quinta-feira, 16 de outubro de 2014

HISTÓRIA GERAL E DO BRASIL PARA TODOS I

Autor: PROF. EDUARDO JORGE C. SIMÕES

Co-autores: Bianca Francine Correa da Silva
                   João Marcus Antunes Tavares
                   Marcus Vinicius Gomes Barbosa
                   Willians Campos Duart

História é texto. Uma imagem fixa (foto, quadro, gravura) nada nos diz sobre os movimentos e ações que antecederam ao estado que ela nos apresenta, e que o determinaram. Um filme pode até mostrar um fato se desenrolando, mas nunca os interesses que o determinaram. Só o texto, escrito ou oral, pode fazer justiça à história e torná-la história.

CAPÍTULO I

PRÉ-HISTÓRIA

         Na natureza os animais vivem numa contínua luta pela sua sobrevivência, que é obtida por meio de alimentos, abrigo, modos de defesa e de reprodução, que preservam a vida do indivíduo e garantem a continuidade das espécies. Com os seres humanos também é assim.
Tradicionalmente os historiadores chamam de Pré-história o período de tempo que se situa entre o aparecimento dos humanos e a invenção da escrita.
         Quando e como o homem se destacou dos outros animais por meio de sua racionalidade é uma questão em aberto, que muda cada vez que uma nova descoberta arqueológica é feita - os vestígios arqueológicos mais antigos de um animal perfeitamente bípede, assim como nós, datam de uns quatro milhões de anos atrás, mas o parentesco entre esses bípedes tão antigos e o homem moderno é também uma questão aberta. Uma coisa é certa: essa racionalidade, nesse período, estava exclusivamente a serviço da sobrevivência física imediata desse ser que os pesquisadores chamam de hominídeos ou hominíneos.
         As pesquisas arqueológicas nos mostram que esses hominídeos eram animais muito frágeis, da família dos primatas, desprovidos de garras, couraça, presas, veneno, etc., medindo pouco mais de um metro e pesando entre 30 e 40 quilos, que lutavam muito para ficar vivo em um ambiente repleto de grandes predadores, em um planeta que passava por profundas e rápidas mudanças climáticas. Havia as chamadas Eras do Gelo, com picos de glaciações, que duravam séculos, trazendo grandes inundações e secas arrasadoras.
         Graças à sua inteligência, esse animal começou a construir ferramentas, que são a principal prova de que esses animais eram diferentes dos outros – já foram achados instrumentos de pedra feitos por eles com mais de um milhão de anos - e com elas conseguiu, pouco a pouco, enfrentar animais maiores, em sua busca por alimento, caçando os bichos que antes lhe caçavam.
         As primeiras ferramentas eram feitas principalmente de pedra, e a técnica usada para o fabrico dessas ferramentas acabou por definir períodos de tempo dentro da pré-história. Assim chamamos de Paleolítico (= pedra antiga) ao período de tempo em que os homens fabricaram ferramentas por meio do lascamento da pedra (a batida de uma pedra contra outra), para produzir pontas perfurantes ou fios pedra cortantes como navalhas, e chamamos de Neolítico (= nova pedra) ao momento em que o homem abandonou a técnica de lascamento, e passou a cortar a pedra com outros materiais, como a madeira, melhorando o seu corte por meio de polimento com abrasivos, fazendo ferramentas mais ajustadas, mais eficazes e seguras.
         É claro que a passagem de uma técnica para a outra não se deu ao mesmo tempo em todas as comunidades humanas, umas se adiantaram às outras, de tal sorte que mesmo hoje vemos essas diferenças: algumas sociedades mandam gente para o espaço, enquanto outras ainda usam ferramentas típicas da pré-história no seu dia a dia.
         A grande descoberta do Paleolítico, entretanto, foi a da produção e manutenção do fogo, antes obtido apenas por combustão espontânea de mato seco ou na queda de um raio, até o homem descobrir que poderia fazê-lo quando quisesse, friccionando madeira com madeira.
         Com o fogo o homem tornou-se capaz de enfrentar e vencer qualquer animal, além de outras vantagens evidentes. No final do Paleolítico também resplandeceu um novo tipo de atividade humana, muito mais complexa e abstrata, que foi a arte figurativa, presente em primorosas pinturas feitas no interior de cavernas (arte rupestre) e em rochas expostas ao tempo (arte parietal).

         A Revolução Neolítica (10.000 anos atrás)
         À medida que o homem caçava animais cada vez maiores a mulher foi afastada dessa atividade, ficando cada vez mais especializada no cuidado com as crianças e das habitações, na forma de rústicos abrigos improvisados, construídos enquanto a comunidade se deslocava, seguindo as manadas de caça preferidas. Nessa época eles ainda eram nômades, pois viviam da caça e da coleta, e precisavam mudar constantemente de lugar.
         Os homens muitas vezes voltavam da caça com filhotes de animais cujas mães eles tinham matado. Esses filhotes eram entregues às mulheres e crianças para convívio e brincadeira, e assim foram sendo domesticadas as primeiras espécies de animais, dando início à pecuária e ao pastoreio: os animais mais antigos domesticados foram os cães, as cabras, os bovinos, os porcos.
         A maior invenção da mulher, entretanto, foi a agricultura, pois enquanto os homens se dedicavam à caça, elas se dedicavam à coleta de frutos silvestres. Aos poucos elas foram conhecendo as propriedades das sementes, o tempo de floração, de colheita dos frutos, etc., até que foram capazes de criar e plantar espécies melhoradas, mais produtivas e resistentes: estava inventada a agricultura. Com a agricultura a questão da fome foi banida das comunidades humanas, e a agricultura passou a ser uma função tipicamente feminina nas comunidades primitivas.
         Com a agricultura e a pecuária as comunidades humanas se tornam definitivamente sedentárias, e homem e mulher se tornam de novo companheiros na luta pela sobrevivência como nos primeiros tempos. Outras coisas começaram a surgir, decorrentes da prosperidade gerada pela agricultura como: a) as desigualdades sociais (classes sociais); b) as primeiras cidades; c) profissionais desvinculados da produção de alimentos (sacerdotes, artesãos, militares, professores, etc.); d) o aparecimento da cerâmica; e) a confecção de roupas (tecelagem), etc. E assim as pessoas na comunidade primitiva, que eram todas mais ou menos iguais, começam a se diferenciar dentro das novas comunidades.
         As escavações arqueológicas mostram que nesse período surgiram comunidades maiores que as aldeias, onde existe uma disposição diferenciada no tamanho e na disposição das habitações; um espaço onde aparece de forma nítida, organizada e proposital as diferenças que começaram a surgir dentro da sociedade - havia um espaço para as casas dos moradores, um espaço para o templo, um espaço para o palácio do governante, etc. Estamos diante de uma cidade.
         A cidade mais antiga já escavada pelos arqueólogos ficava na atual Jericó, na Palestina, com traços de ocupação permanente desde 10 mil atrás. Outra cidade antiga e famosa é Çatal Huyuk, na Turquia, fundada por volta de 7.000 a.C., e que chegou a ter milhares de habitantes. Essa cidade tinha uma característica curiosa: não possuía ruas, os habitantes se deslocavam andando pelos telhados das casas, e entravam nelas por meio de uma escada posta em um alçapão no teto, etc.
         O ajuntamento de várias cidades, cultural ou comercialmente vinculadas, com um poder político definido (condições e critérios de governo), permitirá o surgimento do Estado e das primeiras civilizações.
         Se o fogo permitiu ao homem sobreviver com sucesso na natureza, o processo de superação dessa mesma natureza, com a civilização, só será possível com o fornecimento regular e abundante de água.

         O Povoamento da América
         Há uns 20.000 mil anos, comunidades de caçadores que viviam no centro da Ásia começaram a se deslocar para nordeste do continente, acompanhando as manadas de grandes mamíferos que se deslocavam para essa região, e, sempre seguindo para leste, acabaram por chegar ao continente americano, que ainda não habitado pelo homem.
         Essa caminhada da Ásia para a América só foi possível porque o nosso planeta experimentava um período de intenso resfriamento, que transformava a água que evaporava de rios e mares em neve, que por sua vez se depositava na forma de gelo, em imensas geleiras no Hemisfério Norte - países inteiros estavam embaixo de camadas de gelo com quilômetros de espessura. O resultado foi que o nível dos oceanos baixou mais de 150 m, permitindo a passagem a pé entre os dois continentes, onde atualmente existe um dos mares mais violentos do mundo.
         Esses caçadores, ao chegarem aqui, tiveram que adaptar-se às novas condições climáticas, ao relevo e à fauna, produzindo uma cultura diferente da que possuíam na Ásia, sendo então chamados de paleoíndios, de quem descendem os povos que hoje nós chamamos "índios".

         Comunidade Primitiva
         Um dos mais importantes pensadores políticos do Ocidente foi o alemão Karl Marx (1818 – 1883), que desenvolveu uma análise muito interessante da evolução das sociedades, baseada articulação entre a forma como os seus membros produzem riquezas, a forma como as distribuem e as justificativas que dão para reproduzir essas relações nas gerações seguintes ao longo da história. Esse conjunto de elementos econômicos, políticos e filosóficos integrados, condicionando as ações e os pensamentos dos membros da comunidade num dado período, recebe o nome de Modo de Produção. Ao Modo de Produção mais simples Marx chamou de Comunidade Primitiva.
         Na Comunidade Primitiva as relações sociais são construídas com base no parentesco, no uso da mesma língua e de costumes comuns, e na crença que o grupo (família, clã, tribo) é maior e mais importante que o indivíduo isolado. Não existe a noção de indivíduo na comunidade primitiva, todos agem de maneira uniforme, na direção indicada pelo líder escolhido ou pelo conselho dos mais velhos, a qual não é possível contestar, pois a autoridade dessas lideranças é definida por costumes ancestrais e pela mágica dos feiticeiros.
         Não existe a noção de propriedade privada, aparentemente tudo pertence a todos, e o desenvolvimento tecnológico é relativamente diminuto e tende à estagnação. Tudo que a comunidade produz é para o seu consumo imediato, não havendo acúmulo de excedente para comércio em larga escala, nem diferença entre as posses de cada membro. Vive-se uma perfeita igualdade.
          Com o surgimento da agricultura, do artesanato e da pecuária, alguns grupos, clãs ou famílias, dentro de uma mesma tribo ou povo, vão se destacar dos outros em função de um maior acúmulo de bens, e a partir daí vão surgir, dentro de uma mesma tribo ou povo, diferenciações sociais, tipo classes sociais, gerando ciúmes, inimizades, exploração etc., dentro de um grupo onde antes todos se viam como membros de uma mesma família.
Essas mudanças levarão muitas comunidades primitivas à extinção ou a profundas mudanças, enquanto outros se preservaram delas e vivem até hoje nesse estádio de desenvolvimento, como alguns grupos indígenas que vivem em nosso país, e que ainda não foram aculturados.
        
O Aparecimento da Escrita
Há uma disputa sobre onde se deu o aparecimento da escrita. As amostras mais antigas datam de uns 6 mil anos atrás, encontradas nas áreas habitáveis tanto da Mesopotâmia como do Egito.
Para os historiadores tradicionais a invenção da escrita marca o início da história da humanidade ou de um povo qualquer, embora haja quem discorde, afirmando que todos os povos têm história, independente de esta estar fixada em um suporte concreto (papel, pedra, madeira, etc.) com sinais convencionais (a escrita), ou se ela é conhecida apenas pela memória dos mais velhos, e relatada pela voz (história oral), como acontece com os nossos índios, por exemplo.
Uma coisa, porém, é certa: a invenção da escrita provocou uma mudança qualitativa fundamental na evolução humana, pois agora já não se trata apenas de preservar o legado biológico do ser humano, o seu corpo, o seu organismo, mas de preservar também as suas ideias, o seu modo de representar a realidade, transmitindo-o às gerações futuras, abrindo conscientemente a evolução da espécie para todas as alternativas possíveis, dando condições para formações sociais muito complexas conhecidas como civilização.
O homem se torna senhor de seu processo evolutivo.
         Os historiadores tradicionais também criaram um sistema de divisão da história, que é usado parcialmente até hoje, e que divide toda a história da humanidade da seguinte maneira:
         Idade Antiga ou Antiguidade: período de tempo que vai da invenção da escrita até a queda do Império Romano, em 476.
         Idade Média: período que vai da queda de Roma até a queda de Constantinopla ou Bizâncio, a capital do Império Bizantino, em 1453.
         Idade Moderna: período que vai da queda de Bizâncio até o início da Revolução Francesa, em 1789.
         Idade Contemporânea: período de tempo que vai da Revolução Francesa até os dias de hoje.
         Esse sistema é muito criticado, mas pode-se dizer que ele é tão criticado quanto fácil de ser apreendido e permitir a visualização do movimento da história como um todo, enquanto se espera outro sistema que seja tão prático e mais exato. Por uma questão didática, sem falar que o nosso texto não se dirige a especialistas, nós usaremos ainda esse sistema, com alguns acréscimos.
         Outra característica deste trabalho é se concentrar na história das civilizações ocidentais discorrendo um pouco mais sobre as civilizações orientais, quando estas fizerem contatos dignos de nota com o Ocidente.
         Preservamos também a notação a.C. = antes de Cristo, por entendermos que a importância desse personagem na evolução da sociedade ocidental é por demais evidente para ser ignorada, e da mesma forma que não convém fazer proselitismo religioso não devemos fazer proselitismo antirreligioso, a revelia dos fatos, para se adequar a modismos ou parecer mais "científico". 



IDADE ANTIGA OU ANTIGUIDADE (+/- 4000 a.C. - 476)

         Para efeito didático, marcando as diferenças que existem entra as civilizações da Ásia e da África daquelas que prosperaram na Europa, nós dividiremos o estudo da Antiguidade em duas grandes partes: Antiguidade Oriental e Antiguidade Ocidental.
         A Antiguidade Oriental versará principalmente sobre as civilizações que prosperaram no Oriente Próximo ou Oriente Médio asiático-africano, em especial na região situada entre os rios Tigre e Eufrates, conhecida como Mesopotâmia, indo até o centro desse continente, no Planalto Iraniano, onde prosperou a Civilização Persa. Ainda na Antiguidade Oriental exporemos algumas informações sobre a Civilização Egípcia, que deve a sua existência ao rio Nilo.
         A Antiguidade Ocidental versará principalmente sobre as civilizações que prosperaram no litoral e nas ilhas do Mar Mediterrâneo, como a Civilização Minoana, a Grega e a Romana.

IDADE ANTIGA ORIENTAL

CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA


         O Egito situa-se na quina da África, numa região só acessível ao povoamento graças a presença do rio Nilo, que anualmente fertiliza as terras às suas margens, graças a grandes inundações anuais, ocorridas entre os meses de junho e outubro, quando a torrente deposita milhares de toneladas de húmus – uma lama preta muito fértil – retirado do solo das regiões atravessadas pelo rio, desde o centro da África, onde ele nasce, e as leva para o Egito, carregadas pelas águas.
         O clima é quente, embora uma brisa agradável e a umidade proveniente do rio tornem a região do Vale do Nilo propicia ao estabelecimento de civilizações; mas só aí, pois afastando-se um pouco da margem do rio, penetra-se em um deserto quente e muito seco, que abarca todo o norte da África, conhecido como Saara. O encontro do rio Nilo com o Mar Mediterrâneo chama-se Delta do Nilo, uma região pantanosa, mas habitada desde tempos muito antigos.
         A nomeação das terras egípcias obedece aos nomes que se dão ao curso do rio Nilo, e assim o Baixo Egito fica situado na porção norte do país, na região do Delta do Nilo, e o Alto Egito na porção sul. Desde épocas remotas as duas regiões assumiram características diferentes, divididas em comunidades autônomas de pescadores e agricultores chamadas nomos. Os nomos do norte constituíam o reino do Baixo Egito e os nomos do sul o reino do Alto Egito. Lá por volta de 3200 a.C. houve a união dos dois reinos em um só, dando início às dinastias de reis egípcios.
         Ao longo da história do Egito, diversas famílias tomaram para um de seus membros o título de faraó, título de governante, fundando várias dinastias - sequência de governantes pertencentes a uma família. Ao longo da história do Egito houve 30 dinastias.
         A história do Egito é normalmente dividida em cinco etapas: a) Antigo Império, de 3200 a 2200 aC, caracterizado pela construção de grandes pirâmides e o isolamento quase absoluto do país, favorecido pelo temperamento de seu povo e pelas condições geográficas; b) Primeira Era Intermediária,quando o poder do faraó enfraqueceu-se, pelo excesso de exploração do povo e revolta dos nobres, e o país mergulhou na anarquia; c) Médio Império, de 1990 a 1785 a.C., caracterizado por grandes obras de engenharia hidráulica, drenagem de pântanos e canais de irrigação, mas que acabou devido a outra rebelião dos nobres; d) Segunda Era Intermediária, iniciada pela luta interna entre os egípcios, agravada pela invasão de um grupo de povos asiáticos chamados hicsos, que invadiu o país e estabeleceu um reino no norte do país; e) Novo Império, de 1575 a 1085 a.C., caracterizado pela expansão militarista do Egito na Palestina, entrando em choque com impérios locais, chamando a atenção para o país de poderosos inimigos externos; f) Terceira Era Intermediária ou Decadência, de 1085 a 525 a.C., quando o Egito, mais uma vez, sem um poder central forte, esgotado pelas divisões internas, foi invadido por vários povos, alguns mais tecnicamente mais atrasados, além de diversas potências estrangeiras, que tornaram insignificantes os breves períodos de independência – a última dinastia foi composta por reis de origem grega, chamados de Ptolomeus ou Lágidas.
         No final da Antiguidade o Egito era uma província do Império Romano. 
        
A Sociedade egípcia
         A sociedade egípcia era fortemente estratificada – se dividia em grupos parecidos com "classes sociais", embora menos flexíveis, uma vez que era o nascimento dentro de uma "classe" determinava boa parte do futuro de um indivíduo. É comum usar imagem de uma pirâmide para explicar como essas classes se relacionavam entre si.
         No topo da pirâmide social estava o faraó e sua família, tão ciosos de sua posição que até estimulavam o casamento entre parentes próximos, como entre irmãos, para impedir as pretensões de gente estranha; em segundo lugar, vinham os sacerdotes; em terceiro, os nobres; em quarto, os chefes militares; em quinto, havia uma “classe média” formada por escribas, gente que se especializava na escrita contábil e técnicas de administração, além de artesãos, agricultores ricos e comerciantes; os camponeses, que eram a grande maioria, vinham em sexto lugar, e em sétimo os escravos.
         De uma maneira geral, essas classes eram tanto mais numerosas quanto menor era a sua importância social. Os escravos, porém, nunca foram muitos, e eram constituídos em sua grande maioria de prisioneiros de guerra, e embora a sua condição social não tenha mudado com o tempo, eram sempre os menos importantes da sociedade, o tratamento que recebiam foi melhorando.
         Entre as características mais notáveis dessa sociedade estavam o seu isolamento e o seu conservadorismo, perceptível na resistência do povo em interagir com estranhos e no seu comportamento habitual de resignação, de aceitação, diante das dificuldades da vida, típico da mentalidade oriental. Os egípcios não queriam que ninguém mexesse com eles, mas também é verdade que não se interessavam em mexer com os outros, tanto que o militarismo nunca foi valorizado no Egito, de sorte que os grandes exércitos do Novo Império eram constituídos em sua maioria por mercenários.
         Outra coisa que os distinguia das outras civilizações da época era a importância e a independência que as mulheres conquistaram. Eram respeitadas, e algumas delas chegaram a ser governantes do país, faraós, como Hatshepsut, algo muito raro na Antiguidade. Elas eram iguais aos homens perante a lei, com direitos e deveres, e sofriam as mesmas punições legais, quando cometiam um crime. Maltratadas, podiam se separar do marido pelo divórcio, embora fossem os membros de sua família quem dava início ao processo.

Arte, Ciência e Arquitetura
         A arte egípcia tem dois aspectos, um fino e delicado, presente nas primorosas pinturas parietais (em paredes) nas tumbas de faraós e nobres, e outro rígido e monumental, presente nos gigantescos monumentos espalhados por todo o país.
         É comum encontrar nas paredes das tumbas de faraós e nobres uma arte realista, que mostra as cenas, muito bem pintadas, do dia a dia do povo, assim como as guerras em que os faraós se envolviam, quando ela deixava o realismo um pouco de lado para enaltecer a pessoa do faraó, apresentado em tamanho maior e mais heroico que os outros, além de muitas cenas da vida do além túmulo e de deuses em ação. Essas pinturas delicadas e extremamente duradouras, apresentam a vida dos egípcios com perfeição.
         Esse primor artístico também aparece na escrita sagrada dos egípcios, chamada de hieroglífica, feita por meio de desenhos muito elaborados de objetos e criaturas, o que a caracteriza como uma escrita não alfabética ou ideográfica - os sinais, diferentes das letras, não representam apenas sons, mas sons e palavras inteiras. Os hieróglifos só eram usados em monumentos sagrados e templos, e só os sacerdotes e os escribas sabiam como ler e escrever os hieróglifos. Para o uso comum eles usavam dois outros tipos de escritas: a demótica e a hierática, mais simples. Havia, portanto, três escritas diferentes no Egito, usadas em situações diversas.
         A estatuária e a arquitetura egípcia têm uma predileção pelo monumental. Muitos monumentos são enormes. Por exemplo, as quatro estátuas do faraó Ramsés II, sentado, na entrada do templo de Abu Simbel, têm 20 m de altura; os Colossos de Mêmnon, estátuas do faraó Amenotep III, sentado, têm 18 m de altura.
         Em matéria de gigantismo, porém, nada ultrapassa as famosas pirâmides, que tinham a singela finalidade de ser sepulcros dos faraós. A pirâmide mais antiga que se conhece é a Pirâmide de Djoser, erguida por volta de 2700 a.C. Ela é uma pirâmide escalonada, porque é feita de cinco plataformas de tamanhos diferentes, uma sobre a outra.
         Entretanto ninguém conseguiu superar as pirâmides de Gizé, construídas no Antigo Império. A maior delas é a do faraó Quéops, erguida por volta de 2560 a.C., com uns 146 m de altura, e  2,3 milhões de blocos de pedra, cada um pesando por umas 2 t. Acredita-se que esses monumentos desgastaram de tal forma as riquezas do país, assim como a disposição dos camponeses e realizar esses trabalhos, que os faraós seguintes dispensaram esse luxo, preferindo construções tumulares mais simples e baratas , como a mastaba, que era um sepulcro subterrâneo, parecido com um poço, e o hipogeu, um simples túnel funerário escavado na rocha.
         Dentro das pirâmides ficava uma das maravilhas da ciência egípcia: o corpo mumificado dos faraós - eles também mumificavam animais - graças a um processo de embalsamamento que causa admiração, por sua eficácia em preservar os tecidos moles (a pele) dos defuntos. Aliás, a medicina egípcia, dominada pelos sacerdotes, era muito avançada e eles alcançaram as seguintes realizações: a) os médicos se dividiam por especialidade; b) já haviam descoberto a importância do coração e da tomada do pulso; c) realizavam pequenas cirurgias; d) diziam que as doenças tinham causas naturais, enquanto os outros povos dessa época as atribuíam à feitiçaria ou ao castigo dos deuses; etc.

Economia
         A base da economia egípcia era a agricultura, cultivada em terras que, pela lei, pertenciam ao faraó - todo país era sua propriedade. Com o tempo, porém, muitas porções foram doadas a proprietários privados, que formavam a classe dos nobres. A agricultura egípcia tinha a vantagem da fertilidade propiciada pelo rio Nilo, fornecendo a água e uma lama tão fértil que dispensava o trabalho de arar ou preparar o solo: eles já o recebiam "preparado" pela cheia do rio. Era só jogar as sementes, fazer o gado pisoteá-las e esperar a colheita.
         As principais culturas eram trigo, cevada, painço, linho, o algodão de qualidade excepcional, frutas e legumes. Toda essa produção era minuciosamente fiscalizada por funcionários dos faraós, os escribas, tanto para facilitar a cobrança de impostos e como formar excedente exportável. O Egito era o grande celeiro do Oriente Próximo.
         O comércio ganhou muita importância a partir de 2000 a.C. O país exportava ouro - retirado de minas na Líbia - trigo, tecidos de linho, cerâmica fina e artesanato de luxo, e importava prata, marfim e madeira em grande quantidade. Os egípcios foram muito criativos nesse setor, e já usavam grande quantidade de instrumentos de comerciais, como um tipo de escrituração contábil, recibos, contratos comerciais, testamentos, escritura de propriedade, etc., mas o Estado foi pouco a pouco monopolizando essa atividade, principalmente o comércio de exportação.
         A produção de manufaturas era feita em oficinas por artesãos muito especializados e conheceu um grande desenvolvimento. As principais atividades nessa área eram as pedreiras, que forneciam rochas trabalhadas para os monumentos públicos, a construção naval, o fabrico de cerâmica e vidro.
         Em todos os setores pode-se sentir a forte presença do estado faraônico. Ele era o principal mobilizador da mão de obra, empregada em massa, na forma de corveia - trabalho obrigatório não remunerado - na construção de grandes monumentos que ressaltavam a gloria do governante e de sua divindade protetora, mas que, com o tempo, desgastou a imagem dos governantes perante o povo.
         Mas de forma alguma o faraó tratava o povo que trabalhava nessas construções como escravo, como partes da Bíblia parecem dar a entender, quando lidas fora de contexto. A descoberta recente de ruínas de cidades de operários perto de pirâmides, permite-nos deduzir que, embora trabalhassem muito (os ossos estavam deformados, pelo excesso de peso que carregavam), havia padarias e cozinhas diversas para fazer comidas de boa qualidade, e a presença de médicos era certa.
        

AS CIVILIZAÇÕES DA MESOPOTÂMIA

Embora a cidade mais antiga já encontrada, Jericó, fique na Palestina, na zona ocupada pelo Estado de Israel, a região mais importante para o aparecimento de grandes civilizações foi a Mesopotâmia, uma região semidesértica situada entre os rios Tigre e Eufrates, atualmente ocupada pelo Iraque.
         O povoamento da Mesopotâmia se deu principalmente no sul, próximo à foz dos rios, onde se forma uma extensa e fértil planície, formada por sedimentos (restos de solo, animais e plantas) trazidos pelos rios. Entretanto, a situação nessa região não é fácil, pois os dois rios nascem e são alimentados pelo derretimento de gelo em montanhas distantes, onde também chove muito, enquanto quase não há chuva na planície. Por isso, quando menos se espera uma quantidade enorme de água desce pelas encostas, causando grandes e inesperadas inundações junto à foz, aonde as pessoas vivem.
         Outro sofrimento comum aos povos dessa área é o vento Sharqi, que sopra muito forte em alguns meses, levantando tempestades de areia escaldantes – no interior da tempestade as temperaturas atingem perto de 50°C. Para lidar com uma natureza tão dura só com muita união e engenharia, principalmente hidráulica, para fazer diques e canais que controlem a vazão das águas. Os povos que conseguiram isso construíram aí grandes civilizações.
         Além dessas dificuldades climáticas, a Mesopotâmia é uma região imensa e aberta, o que facilitava a invasão de povos e a sucessão interminável de civilizações que aí se deu, diferente do Norte da África, onde a civilização egípcia existiu, protegida e intocada, por milênios.
        
CIVILIZAÇÃO SUMÉRIA

O primeiro povo que se estabeleceu na Baixa Mesopotâmia, área perto da foz dos rios, foram os sumérios, que construíram as primeiras cidades de sua civilização lá por volta do 6° milênio antes de nossa era.  Veja uma lista das cidades mais antigas dos sumérios e a data provável da fundação Eridu (5.400 a.C.); Uruk (4.000 a.C.); Ur (3.800 a.C.); Lagash (3° milênio a.C.); Mari (2.900 a.C.), etc.
As cidades sumérias constituíam, aparentemente, um aglomerado de estados independentes, cuja união era garantida por festivais religiosos periódicos e pela força política e cultural da cidade que estivesse no auge. Em cada cidade havia um governante, ou patesi, sempre associado a uma divindade considerada como a guardiã espiritual e material da cidade, e sua virtual proprietária, à qual o patesi também servia como sacerdote supremo.
O culto aos deuses era realizado em grandes edifícios, em forma de pirâmides em degraus, chamados zigurates, no topo do qual ficava um templo ao qual se chegava por meio de uma interminável escadaria, administrados por uma poderosa casta de sacerdotes, e que também os utilizavam como observatório astronômico, silos para armazenar a colheita, instituição financeira (bancos) e... prostíbulos.
A religião entre os sumérios não considerava os aspectos morais do comportamento humano, apenas ensinando a submissão incondicional aos deuses, atitude que foi reproduzida por todos os povos da região após eles. A concepção de vida após a morte era terrível: os homens iriam para um local escuro, frio e silencioso, com o seu corpo coberto de penas, como as corujas, sendo tratados sem piedade, como serviçais, pelos deuses, alimentando-se de lama. O importante era manter-se vivo neste mundo o máximo possível.
Os sumérios inventaram um sistema de escrita chamado cuneiforme, porque os sinais dessa escrita eram feitas com um pequeno estilete em forma de cunha, como a ponta de uma chave de fenda. Como o suporte de sua escrita - a superfície sobre a qual eles escreviam - eram pequenas tábuas de argila muito duráveis, inúmeras delas foram descobertas e decifradas, nos fornecendo muitas informações sobre esse povo. Essa escrita era tão prática, que foi usada até o Império Persa, vários milênios depois.
Uma das obras mais antigas e reveladoras da cultura suméria é o poema chamado a Epopéia de Gilgamesh (séc. XVIII a.C.), que narra as aventuras de um patesi chamado Gilgamesh, em sua busca, fracassada, pelo segredo da vida eterna. A sua morte repentina, enquanto repousava em um divã, já velho e enfraquecido, após ter sobrevivido a tantos perigos e combates impossíveis, nos seus anos de busca, é uma das cenas mais pungentes da literatura mundial.
         Por volta de 2330 a.C., um povo de cultura diferente da dos sumério tomou a cidade sumeriana de Acad, e fez dela a capital de um grande império, o primeiro da história ocidental, onde se destacou a pessoa do fundador e principal monarca desse império: Sargão de Acad, uma figura reverenciada por milênios como modelo de monarca, inclusive pela crueldade - Sargão, após derrotar o último patesi de Uruk, o fez acorrentar, como um cachorro, na porta do templo mais frequentado pelos sumérios, e lá o deixou exposto até morrer.
         Os sumérios entraram em decadência, e foram submetidos por um povo que se estabeleceu numa cidade que se tornaria famosa: Babel, ou Babilônia.

PRIMEIRO IMPÉRIO BABILÔNICO

         Um novo povo, os amoritas, aproveitou-se de uma situação confusa para ocupar uma cidade sem importância, situada bem no centro da Mesopotâmia, às margens do rio Eufrates, chamada Babilônia, e fez dela a capital do seu reino. Foi uma escolha feliz, pois em pouco tempo, graças à sua posição privilegiada para o comércio, a cidade prosperou e se tornou a capital de um grande império.
         O principal governante desse período foi o rei Hammurabi, que teve a feliz ideia de sistematizar as leis, usos e os costumes sumérios em uma espécie de código de direito, chamado de Código de Hammurabi. O texto desse código, descoberto em 1901, estava escrito em um bloco de pedra de basalto polida, com 2,5 m de altura. Nela estavam todos os 282 artigos do código original, escrito em 1760 a.C., em escrita cuneiforme.
         As características mais curiosas desse código, que esclarece muito sobre a mentalidade daqueles homens, são as seguintes:
a) Lei do talião: que prescreve a retaliação na mesma "moeda", para punir um crime cometido, a lei do "olho por olho, dente por dente". Se uma casa desaba, matando o filho de seu proprietário, então o filho do construtor deve ser morto.
b) Justiça semiprivada: era a família do ofendido que se encarregava de levar o culpado preso ao tribunal, podendo os agentes do rei ajudar na execução da sentença.
c) Desigualdade perante a lei: um crime cometido contra um nobre era mais grave do que o cometido contra um servo ou escravo, em compensação, o crime de um nobre era punido com mais rigor.
d) Pouca distinção entre crime acidental e intencional: nos casos de acidente, em geral, se pagava uma multa, proporcional à qualidade da vítima ou do "agressor"...
         O código prescreve ainda os valores de honorários médicos, fixa um salário mínimo para diversas profissões e prevê dias de folga para o trabalhador. Entre as penas mais duras estavam a mutilação e a execução. Mas havia também muitos avanços no Código, como a presunção de inocência, a necessidade da prova e da acusação por escrito, a descrição clara do crime, a uniformização das penas, etc.
         Quando o império dos amoritas começou a declinar, uma nova potência surgiu na região, vinda de região mais elevada e distante.

CIVILIZAÇÃO ASSÍRIA

         Os assírios eram também diferentes dos sumérios, embora tenham sofrido por longos anos a influência cultural destes. Eles eram culturalmente mais próximos dos acadianos de Sargão e dos amoritas da Babilônia. Esses povos não sumérios fazem parte de um tipo de povo que os estudiosos chamam de semitas, que modernamente são mais representados por judeus e árabes, entre outros, gente muito aguerrida e apaixonada pelas suas causas.
         Sua primeira capital foi Assur, junto ao rio Tigre, mas que durante séculos foi muito assolada pelos outros povos, que mantiveram os assírios sobre dura sujeição. A acumulação de tantas humilhações e ressentimentos nessas guerras fizeram os assírios desenvolver uma preocupação obsessiva com a segurança, o que os levou a serem conquistadores compulsivos, sempre a empurrar os inimigos para longe de suas cidades, além de alimentar a crença de que o melhor meio para dominar outros povos seria o terror.
         Quase todos os anos, na estação mais propícia, os reis assírios realizavam campanhas militares para ampliar o território do império ou castigar algum povo revoltado contra a sua dominação, e assim construíram um dos maiores impérios da região, alicerçado em um exército muito organizado e tecnológico: as gravuras da época, feitas em pedras, mostram-nos usando várias máquinas de cerco, boias de flutuação individuais, etc., além do comando eficiente de seus reis.
         Mas não se pense que os assírios eram apenas militares grosseiros: sua arquitetura, dedicada à construção de grandes palácios e fortificações, era colossal e impressionante; seus comerciantes eram ativos e empreendedores. Seus estudiosos possuíam um bom conhecimento de astronomia, de geometria, e a sua medicina era bem desenvolvida, além de terem ajudado a simplificar e aperfeiçoar a escrita cuneiforme. O seu rei mais famoso, Assurbanipal, deixou uma biblioteca, a Biblioteca de Assurbanipal, com milhares de plaquinhas de argila em escrita cuneiforme, contendo informações valiosas sobre os costumes e a história dos povos da região. Essa biblioteca foi descoberta e desenterrada em 1851.
         É inegável, porém, que a característica de uma nação violenta e terrorista permaneceu, devido aos relatos dos povos que sofreram as atrocidades por eles cometidas, e das quais eles se gabavam. Em um texto, o rei Assurnarsipal II, diz: "fiz uma torre de madeira junto à porta da sua cidade (dos inimigos que ele derrotara) e esfolei todos os maiorais... E revesti a torre com as suas peles; alguns eu emparedei dentro da torre, a outros cravei em estacas sobre a torre... Dos prisioneiros que tomei a alguns fiz cortar os pés e as mãos, a outros fiz cortar orelhas, narizes e lábios... fiz uma torre com as cabeças dos adultos. Eu expus suas cabeças pela cidade... Crianças e adolescentes, machos e fêmeas, atirei-os ao fogo". E assim quase todos os outros reis.
         O Império Assírio caiu repentinamente, no auge do seu poderio, ante uma coligação de povos revoltados, comandados pelos medos e os caldeus, após uma batalha tremenda, travada casa por casa nas ruas de Nínive, a última capital dos assírios, durante três meses. A destruição foi tamanha, que durante quase 2.500 anos ninguém mais ouviu falar dos assírios, citados apenas na Bíblia.
         Os assírios acharam que se tornando temidos estariam mais seguros, só que eles também despertaram um sentimento que está sempre junto do medo artificialmente provocado: o ódio, e por isso eles quase foram apagados da história. O profeta hebreu Naum, fala assim do final da Assíria: "Eles descansam, rei da Assíria, teus capitães repousam (mortos). Teu povo foi espalhado pelas montanhas, e ninguém mais o unirá. Não há cura para ti... Todos os que ouvem falar do teu fim batem palmas (de alegria), pois quem não sofreu o peso da tua maldade?"

IMPÉRIO NEOBABILÔNICO

         Tem início com a instalação de um povo recém-chegado a Babilônia: os caldeus, também de cultura semita, e que também experimentaram a dominação dos assírios, até comandar, junto com os medos, a coligação que os destruiu, em 612 a.C. O rei dos caldeus, Nabopolassar, que deu início ao chamado Império Neobabilônico.
         O auge desse império aconteceu durante o reinado de Nabucodonosor, no qual a cidade de Babilônia atingiu um esplendor incomparável entre as cidades do mundo antigo. Ela era cercada por um cinturão triplo de muralhas, cujas portas eram ladeadas por torres com 30 m de altura, revestidas com tijolos esmaltados multicores, semelhantes a azulejos, que davam em grandes avenidas pavimentadas com pedras e mármore róseo.
         Em um dos pontos mais centrais ficava uma imensa torre, de 91 m de altura, chamada Etemenanki, composta de sete plataformas á semelhança dos zigurates, que, segundo alguns, impressionou tanto aos judeus levados prisioneiros para a cidade, após a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, que eles teriam acrescentado ao seu livro sagrado a história da Torre de Babel. Outra construção famosa desse período foram os Jardins Suspenso da Babilônia, também mandados construir por esse rei.
         Os caldeus se notabilizaram pela sua pesquisa astronômica, feita tanto por razões científicas, para determinar com precisão as estações do ano, como por razões religiosas ou filosóficas, criando as bases da moderna astrologia e da confecção de horóscopos, que busca explicar a influências dos astros sobre as pessoas, conforme eles se encontravam no céu no momento de seu nascimento. Eles criaram o sistema sexagesimal, que nós usamos para medir o arco e para contar as horas.
         A elite guerreira caldeia, entretanto, rapidamente entrou em colapso, afogada no luxo em que vivia, e o império desmoronou rapidamente, sendo absorvido quase sem luta pela nova potência da região, a Pérsia, em 539 a.C.

CULTURA HEBRAICA

         Os hebreus faziam parte de uma leva de vários povos de cultura semita que, vindos da península arábica, invadiram a Palestina, que os hebreus chamavam de Canaã, e aí se instalaram definitivamente, após exterminarem boa parte de seus habitantes originais, lá por volta de 1250 a.C.
         Segundo o livro da história antiga dos hebreus, que nós chamamos de Velho Testamento ou Primeiro Testamento, um livro importantíssimo para se saber sobre os costumes e a história de povos do Oriente Próximo, eles viviam em tribos errantes, até que o seu Deus, que eles supostamente chamavam Javé ou Jeová, falando por meio de Moisés, e lhes fez crer que lhes daria Canaã como morada permanente, uma terra onde, diziam, corria "leite e mel".
         A verdade é que Canaã ficava bem no meio de duas das mais importantes rotas comerciais do mundo: o Caminho do Mar, que passava pela costa marítima, e o Caminho do Rei, que passava pela margem esquerda do rio Jordão. Esses dois caminhos se encontravam na Arábia e no Egito com a Rota do Incenso, que vinha da Arábia, e que ligava as regiões produtoras e consumidoras do Oriente Próximo, com produtos vindos do Extremo Oriente (Índia). Quem possuísse Canaã não teria leite e mel brotando da terra, mas teria dinheiro bastante para comprar muito dos dois produtos.
         O resultado disso é que os hebreus viviam sob ataque constante de seus vizinhos,  ansiosos por dominar aquela região estratégica, e talvez por isso eles não tiveram tempo nem oportunidade para criar uma civilização original, limitando-se a copiar ou usar tecnologia e mercadorias que vinham de outras regiões, inclusive a língua e a escrita. Mesmo o monoteísmo, crença em um único Deus, que notabilizou a religião hebraica, não foi uma criação original deles; um faraó egípcio, Amenófis IV, ou Aquenáton, fez uma reforma monoteísta no Egito cem anos antes dos hebreus.
         No início, os hebreus viviam em Canaã, reunidos numa confederação de 12 tribos dedicadas principalmente ao pastoreio, e por um curto espaço de tempo se uniram e formaram um reino pequeno, mas próspero. Porém, prevaleceu a intolerância tribal e o regionalismo, e por volta de 930 a.C. as tribos se dividiram formando dois reinos: Israel ao norte, com a capital em Samaria, e Judá ao sul, com a capital em Jerusalém, lutando ora contra vizinhos hostis ora um contra o outro, até que, em 721 a.C., Sargão II da Assíria, ocupa o reino do norte e deporta os seus habitantes.
         Em 586 aC, é a vez do Reino de Judá cair ante os golpes do Império Neobabilônico de Nabucodonosor: Jerusalém é tomada e sua população levada cativa para a cidade de Babilônia. Quando os persas destruíram o Império Neobabilônico, os hebreus foram autorizados a retornar a Jerusalém, onde aperfeiçoaram a sua religião, que passou a ser chamada de judaísmo, Jerusalém ficava no antigo reino de Judá, enquanto seus praticantes eram chamados judeus.
         Além do monoteísmo tradicional, o judaísmo evoluiu para se tornar uma religião rigidamente ritualista, minuciosa e excludente, o que dificultou muito a sua difusão entre os vizinhos e as possibilidades de convivência com outros povos, ainda desejosos de dominar a região. os judeus travaram guerras contínuas contra o Império Selêucida (Síria) e contra o Reino dos Ptolomeus (Egito), até serem submetidos pelos romanos, em 63 a.C., que mudaram o nome da região para Palestina.
         Contra a dominação romana, os judeus, motivados pela ideia de que seriam salvos por um Messias, um salvador especial enviado por Deus, se levantaram de 66 a 70, na Grande Revolta Judaica, e de 132 a 135, na Rebelião de Bar Kokhba, que resultou no extermínio quase completo da população judia da Palestina, além da quase extinção de sinais concretos da presença judia na região - após destruírem, uma por uma, as cidades judias, os romanos faziam passar um arado por elas. Os sobreviventes foram espalhados pelo mundo e proibidos de retornar a Jerusalém, sob pena de morte. Esse espalhamento forçado dos judeus pelo mundo recebeu o nome de Diáspora.

CIVILIZAÇÃO FENÍCIA


         Os fenícios também eram semitas, e se estabeleceram em cidades portuárias situadas na costa do país que hoje se chama Líbano. Essas cidades floresceram graças ao comércio marítimo, formando uma próspera civilização comercial, que fez a fama deles como hábeis comerciantes, inclusive de pessoas, escravos, embora eles não fossem os únicos a praticar esse comércio. Sua habilidade em navegação era lendária, mas pouco se sabe sobre suas rotas e técnicas navais, porque eles guardavam segredo sobre isso, para evitar a concorrência.
         As suas principais cidades eram Tiro, Biblos e Sidon, e de lá partiram frotas de navios que fundaram colônias e entrepostos comerciais, ou feitorias, em vários lugares ao longo da costa mediterrânea. Entre as colônias mais conhecidas fundadas pelos fenícios encontram-se: Cartago, na Tunísia, havendo até indícios de que eles seriam os fundadores de Lisboa, em Portugal. É possível que eles tenham chegado até a Inglaterra e viajado pelo Oceano Atlântico, costeando o continente africano, até alcançar o Golfo da Guiné, algo que só seria repetido pelos portugueses, uns dois mil anos depois.
         É atribuído aos fenícios o pioneirismo da invenção do alfabeto, um tipo de escrita onde cada sinal corresponde a um som, só que o alfabeto fenício era exclusivamente consonantal, devendo-se esperar alguns séculos até os gregos adicionarem as vogais que hoje compõem o alfabeto moderno.

O IMPÉRIO PERSA

            O Planalto Iraniano é uma região elevada, de clima severo, no centro da Ásia, repleta de montanhas e de vales, onde é possível praticar uma boa agricultura, além do pastoreio de ovelhas, cabras e cavalos. Assim fizeram os medos, quando criaram uma civilização cuja capital era Ecbátana.
         Os medos, porém, tornaram-se vassalos dos reis assírios, até que eles se alairam aos neobabilônios, e destruíram completamente o império de seus senhores. Os medos, então, deram início à construção de um grande império. Este, porém, teve vida curta, pois um povo, que até então era associado aos medos, os persas, tendo à frente um príncipe meio medo e meio persa, chamado Ciro, se revoltou contra o domínio medo e fundou o seu próprio estado, que passou a ser conhecido como Império Persa, com a capital em Pasárgada - os persas davam ao seu soberano um título que, traduzido para nossa língua, quer dizer "rei dos reis".
         Ciro e seus sucessores, chamados de Aquemênidas, conseguiram, graças à sua capacidade de mobilizar o seu povo, seu tino organizacional e uma política de flexibilidade e tolerância para com os povos vencidos, diferente da brutalidade habitual dos outros impérios, construir o maior império até então conhecido.
         A expansão dos persas foi rápida, e eles atingiram o seu apogeu no reinado de Dario I, quando o Império ia da fronteira ocidental da Índia, até o Mar Mediterrâneo, incorporando o Egito e as colônias gregas na Ásia Menor. Um enorme rolo compressor.
         Dario e seus auxiliares foram administradores geniais, porque a) descentralizaram a administração, dividindo o império, em províncias chamadas satrápias, governadas por um sátrapa, uma espécie de governador local, com grande poder na área de tributação, segurança pública e justiça, mas controlado por funcionários persas e espiões diretamente ligados ao "rei dos reis"; b) integraram a região mais rica do império por meio de uma estrada, chamada Estrada Real, com 2.699 km bem conservados, ligando a cidade Susa, no centro do império, à cidade de Sardes, na Ásia Menor; c) criaram um sistema de correios, com postos de apoio ao longo  dessa estrada, cuja eficiência tornou-se modelo para os correios modernos; d) dinamizaram a economia, racionalizando a cobrança de impostos e criando uma moeda única para todo o império: o dárico.
         A estabilidade do império começou a declinar a partir do momento que Dario e os seus sucessores se envolveram em guerras contra os gregos, que, apesar de seu poderio material insignificante, ofereceram uma resistência formidável ao avanço persa, derrotando-os em três guerras famosas. Por fim um conquistador, Alexandre Magno, partindo da Grécia, atacou e venceu o Império Persa em 330 a.C. Os persas então entraram na obscuridade da história, dominados por outros povos, até que ressurgir, 550 anos depois, desafiando o Império Romano.
         Algo ainda deve ser dito a respeito da religião persa. O politeísmo original desse povo foi substituído, lá por volta do século VI a.C., por uma religião dualista, pregada por um reformador chamado Zaratustra ou Zoroastro. Para este, o universo fora criado e era regido por duas forças ou deuses opostos: Aúra-Mazda, que representava o bem e a retidão, e Arimã, que representava o mau, a traição e todos os vícios, em uma luta contínua, que acabaria no final dos tempos com a vitória do bem, quando os bons ressuscitaram e viveriam na felicidade eterna, junto com os maus, já purificados. Costuma-se chamar essa versão da religião persa de Zoroastrismo, e ela se difundiu rapidamente.
         Após algum tempo surgiu uma nova divindade que desbancou Aúra-Mazda no coração dos persas: Mitra, um subalterno de Aúra Mazda, que teria tido uma existência terrena, vivendo pobremente entre os homens, a fazer milagres e a favorecer aos seres humanos, livrando-os de catástrofes e alimentando-os com pão e água. Mitra, comumente associado ao sol, era cultuado no primeiro dia da semana, domingo, e tinha a data do seu nascimento comemorada em 25 de dezembro. Seu culto espalhou-se mundo, e o seu sucesso entre os romanos era tal que o cristianismo nascente não pode ignorá-lo, adaptando vários de seus ritos e datas às do deus persa, mas, ao contrário do cristianismo, os ritos do mitraísmo eram secretos.
         Outro reformador religioso persa foi Mani, um sacerdote, que radicalizou a luta entre o bem e o mal, tirando-o do âmbito puramente espiritual, para torná-lo presente em todo o universo. Tudo o que existia continha em si uma disputa entre um lado bom e outro ruim. Essa corrente filosófico-religiosa foi chamada maniqueísmo, e considerava tudo que fosse material como mal, pregando uma espiritualidade extrema, condenando o casamento ou qualquer forma de conforto ou prazer físico.
         Os ideais educacionais e religiosos dos persas eram tão elevados que chamaram a atenção dos gregos, cuja religião era desprovida de senso moral. O historiador grego Heródoto, ao escrever sobre a guerra entre gregos e persas, fez questão de frisar que o menino persa desde cedo era treinado para "andar a cavalo, atirar flechas e nunca mentir..."
        
Modo de Produção Asiático
         Analisando as características das sociedades do Oriente Próximo Antigo, Karl Marx cunhou a expressão Modo de Produção Asiático, perfeitamente observável, com algumas variações, em cada uma das sociedades que nós estudamos, e que podem ser resumidas da seguinte forma:
a) Ausência, ou diminuta presença, da propriedade privada.
b) Pequeno desenvolvimento do comércio, em geral ligado ao excedente agrícola, com as exportações controladas pelo Estado, a partir de centros urbanos.
c) Os camponeses e artesãos são tratados como trabalhadores do Estado, não possuindo eles propriedade, mas sendo eles próprios uma propriedade da comunidade (a aldeia é uma extensão, um "puxadinho", do palácio real ou do templo, sendo por estes controlada).
d) Uso intensivo e massivo do trabalho gratuito dos camponeses a título de taxas e impostos, em projetos públicos (pirâmides, estradas, canais, etc.)
e) A existência de escravos se resumia aos aprisionados em guerras, apresentando um peso pequeno na economia, em geral realizando serviços domésticos ou especializados (artesanato) ou em tarefas extraordinariamente brutais, como a escavação em minas.
f) Propriedade coletiva da terra, feita pela comunidade, mas em nome do Estado.
g) Governo fortemente centralizado e autoritário ou despótico.
h) Controle do Estado sobre os meios de produção, inclusive, e principalmente, a água (outros meios de produção seriam: a terra, o prédio das oficinas, as ferramentas de trabalho, a energia, etc.).
         Esse tipo de expressão político-social foi também batizado por outros pesquisadores como Despotismo Oriental ou Despotismo Hidráulico.
         Outra característica dessas sociedades, fora da análise marxista estrita, é que nelas o sagrado, o religioso, tende a absorver todas as manifestações da sociedade, de sorte que a terra onde uma comunidade habita pertence aos deuses por ela venerados, e nas guerras busca-se desafrontar os deuses locais, desafiados pelos deuses do povo atacante - o rei era uma emanação da divindade ou o seu representante direto - gerando uma cultura que valorizava uma atitude resignada e fatalista das pessoas.
Não há espaço para a manifestação de individualidades. O conceito de indivíduo é, para eles, uma abstração perigosa.
        

VOCABULÁRIO


a.C.: iniciais para antes de Cristo, a forma tradicional de balizar o tempo histórico no Ocidente. Recentemente alguns historiadores, querendo descristianizar a história ou apresentá-la de uma forma mais “neutra” ou acessível a povos de cultura não cristã, começaram a usar outros sinais para esse balizamento como A.N.E., antes de nossa era; A.E.C., antes da era comum; A.E.V., antes da era vulgar; E.C., era comum (essas iniciais ou acrônimos podem ser escritos com letra minúscula). Alguns autores franceses preferem balizar as datas colocando o sinal de menos “-“, nas datas que se referem ao período correspondente ao nosso “antes de Cristo”. Os ingleses dizem BCE (before Commom Era), antes da era comum.

Agricultura: as sementes domesticadas mais antigas foram as do arroz (6 mil a.C.) e painço (7 mil a.C.), na China; inhame (7 mil a.C.) no sudeste asiático; algodão (4,5 mil a.C.) na Ásia Central; cevada (8 mil a.C.), trigo (8 mil a.C.), lentilha (7 mil a.C.), ervilha (7 mil a.C.), no Sudão e na Arábia; centeio (7 mil a.C.) e aveia (6,5 mil a.C.), no Europa Mediterrânea. Algo notável é que a domesticação de sementes teve lugar quase sempre em zonas semidesérticas, quase nunca em florestas tropicais fechadas, abundantes tanto de alimentos como de concorrência por outros organismos vivos.

Amenófis IVAquenáton: Faraó de 1353-1336 a.C., este rei, por alguma razão ainda não muito clara, resolveu mudar o seu nome  original para Aquenáton, em homenagem ao único deus, Aton, o disco solar, que por daí em diante seria o único deus admitido no Egito. Ao fazer isso, esse faraó praticamente inaugurou a primeira religião monoteísta que se tem notícia, mas mesmo acentuando as qualidades benevolentes do novo deus, ele comprou uma briga séria com os sacerdotes do politeísmo e com todos os interessados no antigo politeísmo. Seu misticismo exaltado fê-lo descurar das coisas do governo, e o país começou a entrar numa séria crise interna e a perder influência no exterior. Ao morrer houve uma violenta perseguição aos seus seguidores e a cidade que ele mandara construir, Aquetaton, atual Amarna, foi saqueada e destruída. Aquenáton foi pai do mais famoso faraó do Egito: Tutancâmon, cuja sepultura, descoberta intacta em 1922, pelo inglês Howard Carter, é um dos mais famosos achados arqueológicos de todos os tempos.

Aquemênidas: os aquemênidas eram membros de um clã fundado por um chefe semilendário chamado Aquemenes, que lá por volta de 700 a.C. chefiava uma federação de 10 a 15 tribos persas, estabelecidas no Planalto Iraniano. Os descendentes de Aquemenes, os aquemênidas, governaram o império persa, desde a sua fundação, até a destruição do Império por Alexandre Magno, período em que tornaram o Império Persa o maior do mundo conhecido.

Assurbanípal e Biblioteca de Assurbanipal: rei de 669 -625 a.C., Filho do rei Assaradão, que saqueou o Egito em 670 a.C., e neto de Senaqueribe, citado pela Bíblia em um cerco famoso, Assurbanipal teve que entrar em muitas batalhas, até se consolidar como rei, a começar contra seu próprio irmão, impondo-se à maneira assíria: massacrando os adversários, enquanto estendia as fronteiras do império. O legado mais conhecido desse rei foi a imponente biblioteca que ele mandou construir, e que boa parte se preservou, guardada debaixo da areia por dois mil e quinhentos anos, até ser descoberta e escavada pelo arqueólogo inglês Henry Layard, na metade do século XIX. Nessa biblioteca foram encontradas cerca de 30 mil tabuinhas de argila com escrita cuneiforme, contendo centenas e obras de literatura mesopotâmica, inclusive suméria, e arquivos dos reis da Assíria. Informações valiosíssimas sobre a história e a cultura dessa região.

Biblos, Sidon e Tiro: Foram as principais cidades fenícias das quais Biblos é a mais velha, fundada por volta de 5 mil a.C., tornando-se um ativo mercado de papiro, madeira de cedro e cobre, vassala do Egito e da Pérsia; Sidon, fundada no 3º milênio a.C., junto com Berito, existe até os dias de hoje, enquanto Berito virou Beirute, a capital do Líbano. Tiro foi a mais poderosa de todas elas, mas teve uma ideia infeliz: resistir a Alexandre Magno, e não só: mandou massacrou os embaixadores que este lhes enviou! Após um cerco de sete meses, quando se viu grandes obras da engenharia militar greco-macedônia, como um pontão artificial que avançou 600 metros no mar e uma torre com 30 m de altura, as tropas de Alexandre entraram na cidade, matando oito mil defensores, executando outros dois mil. Nesse momento, Alexandre se dirigiu calmamente para orar no templo local de Júpiter, como era o seu propósito desde o início. Mais tarde, uns 30 mil sobreviventes foram vendidos como escravos. A cidade voltou a se recuperar, mas hoje só restam ruínas.

Canaã e Cananeus: Canaã é o nome primitivo da atual palestina. Por ser uma região de passagem, e entroncamento comercial de primeira grandeza, Canaã foi frequentada por muitos povos antigos ao longo do tempo, como os amorreus, os jebuseus, os hicsos, fenícios, etc. Por fim chegaram os hebreus, que massacraram de tal maneira as populações locais que sobrou muito pouca coisa para dizer que tipo de gente eles eram e que tipo de cultura cultivaram ali. Há indícios de que viviam em grandes cidades, para os padrões da época, e tinham um padrão de vida relativamente sofisticado. Sua religião, aparentemente, era sangrenta e alguns de seus ritos muito escandalosos.

Çatal Huyuk: descoberta na Turquia, próxima à cidade de Konia, o sítio começou a ser escavado em 1958 pelo arqueólogo inglês James Mellaart , e até hoje a cidade não foi totalmente desencavada. Sua população, segundo estimativas, devia variar entre 5 mil e 10 mil habitantes. Acredita-se que a sua população a abandonou em virtude de alguma mudança climática, pois não foram encontrados sinais de violência e destruição como se tivesse sido conquistada.

Cerâmica: produção de artefatos a partir do cozimento de uma mistura de materiais inorgânicos, gerando uma estrutura sólida e impermeável, muito apropriada para guardar água e mantimentos, é muito antiga, tanto que alguns artefatos cerâmicos são datados de mais de 20 mil a.C. A cerâmica, porém, tem uma vantagem extraordinária: sua durabilidade é praticamente infinita, e como existem materiais diversos no seu fabrico, assim como técnicas de fabrico, forma e modelagens diferentes ao longo das épocas, ela se torna o material mais apreciado pelos arqueólogos, para determinar a idade de uma descoberta. O objeto cerâmico mais antigo que se conhece hoje é a estatueta de uma mulher nua, deformada (com os caracteres sexuais superdimensionados), talvez uma divindade, chamada de Vênus de Dolní Vestonice, datada entre 29 mil e 25 mil a.C.

Ciro: fundador do Império Persa, reinou de 559-530 a.C. Foi um conquistador de primeira linha e um governador de povos. Ajudou a criar a imagem do Império Persa como estado pluralista e tolerante. A Bíblia faz-lhe os maiores elogios e atribui a ele o retorno dos hebreus à Palestina, acabando com o seu exílio na Babilônia, imposto pelo rei Nabucodonosor. Deu-se mal, porém, nas guerras contras as tribos citas, um povo de nômades da Ásia Central, de origem iraniana, como os persas, onde encontrou a morte em combate.

Epopeia de Gilgamesh: poema sumeriano que conta as aventuras de um rei muito antigo, talvez lendário, da cidade de Uruk, chamado Gilgamesh – alguns afirmam que ele existiu de fato, mas não tão poderoso como no poema, claro, sendo um dos primeiros reis da cidade de Uruk, lá por volta do século XXVIII a.C. Esse poema veio a luz pela primeira vez com a descoberta da Biblioteca de Assurbanipal, em 1847, e é muito interessante não só pelo tema que aborda, a busca da imortalidade – Gilgamesh, desconsolado com a morte do amigo Enkidu, tenta encontrar uma beberagem mágica que garante a vida eterna, que ele acha, mas perde no final da história – como pela descrição que faz de um dilúvio, praticamente igual ao que é relatado na Bíblia – um homem justo, Utnapishtim, avisado do dilúvio iminente por uma deusa, constrói um barco, onde põe casais de todas as espécies de animais que existem, e assim escapa do dilúvio, inclusive soltando pássaros para certificar-se que as águas já baixaram; escrito muito antes da Bíblia.

Escribas: os escribas eram profissionais da escrita, que em virtude da complexidade dos códigos linguísticos da época, e da escassez de escolas, adquiriu um status enorme na sociedade – o analfabetismo era a regra, menos entre os hebreus, que só se tornavam maiores após ler um trecho da Lei, a Torá, diante da comunidade, lá por volta dos 12-15 anos. Os filhos de famílias ricas entravam em escolas para escribas onde aprendiam não só a escrever, como o equivalente à matemática financeira, técnicas de administração, literatura nacional. Os escribas se colocavam às portas das cidades onde ofereciam o seu conhecimento para elaborar contratos, testamentos, cartas, além de toda parte de registro e arquivos em templos e palácios. O personagem principal do filme brasileiro “Central do Brasil” trabalha da mesma forma que os antigos escribas.

Escrita Cuneiforme e Hieróglifos Egípcios: entre os exemplos mais antigos da escrita cuneiforme estão: as tabuinhas de Kish (3,5 mil a.C.) e as de Jemdet Nasr (em torno de 3 mil a.C). A escrita cuneiforme foi traduzida graças à descoberta de inscrições poliglotas na rocha de Behistun, por Henry Rawlison. Existe exemplos de uma escrita pré-hieroglífica, em cerâmicas, datando de 4 mil a.C. A primeira inscrição em hieróglifos data de quase 3 mil a.C. A tradução dos hieróglifos foi feita pelo sábio francês François Champollion, após a descoberta da Pedra de Roseta, durante uma expedição de Napoleão ao Egito, em 1799. O suporte para a escrita cuneiforme mais comum eram tábuas de argila, marcadas pelo cinzel do escriba e postas para secar, já o suporte mais conhecido dos hieróglifos eram as folhas de papiro, feitas do caule prensado de uma planta que era, e ainda é, muito comum nas margens do Nilo.

Estado: um dos conceitos mais difíceis de definir devido a sua abrangência e grau de abstração. Pode-se dizer que o Estado, escrito com inicial maiúscula, diz respeito à forma como uma sociedade se organiza, havendo graus diversos de complexidade, conforme as suas instituições se desligam mais ou menos dos laços de família e parentesco, típicos das sociedades tribais. Essa organização é capaz de funcionar independente do desejo de indivíduos ou grupos singulares, impondo mais ou menos a mesma lei e costumes, e dando as mesmas vantagens para todos os que estão sob o seu domínio, independente do nascimento.

Faraó: nome egípcio citado pela Bíblia que significa “palácio” ou “casa real”, usado para designar os governantes do Egito. Segundo a crença local ele seria a reencarnação ideal de um deus, o “deus perfeito”, tendo poder absoluto sobre tudo (as leis, a religião, a justiça, o exército, as terras do país, etc.), e a consideração pela sua pureza era tal que durante muito tempo só foi aceito como faraó a pessoa que nascesse de relações diretas entre membros da família do faraó, que constituía uma classe aparte, inclusive da união entre irmãos fraternos.

Grande Revolta Judaica: iniciada em 66, após uma série de incidentes violentos provocados por ambas partes, greco-romanos e judeus, em sua maior parte por razões culturais e religiosas, acabou arrastando toda população judia da Palestina a uma guerra aberta contra a dominação romana, mas enquanto os romanos fortaleciam as suas forças para abafar a revolta o lado judeu se dividia e radicalizava, ficando sob o comando do movimento dos zelotas, após assassinarem os líderes moderados. O resultado foi uma guerra total, sangrenta, que teve o seu momento mais dramático no cerco de Jerusalém, de fevereiro a agosto de 70, quando foi destruído o espetacular templo construído pelo rei Herodes, no lugar do antigo templo de Salomão – a igreja Universal construiu uma réplica provável desse templo em São Paulo. Outro momento terrível foi o cerco da fortaleza de Massada, onde vários sicários, outro grupo radical como os zelotas, se abrigaram para resistir aos romanos, até que, percebendo a inutilidade da resistência, decidiram matar esposas e filhos e se matar mutuamente. Essa revolta acabou no início de 73 ou 74.

Hatshepsut e Nefertiti, Nefertari: Hatshepsut foi um caso raríssimo na história do Antigo Oriente, porque ela se tornou faraó do Egito, reinando de 1479-1458 a.C., um reinado pacífico e empreendedor, embora não isento de dificuldades e oposição, inclusive a do filho de seu marido Tutmés II com uma esposa secundária. Hatshepsut, manobrando nos bastidores, conseguiu fazer-se reconhecer faraó, governando por um bom tempo junto com seu enteado, Tutmés III. Quando a faraó morreu, entretanto, o rapaz foi tomado por tal ódio que tentou destruir sistematicamente tudo que tivesse relacionado com a madrasta, apagando nome desta nos monumentos por ela construído – para desgraça da rainha, Tutmés III passou para a história como o mais hábil general da história do Egito, o que tornou mais fácil esquecer o nome da grande rainha.
Nefertiti foi esposa de Amenofis IV ou Akenaton, e os documentos comprovam que ela teve um papel muito importante na reforma do faraó, embora tenha desparecido repentinamente sem deixar vestígios – em dezembro de 1912, foi descoberto pela equipe do arqueólogo alemão Ludwig Borchardt, um busto colorido, de uma beleza deslumbrante, de uma mulher, que mais tarde se descobriu ser da rainha Nefertiti, atualmente no Museu de Berlim.
Nefertari foi a esposa do mais famoso e empreendedor faraó do Egito, Ramsés II, muito prestigiada e representada em monumentos do Egito.
O Egito teve outras mulheres famosas, e até faraós, entre as quais se destaca Cleópatra VII, famosa pelo seu poder de sedução e pela sua cultura geral: falava várias línguas e conhecia com profundidade temas de filosofia e política de seu tempo. Ela foi esposa de dois faraós e amante de dois importantes personagens romanos: Julio César e Marco Antonio.

Jericó: existe uma cidade moderna com esse nome na Cisjordânia, nos territórios palestinos ocupados por Israel, mas não é a ela que nos referimos, e sim a um sítio arqueológico que lhe fica perto: Tell es-Sultan, 27 km a leste de Jerusalém, onde foram encontrados vestígios de povoamento humano permanente mais antigos do mundo. Os habitantes de Jericó tinham um hábito curioso: envolviam o crânio de seus falecidos com uma camada de argila, com conchas nos olhos, reconstituindo a face de seus antigos moradores. Tell es-Sultan foi escavado pela primeira vez pelos alemães Carl Watzinger e Ernst Sellin, entre 1905-1909.

Modo de Produção: é o conjunto de técnicas de produção, relações sociais (ou de produção, como preferem os marxistas) e ideologias justificadoras que marcam um determinado período da história, segundo a teoria de Karl Marx e dos marxistas. A ênfase dos marxistas, que não é a do autor destas linhas, embora este também reconheça a importância deles, é da predominância dos fatores econômicos determinando o curso da história da humanidade.

Nomos: antigas divisões do Egito pré-dinástico (anterior aos faraós), que permaneceram para designar as divisões administrativas nos milênios seguintes, até serem extintos durante a dominação romana. Primitivamente os nomos eram comunidades aldeãs que viviam reunidas sob o comando de um chefe, o nomarca, que organizava a irrigação, o plantio, a arrecadação de impostos e fixava os limites da área de cultivo de cada grupo ou família. Os nomos do Delta do Nilo, uns 20, constituíam o Baixo Egito, enquanto os nomos do Vale do Nilo, uns 22, formavam o Alto Egito

Oriente Médio, Oriente Próximo: o termo mais antigo é Oriente Próximo, um eurocentrismo, que situa a região outrora pertencente ao Império Otomano (Turquia) – que englobava da Turquia ao Iran, além da Arábia Saudita, Egito e os países ao redor da Palestina – em relação à Europa. Posteriormente nasceu o termo Oriente Médio, por influência da historiografia americana, designando essa mesma região.

Paleoíndios: o povoamento da América passou por vários períodos que os pesquisadores definiram em função de seus habitantes: os índios. O período Protoíndio decorre das primeiras tentativas dos caçadores asiáticos de se adaptar ao ambiente americano; o Paleoíndio ocorre quando os novos moradores da América se adaptam definitivamente ao novo ambiente, modificando sua cultura original; por fim o Mesoíndio, que começa com a extinção dos grandes animais que sustentavam o paleoíndio (por vota de 8 mil a.C.), e a América experimenta importantes mudanças climáticas, prolongando-se até o ano mil a.C.

Patesi: era o título que tinham os governantes das cidades sumérias. Etimologicamente quer dizer “senhor dos campos”, o que ressalta o seu caráter pacífico. A maior parte de sua função se referia aos aspectos religiosos, econômicos, socais e administrativos da sociedade sumeriana. Embora fosse nominalmente o comandante do exército, as operações militares eram dirigidas por comandantes independentes. Entre os grandes patesis destacam-se Eannatum, da cidade de Lagash (sec. XXV a.C.), que conquistou territórios além da área suméria tradicional, feito descrito numa pedra conhecida como a Estela dos Abutres;  Lugalzagesi, da cidade de Umma (2296-2271 a.C.), em cujo reino a cultura suméria se expandiu ao máximo, além de várias realizações culturais, embora esse rei tenha acabado miseravelmente nas mãos de Sargão de Acad; Gudea, da cidade de Lagash (fins do séc XXII a.C.), um grande reformador social e religioso, além de rei poderoso.

Primeira, Segunda e Terceira Era Intermediária: foram períodos da história egípcia marcados pela ausência de um poder centralizador forte, e, em certo ponto, até pela anarquia: a Primeira Era Intermediária teve inicio em 2200 a.C., com o esgotamento dos recursos do estado por causa das construções de grandes pirâmides, além do desalento da camponeses, em com o excesso de trabalho compulsório exigido nessas construções. Nos lugares mais distantes do centro, nobres e gente do clero se aproveitaram para se libertar do governo dos faraós, criando pequenos reinos ou áreas de influência independentes, enquanto o banditismo crescia. Essa situação cessou em 2000 a.C., com o advento da XI Dinastia.
A Segunda Era Intermediária, aparentemente teve início com uma rebelião de nobres contra a autoridade dos faraós, levando o país à instabilidade política, lá por volta de 1786 a.C. Em 1750 a.C., porém, em meio à desordem interna, o Egito foi invadido por uma coligação de povos asiáticos conhecidos como hicsos, que se instalou no norte do país e o dominou, convivendo com príncipes egípcios vassalos, que governavam o sul, até a reação que os expulsou do Egito e deu início ao Novo Império. Em 1575 a.C. – o famoso episódio bíblico do filho de Jacó, José, vendido como escravo no Egito, teria acontecido no momento em que os hicsos dominavam o país; isso talvez explique a má vontade que os egípcios, posteriormente, tiveram em relação aos hebreus, no tempo de Moisés.
A Terceira Era Intermediária ou Decadência, foi marcada por uma lenta agonia, que durou séculos, como quase tudo no Egito. O último grande faraó foi Ramsés III, que em 1190 a.C. conseguiu deter, na região do Delta do Nilo, uma grande invasão de povos estrangeiros, chamados pelos egípcios de “Povos do Mar”, numa batalha que ficou famosa e é conhecida em detalhes – acredita-se que esses Povos do Mar eram tribos de fala indo-europeia, que destruíram vários reinos, como o dos hititas. Acredita-se que os famosos filisteus, da Bíblia, eram um desses povos. Após Ramsés III, houve outros oito Ramsés, todos reis medíocres, que abriram espaço para a corrupção do funcionalismo e a intervenção de sacerdotes na política, competindo com os faraós. A civilização egípcia já havia esgotado o seu ciclo, e nunca mais se reergueu.

Primeiro e Segundo Testamento: é a forma mais moderna e respeitosa de expressar as duas partes em que tradicionalmente a Bíblia foi dividida no Ocidente. A expressão tradicional, Antigo e Novo Testamento, deprecia a religião judaica, definindo-a de antemão com ultrapassada.

Ptolomeus ou Lágidas: Esse nome provém do general macedônio Ptolomeu, um dos mais próximos de Alexandre Magno, que, aproveitando-se da morte deste, e de ser governador da província do Egito, declarou-se independente e aí fundou um reino, dando início à dinastia ptolemaica ou lágida, em homenagem a seu pai, um nobre macedônio Lagos, passando a se chamar Ptolomeu I Sóter, a partir de 305 a.C. O Egito dos ptolomeus foi um reino bem mais estável que o reino dos selêucidas, mas relativamente pouco influente. Ptolomeus e selêucidas travaram guerras contínuas pela posse da Palestina, narradas em detalhes nos livros dos Macabeus, da Bíblia. Essa dinastia acabou oficialmente em 30 a.C., quando o filho do general romano Júlio Cesar com a famosa Cleópatra VII – uma rainha ptolemaica – chamado Cesarião, foi atraído de volta ao Egito e assassinado a mando de Otávio Augusto, sobrinho-neto de César, por temer sua concorrência ao poder – dizem que Otávio recorrera a um adivinho para saber o que fazer com Cesarião, e o adivinho lhe teria dito: “dois césares, não é coisa boa”. Era o que Otávio queria ouvir...

Paleolítico, Neolítico: termos criados, em 1865, pelo pré-historiador e naturalista inglês John Lubbock, para periodizar a Pré-história, também chamada de Idade da Pedra. O paleolítico às vezes é subdividido em três períodos Paleolítico Inferior (o mais antigo), Paleolítico Médio e Paleolítico Superior (o mais recente), sem falar que outros autores ainda acrescentam mais dois períodos: o Mesolítico (situado entre o Paleolítico Superior e o Neolítico) e o Calcolítico (um período entre o Neolítico e a Idade do Bronze).

Ramsés II: faraó do Egito de 1279 a 1213 a.C. foi um dos governantes mais dinâmicos e conhecidos do Egito. Fez fama como construtor de grandes monumentos (templos e estátuas colossais), embora também sobrem evidências de que se apoderou desonestamente de obras de outros faraós, além de sua política de conquista e manutenção da Palestina, onde teve que se defrontar com outro colosso político, que avançava em sentido contrário: o Império Hitita, com quem firmou um tratado de paz, em 1259 a.C., o Tratado de Kadesh, cujo texto nos chegou preservado – o tratado não só concertava a paz entre os dois povos como estipulava detalhes sobre as relações entre as duas potências, como aliança militar, casos de extradição, etc. Porém, alguns afirmam que o excesso de construções e guerras esgotaram as rendas do país, provocando a decadência gradual do Império – entre essas construções destaca-se o templo de Abu Simbel, um gigantesco templo, escavado diretamente na rocha, dedicado a ele e a sua esposa Nefertari, em comemoração à sua “vitória” na batalha de Kadesh. Em 1959, quando da ameaça de submersão do templo pela construção da barragem de Assuã, a UNESCO iniciou uma campanha mundial por fundos para salvar o templo, que entre 1964 e 1968 foi desmontado, peça por peça, e reinstalado numa posição semelhante, 65 metros mais alta.

Rebelião de bar Kockba: acontecida entre os anos 132 e 135, foi uma revolta dos judeus contra a dominação romana, principalmente contra os decretos do imperador Adriano, que pretendia mudar o nome de Jerusalém, ainda destruída por causa da Grande Revolta Judaica, e dedicá-la a Júpiter, além de proibir vários costumes religiosos dos judeus, na esperança de convertê-los à cultura greco-romana. O povo judeu se levantou em massa e massacrou a colônia romana em Jerusalém, e a partir daí a guerra foi total e sem piedade. Os judeus lutaram com paixão e denodo, uma legião foi escorraçada e outra inteiramente massacrada, mas os romanos, usando força máxima, uns cem mil soldados, infligiram uma esmagadora derrota aos judeus, matando centenas de milhares deles. Finda a guerra os romanos destruíram metodicamente todas as cidades e aldeias judaicas que havia na Palestina, umas mil, inclusive passando o arado em suas fundações, e os judeus foram proibidos, sob pena de morte, de retornar a Jerusalém, que teve o seu nome mudado para Aelia Capitolina e um templo a Júpiter construído sobre o Templo de Salomão. O líder dessa revolta foi o aventureiro Simão bar Kockba, que se apresentou como o Messias enviado por Deus para salvar seu povo, obtendo a adesão de importantes autoridades religiosas, como o rabi Akiba, mas ele acabou sendo morto na tomada da fortaleza de Betar.

Selêucidas: Quando Alexandre Magno morreu, começou uma briga entre os seus generais pelos despojos do império gigantesco do macedônio. Um dos generais que se saíram melhor nessa disputa foi Seleuco, que após assassinar o substituto de Alexandre no governo do império, Pérdicas, tornou-se o soberano, em 305 a.C., de uma grande território,  com o nome de Seleuco I Nicator. O império de Seleuco englobava a Síria, o Líbano, boa parte da Turquia, o Iran etc., perfazendo uma área de três milhões de km². Os seus descendentes deram continuidade à dinastia selêucida, dona de um reino às vezes chamado Síria às vezes Reino Selêucida, politicamente instável e pouco duradouro – muitas regiões, principalmente na Ásia Central, foram logo perdidas. Como os constantes golpes de estado e traições no seio da família real mantinham a região em permanente sobressalto e prejudicavam os interesses comerciais romanos, o general Pompeu ocupou de vez o que sobrou do reino Selêucida, criando em seu lugar vários reinos submisso à Roma, em 63 a.C.

Semitas: é o nome dados a povos que falam uma língua que têm aproximadamente a mesma estrutura. A língua semítica mais antiga é o acádio, que usava caracteres sumérios, os quais, por sua vez, falavam uma língua diferente (não semita). O termo foi usado pela primeira vez nesse sentido pelo historiador alemão Ludwig von Schlözer, em 1781, para designar os povos de língua semelhante ao hebraico. Os povos de fala semita têm traços culturais comuns, e os mais conhecidos são: os hebreus, os árabes, os arameus, os fenícios, os etíopes. O termo semita, usado no sentido de raça, é totalmente anticientífico, enquanto as práticas de perseguição racial conhecidas como antissemitismo, em geral dirigidas contra judeus, como os nazistas na 2ª Guerra Mundial, mais que anticientíficas são um crime.


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