.

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         Quando os povos germânicos acabaram com o Império Romano, em 476, vários deles estavam tentando organizar o seu próprio estado, em diversas regiões da Europa. Esses povos, entretanto, viviam em aldeias controladas por chefes que conseguiam, quando muito, reunir algumas tribos, por um curto espaço de tempo. Eles viviam em luta constante e não sabiam como governar e manter um grande estado.
         Portanto, não é de admirar que os reinos bárbaros que surgiram após a queda do Império Romano não durassem muito, gerando mais confusão. Duas coisas atrapalhavam muito a formação de estados bárbaros permanentes:
         a) Eles não conheciam a escrita, e por isso suas leis eram baseadas no costume e não em códigos escritos. Isso causava muita confusão na hora de interpretar o que o costume determinava sobre o que fazer em cada caso.
         b) A liderança entre eles era ocasional. O chefe que fosse mais poderoso no momento mandava.
         Uma organização fundada no Império Romano, e conhecedora da cultura romana, resolveu agir, para por um pouco de ordem ao caos: a Igreja Católica, que, com seus padres e bispos, muito bem preparados, se aproximou dos reis bárbaros e começou a educá-los na religião católica e na organização do estado.
       Graças a essa aliança alguns reinos conseguiram se firmar e marcar a história desse período.

Reino visigodo

         Os suevos estavam entre os primeiros povos que invadiram o Império Romano, dirigindo-se em seguida para a Península Ibérica, onde criaram um pequeno reino numa região, onde hoje está situado o norte de Portugal. Logo eles também são nossos antepassados.
         Os visigodos foram os primeiros a invadir e saquear Roma, e mais tarde ocuparam boa parte da França, seguindo para a Península Ibérica. Algum tempo depois eles derrotaram os suevos e uniram toda a Península Ibérica em um só reino, ao mesmo tempo em que perdiam as terras que tinham na França. Os visigodos foram muito importantes para a formação cultural de Espanha e de Portugal. A atuação do clero católico aí foi muito forte, principalmente depois da conversão do rei Recaredo ao catolicismo.
         O reino visigodo durou de 418 a 711, quando a Península Ibérica foi invadida pelos árabes.

Reino anglo-saxão

         Os anglos e os saxões eram povos germânicos poderosos, que habitavam no litoral do Mar do Norte, na atual Alemanha, e por isso bons navegantes. Sabedores que na Inglaterra a situação ficara muito confusa depois da saída dos romanos, os anglos e os saxões, aliados, invadir a ilha da Grã-Bretanha, onde fica a Inglaterra. Os habitantes da ilha tentaram resistir, mas foram facilmente derrotados, por volta do ano 500.
         Entretanto, após a conquista da Inglaterra, as tribos dos anglos e dos saxões dividiram a sua conquista em diversos reinos, entre os quais se destacaram sete, que, por isso, são chamados de heptarquia anglo-saxã, marcada pela intensa ação de missionários cristãos irlandeses.
         Esses reinos, apesar de viverem brigando entre si, conseguiram uma certa prosperidade, o que atraiu a cobiça de outros povos, que estavam também interessados em novas terras para habitar. Assim, a partir do século VIII, a Inglaterra foi atacada e invadida por vikings noruegueses.

Reino franco

         Os francos eram uma tribo germânica muito aguerrida e manhosa. Depois de sofrerem várias derrotas frente aos romanos, eles aproveitaram o enfraquecimento do império romano para invadir, aos poucos, os territórios da atual França, de tal sorte que lá por volta do ano 500 eles, sob o comando de um rei chamado Clóvis, eles conseguiram expulsar os visigodos da França, e criar um reino poderoso. Clóvis, que era pagão, foi ganho para o catolicismo graças à sua esposa católica.
         Com o passar do tempo, o estado franco foi governado por vários reis ineficientes e fracos, de sorte que o poder de fato estava nas mãos de seus secretários, que eram chamados de mordomo do paço. Um desses mordomos, chamado Carlos Martel, se destacou, quando, em 732, deteve uma invasão árabe à Europa. Um dos filhos de Carlos, Pepino o Breve, assumiu o cargo do pai, destronou o último rei da descendência de Clóvis e fundou uma nova dinastia, chamada de carolíngia. Os carolíngios, desde o início, buscaram uma aliança com a Igreja.

O reinado de Carlos Magno

         Carlos Magno foi um rei dedicado e ativo, e um militar competente, que soube dar valor a cultura e estimular a educação. Como militar ele fez as fronteiras do império franco avançarem sobre a Itália, sobre a Alemanha e sobre a Europa Central, derrotando novos invasores bárbaros, além de conquistar terras na Espanha.
         Como um defensor da cultura ocidental, ele reuniu no seu palácio um grupo de homens sábios e cultos, vindos de toda parte da Europa, na chamada Escola Palatina, para estudar e produzir conhecimento, baseado na literatura e na ciência dos antigos gregos e romanos. Essa escola serviu de modelo a diversas outras escolas semelhantes, espalhadas pela Europa Ocidental, com o estímulo e o apoio de Carlos. Essa iniciativa é chamada de Renascença Carolíngia.
         Na área administrativa, o governo das diversas regiões do império foi entregue a chefes locais, chamados condes, responsáveis pela justiça e organização do exército. Os condes, por sua vez, eram fiscalizados por alguns funcionários especiais da corte de Carlos Magno, chamados missi dominici (enviados do governante).
         Na área da economia, Carlos Magno conseguiu estabelecer uma meda única para o seu reino, o denário de prata, mas não conseguiu regularizar os impostos, que continuaram a serem cobrados pelos chefões locais, os condes, de acordo com o critério de cada um. A inexistência de um sistema de cobrança de impostos fazia de sua corte uma das mais pobres do mundo, apesar de ser a sede de um grande império.

O Tratado de Verdun

         Quando Carlos Magno morreu, em 814, o seu reino era um dos maiores do mundo, mas a sua organização e a mentalidade política dos francos era muito frágil, e por isso o seu filho e sucessor, chamado Luis o Piedoso, enfrentou sérios problemas, com a rebelião de diversos condes.
         A situação ficou mais grave ainda quando Luís morreu, porque três de seus filhos queriam herdar o trono do pai ao mesmo tempo, e a solução, para evitar uma guerra geral, foi dividir o império de Carlos Magno em três reinos. Isso foi feito no chamado Tratado de Verdun, em 843. Com esse tratado acabou-se o império de Carlos Magno ou Império Carolíngio. Mas, mesmo depois do acordo, os príncipes continuaram a brigar entre si, espalhando confusão e violência pelas terras do império.

Novas invasões

         Enquanto os netos de Carlos Magno brigavam entre si, povos de outras regiões do mundo, e da própria Europa de seus moradores ou tomar terras.
         Da África, em 711, vieram os árabes muçulmanos, que, após tomarem toda a Península Ibérica, foram vencidos pelos francos perto da cidade de Paris, e retornaram à Espanha. Além disso, os árabes promoveram vários ataques às cidades europeias próximas ao Mar Mediterrâneo, para saquear suas riquezas. Os navios árabes também não permitiam a navegação de barcos europeus nesse mar.
         Do norte da Europa vieram os vikings ou normandos, que começaram a saquear as cidades próximas ao Mar do Norte, até que resolveram tomar terras para si na Inglaterra e no norte da França. Eles também atacaram as cidades litorâneas de Portugal e Espanha. Os vikings eram homens pagãos, grandes, louros e muito brutais, e por isso eram particularmente temidos pelos europeus ocidentais.
         Do leste, das planícies da Ásia, vieram os magiares, que começaram a saquear e arrasar cidades no centro da Europa, até serem vencidos pelo rei alemão Oto o Grande, em 955.

Consequências dessas invasões

         Como esses povos e os exércitos árabes, vindos de tão longe e com poucos recursos, conseguiram fazer tantos estragos na Europa? É simples, os europeus estavam divididos, lutando entre si, em especial os reis do antigo Reino Franco, que ainda existia na França, e que estavam a lutar contra condes ambiciosos, que queriam mais terras e tornar-se reis também.
         Enquanto o rei e os principais condes lutavam entre si, o povo nas regiões mais distantes do palácio real sofria os ataques e as crueldades dos invasores, sem contar com outra ajuda que a dos pequenos condes e chefes locais, menos poderosos que os grandes condes, mas que podiam abrigar e proteger o povo dentro de seus castelos e moradias fortificadas.
         E assim as pessoas, assim como os condes, se acostumaram a se virar sem os reis, achando mesmo que eles não eram tão necessários, e que também não se devia mais tanta obediência ao rei. Cada senhor local foi criando as suas regras, as suas leis, dentro do território sob seu domínio, assumindo um poder que antes era só dos reis. Isso, e outras coisas mais, caracterizarão o sistema político, econômico e social que se seguiu, chamado feudalismo     
APONTAMENTOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - 2 (6º ANO)

A MESOPOTÂMIA

Prof Eduardo Simões

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         A Mesopotâmia fica numa região da Ásia, hoje conhecida como Oriente Médio. O nome Mesopotâmia quer dizer “entre rios”, pois a maior parte das civilizações que apareceram nessa região teve seus centros entre os rio Tigre e Eufrates.
         A Mesopotâmia é, como o Egito, uma região desértica, onde chove muito pouco, e esses dois rios também não nascem no deserto da Mesopotâmia, mas em geleiras distantes, situadas nos Montes Tauros, na Turquia, a milhares de metros de altura.
         Entretanto, diferente do rio Nilo, esses dois rios experimentam, nos meses de abril e maio, mudanças terríveis, com cheias repentinas, em virtude das chuvas e do derretimento da neve nas suas fontes, que causavam destruição de propriedades e morte; por isso, desde cedo, os povos que vieram morar às margens desses rios, para aproveitar-se de suas águas e da imensa fertilidade de suas margens, tiveram que se dedicar a grandes obras de engenharia.
         Ora, essas obras de engenharia exigiam o esforço conjunto de muita gente, com recursos e um comando centralizado. E assim surge o primeiro estado e a primeira civilização na Mesopotâmia.

Os sumérios

         O povo mais antigo a se instalar na Mesopotâmia foram os sumérios, lá por volta de 4 mil a.C., e, apesar de serem muito antigos, a cultura que eles criaram era tão avançada que continuou influenciando os povos que vieram depois, muito tempo após eles terem desaparecido. Eis algumas de suas contribuições.
         a) A vida em grandes cidades. Os egípcios, em geral, preferiam viver em aldeias espalhadas. Os sumérios construíram algumas cidades como: Ur, Lagash, Uruk, etc. algumas eram grandes e bem organizadas.
         b) A ideia de cidade-estado. Cada cidade suméria era um como um país. Às vezes elas brigavam entre si e, às vezes, se uniam.
         c) A ideia de adorar a Deus em lugares altos. Para conseguir isso eles construíram templos parecidos com pirâmides, com várias plataformas, uma sobre a outra, onde no alto ficava uma capela. Essas pirâmides chamam-se zigurates.
         d) Criaram uma escrita tão antiga quanto os hieróglifos egípcios; a chamada escrita cuneiforme, que foi usada pelos povos da região.
         e) Criaram um sistema religioso politeísta, cujos deuses e crenças básicas foram aceitos pelos povos que vieram depois.
         f) Foram eles que escreveram a primeira obra de literatura conhecida: A epopeia de Gilgamesh, onde, ao contar as aventuras do rei Gilgamesh, se discute o problema da vida eterna e se conta uma história de um dilúvio.
         Os deuses sumérios faziam o que queriam, não restando aos homens senão se submeter. A morte era um mal; as almas dos mortos se cobriam de penas, como as corujas, e iam morar numa região fria, silenciosa e escura, se alimentando com lama e poeira do chão, sendo tratados como “burros de carga” pelos deuses. Para os sumérios, e os povos que os seguiram, o melhor que podia acontecer a uma pessoa era ter a vida mais longa possível, o que era difícil na Mesopotâmia.

Os acadianos

         A Mesopotâmia era uma região muito fértil para a agricultura, e repleta de metais preciosos, mas também era uma região muito vasta e difícil de ser defendida; logo sempre havia algum povo querendo invadir e tomar as terras de quem já morasse lá, portanto o homem mesopotâmico devia estar permanentemente armado, pronto para proteger a sua propriedade, a sua família e até a sua vida. A violência fazia parte da rotina.
         Por volta de 2330 a.C., um homem chamado Sargão assumiu o poder na cidade suméria de Acad, organizou uma poderosa força militar, e de lá começou uma rápida e violenta expansão em todas as direções, criando o primeiro império da região.

Primeiro Império Babilônico

         A cidade de Babilônia, situada às margens do rio Eufrates, era uma cidade de pouca importância. Entretanto, lá por volta 1894 a.C., a cidade foi tomada por um povo chamado amoritas ou amorreus, e então conheceu um período de grande esplendor, tornando-se a capital de um império, cujo rei mais importante foi Hamurabi.
         Hamurabi é muito importante por ter mandado gravar em uma pedra, que chegou até nós, um conjunto de leis, baseado no antigo sistema legal dos sumérios. Essas leis eram baseadas na crença geral de que se uma pessoa que fosse prejudicada por alguém, ela poderia se vingar na mesma moeda. É olho por olho e o dente por dente, também chamado de Lei do Talião. O sistema feito por Hamurabi ganhou o nome de Código de Hamurabi, e ele diz o seguinte:
         a) Os homens são desiguais, dividido de três grupos: livre, o servo e o escravo.
         b) O preço do trabalho de um profissional varia de acordo com o grupo a que pertence o freguês.
         c) O valor dos salários variava de acordo com o tipo de trabalho.
         d) Punição igual ao dano provocado. Se uma casa desabasse, matando filho do dono, o filho do arquiteto deveria ser morto.
         e) A justiça não ficava mais a cargo das famílias, que se vingavam por conta própria de quem prejudicasse um de seus membros, mas seria feita pelo estado, segundo as leis.
         Etc.
         Embora tivesse algumas regras muito exageradas – quem mentisse sobre outra pessoa, e não pudesse provar o que falou, deveria ser morto – o código de Hamurabi foi um grande avanço e ajudou a moderar a violência das sociedades mesopotâmicas.

O Império Assírio

         A primeira capital do Império Assírio foi Assur, e, mais tarde, Nínive. Ambas as cidades ficavam às margens do rio Tigre.
         Os assírios sofreram muito nos seus primeiros anos de seu reino, vencidos por vários povos. Eles então ficaram com uma mania por segurança, e a melhor segurança, para eles, era manter todos os inimigos sob controle, atacando-os antes que eles atacassem. Para fazer isso os assírios apelavam para a destruição e o terror.
         Quando eles cercavam uma cidade, costumavam matar, da forma mais cruel, os prisioneiros que tivessem em mão, na frente das muralhas da cidade cercada, para alertar aos defensores que morte igual ou pior lhes aconteceria se eles continuassem rebelados. Quando a cidade era tomada eles davam vazão às maiores brutalidades contra os sobreviventes.
         O resultado disso é que cresceu, nos povos dominados, um ódio tremendo contra eles, e assim que puderam esses povos, comandados por caldeus e medos, se atiraram contra as cidades assírias. Elas foram arrasadas de tal maneira, que só dois mil e quinhentos anos depois seus restos foram achados. O Império Assírio foi destruído em 612 a.C., quando estava no auge do seu poderio.

O segundo Império Babilônico

         Os caldeus, um povo novo na região, tomaram a cidade de Babilônia e a tornaram a sua capital. Mais tarde, aliados aos persas, os caldeus destruíram o Império Assírio, dando início ao seu próprio império. Esse império era fortalecido pelo fato de a cidade de Babilônia se situar bem no meio da principal rota de comércio entra o Oriente Médio e o Extremo Oriente (Índia, China, etc.), o que lhes permitiu acumular muitas riquezas.
         Essa riqueza foi usada pelo rei Nabucodonosor II para ampliar o seu reino e embelezar a sua capital, que se tornou a maior e uma das mais belas cidades do mundo conhecido – as muralhas externas eram enormes e revestidas de azulejos coloridos, havia nela um zigurate com 92 m de altura, num grande edifício, chamado Jardins Suspensos da Babilônia, o rei mandou cultivar árvores e plantas que não havia na Mesopotâmia, etc. As ciências, em especial a matemática e a astrologia, que pretendia prever o futuro pela posição dos astros, conheceram um grande avanço.
         O Império babilônico não sobreviveu muito a Nabucodonosor II, e a cidade de Babilônia caiu quase sem luta diante do rei persa Ciro II, em 539 a.C.

Os hebreus

         Um povo da região, muito importante na formação da cultura ocidental, que é a nossa cultura, foi o povo hebreu, que, após abandonar a cidade de Ur, dos sumérios, veio se instalar em Canaã, atual Palestina. Os hebreus se organizavam em tribos, que após enfrentar vários obstáculos, conseguiram se estabelecer em Canaã, criando dois reinos independentes, sendo um destruído pelos assírios e o outro pelos caldeus.
         Os hebreus, que hoje são conhecidos como judeus, tiveram um papel fundamental, uma vez que a sua reforma religiosa, o monoteísmo pregado por Moisés, é a base das principais religiões do mundo, sem contar que modificou profundamente a religiões antigas, dando mais importância ao aspecto moral da relação do homem com Deus, do que o aspecto utilitário do passado, quando os homens se aproximavam dos deuses para obter favores e vantagens.

O Império Persa

         Morando numa região vizinha à Mesopotâmia, no Planalto Iraniano, uma região elevada, árida e batida por ventos gelados, as tribos persas, após submeterem seus antigos aliados: os medos, fundaram um império sob o comando de Ciro II, que, como vimos, tomou a cidade de Babilônia, e deixou, ao morrer, o maior império do mundo. As conquistas prosseguiram com os sucessores de Ciro. As forças persas alcançaram as margens do Mar Mediterrâneo, ao Ocidente.
         O que diferencia o Império Persa dos outros que tiveram na região, é que os persas passaram a imagem de conquistadores tolerantes, que respeitavam a cultura dos outros povos, além de serem bons administradores. O império foi dividido em grandes regiões, chamadas satrápias, governadas por nobres locais, fiscalizados por agentes persas. Os reis persas impuseram uma moeda única para o império, o dárico, que dinamizou muito o comércio da região, além de construir grande rede de estradas, fortalecendo o centro do império.
         Na sua expansão, os persas acabaram esbarrando em inimigos poderosos, pois enquanto avançavam para o Ocidente, outro povo, os gregos, vinha avançando justo na direção contrária. A guerra se tornou inevitável.