MENOS E
PIORES
Prof
Eduardo Simões
Essas últimas semanas foram um pesadelo
para a educação brasileira: no Ensino Básico vimos a queda do IDEB da maioria
dos estados brasileiros, confirmando o esvaziamento nacional da educação
formal, e a redução acentuada do número de alunos formados no Ensino Superior,
justo quando as estatísticas, sempre elas, apontam para um crescimento da
matrícula nas universidades, e no momento em que o país precisa
desesperadamente de engenheiros, enquanto alguns já falam de “apagão da
mão-de-obra”. A água que se tira da proa está acumulando na popa.
Como essa “fuga das universidades” ocorre
tanto nas públicas como nas privadas, não nos sentimos autorizados a reforçar a
tese de crise econômica além do razoável, sem falar que nós, professores do
Ensino Básico, convivemos diuturnamente com o desencanto de rapazes e moças,
evoluindo nas séries como se estivesse pagando uma penitência, ou só para
evitar a seus pais os constrangimentos da lei. Afinal para que serve ECA e Conselho
Tutelar?
O que há por trás desse desencanto? As
dificuldades do mercado de trabalho? A desagregação da família? O vício digital
de querer tudo na palma da mão com um simples toque da ponta do dedo, que está
matando todo o sentido das palavras “paciência”, “disciplina” e “conquista” na
vida desses garotos? Não adianta obrigar aos jovens a frequentar a escola para
aprender coisas que não dizem respeito ao seu dia a dia e às suas necessidades
vitais, algo inevitável quando só se pensa em uniformizar currículos, para
aplica-los às realidades tão díspares existentes nos estado brasileiros, só
para fazer bonito em exames no exterior, e “encher a bola de políticos”, no
interior.
Isso é uma grande desmoralização para
todo o esforço feito recentemente para aumentar o número de vagas na
universidade e acabar com essa vergonha de o Brasil ter um número tão baixo de
gente com diploma universitário, sem falar do enorme desperdício de dinheiro
naqueles que ocupam uma vaga, cujo custo inviabiliza as boas escolas privadas
até para a classe média, para não redundar em profissional bem formado.
Bom, já que no Brasil o mundo está a
venda, e o bolso do governo parece cartola de mágico, saco sem fundo, talvez
esteja na hora de sacar mais alguns presentes desse eterno Papai-Noel-a-nossas-custas
e estabelecer uma bolsa não sei o quê, tipo uma “merenda universitária”, para
reter esse trânsfugas, para que possamos ter mais uma geração de engenheiros no
futuro... Ou talvez já esteja na hora de mudar tudo.
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