O
INIMIGO SOMOS NÓS
Prof.
Eduardo Simões
Li um artigo do grande Ferreira
Goulart, onde ele comenta, estupefato, a audácia de um político muito
conhecido, que, num momento de desequilíbrio e esquecimento de sua notável
biografia, começou a propalar boatos absurdos, e por conta destes conclamou o
povo a uma massiva manifestação em frente à Petrobrás, contra aquilo que ele
mesmo inventou, que, como era de se esperar, não atraiu quase ninguém, além do
poucos que já habitam o gigantesco deserto que circunda esse homem.
Mais ainda causa-nos estranheza, o fato
de essa atitude muito assemelhar-se com a daqueles a quem esse notável político
muito combateu em passado recente: a Oligarquia Militar. Explico; entre os
militares, a rainha das manobras é a emboscada, quando, por meio de mentiras e
falsidades se induz o inimigo a crer em coisas que não existem, subestimando ou
superestimando as forças que vai enfrentar, causando-lhe a derrota. Os grandes
generais foram os melhores mentirosos. Essa intuição já era clara em Ésquilo,
dramaturgo grego, que escreveu: “em tempos de guerra, a primeira vítima é a
verdade”.
Isso é considerado normal pelas nações,
porque sempre se teve o inimigo como o estrangeiro, mas que fazer quando uma
elite transforma o seu povo, na sua totalidade ou a determinados grupos, em
inimigos, aos quais é lícito enganar, seja em nome da Doutrina da Segurança
Nacional, embalado pelo conceito de “inimigo interno”, seja para garantir
vitória na próxima eleição, embalado pelo conceito de “inimigo de classe”.
‘Tecnicamente’, nesse caso não há
mentira, nem perjúrio, nem crime, nem desonra, mas apenas, mas apenas
‘desinformação’, ‘contrainformação’, ‘sagacidade’, e mais um catatau de
eufemismos para justificar o que deveria ser injustificável, apresentados como
uma forma de patriotismo, seja em nome da nação, de uma classe, e até de um
grupo de supostos ‘iluminados’, apresentados como os mais capazes para dirigir os
destinos do eterno rebanho de zé povinho, ainda que de dentro de complexos
penitenciários. Os traficantes não fazem isso?
Aonde fomos parar? Desse pecado, nenhum
dos pretendentes, aparentemente, se isenta, e que ninguém seja louco de
desafiar os donos do poder à primeira pedrada, pois ao contrário dos que havia
no tempo de Jesus, os de hoje se especializaram em jogar pedras. E é cada
pedregulho!
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