É CÁ E
LÁ
Prof
Eduardo Simões
Mais um escândalo na educação
brasileira, desta vez internacional. Um funcionário da Universidade de
Southampton, Inglaterra, resolveu mandar um e-mail para todos os estudantes
brasileiros, bolsistas do programa Ciência Sem Fronteiras, de lá, pedindo que
eles se esmerassem mais “quanto ao comparecimento e à aplicação” nos estudos,
tendo em vista o “número considerável de reclamações” vindas das faculdades (Folha
de São Paulo, online, 18/09/14). Óóóó! Espanto geral. Sincero? Não sei. A
universidade inglesa se desculpou, foi apenas um “erro administrativo”, e as
autoridades brasileiras imediatamente aceitaram a desculpa e voltaram rapidinho
para debaixo do tapete...
Tudo indica que um funcionário, já com
o “saco cheio” de tanta reclamação, resolveu chutar o “pau da barraca” e ver a
“lenha arder”, descumprindo os protocolos habituais, coisa bem “pouco inglesa”.
Os mais susceptíveis dirão: “foi mais uma desses miseráveis ingleses racistas!
Ah, se o Aranha estivesse lá!” De fato é possível haver racismo ou má vontade
nessa atitude, mas torná-la assim pública, no Reino Unido, é algo estranho, a
não ser que tenha sido proposital.
Explico: a Universidade, sem querer
querendo, errou, como uma forma de chamar a atenção a alunos tão relapsos,
quanto nacionalmente uniformes, e depois pediu desculpas protocolares, já tendo
dado o seu recado, afinal o dinheiro é deles, o know how deles, a universidade
também, para não falar da aporrinhação com esses gazeteiros. Será que eles não
podem nem exigir empenho de bolsistas ou todo mundo deve se submeter à
aprovação automática das escolas paulistas?
Se há racismo nessa história compete
aos bolsistas provar e às autoridades inglesas punir, cabe a nós, porém, cuidar
da nossa parte e refletir: será que o currículo do sistema de ensino formal
brasileiro está montado no sentido de estimular a autonomia, a disciplina e a
responsabilidade dos estudantes, desde a mais tenra idade, ou tudo funciona
como se não houvesse sistema? Será que essa situação tão embaraçosa não é mais
que o reflexo do caos institucionalizado em que se instaurou em nosso sistema
de ensino?
Há um dito bíblico que diz o seguinte:
“não espere colher na velhice o que não tiver plantado na juventude”. O que nós
queremos colher em nosso futuro e em nossos filhos, plantando o que estamos
plantando?
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