segunda-feira, 13 de julho de 2015

JUSTO O CONTRÁRIO! OU O DESERTO DA NOSSA EDUCAÇÃO - 5

Prof Eduardo Simões

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g1.globo.com

         Quem, como professor de escola pública em São Paulo, nunca assistiu a uma reunião onde um diretor ou burocrata não começasse dizendo: “sem alunos não há escola!”, como uma forma de dizer: “sosseguem, pois vocês valem bem menos do que imaginam!”, pois isso geralmente é dito após os professores se queixarem da falta de interesse e/ou de respeito pelos alunos, ou então com a possibilidade de reter alguns deles por completa incompetência intelectual ou emocional.
É verdade que sem aluno não há escola, mas e sem professor, ou sem gestão, ou sem secretaria, ou sem faxineiras e inspetores de pátio, há? Um prédio escolar pode passar vários dias só com os professores, mas quantos dias ele aguenta só com crianças e adolescentes? Na verdade nenhum, nem sequer será permitido fazer tal experimento. Tão certo é o desastre que existe uma lei punindo “abandono de incapaz”, uma lei perfeitamente lógica e natural, uma vez que no mundo real incapacidade é obstáculo à sobrevivência, é risco, ao grupo e ao indivíduo, mas, na escola paulista, pelo visto, é privilégio.
No portal g1.globo.com tem um testemunho interessante da baiana Luciana Pölönen, casada com um finlandês, e que é professora de educação básica na Finlândia. As primeiras palavras dela são: “eu me sinto como uma rainha... Ser professor na Finlândia é ser respeitado diariamente”. Em seguida o segredo do sucesso: “Aqui na Finlândia o sistema é outro, o professor é o pilar da sociedade”.
         Luciana dá aulas de português numa escola perto de Helsinque, para atender aos filhos de imigrantes luso-brasileiros, pois toda criança bilíngue “tem o direito de assistir ao ensino de uma língua estrangeira. Ou seja, todos os filhos de brasileiros têm o direito ao ensino de português como língua mãe”. Quem já lecionou a alunos estrangeiros em escolas daqui sabe o quanto é diferente!
         Ela trabalha de forma provisória em duas escolas, ganhando uns 6.500 reais/mês, afinal ela ainda não terminou o mestrado, o que também acarreta uma redução de 15% do seu salário – quase mil reais! Além de umas tarefas extras (isso não muda!). Mas não é só! "Tenho total liberdade para avaliar meu aluno, tenho a lista de coisas de que ele tem de aprender até o fim do ano, mas como vou fazer fica a meu critério. Não preciso aplicar prova a toda hora, nem justificar nada para o coordenador", afirma. "Temos cursos de aperfeiçoamento sem custo, descontos em vários lugares com o cartão de professor, seguro viagem, entre outros”.
         Todos se comprometem com a escola e com alguns valores básicos: “Eles aprendem o respeito desde pequenos, a honestidade vem em primeiro lugar. As pessoas acreditam umas nas outras e não é necessário mentir. Um professor quando adoece pode se ausentar até três dias”. Entre esses valores ela destaca o respeito, inclusive, à etnia do outro: “Luciana diz que, diferente do Brasil, nunca sentiu preconceito na Finlândia por ser negra ou estrangeira. "Aqui as pessoas não parecem notar a cor de pele do outro contanto que exista respeito mútuo."” Essa é a consequência de morar em um país que não participou do grande comércio escravagista no início do capitalismo.
         Casos de bullying e violência escolar são raros "Foram cinco casos de violência no ano, mas para eles é um absurdo, não deveria acontecer. Eles sempre têm um plano para cada tipo de aluno, não é uma única forma para a classe inteira”, ou para a escola inteira, como acontece aqui, com muita conversa e pouco resultado.
         Porém, segundo Luciana, há uma coisa lá que é muito difícil de “engolir”. O professor é proibido, por lei, de tocar em um aluno, sequer para abraçar (no caso de agressão, ou punição, estou de pleno acordo)! Eu até entendo que uma sociedade onde as pessoas se comportem de forma muito honesta e franca  não haja a necessidade de abraçar tanto, como que para acalmar a justa ira que, imaginamos, o outro possa ter contra nós, mas transformar isso em lei é um exagero, o que de alguma forma demonstra a desconfiança das autoridades, de lá, que o povo finlandês não conseguirá se controlar, e, naturalmente, não abusará de falsas e espalhafatosas demonstrações de afeto, como se vê em outras culturas.
         Para Luciana a receita do sucesso da escola finlandesa está na “simplicidade”. Segundo Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação e Cultura (aqui nós temos um ministério para cada um desses temas e nenhum funciona: nem a educação nem a cultura), “o segredo do sucesso do sistema finlandês de ensino não tem nada a ver com métodos pedagógicos revolucionários [um bom método, apenas, não resolverá, tampouco um método maravilhoso resolverá, se os professores não tiverem interesse ou competência técnica para aplica-lo] uso da tecnologia em sala de aula ou avaliações nacionais. O lema é treinar o professor e dar liberdade para ele trabalhar”.
         Isso parece um sonho!

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            Massacre de professores no Paraná, um dos estados, culturalmente, mais “desenvolvidos” do Brasil, pelo grupo político que sempre se gabou de seus dotes acadêmicos e suas realizações em prol da educação! 

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