sexta-feira, 10 de julho de 2015

JUSTO O CONTRÁRIO! OU O DESERTO DA NOSSA EDUCAÇÃO – 3

Prof Eduardo Simões (eduardospqr@gmail.com)

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         Fisker Karma, sedan esportivo de luxo, na versão elétrica ou híbrida, fabricado pela Valmet, empresa finlandesa, grande fabricante de tratores no Brasil.

         Quando uma reação do governo impediu a aprovação da estapafúrdia proposta de alfabetização aos seis anos, por decreto, o senador Aloysio Nunes reclamou que o governo estaria impedindo uma verdadeira “revolução”, segundo texto do Estado de São Paulo online, de 26 de março de 2013. Sem querer levantar mais uma questão, além da que realmente interessa, ouso dizer que nós, professores, já estamos sofrendo o efeito de uma revolução análoga nas escolas públicas.
         De fato, quando ingressei no serviço público, há 16 anos, as crianças que entravam para a 5ª série somavam de 11 a 12 anos de vida, e de uma maneira geral, ainda conseguiam responder, sofrivelmente, ao currículo oficial dessa série. Hoje essa média caiu, e as crianças ingressam no mesmo ano letivo com 11, e até 10 anos de vida, autorizando-nos a desconfiar que a média de idade caiu em um ano. Um ano somente, e qual foi o efeito disso?
         Eu estava dando aula para uma turma do 7º ano (6ª série), quando o aluno me perguntou: “professor, o que é abilussantista?” “Como?” “Tá no livro, não sei onde!” Outro aluno se intrometeu: “Não! É abilutista!” Foi aí que me veio uma luz, e eu descobri que o termo era “absolutista”, do tema “Absolutismo”, que nós havíamos acabado de estudar. A essa turma, por sinal, eu desisti de ensinar algarismos romanos – ensinei no ano passado e fiquei quase um mês, mais de dez aulas, explicando e fazendo exercícios sobre o tema, sem resultado, sem falar da confusão que eles fazem quando se trata de passar para algarismos romanos as datas e os séculos. Encontrar o século de uma data... é impossível, no momento.
         Meu deus! Quando eu penso na rapidez com que eu e os de minha geração, que entravam mais tarde na escola, aprendíamos os algarismos romanos e a contagem dos séculos, não consigo parar de me preocupar.
Mas não é só quanto aos conteúdos que essas turmas estão ‘patinando’: o seu comportamento social e afetivo está muito abaixo do esperado para a sua idade! Tudo eles precisam me contar, e tudo, mesmo as coisa mais banais e óbvias eles vêm me pedir autorização, e não adianta dizer para eles perguntarem de suas carteiras ou estabelecer regras claras, escritas na lousa; sempre tem um de pé ao meu lado, interrompendo a aula para perguntar sobre o que eu acabei de escrever e dizer, ou acrescentar algo óbvio. Eles têm a necessidade da atenção do adulto que é típica em crianças de sete/oito anos! O grupo simplesmente não existe para eles. Aliás, é muito comum alguém vir até mim para “dedurar” um colega ou fazer queixa do tipo: “o fulano está fazendo graça para mim!” Geralmente quando a turma está mais agitada e a gente se esforçando para manter a calma, e não se contagiar, pela constante desconcentração da turma, outro sinal de imaturidade.
  Eles não se comportam como adolescentes que são, já buscando alguma autonomia, mais centrados no grupo, salvo as exceções que sempre existem, eles não só são muito incultos, problema de caráter mais parental-familiar, como também estão social e emocionalmente muito atrasados.  O seu atraso ao nível da leitura é brutal! Eles não só não entendem o significado de palavras corriqueiras, como “pacífica”, “agricultura”, etc., como são incapazes de juntar as palavras de uma frase e dizer qual é o sentido desta. Uma aluna do 8º ano confessou para a bibliotecária da escola: “quando eu termino uma frase, já esqueci o começo dela”. Os testes de Piaget mostram que muitas dessas crianças apresentam um nível de desenvolvimento mental inferior ao de uma criança europeia de noventa anos atrás! Aí se entende porque tanto “educador” detesta Piaget!
Solução: ignorar Piaget, esquecer a sabedoria dos mais velhos, não ligar para as evidências do sucesso de outros países, em especial a Finlândia, e continuar usando nossas crianças para experimentos pedagógicos da moda, crenças pedagógicas ultrapassadas, plataforma eleitoreira, etc., afinal, não importa que funcione, mas que as pessoas acreditem que funciona.

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         Como o nome diz: Passa-te daqui.

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