sábado, 11 de outubro de 2014


É CÁ E LÁ

Prof Eduardo Simões

         Mais um escândalo na educação brasileira, desta vez internacional. Um funcionário da Universidade de Southampton, Inglaterra, resolveu mandar um e-mail para todos os estudantes brasileiros, bolsistas do programa Ciência Sem Fronteiras, de lá, pedindo que eles se esmerassem mais “quanto ao comparecimento e à aplicação” nos estudos, tendo em vista o “número considerável de reclamações” vindas das faculdades (Folha de São Paulo, online, 18/09/14). Óóóó! Espanto geral. Sincero? Não sei. A universidade inglesa se desculpou, foi apenas um “erro administrativo”, e as autoridades brasileiras imediatamente aceitaram a desculpa e voltaram rapidinho para debaixo do tapete...
         Tudo indica que um funcionário, já com o “saco cheio” de tanta reclamação, resolveu chutar o “pau da barraca” e ver a “lenha arder”, descumprindo os protocolos habituais, coisa bem “pouco inglesa”. Os mais susceptíveis dirão: “foi mais uma desses miseráveis ingleses racistas! Ah, se o Aranha estivesse lá!” De fato é possível haver racismo ou má vontade nessa atitude, mas torná-la assim pública, no Reino Unido, é algo estranho, a não ser que tenha sido proposital.
         Explico: a Universidade, sem querer querendo, errou, como uma forma de chamar a atenção a alunos tão relapsos, quanto nacionalmente uniformes, e depois pediu desculpas protocolares, já tendo dado o seu recado, afinal o dinheiro é deles, o know how deles, a universidade também, para não falar da aporrinhação com esses gazeteiros. Será que eles não podem nem exigir empenho de bolsistas ou todo mundo deve se submeter à aprovação automática das escolas paulistas?
         Se há racismo nessa história compete aos bolsistas provar e às autoridades inglesas punir, cabe a nós, porém, cuidar da nossa parte e refletir: será que o currículo do sistema de ensino formal brasileiro está montado no sentido de estimular a autonomia, a disciplina e a responsabilidade dos estudantes, desde a mais tenra idade, ou tudo funciona como se não houvesse sistema? Será que essa situação tão embaraçosa não é mais que o reflexo do caos institucionalizado em que se instaurou em nosso sistema de ensino?

         Há um dito bíblico que diz o seguinte: “não espere colher na velhice o que não tiver plantado na juventude”. O que nós queremos colher em nosso futuro e em nossos filhos, plantando o que estamos plantando?

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